quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Aristides de Sousa Mendes. Hoje estreia o filme, a casa continua em ruínas


O filme sobre a vida de Aristides de Sousa Mendes estreia hoje, numa homenagem aos actos do cônsul de Bordéus, enquanto o património que este deixou em Cabanas de Viriato, Carregal do Sal, continua em risco. “Está cada vez mais em ruínas, num estado péssimo”, explica ao i um neto do diplomata. Segundo Sousa Mendes, nada mudou desde há um ano, quando o i noticiou que o palacete romântico que foi a residência do cônsul e serviu de abrigo a milhares de judeus perseguidos durante a Segunda Guerra Mundial estava em risco de ruir. Sousa Mendes defende que a razão para a falta de reabilitação da casa classificada como Monumento Nacional não tem a ver com dinheiro, mas sim “com as pessoas que estiveram à frente da fundação ao longo dos últimos anos”. “O meu irmão e o meu primo foram sempre incompetentes para levar o projecto avante e nunca mereceram credibilidade de quem podia dar dinheiro e, como tal, vão passando a vida a dizer que não há verbas para reconstruir a casa”, afirma o neto de Aristides de Sousa Mendes, que tem o mesmo nome que o avô, realçando que “essas pessoas assenhorearam-se da fundação e não deixam que mais ninguém faça nada lá dentro”. Recentemente, o embaixador de Israel em Lisboa, Edud Gol, durante a conferência “Portugal e o Holocausto, aprender com o passado, ensinar para o futuro” lançou duras críticas ao estado em que a Casa do Passal se encontra. Para Gol, Aristides de Sousa Mendes é um dos “justos entre as nações”, o título dado por Israel a cidadãos não judeus que ajudaram judeus a escapar ao Holocausto. “Não venham ter connosco, ou com os EUA, para tratarmos da casa. Façam vocês algo para promoverem a imagem dos vossos ‘justos’”, afirmou. Para Sousa Mendes, o que o embaixador quis dizer foi que “o estado português tem de saber reconhecer os seus heróis. E portanto tem de ser o estado a tratar da casa. Ele mostrou que não acredita que pessoas como nós, netos ou a própria fundação, possa levar a cabo um projecto destes, tudo tem de ser tratado com o governo português”, diz.