segunda-feira, 30 de novembro de 2009

O que vai na cabeça dos bebés


Em que pensará Ana João, com sete meses de vida, quando faz esta expressão? Estudos científicos recentes revelam que o mundo privado de uma criança durante o primeiro ano é bem mais complexo do que se suspeitava.


Era uma manhã de chuva e só faltava mesmo vestir-lhe a capa. Cláudia sentou Caetana, de oito meses, na cama e foi buscar o agasalho à gaveta. Mal viu a capa, a bebé atirou com decisão o corpo para trás. Cláudia aproximou-se da filha e olhou para ela. "O que a Caetana estava a pensar naquele momento era: ‘Ai queres vestir-me isso? Então vê lá se consegues, agora que estou deitadinha. Desenrasca-te!" Não é só a mãe que vê atrás daqueles olhos como berlindes alguma forma de pensamento não articulado e não dependente da linguagem. A ciência também. Cada vez mais.

Tinham oito meses – e provavelmente também não gostavam que lhes esticassem e encolhessem os braços para os vestirem – os bebés que se mostraram capazes de compreender noções de probabilidade, no contexto de uma experiência realizada na Universidade da Columbia Britânica, no Canadá. Foi-lhes apresentada uma caixa cheia de bolas de pingue-pongue, a maioria brancas, e outras, em menor número, vermelhas. Os bebés mostraram-se muito mais interessados e durante mais tempo se alguém tirava da caixa quatro bolas vermelhas e uma branca, possível mas pouco provável, do que diante da relação inversa das cores.
O cérebro dos bebés não é uma tábua rasa. Nem sequer o dos mais pequeninos. Não foi um movimento reflexo aquele sorriso que, com apenas 15 dias, a Luana apontou à mãe, Helena. "Eu aproximei-me dela e ri-me. Depois parei. E de novo voltei a aproximar-me e a rir-me." Naquela altura Luana não conseguia distinguir a cor dos olhos ou da blusa da mãe – até aos quatro meses os bebés vêem o mundo em tons de cinzento – mas soube comunicar com ela e brindá-la com o seu primeiro sorriso intencional. Helena tem a certeza: "Eu sou muito mais do que o almoço para ela."
Com dois meses, tantos quantos os que a Luana tem agora, os bebés são capazes de reconhecer uma sequência de luzes, de maneira a antecipar a que vai acender-se de seguida. Ou seja, têm memória eficaz. Memória absolutamente físico-sensorial, sem linguagem, relacionada por exemplo com o olfacto. Luana conhece bem o cheiro da mãe – "já fiz a experiência de colocar roupa minha na cama dela. Ela acalma-se" – e é sensível ao som. "Refila quando a música de um bonequinho que comprei para ela acaba."

PERCEPÇÃO DO MUNDO
Para a música parece ter nascido, há nove meses, o Bruno. Delira quando o pai toca guitarra baixo. "Tenta aproximar-se e quer chegar com os dedinhos às cordas", conta a mãe, Raquel. Em certa ocasião, ouvindo um solo de baixo reproduzido no computador, o bebé olhou de imediato para a guitarra e ajeitou a mais perfeita expressão de espanto – como quem pensasse: ‘Então?! Era suposto o som vir dali!’

Sim, os bebés são capazes de organizar informação e tirar conclusões sobre o mundo que os rodeia. Prova – científica e nem um pouco manipulada pelo amor maternal – disso mesmo é a surpresa que revelam diante de truques de Física que ‘mexem’ por exemplo com a gravidade.

Prenda-se um objecto ao tecto usando um fio transparente de modo a parecer que fica em cima da mesa. De seguida arraste-se a mesa. Um bebé de três meses ficará deveras surpreendido por ver que o objecto continua no mesmo sítio. Esconda-se agora atrás de uma cortina um brinquedo que desaparece assim que aquela se abre. Mostre-se por fim um comboio que, através de animação digital, atravessa um muro sem o deitar abaixo. ‘Não pode ser!", disseram as expressões dos bebés que participaram em tais experiências realizadas, pela psicóloga Elizabeth Spelke, na Universidade de Harvard, nos EUA. Os resultados demonstram que uma criança de três meses tem noções de gravidade (o objecto devia cair quando a mesa é arrastada), continuidade da matéria (o boneco não devia desaparecer atrás da cortina) e solidez (o comboio devia destruir o muro quando o atravessa).

Nos últimos anos, à simples observação do comportamento aliou-se tecnologia capaz de levar os adultos a ‘espreitar’ o cérebro dos bebés em pleno funcionamento. Uma chupeta com um sensor ligado ao computador permitiu, por exemplo, avaliar a influência do pensamento e da linguagem nos primeiros seis meses de vida. Determinado o ritmo de sucção em momentos de calma, foi ‘pedido’ ao bebé que usasse a chupeta enquanto a mãe lia um texto para ele. Quando, sem qualquer inflexão, a mãe mudou de idioma, a frequência da sucção alterou-se, ou seja, o bebé tinha percebido a alteração.

O que o Bruno, de nove meses, nunca deixa passar sem resposta são as alterações na voz da mãe e do pai. "Se lhe falamos de uma maneira mais séria, ele fica sentido. Se brincamos, desata à gargalhada." E reage à incoerência, como daquela vez em que o pai estava a dar-lhe de comer e ralhou com o cão. O bebé olhou para ele e parecia querer dizer-lhe: ‘O que foi? Estou a portar-me bem. Por que é que estás zangado?’

O que também parece absolutamente claro na cabeça deste bebé é a diferença entre animado e inanimado. O Bruno não espera que os objectos se mexam mas não lhe causa surpresa o movimento dos dois cães e dois gatos que vivem lá em casa. Tem preferência pelo enorme Rafeiro Alentejano, ao qual reage com manifestações de alegria, e pelo gato ‘Óscar’ , que brinda, mal vê, com um triunfante ‘Yahhhh’ antes de tentar agarrá-lo.
O BEBÉ FILOSÓFICO
"Os estudos científicos mostram que os bebés são abertos às experiências e aprendem com facilidade. Essa capacidade implica um nível bastante elevado de consciência do que aquele, bastante limitado, que antes lhe atribuímos", escreve a psicóloga americana e professora na Universidade da Califórnia Alison Gopnik no livro, ainda não publicado em Portugal, ‘The Philisophical Baby’ (‘O Bebé Filosófico’), que compila os mais recentes estudos de neurocientistas, psicólogos e linguistas sobre a matéria.

Precisamente hoje, domingo, Ana João celebra sete meses de vida. É provável que a saúdem também na rua, quando os pais a levarem em passeio. E Ana há-de sorrir-lhes daquela maneira um tanto enfastiada que Inês, a mãe, bem conhece. "Levanta ligeiramente o lábio superior com se dissesse: ‘Vá toma lá e deixa-me em paz." Bem diferente do sorriso que dedica àqueles de quem mais gosta.

Mesmo não gostando de estar sozinha, a bebé já lida com a ausência da mãe, desde que a sinta perto. "Esta rapariga, que precisa de mim para tudo, se está a brincar com os bonecos parece autónoma", brinca Inês. O Bruno também já percebe que pode não ver a mãe mas ela anda por ali. "Ele às vezes chora a chamar-me. Digo-lhe: ‘Bruno, a mãe vai já’. Ele cala-se por alguns momentos mas se me demoro muito refila de novo", conta Raquel.

Resultado de uma abordagem científica que reduzia os bebés a ‘esponjas’ no meio de uma confusão de estímulos, as mães remetem não raro as reacções dos seus bebés para a categoria de reflexos, resistindo ao primeiro impulso de entendê-las como respostas estruturadas. "É fácil distinguir o que é reacção quase mecânica do que equivale a uma resposta baseada num pensamento estruturado. Os pais sabem-no instintivamente", contrapõe o pediatra Mário Cordeiro.

"AO EXECUTAR TAREFAS, ELES ESTRUTURAM O PENSAMENTO" (Mário Cordeiro, pediatra e autor de ‘O Grande Livro do Bebé’ e de o ‘Livro da Criança’)

- Os bebés com menos de um ano pensam?
- Pensam, raciocinam e fazem um excelente uso de todas as formas de pensamento, na gestão do dia-a-dia, criatividade, estratégias para fazer prevalecer a vontade e para fazer chegar a água ao seu moinho – a Ciência mostra que se pensa logo desde a barriga da mãe.

- Como sabemos se eles pensam e em que pensam?

- A observação das atitudes, comportamentos e respostas permite extrapolar isso. Saber no que estão a pensar é mais difícil nas primeiras semanas, mas podem adivinhar-se as áreas: fome-comida, angústia-conforto, frio-agasalho, etc. Um pouco mais tarde, o bebé já mostra claramente, de um modo objectivo, aquilo em que está a pensar.

- Como é que eles pensam, atendendo a que associamos pensamento a linguagem e eles não falam?

- Pensar não é falar. Falar é uma das muitas formas de comunicar, pensar é elaborar uma informação, um conhecimento, um sentimento, um raciocínio para gerar uma nova conclusão. E o bebé, ao executar as suas tarefas, ao brincar, sorrir, chorar... está a pensar e a estruturar-se a cada pensamento.

- Os bebés distinguem emoções, como alegria e tristeza, nos outros?

- Sim, desde a barriga da mãe – as grávidas sabem bem que, ao comer um pastel de nata, o feto dá "pulos" de contente e mexe-se muito. E os bebés a quem a mãe sorri, sorriem. Se a mãe fizer "cara feia", eles ficam parados, fazem beicinho e depois choram.

CÉREBRO SOFISTICADO
Um recém-nascido é capaz de ver e ouvir, bem como de perceber e reconhecer cheiros. Está longe de assemelhar-se a uma folha de papel em branco. Mesmo se o desenvolvimento infantil é lento e pausado, o cérebro de uma criança durante o primeiro ano de vida tem, comprovadamente, capacidades sofisticadas.

ZERO A TRÊS MESES: CONHECE O CHEIRO DA MÃE
Reconhece o cheiro e a voz da mãe. Vê com nitidez à distância que a mãe lhe fala. Tem bom olfacto. Ouve bem. Prefere desenhos a preto e branco.

QUATRO A SEIS MESES: DISTINGUE CORES E ROSTOS
Incorpora cores: azul, roxo, amarelo. Prefere os sabores doces. É fascinado pelo rosto dos que o rodeiam, no qual descobre emoções e sentimentos.

SEIS MESES: LIDA COM A AUSÊNCIA DA MÃE
Pode ficar sozinho porque percebe que o facto de não ver a mãe não significa que ela não esteja perto. Aceita a ausência desde que a ouça amiúde.

SEIS A OITO MESES: SABE QUAL É A HORA DA COMIDA
Reconhece os horários da comida e fica na expectativa. Explora o mundo com as mãos. Reconhece aqueles que identifica com os seus objectos.

OITO A DEZ MESES: RECONHECE O PRÓPRIO ROSTO
Antecipa situações. Sabe, por exemplo, que a mãe vai sair quando veste o casaco. Com dez meses distingue e reconhece o seu rosto no espelho.

NOTAS:
PERTO
Um recém-nascido é capaz de encontrar um objecto que se desloca e de segui-lo.

LONGE
O desinteresse pelo que vê ao longe pode resultar de não ter memórias e logo termo de comparação.

SONHOS
Neurobiologia prova que os bebés sonham. O sono REM, ligado ao sonho, aparece antes do fim do primeiro ano.

VOZ
Criança é especialmente sensível à voz humana. Também assim detecta angústia e inquietação.
Isabel Ramos/ cm

Brasil: Bandidos invadem cadeia


Um grupo de seis homens armados invadiu ontem o departamento responsável pela captura e custódia de presos da polícia, na zona Norte do Rio de Janeiro, e libertou 28 detidos. Três dos fugitivos foram recapturados.cm

Esgotos de Madrid no Tejo


A Espanha está a canalizar os esgotos de Madrid para o rio Tejo e a desviar a água limpa das nascentes do rio para as regiões turísticas.

A cerveja mais forte do mundo


Uma cervejeira escocesa, a BrewDog, conhecida por ter uma história controversa, acredita ter criado a cerveja mais forte do mundo, com 32% de álcool, resultado de um processo de produção que dura 16 meses.


A bebida, chamada “Tactical Nuclear Penguin”, é tão forte que se recomenda que seja bebida em pequenas quantidades, como em copos de shots.

A primeira dose produzida é muito limitada: apenas 500 garrafas de 33 cl.

No passado mês de Julho, a BrewDog tinha criado aquela que foi considerada a cerveja mais forte do Reino Unido. A cerveja Tokyo, com 18,2% de álcool. Nessa altura foi muito criticada por instituições de combate ao alcoolismo. A cervejeira respondeu defendendo que a cerveja Tokyo ia combater a cultura do consumo rápido de grandes quantidades de bebida.

Até agora, a cerveja mais forte do mundo era a alemã Schorschbraer, com 31% de álcool.

Nelly Furtado

lápis Viarco


A fábrica de lápis Viarco, única em Portugal nesse sector, lançou este mês no mercado internacional três produtos que são estreias mundiais e reflectem a mudança de segmento que a empresa está a atravessar.
Aguarela de grafite para pintura, barras de grafite aguarelável para uso em grandes superfícies e um estúdio portátil com utensílios incluídos são os artigos que José Miguel Vieira Araújo, administrador da Viarco, garante serem “inovações totais a nível mundial”.
Integram a linha ArtGraf, vocacionada para os técnicos das artes plásticas e design, e “asseguram a diferenciação da marca em relação à concorrência”, numa “mudança radical” da área de negócios da Viarco, até aqui assente em materiais escolares. “Transferir um modelo de negócio para o outro requer tempo, mas estamos pela primeira vez a apostar na exportação da Viarco enquanto marca e não como prestadora de serviços contratados por terceiros”, diz Vieira Araújo.
Os novos produtos da empresa de S. João da Madeira já estão a ser comercializados em Portugal, Alemanha e França, devendo brevemente chegar também a Espanha e aos Estados Unidos.
O administrador da Viarco adianta que “a aceitação tem sido óptima”, o que não o surpreende, considerando que esses artigos “foram concebidos graças a sugestões da própria comunidade artística”.
A aguarela de grafite, por exemplo, nasceu de uma proposta do pintor José Emídio, que, segundo José Vieira Araújo, ambicionava usufruir de um meio riscador que lhe permitisse aplicar aos trabalhos a pincel “toda a escala de grafite que antes só se obtinha com o lápis”.
Depois de vários testes, a ideia materializou-se “numa nova forma de expressão plástica”, que pode aplicar-se em papel, tela e madeira”, revelando “um potencial de exportação enorme”.
A barra de grafite aguarelável, por sua vez, resulta de sugestão do escultor Isaque Pinheiro, que pretendia “um toque de grafite resistente com que pudesse atacar as pedras”, intervindo “directamente no espaço para desenhos em larga escala, no chão e nas paredes”.
A Viarco criou então, de forma “totalmente artesanal, com equipamento do século XIX”, uma barra de 250 gramas que combina as funcionalidades da grafite sólida com as da grafite diluível, proporcionando “todo um leque de possibilidades entre os traços bem definidos e a transparência”. “Sem prazo de validade como os óleos e acrílicos”, a barra “tem ainda a vantagem de não perder as suas capacidades de pigmentação”, representando para a Viarco “uma oportunidade de mercado brutal”.
Já o novo estúdio portátil da Viarco destaca-se pelo conceito “notebook”. Apresenta seis encastres para aguarela de grafite, lápis de duas durezas, um pincel e um bloco A6, que acomoda na vertical ou na horizontal. Inclui ainda uma afia embutida no próprio estojo e um íman “que lhe permite funcionar como cavalete em qualquer lugar”. “Em madeira e de fabrico manual do princípio ao fim, é um produto caro, mas o facto é que as pessoas o compram”.
publico

marretas

Neve na serra da estrela


A neve que cai "com intensidade" obrigou hoje ao encerramento de estradas na Serra da Estrela, disse à Lusa fonte do Centro de Limpeza de Neve, nos Piornos.

Estão encerradas ao trânsito as estradas que atravessam a zona central da serra, entre Seia - Loriga, Lagoa Comprida - Torre - Piornos e Piornos - Manteigas.
"Está a nevar com intensidade sem parar desde a última noite", disse a mesma fonte.
As temperaturas rondam cinco graus negativos na Torre e 2,5 negativos nos Piornos.
O Instituto de Meteorologia e Geofísica prevê que a neve continue a cair na Serra da Estrela pelo menos até terça-feira.

Suíça/Referendo: 57 por cento votam proibição de construção de minaretes

Os suíços decidiram hoje em referendo proibir a construção de minaretes (torres das mesquitas), com 57 por cento dos votantes a pronunciarem-se nesse sentido, segundo os resultados definitivos do escrutínio.

Apenas quatro cantões nos 26 que integram a Confederação rejeitaram a proposta apoiada pelo partido UDC, da direita populista, e pelo pequeno partido cristão de direita UDF.
A votação provocará mudanças no artigo 72 da Constituição suíça que regula as relações entre o Estado e as religiões. A proibição de construção de minaretes será apresentada no documento como uma medida "para manter a paz entre os membros das diversas comunidades religiosas".
visão

domingo, 29 de novembro de 2009

Röyksopp

Os ditadores cortaram-se


Há duas semanas, Sócrates pediu a Hugo Chavéz que se portasse bem na cimeira Ibero-Americana, que agora começa em Lisboa.

Em resposta Chavéz mandou Sócrates dar una vuelta...
O ditador cubano, o mano Raul Castro, também não aceitou o convite de Sócrates para estar presente.
O ar de Lisboa ficará certamente mais respirável por estes dias.http://31daarmada.blogs.sapo.pt/

Irão vai construir novas fábricas de enriquecimento de urânio


O Irão decidiu avançar com a construção de novas fábricas de enriquecimento de urânio. O anúncio foi feito esta tarde, depois de uma reunião do Governo, num claro desafio à comunidade internacional

Trinta anos dos Xutos & Pontapés em dois livros para miúdos e graúdos

PUBLICO.PT - Trinta anos dos Xutos & Pontapés em dois livros para miúdos e graúdos

Marcopolo no desemprego


                       Trabalhadores da Marcopolo no desemprego a partir de segunda-feira - TSF

Moonspell

Você ainda acredita?

Planeta e meio para manter gasto


                                 Precisamos de um planeta e meio para manter gasto - Ciência - DN

"Face oculta"

A inquirição de Armando Vara terminou anteontem, sexta-feira, por volta da meia-noite. As medidas de coacção devem ser conhecidas na próxima quarta-feira à tarde.
Vara confirmou que apenas tinha relações profissionais com Manuel Godinho, por ele ser cliente da Caixa Geral de Depósitos, onde o arguído era administrador, e depois para tentar angariá-lo para cliente do BCP.
O ex-administrador do BCP afirma nunca ter recebido prendas de Manuel Godinho, excepto uma caixa de robalos, em Vinhais. Reiterou, mais uma vez, que as conversas que teve com Sócrates e que constam das escuta são conversas privadas e como tal devem manter-se.
Vara afirmou ainda que nesta fase, ou mais tarde, será ilibado porque as acusações são inventadas.
sigam-o-robalo 
jn

Rammstein


imagens da semana

Atacar a gripe A. Uma luta de avental e colher de pau


Enquanto não chega a hora de tomar a vacina contra a gripe A, há todo um trabalho que pode ser feito em casa para antecipar a chegada do vírus. E a maior batalha pode acontecer na cozinha. Uma boa dieta rica em nutrientes como a vitamina A, o zinco, a vitamina E ou a vitamina C ajuda o corpo a combater doenças, curar lesões e sobreviver a outras eventuais complicações.


Os vírus são um desafio que se apresentam ao sistema imunitário. Por isso, se o corpo estiver bem preparado, o embate pode ser menor. Nisto todos os especialistas estão de acordo. "Tanto a desnutrição como o excesso de peso e a obesidade contribuem para os distúrbios imunológicos", explica ao i o presidente da Sociedade Portuguesa de Nutricionistas, Nuno Nunes. Desde logo, uma alimentação variada é a chave. Mas há mais: as fibras têm um papel determinante na prevenção. "O sistema imunitário tem várias defesas", explica o nutricionista Miguel Rego. A mais importante encontra-se no intestino, que faz a triagem do que deve ser e não deve ser absorvido. Assim sendo, a ingestão de fibras "que garantam um bom trânsito intestinal é uma das primeiras preocupações que devem ser tidas em conta na hora de comer", sublinha o especialista. Garantir uma boa hidratação é outro dos pressupostos. Um litro e meio de água em tempo de pandemia é jogar pelo seguro - ajuda a libertar toxinas e microrganismos indesejados. Os sumos e as sopas dão uma boa ajuda - porque além de cumprirem o requisito de hidratar, têm um grande valor nutricional.

Concentre-se nesta letra: A.
Se o corpo tiver falta de vitamina A, os glóbulos brancos não funcionam de forma tão eficaz. Pode encontrá-la em alimentos como o leite, todos os vegetais (especialmente espinafres e cenouras) e nos frutos, como a manga. A vitamina E é um dos mais importantes antioxidantes do organismo. Luta contra o envelhecimento e a deterioração das células. Com a idade, o sistema imunológico torna-se menos eficiente no combate aos micróbios e aos vírus. Parte deste declínio deve-se aos baixos níveis de vitamina E na corrente sanguínea. O truque? Consumir óleos vegetais (amendoim, soja, palma, milho, cártamo, girassol) e frutos secos. A vitamina C é o elemento clássico do combate à gripe e está presente nos citrinos. Em tempo de pandemia, Nuno Nunes sugere que se beba diariamente "um sumo de laranja natural ao pequeno- -almoço".

Além das vitaminas, há outros nutrientes que ajudam a combater a gripe. Miguel Rego recomenda que se apimente a comida: "As especiarias picantes ajudam a promover a fluidificação das secreções quando há complicações respiratórias." Outros alimentos-chave? Papaia, frutos vermelhos, hortícolas em geral, legumes, iogurtes com bifidus, kiwis, alho, sopas e mel.

Cuidado com os suplementos
Os benefícios de uma boa nutrição foram reconhecidos, pela primeira vez, por Hipócrates, o médico da antiguidade grega: "Que a comida seja o teu medicamento e que o medicamento seja a tua comida." Há quem leve a máxima demasiado a sério e enverede pelo consumo exagerado de complexos vitamínicos. A sobredosagem é perigosa. "Só devem ser tomados em caso de alimentação deficitária e apresentam riscos de toxicidade. No caso das antioxidantes, até produzem o efeito contrário", alerta Miguel Rego. Um excesso de zinco, por exemplo, pode interferir na absorção de outros nutrientes, incluindo ferro e cobre. E grandes quantidades de um mineral chamado selénio pode provocar lesões neurológicas e foi recentemente ligado a um risco maior de diabetes. Além disso, as vitaminas não são tão absorvidas pelo corpo como nutrientes encontrados, de forma natural, nos alimentos.

Comer bem faz bem
Corpos malnutridos são um campo fértil para a proliferação de doenças infectocontagiosas perigosas. Estudos realizados na Universidade da Carolina, nos EUA, demonstraram que, num receptor malnutrido, os vírus sofrem mutações devido à fraca resposta imunitária e tornam-se mais fortes. Os investigadores concluíram que a má nutrição "é um gerador de doenças emergentes que se espalham por todo o mundo". Além disso, estudos realizados em ratinhos mostram que só 4% dos animais em bom estado físico morrem infectados com o vírus da gripe A.
 ionline

Ary dos Santos


De linho te vesti
De nardos te enfeitei
Amor que nunca vi
Mas sei ...
Sei dos teus olhos acesos na noite
Sinais de bem despertar
Sei dos teus braços abertos a todos
Que morrem devagar ...
Sei meu amor inventado que um dia
Teu corpo pode acender
Uma fogueira de sol e de fúria
Que nos verá nascer
Irei beber em ti
O vinho que pisei
O fel do que sofri
E dei
Dei do meu corpo um chicote de força
Rasei meus olhos com água
Dei do meu sangue uma espada de raiva
E uma lança de mágoa
Dei do meu sonho uma corda de insónias
Cravei meus braços com setas
Descobri rosas alarguei cidades
E construí poetas
E nunca te encontrei
Na estrada do que fiz
Amor que não logrei
Mas quis
Sei meu amor inventado que um dia
Teu corpo há-de acender
Uma fogueira de sol e de fúria
Que nos verá nascer
Então:
Nem choros, nem medos, nem uivos, nem gritos,
Nem pedras, nem facas, nem fomes, nem secas,
Nem feras, nem ferros, nem farpas, nem farsas,
Nem forcas, nem cardos, nem dardos, nem guerras
Nem choros, nem medos, nem uivos, nem gritos,
Nem pedras, nem facas, nem fomes, nem secas,
Nem feras, nem ferros, nem farpas, nem farsas,
 Nem mal ... ... ...

Medidas anti-crise aprovadas no Parlamento “não passam de paliativos”


O secretário-geral da CGTP, Carvalho da Silva, afirmou hoje que as medidas anti-crise aprovadas no Parlamento “não passam de paliativos” se não se alterarem “questões de fundo” da economia, como a “diminuição do custo do dinheiro”.
“Há uma questão de fundo que está para além disto tudo, se a matriz de desenvolvimento do país continuar a mesma tudo isto não passa de medidas para encanar a perna à rã”, afirmou Carvalho da Silva aos jornalistas à margem do colóquio de homenagem ao coronel Melo Antunes, na Gulbenkian.
Na sexta-feira, a oposição parlamentar impôs a aprovação, na generalidade, de 11 dos 13 diplomas com medidas “anti-crise” do PSD, CDS-PP e PCP, vencendo a maioria relativa do PS, que votou contra.
Entre os diplomas, contam-se iniciativas que adiam para Janeiro de 2011 a entrada em vigor do Código Contributivo, a extinção do Pagamento Especial por Conta, alterações no prazo de reembolso do IVA e um diploma que impõe ao Estado o pagamento de juros de mora pelo atraso no cumprimento de “qualquer obrigação pecuniária”.
Para o secretário-geral da Intersindical, o que podia “objectivamente ajudar as pequenas e médias empresas e a economia no seu geral era os custos do dinheiro serem mais baratos”.
“Quando estas [as empresas] recorrem aos serviços financeiros, não terem empréstimos tão caros, baixar-se os preços dos produtos energéticos, dos combustíveis, criar-se estruturas de administração pública mais eficazes que não as desgastem na burocracia, reduzir os custos das comunicações e telecomunicações”, defendeu.
“Os grandes grupos que dominam estas áreas transformaram-se em plataformas de acumulação de riqueza desmedida para os grandes accionistas e isto atrofia a estrutura económica toda”, acrescentou.
Manuel Carvalho da Silva defendeu que “se não se mudarem questões de fundo [as medidas] não passam de paliativos, não têm grande efeito, infelizmente”.
Sobre o Código Contributivo, cujo adiamento foi aprovado pelos partidos da oposição, o líder sindical alertou para a “delicadeza” do assunto: “A CGTP teve uma atitude de alerta, chamámos à atenção do Presidente da República para algumas matérias que deviam ser corrigidas expondo argumentos no sentido que não fosse promulgado o diploma e que fosse sujeito a correcções, para não produzir isto”.
Carvalho da Silva considerou que “por detrás deste processo há objectivos diametralmente opostos que só o tempo ajudará a clarificar” mas que não se deve passar “a ideia de que é possível reduzir contribuições para a Segurança Social por parte das empresas de forma generalizada e que há possibilidade de um sistema de Segurança Social solidário, universal e para o futuro sem contribuições efectivas da parte dos empresários e dos trabalhadores”.
 publico

UM MOMENTO DE ZEN

relógio em braille

Esta é mais uma daquelas invenções geniais que nos fazem perguntar porque ninguém se lembrou delas há mais tempo. Haptica é o nome de um relógio de pulso concebido pelo designer americano David Chavez que tem a particularidade de possuir um mostrador em braille. A verdade é que existem já há bastante tempo no mercado relógios destinados a cegos e outros deficientes visuais mas que não passam no fundo de aparelhos convencionais onde é possível tactear os ponteiros de modo a saber as horas. Graças a um engenhoso sistema mecânico, o Haptica escreve as horas em caracteres braille no seu mostrador e, que se saiba, é o primeiro a fazê-lo.

A caixa do relógio apresenta dois rebordos laterais paralelos que formam um canal que conduz os dedos para a superfície de leitura. Esta superfície não é mais do que um conjunto de discos rotativos com incisões em código braille correspondentes aos algarismos das horas e minutos. No fundo é um sistema mecânico clássico em relojoaria e o mérito do designer foi o de ter a intuição de o adaptar a esta situação particular. A ideia de David Chavez foi muito justamente distinguida com um Spark Award


obvius



Investigadores conseguem capturar arco-íris


Capturar um arco-íris era, até agora, algo com que se podia apenas sonhar. Mas por vezes os sonhos tornam-se realidade. Pela primeira vez, uma equipa de cientistas norte-americanos conseguiu capturar o fenómeno.

A técnica utilizada é de uma extrema simplicidade, recorrendo somente a algumas lentes e um prato de cristal. A descoberta pode ter efeitos práticos importantes, como a possibilidade de armazenar informação usando a luz, revolucionando as computações ópticas e as telecomunicações.
Há dois anos, Ortwin Hess, da Universidade de Surrey, descobriu um método para diminuir a velocidade e capturar a luz, utilizando-a para multiplicar por mil a memória dos computadores. O método baseava-se essencialmente na refracção negativa dos materiais artificiais.
A revista ‘New Scientist’ apresenta agora o trabalho desenvolvido pelos investigadores da Universidade Towson de Baltimore (Maryland, nos EUA), que conseguiram criar uma ‘armadilha’ para ‘aprisionar’ arco-íris, recorrendo a uma lente convexa de cristal com 4,5 milímetros de diâmetro, com uma das faces Roberta com película de ouro de 30 nanómetros de diâmetro. A face coberta é depois apoiada sobre um plano de cristal revestido também com película dourada, de 70 nanómetros de espessura. A luz que passa entre os dois planos, fica armazenada na camada de ar.
cm

sábado, 28 de novembro de 2009

Serra da nave- Viseu


Em terra de lobos

abrigo


Um abrigo em cortiça concebido por um português venceu um concurso internacional promovido pelo Museu Guggenheim, Nova Iorque.
O português David Mares foi o vencedor do concurso de arquitectura internacional, iniciativa do Museu Guggenheim e da empresa Google SKetchUp. O desafio passava por desenhar um modelo 3D de um abrigo em materiais sustentáveis utilizando as ferramentas Google SketchUp e Google Earth.

David Mares participou construindo o seu abrigo com uma mas maiores riquezas florestais de Portugal, a cortiça. O abrigo descrito para ser «um bloco ecológico e vivo» localiza-se em Vale de Barris, próximo a Palmela, uma zona que se caracteriza por verões quentes e invernos húmidos. A Cortiça, isolante térmico e acústico, presta-se à finalidade deste abrigo: Uma zona de estudo e de descanso.

Blasted Mechanism

festival Lisboa Mistura








PUBLICO.PT - S. Luiz, em Lisboa, recebe o festival Lisboa Mistura

infografia


fotos da semana

Cascais Jazz, o regresso

O mítico festival regressa aos palcos de Cascais, 21 anos depois da sua interrupção em 1988. Seremos brindados com actuações de Lee Konitz, Zé Eduardo Unit, Dena DeRose, Ingrid Jensen e um ensemble - Cascais Jazz Legends - formado por Phill Woods, Lew Soloff, Cedar Walton, Rufus Reid e Jimmy Cobb .


luis villasboas

Em 1971, na apresentação do programa do seu "I Festival Internacional de Jazz - Cascais - 1971", Luiz Villas-Boas escreveu: "Valeu a pena esperarmos 25 anos. Nesse período de tempo, um quarto de século, alguma coisa se fez, mas o Festival surgia sempre como uma ideia quase utópica".
Essa "quase utopia" tornou-se realidade em 20 e 21 de Novembro de 1971, tendo sido apontado a este 1.º Festival apenas um "gravíssimo defeito: em vez de ser o primeiro deveria ser o vigésimo" (Melo Pereira, na altura o chefe do Serviço de Programas da RTP). Por todos os motivos - e não apenas musicais - o 1.º Festival foi um sucesso, como viria a acontecer em todas as edições que se lhe seguiram.
Circunstâncias adversas levaram à interrupção do Festival em 1988. Até que, em 2009, Duarte Mendonça, que colaborou com Luiz Villas-Boas e foi seu co-produtor em várias edições do Cascais Jazz, decidiu dar continuidade ao histórico Festival.
expresso

Aristides de Sousa Mendes















Finalmente, Aristides de Sousa Mendes - JN

Árctico já nos próximos dez anos


desastre ecológico

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Irão tira Nobel da Paz


O Governo norueguês protestou contra a decisão das autoridades iranianas de retirarem à advogada Shirin Ebadi o Nobel o diploma com que foi galardoada ao receber o prémio Nobel da Paz, em 2003. .

"é a primeira vez que as autoridades confiscam o Nobel da Paz. A medalha e o diploma de Ebadi foram retirados do seu cofre bancário. Estamos surpreendidos e não compreendemos um acto assim", lamentou, em comunicado, o ministro dos Negócios Estrangeiros noruguês, Jonas Gahr Store.O diplomata iraniano destacado em Oslo já foi convocado para uma reunião no Ministério dos Negócios Estrangeiros, depois de ter recebido um protesto formal por parte do Secretário de Estado do Exterior, Gry Larsen.Este responsável político já acompanhava atentamente o tratamento ao marido de Ebadi, detido no início do Outono e ferido com gravidade, a quem foi cortada a sua reforma e bloqueada a sua conta bancária.Segundo o comunicado do Ministério noruguês, a "perseguição" que Ebadi e a sua família têm sofrido revela que a liberdade de expressão se encontra "sob uma forte pressão" no Irão. Ebadi foi premiada em 2003 com o Nobel da Paz pelo seu trabalho na defesa pela democracia e dos direitos humanos, especialmente os das mulheres e das crianças.
cm

Magnífica canção de Zucchero pelo combate ao aquecimento global, pela protecção das espécies em vias de extinção e da preservação do ambiente.
Porque Terra há só uma ela é o nosso habitat.
Lelé Batita

Jane Monheit

Florença-Itália


The Can from Carlos Lascano on Vimeo.

Barefoot Runner

Momentos espaciais extraordinários


Esta fotografia tirada pela Apollo 8 em 8 de Dezembro de 1968 mudou a nossa noção de Universo e romantismo. Acostumados a ver a bela e luminosa lua do nosso planeta, esta visão árida e fria versus um planeta vibrante, azul e cheio de vida veio tornar o nosso planeta muito mais acolhedor. Por vezes, precisamos de nos afastar para reconhecer a beleza daquilo que nos rodeia tão de perto.
obvius

Amazónia ameaçada


No Brasil, quatro milhões de hectares estão registados em nome de grupos internacionais e mais de metade da área comprada por estrangeiros está localizada na Amazónia. A desflorestação é já uma realidade no maior "pulmão" brasileiro, que tem sido usurpado por investidores estrangeiros à procura de terrenos para produzir alimentos e biocombustíveis.
O desaparecimento de alguns territórios no próximo século, um tema que será discutido durante a Cimeira do Clima, em Copenhaga, está também a levar muitos países a procurarem, fora de portas, terras aráveis para cultivar. Por esse motivo, o Courrier Internacional de Dezembro dedica um dossiê a este neocolonialismo, que visa essencialmente países africanos e asiáticos.
Pelo menos 30 milhões de hectares de solos aráveis são cultivados em proveito das nações estrangeiras mais ricas e países como o Congo-Brazzaville puseram um terço do território à venda, enquanto outros, como a Índia, não param de comprar grandes parcelas de terreno na Etiópia, Quénia, Indonésia, Uruguai e Paraguai.
Os habitantes destes países, sobretudo camponeses pobres que vivem da agricultura, não têm sequer uma palavra a dizer e são, muitas vezes, sumariamente espoliados.
expresso

Marretas em vídeo

Uma das mais famosas músicas dos Queen, "Bohemian Rapsody", está agora em vídeo com os Marretas. Para quem gosta dos famosos bonecos de pano e das músicas celebrizadas pela voz única de Freddie Mercury tem agora a oportunidade de ver celebridades tão díspares juntas.


A voz de Freddie Mercury calou-se há 18 anos, a sua morte chocou o mundo a 24 de Novembro de 1991, mas o seu carisma e as suas canções permanecem intactas. Agora é tempo de também os Marretas se lembrarem deles e darem a cara pela nova versão do tema "Bohemian Rapsody".

Viagem a uma Moçambique desconhecida


                                                                                   Moçambique

Dubai deixa de pagar dívidas











Público - Dubai deixa de pagar dívidas e assusta bolsas mundiais

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Saudades do automóvel



Hoje em dia ter um automóvel é ter um peso na consciência. É contribuir para o buraco na camada de ozono, para o aquecimento global, para o congestionamento do tráfego urbano e para a crise do petróleo. Ter dois automóveis, então, mesmo que sejam imprescindíveis para o dia a dia de uma família, é quase um crime! Para apaziguar a nossa culpa colectiva, a indústria automóvel nossa amiga desdobra-se em propostas de veículos "verdes", amigos do ambiente. São automóveis de aspecto biomórfico e gastrópode, tímido, semelhantes a amebas com rodas. À excepção dos concept cars e dos modelos desportivos topo de gama, o automóvel perdeu definitivamente o seu estatuto. Mas houve tempos em que possuir um automóvel era um luxo. Era fazer parte do american dream. Os novos modelos ostentavam-se orgulhosamente como um troféu, enormes, cintilantes nas suas cores e aplicações cromadas, nos seus assentos em cabedal e nos seus motores devoradores de gasolina. É verdade que a gasolina era barata, as estradas largas e os engarrafamentos raros. A poluição era apenas uma pequena nuvem no horizonte. O automóvel tinha uma conotação francamente positiva.
A publicidade dessa altura - final dos anos 50' - apresentava-nos belos desenhos coloridos onde se podia ver os últimos modelos saídos das linhas de montagem das grandes marcas. Os artistas gráficos caprichavam no desenho e faziam vender. Os americanos lideravam e não era por falta de modéstia. As mais belas ilustrações eram as da Ford, da Buick, da Oldsmobile ou da Chevrolet, os gigantes de Detroit.
À volta destes automóveis, indivíduos estereotipados vestidos com elegância e em poses descontraídas protagonizavam famílias felizes em viagem, trabalho ou lazer. Não havia pobreza, não havia conflitos raciais, não havia guerra nestes desenhos; tudo era prazer, tudo era sucesso, tudo era alegria de viver. Fumar era normal e dava estatuto, nunca doenças. Não se falava da "Caça às Bruxas" do senador McCarthy. Dir-se-ia que vivíamos numa sociedade perfeita e que o automóvel era o instrumento e a face mais visível dessa transformação.


obvius

Supervulcão aniquilou florestas da Índia







Supervulcão aniquilou florestas da Índia - Ciência - DN

Cada português gasta 109 litros de água por dia


Cada português gasta diariamente 109 litros de água. A esta quantidade há que juntar mais 121 litros correspondentes às perdas e aos consumos autárquicos. Um estudo da Aquapor ontem divulgado refere que o litro de água custa, em média, 0,0023 euros.
O estudo em causa, que durante quatro anos incidiu em quatro milhões de registos de consumo de 288 mil habitantes distribuídos por dez municípios, refere que nos ambientes urbanos a média de água gasta por pessoa passa dos 109 para os 137 litros.
A Aquapor conclui que 40 por cento dos consumidores nacionais gastam mensalmente 11,75 euros na factura da água, a qual também já inclui o saneamento e a recolha do lixo. Este montante significa que o consumo é igual ou inferior a cinco metros cúbicos consumidos.
Apurou-se ainda que 16,6 por cento dos contadores analisados apresentam um consumo zero. Trata-se, dizem os autores do estudo, de casas de imigrantes, de segundas habitações, de contadores de garagens e anexos e até de contadores avariados.
Quanto aos desperdícios de água estima-se que os mesmos sejam na ordem dos 32 por cento relativamente à totalidade do volume captado. Para combater este desperdício é sugerido o reforço ao combate às ligações clandestinas e a redução das perdas técnicas (roturas e fugas “permanentes”).

entrada de meteorito na atmosfera

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Campanha contra o Aneurisma da Aorta Abdominal


A Sociedade Portuguesa de Angiologia e Cirurgia Vascular (SPACV) em parceria com a Sociedade Portuguesa de Cirurgia Cardio-Torácica e Vascular (SPCCTV) lançou esta terça-feira a primeira campanha de sensibilização contra o aneurisma da aorta abdominal, uma patologia que afecta mais de 700 mil pessoas na Europa, com uma prevalência de 70/80 casos por 100 mil habitantes.

A campanha irá ser desenvolvida em Hospitais e Centros de Saúde, assim em Universidades Seniores já que se trata de uma patologia com maior incidência no sexo masculino com mais de 65 anos. Para além de alertar a população para os factores de risco como o tabagismo, a aterosclerose, o colesterol, diabetes, hipertensão e o sedentarismo, a ‘Aorta é Vida’ pretende alertar a sociedade civil, desmistificando uma doença aparentemente silenciosa.
De acordo com Joaquim Barbosa, presidente da SPACV, “o aneurisma da aorta abdominal é o mais frequente dos aneurismas arteriais e cursa sob uma forma silenciosa. A aorta vai aumentando progressivamente de calibre e esse aumento termina em várias complicações, nomeadamente a ruptura que ocorre em cerca de 80 por cento dos doentes”.

CM

Novos casos de HIV descem 17%



O vírus HIV continua a crescer, registando-se uma subida do número de infectados para 33, 4 milhões no ano passado. No entanto, o número de novos infectados, cerca de 2, 7 milhões, desceu cerca de 17% nos últimos oito anos, devido às várias campanhas de sensibilização contra a Sida, informou a ONU.


Na África subsariana, uma das zonas do mundo mais fustigadas pela epidemia do HIV, os números de casos baixaram 15 %, com menos 400 mil infecções em comparação com o ano passado. Na Ásia, as infecções diminuíram 25 % a Este e 10 % no Sul e Sudeste. Na Europa Ocidental, após um grande aumento de casos entre os consumidores de droga, a epidemia também abrandou, embora em alguns países os números de casos continuem a subir.
Em Portugal, verifica-se o maior número de novas infecções da Europa Ocidental, com 1510 casos em 2006 e 894 em 2007, sobretudo em indivíduos que têm relações com homossexuais, consumidores de droga e imigrantes.

CM

Renascença e Antena 1 lançam web rádios de informação






O Grupo Renascença vai lançar uma rádio online de informação, no primeiro semestre de 2010. O canal fará o aproveitamento de alguns conteúdos generalistas e desportivos emitidos em antena com outros realizados especificamente para a internet. A rádio pública prepara também uma web rádio com palavras, agregando conteúdos emitidos pela RTP (rádio e televisão).
DIÁRIO2

Observatório para a violência doméstica


A presidência espanhola da União Europeia quer criar um observatório europeu para a violência doméstica. Em Lisboa, o secretário espanhol dos Assuntos Europeus defendeu ainda uma «ordem de protecção europeia» contra este crime.


A presidência espanhola da União Europeia, que vai entrar em funções em Janeiro, pretende criar um observatório europeu para a violência doméstica e que seja possível deter no espaço europeu quem seja acusado deste crime.
De passagem por Lisboa, o secretário de Estado espanhol dos Assuntos Europeus quer que a União Europeia olhe com atenção «para esta tragédia tão grande, a maior tragédia da nossa sociedade, seguramente a maior de todas».
Para além da criação do observatório, Diego Lopez Garrido pretende formar uma «ordem de protecção europeia» contra a violência doméstica e que os acusados deste crime sejam tratados de uma forma semelhantes aos terroristas.
«Conseguimos na Europa que quando um juiz emite uma ordem de detenção a um terrorista esta ordem aplica-se em todos os países da União. Temos também de conseguir uma euroordem contra esse terrorismo, que é o terrorismo contra a mulher», explicou.

Este governante, que prometeu uma estreita colaboração com o novo presidente do Conselho da União Europeia, quer ainda que a presidência espanhola da União Europeia represente «o começo de uma etapa que esteja presidida pela tolerância zero contra a violência» doméstica.

TSF

cartoon


Terra suporta cada vez menos o impacto ecológico do homem



"Planeta Azul" precisa de 18 meses para regenerar os recursos consumidos pelo Homem num ano. O diferencial tem aumentado ao longo dos últimos anos.
A Terra suporta cada vez menos o impacto ecológico das actividades humanas, já que são necessários 18 meses ao planeta para regenerar os recursos que a humanidade consome num ano, segundo um estudo de um grupo de investigação privado norte-americano hoje, terça-feira, publicado.

Os dados recolhidos numa centena de países pelo Global Footprint Network, um grupo de defesa do ambiente, indicam que a humanidade consome recursos e produz dióxido de carbono (CO2), principal gás com efeito de estufa, a um ritmo 44% mais elevado do que a natureza pode produzir e absorver.
"As ameaças iminentes que enfrentamos hoje, nomeadamente as alterações climáticas mas também a desflorestação, a diminuição das pescas, a sobre-utilização da água doce, são sintomas de uma tendência alarmante", escrevem os autores deste relatório.
O Global Footprint Network, com sede em Oakland, Califórnia, calcula todos os anos desde a sua criação, em 2003, aquilo que chama de "impressão digital ecológica" de mais de cem países e da humanidade como um todo.
Este indicador determina a superfície de terra e de água requerida para produzir recursos que uma dada população consome e para absorver os desperdícios daí resultantes.
Noutros termos, estes investigadores calculam o potencial de produção de recursos da natureza, como são utilizados e quem os utiliza, explicou a organização.
Estes dados mostram que entre 2005 e 2006 o impacto ecológico da humanidade aumentou cerca de 2%sobre o mesmo período precedente.
Este crescimento resultou de um aumento da população e do consumo de recursos per capita.
Nos últimos 10 anos, o impacto do homem na natureza aumentou 22% enquanto que a bio-capacidade, quantidade de recursos que a natureza pode produzir, permaneceu constante e pode mesmo ter diminuído, segundo o "Global Footprint Network".
jn

Seca mata milhares de peixes no Brasil









Pescadores percorrem nas suas canoas o rio Manaquiri, um afluente do Amazonas, no Brasil. Depois de uma época de cheias veio a seca e milhares de peixes começaram a aparecer mortos.
 Foto: Bruno Kelly/Amazonaspress/Reuters

Uma anomalia: Kurt Cobain


Em 1989 uma banda de Aberdeen, Seattle, gravava com apenas 600 dólares o álbum de estreia: "Bleach". 20 anos depois esse disco é reeditado. E sai em DVD o registo de um concerto, "Live at Reading", quando o mundo eram os Nirvana. A história deles e a nossa nunca foi a mesma.

Por falar em Kurt... Mais exactamente, Kurtz, o coronel renegado, interpretado por Marlon Brando no épico de Coppola "Apocalypse Now". O filme centra-se na missão liderada pelo capitão do exército americano Benjamin Willard (Martin Sheen), cujo objectivo é eliminar o enigmático Kurtz, que lidera, no interior da selva vietnamita, qual rei divino, uma milícia de dissidentes e nativos.
Porque é que o exército americano quer eliminar um dos seus? Porque Kurtz deixou de obedecer à linha de comando. Não porque tenha desistido da guerra ou deixado de acreditar nesses ideais. Pelo contrário: crê totalmente, mas por excesso. Sofre de sobre-identificação com a instituição militar. Foi ultrapassado pelos acontecimentos. Até à loucura. Transformou-se no desregramento a abater. Um incómodo.

Ele percebe-o. No final é Willard a matar Kurtz ou é Kurtz a preparar o terreno para que Willard o abata? A imolação de Kurtz, sequência que encerra o filme, é a tentativa de lidar com a desordem cosmológica. Um exaltado fotojornalista - Dennis Hopper - que Willard encontra na selva faz de arauto. É ele que nos diz sobre Kurtz: "The man is clear in his mind, but his soul is mad." Não poderíamos dizer o mesmo de Kurt Cobain?
O filme da sua vida foi outro, mas foi também o mesmo. Interpretou os princípios da contracultura, acreditou neles, excessivamente. Sofria de sobre-identificação com a ética punk-rock. Foi ultrapassado pelos factos. Via-se como criador alternativo mas os seus discos vendiam milhões. Em parte, por ele, música antes encarada como difícil foi cunhada e vendida às massas como "grunge".
A popularidade embaraçava-o. Queria fama, mas não estava preparado. Quem tinha 20 anos olhava-o como guia. Mas ele não queria ser guia. Sentia que estava tão perdido como os que queriam ser guiados. Nunca conciliou os seus princípios com o sucesso. O suicídio resolveu o impasse, antes que o rasto de integridade desaparecesse por inteiro.

20 anos depois, na altura em que se assinala a edição do primeiro álbum dos Nirvana, "Bleach", o mistério sobre Kurt e a sua banda mantém-se. Ficarão para sempre com o nome gravado na História do rock dos anos 90 - mesmo se parecem ter constituído uma anomalia.

quela voz, de onde vinha?
Nesse período, do ponto de vista criativo, as linguagens da música de dança é que faziam a revolução. Mas para a indústria elas não representavam nada. No mercado mais rentável do mundo, o americano, o rock dominou sempre. Os concertos eram lucrativos e o culto da personalidade suplantava o anonimato das electrónicas.
Quem tinha vivido os anos 60, 70 e 80 dizia que já não havia mais nada para inventar. Dos Velvet Underground aos Stooges, tudo parecia ter sido feito. Mas o rock, velha carcaça, recusava-se a morrer.
Kurt Cobain nasceu em 1967. Lia fanzines rock. Escutava Vaselines, Daniel Johnston, Raincoats, TV Personalities, Black Flag. Rock independente, cultivado em caves escuras. Regia-se pela ética punk-rock. Pertencia a uma elite: aqueles que se zangavam a sério contra os valores burgueses. Era contra o capitalismo, a favor do "faça-você-mesmo". Contra o espectáculo, pela anarquia. Pelo regresso da sinceridade, mesmo sabendo que a história do rock está repleta de traições.

O rock, para Kurt, eram canções cruas, o visual de todos os dias, lutar contra o estabelecido, convencer seguidores a recusar o sexismo, a homofobia, o novo-riquismo. As canções, virulentas, punham a nu a vaidade e a opulência da América, do Ocidente, do princípio dos anos 90. Tornavam visível a esclerose, a gordura. O capitalismo, dizia Kurt, era "a gula."

Anotava as suas reflexões num diário. Cresceu na década de 90, a primeira, depois da década de 40, que viu duas gerações distintas - pais e filhos - a gostarem da mesma música. O rock, os Beatles, os Stones, com os quais os pais também haviam crescido.
Mas Kurt tinha raiva da geração dos pais. A cólera tinha que explodir. Em 1987, os Nirvana. E ele, esperançado, anotava: "Vamos lançar o álbum às nossas custas. Achámos uma fábrica que prensará 1000 discos por 1600 dólares, o que faz com que tenhamos que vender apenas 250 discos para recuperar o nosso investimento."
Acabaria por ser a independente Sub Pop a editar o primeiro álbum, "Bleach", registado em apenas seis dias. Kurt tinha 22 anos. Não se saiu mal. 80 mil exemplares. Mais de 1,7 milhões de cópias vendidas até hoje. O maior sucesso de sempre da Sub Pop.
Os Nirvana tornam-se líderes dessa coisa chamada grunge. Em Seattle outras formações praticavam música semelhante (Melvins, Soundgarden, Pearl Jam, Screaming Trees, Alice In Chains), mistura de Neil Young punk e Black Sabbath pop, desordem, melodias perdidas por entre guitarras cerradas e, no caso dos Nirvana, aquela voz, passando da dor à raiva, do apaziguamento ao caos. De onde vinha? Entre as influências citava "os divórcios, as drogas, os efeitos sónicos."
O desgosto formava o gosto
Ao vivo os Nirvana ganhavam reputação de grupo incontrolável. Em 1991, o rock precisava de sangue novo. Em quem apostar? Havia os Pixies, mas Frank Black era anafado. Não parecia Jesus como Kurt. Dir-se-ia mais um simpático caixa de supermercado do que outra coisa. E os Sonic Youth? Muito artísticos, muito nova-iorquinos, veteranos.

Restavam os Nirvana. Restava injectar visibilidade e dólares no grunge de Seattle. E o negócio abateu-se sobre a cidade. Visualmente era Kurt quem sobressaía. Loiro, ar torturado, desleixado como um roqueiro que se preze.
E os Nirvana assinaram por uma multinacional.
Foram convidados a descer até Los Angeles para gravar o segundo álbum. Prudente, a Geffen prensou apenas 50 mil exemplares de "Nevermind". Foram vendidos mais de 10 milhões. Para quem tinha vivido a década de 80 foi a surpresa. O álbum transformava a impotência em energia, a inércia em dinamismo, mas ninguém acreditava que aquele som - descendente dos Husker Du, Dinosaur Jr ou Sonic Youth - teria hipóteses de seduzir. Seduziu.
Em parte, por um single, "Smells like teen spirit". Em 1991 ser jovem era aquela canção, aquela deflagração, rejeição de qualquer coisa inominável. O desgosto formava o gosto. Tornava-se êxito disforme, aberração dos tops habituados a acolher de braços abertos Vanilla Ice. As palavras eram confusas, mas tornava-se num hino de revolução adolescente, impulsionada por um vídeo sugerido por "Over The Edge", filme de Jonathan Kaplan, com Matt Dillon.
Mas de que espírito jovem falava Kurt nessa canção? Do punk-rock que queria acabar com a gula e o cinismo dos mais velhos? Ou do espírito dos adolescentes da América, dessa geração que obedeceu a Bush pai, adoptou valores reaccionários, correu aos cinemas para ver "Forrest Gump" ou às lojas de discos para comprar Bryan Adams?
Kurt horroriza-se com a debilidade dos seus pares. Com o estado do mundo. E com as suas próprias desventuras: porque é que se droga, arma zaragata, destrói hotéis como se fosse uma trivial celebridade rock? Porque é que se casa com uma estrela, Courtney Love, tão frágil como ele? Porque é que os dois adquirem uma casa como todos os casais conformistas que critica? Porque é que ele, no auge da glória, não pode, não consegue, mudar o estado das coisas?
Sim, tornara-se numa personalidade. A revista "Rolling Stone", outrora alternativa, agora símbolo do entretenimento, quer que ele pose para a capa. Ele não devia, escreve. A ética punk não lho permite. A ele, das "fanzines". Mas é estrela, a "Stone" é importante, tem que fazê-lo.
Para não passar por marioneta tem uma ideia: posa para a capa, mas de t-shirt, com a inscrição "corporate magazines still suck", forma de insultar a "Rolling Stone". É isso que pensa, mas a vida é mais complexa.
Ao aceitar essas condições a "Rolling Stone" dá provas de largueza de espírito. É admirada por isso. Kurt sofre. Pensava que se podia infiltrar no sistema para o fazer explodir, mas transforma-se no alibi do sistema, que o exibe: olhem para os Nirvana, indomáveis, rock com alarido, comprem os discos e estarão a comprar também uma atitude rebelde.

A partir de determinada altura percebe que os amantes de rock já não são aliados. Ele que se sentia diferente ao ouvir os Vaselines e que acreditava na atitude combativa, percebe que os dez milhões que o ouviam eram os mesmos que iriam ouvir, mais tarde, Limp Bizkit.
Não espanta que desconfiasse dos fãs de rock, sobretudo os da primeira geração, os renegados que, na sua visão, haviam traído ideais. "O leitor médio da ‘Rolling Stone' é um ex-hippie que virou hipócrita e que olha para o passado como sendo a época de ouro, mas absorveu o capitalismo com indulgência, moderação, numa palavra, acomodou-se." Porquê a animosidade contra os "hippies"? Não eram suficientemente radicais. Tinham-se vendido. Eram "yuppies".

Kurt e Eddie
Apesar de ser o número 1 mundial continuava um pequeno punk. No festival de Reading apresenta-se de bata e cadeira de rodas. Nos prémios MTV os Nirvana tocam uma canção chamada "Rape me". Kurt ainda acreditava. Mas intensificava-se a sensação que já não passava de um Dom Quixote a esbracejar no vazio.

Tenta curas de desintoxicação, com e sem Love. A 2 de Maio de 1993, uma "overdose" de heroína em Seattle. Prepara-se o sucessor de "Nevermind". Os Nirvana querem lançar um disco assumidamente difícil. Cobain deseja que tenha o título de "I hate myself and i want to die". Mas os imperativos do negócio falam mais alto. Chamar-se-á "In Utero" e trepará pelos tops. A 4 de Março de 1994, em digressão, mais uma "overdose", em Roma. Um mês depois, a 5 de Abril, suicídio. Ao lado do corpo: "É melhor apagar de uma vez que desaparecer aos poucos."

Tinha 27 anos. Infiltrou-se no sistema. Os Nirvana impuseram às massas a cólera face à gula. Para muitos, Kurt perdeu. Puxou de uma arma, mas apontou-a a si próprio. Para outros, não; foi grande. Esses normalmente tendem a compará-lo a Eddie Vedder, dos Pearl Jam, outro grupo seminal de Seattle, ainda activo. Faz sentido.

Enquanto Kurt sempre teve dificuldade em lidar com grandes audiências, e em palco quase não dizia nada, Eddie comporta-se como o irmão mais velho, aquele que se oferece para ser guia.

A voz de Kurt é coisa em bruto, expondo uma raiva incoerente, assente em letras pouco claras. Eddie conta histórias. As canções dos Nirvana são mais desafiantes, mas não oferecem calor. Quando muito são catárticas.
Eddie parece tentar chegar ao outro. Kurt quer que o deixem em paz.

Aquilo que faz do primeiro um herói do rock - no sentido mais conservador do termo - é que é alguém que nunca desiste de lutar. "In Utero", o último grito dos Nirvana, é o oposto. É desistir, é o isolamento, o casulo onde Kurt se resguarda das contradições de ser um rebelde milionário.

Talvez Eddie seja um ser humano melhor. Mas segundo o mito romântico do criador, talvez Kurt seja melhor artista. Como o Kurtz de Brando: era lúcido. De uma lucidez disforme, incapaz de percepcionar a totalidade à sua volta. Ninguém se surpreendeu quando se suicidou. Mas mesmo assim a sua morte continua a inspirar as mais bizarras e diversas teorias conspirativas.

Quem matou Kurt Cobain? A resposta é óbvia. Kurt Cobain matou Kurt Cobain. Mas também foi vítima: vítima do mito de que para se ser autêntico, verdadeiro e comprometido, não se pode ser popular.

IPSLON