domingo, 29 de novembro de 2009

Atacar a gripe A. Uma luta de avental e colher de pau


Enquanto não chega a hora de tomar a vacina contra a gripe A, há todo um trabalho que pode ser feito em casa para antecipar a chegada do vírus. E a maior batalha pode acontecer na cozinha. Uma boa dieta rica em nutrientes como a vitamina A, o zinco, a vitamina E ou a vitamina C ajuda o corpo a combater doenças, curar lesões e sobreviver a outras eventuais complicações.


Os vírus são um desafio que se apresentam ao sistema imunitário. Por isso, se o corpo estiver bem preparado, o embate pode ser menor. Nisto todos os especialistas estão de acordo. "Tanto a desnutrição como o excesso de peso e a obesidade contribuem para os distúrbios imunológicos", explica ao i o presidente da Sociedade Portuguesa de Nutricionistas, Nuno Nunes. Desde logo, uma alimentação variada é a chave. Mas há mais: as fibras têm um papel determinante na prevenção. "O sistema imunitário tem várias defesas", explica o nutricionista Miguel Rego. A mais importante encontra-se no intestino, que faz a triagem do que deve ser e não deve ser absorvido. Assim sendo, a ingestão de fibras "que garantam um bom trânsito intestinal é uma das primeiras preocupações que devem ser tidas em conta na hora de comer", sublinha o especialista. Garantir uma boa hidratação é outro dos pressupostos. Um litro e meio de água em tempo de pandemia é jogar pelo seguro - ajuda a libertar toxinas e microrganismos indesejados. Os sumos e as sopas dão uma boa ajuda - porque além de cumprirem o requisito de hidratar, têm um grande valor nutricional.

Concentre-se nesta letra: A.
Se o corpo tiver falta de vitamina A, os glóbulos brancos não funcionam de forma tão eficaz. Pode encontrá-la em alimentos como o leite, todos os vegetais (especialmente espinafres e cenouras) e nos frutos, como a manga. A vitamina E é um dos mais importantes antioxidantes do organismo. Luta contra o envelhecimento e a deterioração das células. Com a idade, o sistema imunológico torna-se menos eficiente no combate aos micróbios e aos vírus. Parte deste declínio deve-se aos baixos níveis de vitamina E na corrente sanguínea. O truque? Consumir óleos vegetais (amendoim, soja, palma, milho, cártamo, girassol) e frutos secos. A vitamina C é o elemento clássico do combate à gripe e está presente nos citrinos. Em tempo de pandemia, Nuno Nunes sugere que se beba diariamente "um sumo de laranja natural ao pequeno- -almoço".

Além das vitaminas, há outros nutrientes que ajudam a combater a gripe. Miguel Rego recomenda que se apimente a comida: "As especiarias picantes ajudam a promover a fluidificação das secreções quando há complicações respiratórias." Outros alimentos-chave? Papaia, frutos vermelhos, hortícolas em geral, legumes, iogurtes com bifidus, kiwis, alho, sopas e mel.

Cuidado com os suplementos
Os benefícios de uma boa nutrição foram reconhecidos, pela primeira vez, por Hipócrates, o médico da antiguidade grega: "Que a comida seja o teu medicamento e que o medicamento seja a tua comida." Há quem leve a máxima demasiado a sério e enverede pelo consumo exagerado de complexos vitamínicos. A sobredosagem é perigosa. "Só devem ser tomados em caso de alimentação deficitária e apresentam riscos de toxicidade. No caso das antioxidantes, até produzem o efeito contrário", alerta Miguel Rego. Um excesso de zinco, por exemplo, pode interferir na absorção de outros nutrientes, incluindo ferro e cobre. E grandes quantidades de um mineral chamado selénio pode provocar lesões neurológicas e foi recentemente ligado a um risco maior de diabetes. Além disso, as vitaminas não são tão absorvidas pelo corpo como nutrientes encontrados, de forma natural, nos alimentos.

Comer bem faz bem
Corpos malnutridos são um campo fértil para a proliferação de doenças infectocontagiosas perigosas. Estudos realizados na Universidade da Carolina, nos EUA, demonstraram que, num receptor malnutrido, os vírus sofrem mutações devido à fraca resposta imunitária e tornam-se mais fortes. Os investigadores concluíram que a má nutrição "é um gerador de doenças emergentes que se espalham por todo o mundo". Além disso, estudos realizados em ratinhos mostram que só 4% dos animais em bom estado físico morrem infectados com o vírus da gripe A.
 ionline

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