Investir milhões para proteger a diversidade da vida animal e vegetal permitirá, a longo prazo, um retorno do investimento cem vezes superior, estima um estudo do economista indiano Pavan Sukhdev, divulgado hoje.Mais de mil milhões de pessoas dependem, directamente, dos recifes de coral, das florestas e dos mangais para a sua sobrevivência. E se os líderes políticos não tomarem, rapidamente, medidas radicais para travar a destruição destes recursos, tornar-se-ão inevitáveis conflitos, fomes e refugiados climáticos, alerta o estudo.
"Reconhecer e pôr um preço nos serviços prestados pela natureza à sociedade deve ser uma prioridade para os responsáveis políticos", explicou Pavan Sukhdev, principal autor do estudo "A economia dos sistemas ecológicos e da biodiversidade".Investir cerca de 45 mil milhões de dólares (30 mil milhões de euros) por ano no desenvolvimento de áreas protegidas terrestres e marinhas permitirá garantir benefícios na ordem dos quatro a cinco mil milhões de dólares (2,6 e 3,3 mil milhões de euros) por ano, durante várias décadas, estima o economista.
No ano passado, a plantação de doze mil hectares de mangais no Sul do Vietname custou cerca de um milhão de dólares (669 milhões de euros) mas permitirá evitar despesas com a construção de diques na ordem dos sete milhões de dólares por ano (4,6 milhões de euros).
"Numa altura em que as alterações climáticas são um desafio global com repercussões locais, a biodiversidade é um conjunto de desafios locais", comentou Pavan Sukhdev, salientando que o exemplo dos mangais no Vietname poderá ser multiplicado por todo o mundo.
A menos de um mês da cimeira da ONU sobre o clima, em Copenhaga, a protecção das florestas tropicais surge como uma questão crucial. "A desflorestação representa 20 por cento das emissões de gases com efeito estufa", lembrou o economista.
Mas as florestas constituem também o mais importante dispositivo para atenuar as alterações climáticas porque capturam 15 por cento das emissões totais de dióxido de carbono", notou.
Durante a cimeira do G8 alargado aos grandes países emergentes, os maiores poluidores do planeta reconheceram que a Terra não deverá sofrer um aumento da temperatura superior a dois graus, reconhecendo os receios da comunidade científica. No entanto, para alguns ecossistemas poderá ser já demasiado tarde. Assim, os recifes de coral, dos quais dependem cerca de 500 milhões de pessoas no planeta, já estão numa curva descendente com um aumento da temperatura de cerca de um grau em relação à era pré-industrial.
"As soluções para as alterações climáticas encontram-se nos recursos naturais. Podemos utilizar a recuperação dos ecossistemas para a adaptação (às mudanças) e devemos utilizar os ecossistemas - as florestas, os oceanos - como principal ferramenta de redução" das emissões de gases com efeito de estufa, estimou.
O estudo, apoiado pelo Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA), foi lançado pela Comissão Europeia em 2007 e terá a sua versão final apresentada em Outubro de 2010. Numa primeira fase, apresentada em Maio de 2008, Pavan Sukhdev estimou que a erosão da biodiversidade representa um custo estimado entre 1350 e 3100 milhões de euros por ano.
publico
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