É o 25.º premiado com o Prémio Pessoa, uma iniciativa do Expresso em colaboração com a Caixa Geral de Depósitos.
Eduardo Lourenço de Faria, 88 anos e uma vasta obra publicada, foi a escolha do júri deste ano. A reedição, pela Fundação Caloustre Gulbenkian, da sua obra completa - num total de 38 volumes - foi o motivo mais imediato para a atribuição do prémio.
Um trabalho 'ciclópico', como afirmaram os responsáveis científicos da Fundação Calouste Gulbenkian que este ano iniciaram a publicação da obra. De facto, são 38 volumes de ensaios político-filosóficos escritos entre os anos de 1945 e 2010, de um autor que apesar da sua enorme projecção internacional permanece "pouco lido em Portugal", justifica a Gulbenkian.
Eduardo Lourenço nasceu numa pequena aldeia da Beira Alta, em 1923. Cedo radicado em França, permaneceu sempre fortemente ligado a Portugal.
"Fico furioso", afirmou recentemente em entrevista, quando questionado sobre o facto de poder ser considerado exilado. Ainda este ano, na sua aldeia, foi homenageado como figura ímpar da cultura nacional.
O Prémio Pessoa tem, este ano, o valor de 60 mil euros.
25ª edição do Prémio Pessoa
Eduardo Lourenço é o Prémio Pessoa 2011. O Prémio Pessoa é concedido anualmente à pessoa de nacionalidade portuguesa que durante esse período e na sequência de uma atividade anterior tiver sido protagonista de uma intervenção particularmente relevante e inovadora na vida artística, literária ou científica do País. Esta é a 25.ª edição do Prémio Pessoa.
Escreve o Júri: "Num momento crítico da História e da sociedade portuguesa, torna-se imperioso e urgente prestar reconhecimento ao exemplo de uma personalidade intelectual, cultural, ética e cívica que marcou o século XX português.
Eduardo Lourenço foi membro deste Júri desde o primeiro dia até 1993, tendo saído por vontade própria. A sua presença prestigiou o Prémio, que este ano celebra 25 anos de vida. O Prémio prestigia agora a sua presença e a sua intervenção na sociedade, ao longo de décadas de dedicação, labor e curiosidade intelectual, que o levaram à constituição de uma obra filosófica, ensaística e literária sem paralelo.
Entende o Júri homenagear ainda a generosidade e a modéstia desta sabedoria, que tendo deixado uma marca universal nos Estudos Portugueses e nos Estudos Pessoanos, nunca desdenhou a heteredoxia nem as grandes questões do nosso tempo e da nossa identidade. Em 2011, a Fundação Gulbenkian iniciou a publicação das suas 'Obras Completas', sendo que ao I Volume das Heteredoxias o autor acrescentou textos posteriores ao original, obra fundadora do pensamento cultural português.
Eduardo Lourenço é um português de que os portugueses se podem e devem orgulhar. O espírito de Eduardo Lourenço foi sempre reforçado pela sua cidadania atenta e atuante.
Portugal precisa de vozes como esta. E de obras como esta", pode ler-se na ata da reunião do júri.
O "Prémio Pessoa" é uma iniciativa anual do jornal EXPRESSO com o patrocínio da Caixa Geral de Depósitos, cuja designação se inspira no nome de Fernando Pessoa, e que se propõe reconhecer a atividade de pessoas portuguesas com papel significativo na vida cultural e científica do país. Contra a corrente de uma velha tradição nacional, segundo a qual a projeção de algumas obras da maior importância só foi verdadeiramente alcançada depois da morte dos seus autores - e foi esse, precisamente, o caso de Fernando Pessoa -, o Prémio Pessoa pretende representar uma nova atitude, um novo gesto, no reconhecimento contemporâneo das intervenções culturais e científicas produzidas por portugueses.
O júri do Prémio Pessoa 2011 é constituído por: Francisco Pinto Balsemão (Presidente); Fernando Faria de Oliveira (Vice-Presidente); António Barreto; Clara Ferreira Alves; Diogo Lucena; João Lobo Antunes; José Luís Porfírio; Maria de Sousa; Mário Soares; Miguel Veiga; Rui Magalhães Baião.
O "Prémio Pessoa 2011" é constituído por um diploma e uma dotação em dinheiro no valor de 60.000 euros.
Esta é a 25.ª edição do Prémio Pessoa. A lista dos galardoados é composta pelos seguintes nomes:
1987 - José Mattoso
1988 - António Ramos Rosa
1989 - Maria João Pires
1990 - Menez
1991 - Cláudio Torres
1992 - António e Hanna Damásio
1993 - Fernando Gil
1994 - Herberto Helder
1995 - Vasco Graça Moura
1996 - João Lobo Antunes
1997 - José Cardoso Pires
1998 - Eduardo Souto Moura
1999 - Manuel Alegre e José Manuel Rodrigues
2000 - Emanuel Nunes
2001 - João Bénard da Costa
2002 - Manuel Sobrinho Simões
2003 - José Joaquim Gomes Canotilho
2004 - Mário Cláudio
2005 - Luís Miguel Cintra
2006 - António Câmara
2007 - Irene Flunser Pimentel
2008 - João Luís Carrilho da Graça
2009 - D. Manuel Clemente
2010 - Maria do Carmo Fonseca
2011 - Eduardo Lourenço
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