sexta-feira, 22 de abril de 2011

Carta aberta ao Povo Finlandês

Encontrei por bem contar aqui os pormenores de uma história que, por muito que pareça pertencer ao passado, tão facilmente nos lembra a todos das travessuras partidas de que a História é capaz de pregar. E por muito incompreensível que possa parecer, as travessuras e partidas que a História às vezes prega, surpreendem em especial aqueles com a memória mais curta.O local foi Lisboa, e o ano, 1940, mais concretamente o trigésimo nono dia após o final da primeira e heróica guerra combatida pelo perseverante povo Finlandês contra a tentativa estrangeira de apagar a vossa pequena nação do mapa dos países livres e independentes da Europa. A Guerra do Inverno na qual a Finlândia contrariamente ao que todos julgavam poder ser possível derrotou o bolchevismo o imperialismo Russo, teve na altura um impacto muito maior do que o que julga hoje a maior parte dos finlandeses.Os gritos de sofrimento e os horrores da primeira guerra Russo-Finlandesa e os terríveis sacrifícios impostos ao vosso pequeno país, comoveu e tocou o coração do povo Português no outro longínquo canto deste velho continente chamado Europa.


Talvez fosse por causa de um sentimento de irmandade, ou mesmo de identificação com os sacrifícios para que uma outra nação pequena e periférica acabava de ser atirada…mas a ânsia de ajudar a Finlândia rapidamente emergiu entre os Portugueses, tão orgulhosos que são hoje quanto orgulhosos eram então dos valores da independência e da nacionalidade. A nação europeia com as fronteiras mais estáveis e com a paz mais duradoura de todas, não podia permitir-se, e não permitiu, permanecer no conforto da passividade de nada fazer relativamente ao destino para o qual a Finlândia tinha sido atirada,confrontada que esta estava com o perigo iminente de se tornar em apenas mais uma província Estalinista.Portugal era na altura um país encruzilhado, submergido em pobreza e constrangido por uma ditadura cruel e fascista. Os Portugueses eram nesses tempos quase todos invariavelmente pobres,analfabetos, oprimidos e infelizes, mas também trabalhadores, honestos, orgulhosos, unidos e cheios de compaixão, mobilizados em solidariedade para oferecerem o que de mais pequenino conseguiram repescar para ajudarem o necessitado e desesperado povo Finlandês.Em cidades e vilas e aldeias de Portugal, agricultores, operários e estudantes, pais e mães, que aos milhões talvez possuíssem não mais do que apenas 3 mudas de roupa, ofereceram os para si mais modestos e preciosos bens que, mal grado a penúria, conseguiram prescrever como dispensáveis:cobertores, casacos, sapatos e casacões, e para os mais felizardos sacos de trigo e quilos de arroz cultivados à mão nas lezírias e terras baixas dos rios portugueses. As ofertas foram recolhidas por escolas e igrejas do norte e do sul, e embarcadas para Helsínquia com a autorização prévia da Alemanha Nazi e Aliados. Num extraordinário gesto de gratidão, o Sr. George Winekelmann, que era o então representante diplomático da Finlândia em Lisboa e Madrid, publicou um apontamento na primeira página do prestigioso jornal “Diário de Noticias” para agradecer ao povo Português a ajuda e assistência prestadas à Finlândia no mais difícil de todos os inconsoláveis tempos.O bem-haja a Portugal foi publicado no vigésimo primeiro dia de Abril de 1940, há quase exactamente 70 anos neste dia presente que corre, e descreve que “Na impossibilidade de responder directamente a cada um dos inumeráveis testemunhos de simpatia e de solidariedade que tive a felicidade de receber nestes últimos meses, e que constituíram imensa consolação e reconforto moral e material para o meu país, que foi objecto de tão dolorosas provações, dirijo-me à Nação Portuguesa, para lhe apresentar os meus profundos e comovidos agradecimentos. Nunca o povo finlandês esquecerá a nobreza de tal atitude. Estou certo de que os laços entre Portugal e Finlândia se tornaram mais estreitos e que sobreviverão ao cataclismo do qual foi o meu país inocente vítima, contribuindo assim para atenuar as consequências de tão injustificada agressão”.Em virtude de um outro esforço de ajuda à Finlândia organizado por estudantes Portugueses, o Sr.George Winekelmann mais uma vez voltou à primeira página do mesmo jornal para, numa nota escrita no dia 16 de Julho de 1940, expressar o seu imenso agradecimento: “O Sr. George Wineckelmann, ministro da Finlândia, esteve ontem no Ministério da Educação Nacional (…) a agradecer o interesse que lhe mereceram as crianças do seu país por ocasião do conflito com a Rússia (…) e o seu reconhecimento pela importante dádiva com que os estudantes portugueses socorreram os pequeninos da Finlândia”.Por irónico que seja, o nacionalismo e as formas pelas quais alguns Europeus escolhem para o expressar nos dias presentes, estão em completo contraste com o valor do conceito de Nação expresso há 70 anos por um país bem mais velho, e por um povo bem menos rico e bem mais analfabeto, quando confrontado com a luta pela sobrevivência de uma nação-irmã, que é bem mais rica, bem mais instruída e….bem mais jovem.Todos devemos ao passado a honra de não esquecer os feitos e triunfos daqueles que já não vivem.O conceito de verdadeiro nacionalismo não pode jamais ficar dissociado do dever de honrarmos o passado. Ao cabo de 870 anos de História, por vezes com feitos tremendos e ainda maiores descobertas, um dos sucessos de Portugal como nação tem sido a capacidade de o seu povo unido e homogéneo, olhar serenamente de mãos dadas para lá do horizonte da sua terra, sem nunca ter me dodos desafios desconhecidos dos sete mares em frente, sem nunca fechar a ninguém as portas hospitaleiras e da amizade, e sem nunca fugir dos contratempos que possam defrontar-se-lhe na senda do seu destino.Por mais irónico que seja, algo não parece bater certo quando a condição a que chegou a economia de um Estado de uma pequena nação, por maneira curiosa se torna talvez decisiva nas escolhas eleitorais tomadas por um povo de uma outra e ainda mais pequena nação, no outro canto tão longínquo da Europa. Por mais que merecida ou desejável que possa ser, a recusa de auxiliar e ajudar uma nação dorida e testada pelos ventos de um cataclismo financeiro não é provavelmente o passo mais sábio de países unidos por espírito e orgulhosos de honrarem os verdadeiros intrínsecos valores de solidariedade e mútua amizade, em especial quando atormentados por adversidade e ventanias de crise.Por mais corrupta que a sua elite se comporte, por mais desgovernado que o seu país ande, e por mais caloteiro que o seu Estado seja, os homens e mulheres comuns de Portugal, filhos e filhas e netos e netas daqueles que viviam há 70 anos atrás, sentem-se e são os reféns e vítimas inocentes de uma Guerra financeira que viram ser-lhes declarada contra os seus bolsos e carteiras, e que ameaça as suas honestas e modestas poupanças.Mas não obstante confrontados nos agora tempos de hoje, em aparente insolvência e nas mais sozinhas de todas as suas horas, com o desespero e adversidade, eu estou confiante e seguro de que os Portugueses de hoje, mães e pais, agricultores, trabalhadores, padres e estudantes, e até mesmo crianças, de lés a lés naquele país se elevariam da consciência, a fim de mostrar os seus mais sinceros e genuínos sentimentos de nacionalismo e humildade para ajudarem e confortarem Finlândia e o povo finlandês, se alguma outra vez cataclismo ou desastre batesse à porta da Finlândia e iluminasse a ideia obscura da extinção da heróica nação Finlandesa, tal como aconteceu há sete décadas passadas.Todos nós podemos aprender com as pequenas e genuínas lições dos tempos que lá vão.

Hélder Fernandes
Correspondente da TSF

3 comentários:

Anónimo disse...

to: helder.fernandes @ tsf.pt
Rádio c / o TSF Rádio Notícias


Helder Fernandes Sir

Obrigado por sua carta aberta ao povo finlandês.
Em seguida, na própria imagem de Portugal e da Finlândia, como a história eo grandes contratempos, que estamos orgulhosos de ter sobrevivido batalhas.

Pela minha parte, gostaria de ajudar com Português, mas na Finlândia, é uma emergência ainda maior.
Aqui eu gostaria de apresentar ao povo de Portugal, alguns fatos sobre a Finlândia, e provar que nós estamos fazendo muito pior do que em Portugal. - E é por isso que nós queremos priorizar a alocação de subvenções.

http://translate.google.com/translate?js=n&prev=_t&hl=fi&ie=UTF-8&layout=2&eotf=1&sl=fi&tl=pt&u=http%3A%2F%2Fwww.uusisuomi.fi%2Fulkomaat%2F111481-yle-portugalin-ex-presidentti-haukkuu-suomen-%25E2%2580%259Dkaapiot%25E2%2580%259D

Anónimo disse...

Helder Fernandes Sir

CORRUPÇÃO
Na Finlândia, as últimas eleições parlamentares, as ambigüidades dos candidatos vaalirahoituksiin relacionados com crimes suspeitos, suborno e corrupção, e analisa os restos mortais.
Parte da acusação está alcançando agora os deputados e ministros chegaram a re-registrado como candidato nas eleições para o parlamento 2011/04/17. - As pessoas ficam maravilhadas neste sentido, os representantes da arrogância, enquanto as investigações criminais são os representantes não sentem que fizeram algo errado.
Eleição de candidatos suspeitos de crimes contra a forte e os grandes partidos, o texto acima baseia-se em uma sombra kriminaalissävytteinen forte, que mina a confiança pública na democracia representativa, e reduzir radicalmente o entusiasmo de voto.
Evening Gazette hoje:
"Fundação da Juventude, em pré-julgamento foi concluído
11 suspeitos, 6, 500 páginas
Evening Gazette | segunda-feira 2011/01/24 às 12,06 (atualização em 12.21)
Fundação da Juventude de movimentos inquérito ao Ministério Público da polícia central.
Central de Polícia Criminal dos utilitários Fundação da Juventude está dividido em apoio eleitoral de mais de 100 000 euros. Foram apoiadas por cerca de 30 partes. Segundo as investigações preliminares foram divididos em apoio eleitoral para o centro, perto da Fundação da Juventude contrário às suas próprias regras e respeitar o outro lado, a Lei Foundation.

http://www.uusisuomi.fi/ulkomaat/111481-yle-portugalin-ex-presidentti-haukkuu-suomen-%E2%80%9Dkaapiot%E2%80%9D#comment-584621

Anónimo disse...

Caro Helder Fernandes acho que se enganou e precipitou a ler os resultados eleitorais Finlandeses.
Ninguém aqui na Finlandia(sim vivo cá) sabe ao certo o que aconteceu,mas o que lhe posso garantir é que Portugal n foi a causa para tal resultado.Se for a ver estes resultados e ascensão do partido já eram esperados mesmo antes da crise da dívida Portuguesa inclusive Irlandesa, pelo que o deixe os problemas da "extrema"-direita Finlandesa(digo isto por muito se assemelhar ao nosso CDS mas a esse ninguém chama extrema direita) para os próprios Finlandeses.
Passemos então a concentrarmo-nos nos nossos problemas em vez de estarmos já a sofrer por antecipação(sim porque nada diz que irão votar contra,o partido vencedor embora em minoria absoluta é a favor do apoio financeiro a Portugal) e estarmos ja a tentar culpabilizar os outros dos problemas por nós criados.Quanto muito o que pode pedir ao Finladeses é que eles mandem tb umas mantinhas ,porque o ouro que ja tinhamos nessa alturado do Salazar desse não lhes demos nenhum.
No entanto é sempre bom ficar a conheçer um pedaço da história da relaçoes entres estes dois países tão distantes que eu tanto gosto e Amo(neste ultimo caso só Portugal).
Cumprimentos
Gonçalo Barreto