A SIC enfia-nos pela garganta uma inacreditável «Vida Privada de Salazar», coisa sem sentido nem verdade, pior que todos os filmes feitos sobre o milagre de Fátima. No caso de Salazar é mais ficção do que outra coisa, com um actor (que conhecemos do seu mérito nas novelas) mas que, através da sua juventude carregada da lama na pele, sem nada de parecido com Salazar, sopra o que pode para alguns comparsas conhecidos, atura a D. Maria, mas desde cedo caiem-lhe no colo mulheres lindíssimas, em actos de amores perdidos, ele bem vestido, beijando como um galã tímido. Meus senhores, que diabo de coisa é esta? Na hora da morte, que deixou de começar com a queda de uma cadeira «preguiçosa», sendo substituída por um tempo meio omisso da queda na banheira, o homem que está na água, e quando nos calha ver um raro grande plano da personagem, não é nem o actor nem o Salazar: é a máscara de Marlon Brando, sem tirar nem pôr..Salazar não morreu de forma trágica como o filme sugere, um «padrinho», pesado e nu, a ser escorregadiamente amparado pela governanta e uma criada. Os jornais foram comedidos e alguns (censurados) tentaram descrever a queda da cadeira numa jeito algo ridicularizado, em contraste com a pose de Estado que Salazar assumia nas poucas vezes que aparecia em público. Depois vêm os incautos tapar-nos os olhos com a peneira, porque nem uma obra destas o Presidente do Conselho merecia, o homem que fez as guerras coloniais e transigiu com os males (e mal entendidos) da polícia política. Jorge Queiroga, realizador da série, classificou os resultados alcançados como «excelentes». É inconcebível. É assim, que gente assim, em nome de audiências opacas, prestam serviços ao país, actos redutores e cada vez menos classificáveis. in:desenhamento,a palavra pensa a imagem
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