1. Numa Presidência da República nunca há "fontes". Há factos, comentários ou opiniões, que um Presidente, em certas alturas, quer tornar do domínio público sem se comprometer por via oficial, nem sequer com uma nota. E há colaboradores para executarem a vontade e a estratégia do Presidente. Quando não o fazem, obviamente passam imediatamente a ex-colaboradores.
É por isso que o silêncio de Cavaco Silva pesa sobre a actual suspeita de pseudovigilância ilegal às comunicações dos seus assessores por parte de "alguém" do gabinete de José Sócrates.
Como assinala um analista tão isento quanto António Capucho, cavaquista e conselheiro de Estado, quem cala consente.
Ou seja, podemos concluir que Cavaco Silva acredita, ou tem a certeza - o que seria infinitamente mais grave -, de que "alguém" no gabinete do primeiro--ministro anda a ouvir as conversas dos seus colaboradores. Mais: anda a cometer um crime, como tal punido na lei.
2. Depois desta notícia, ao contrário do que advoga António Capucho invocando "razões de Estado", não é possível o assunto "ficar circunscrito a Belém e S. Bento".
Este não é um qualquer "disparate de Verão", como foi classificado no discreto e surpreendente ligeiro esclarecimento de José Sócrates.
Estamos perante uma acusação gravíssima que vai inquinar a campanha eleitoral e merecer a devida valoração por parte dos eleitores que se preocupam com o País.
Muitos eleitores vão, no mínimo, perguntar-se antes de votarem: será que José Sócrates, o primeiro-ministro, tem na sua estrutura pessoas capazes de tudo, até de ilegalidades, para andarem um passo à frente na gestão da informação?
Até agora, Cavaco Silva demonstrou, com o seu silêncio, que quer que os portugueses ponderem essa possibilidade.
3. Para que não restem dúvidas: é absolutamente condenável a estratégia da Presidência da República nesta questão.
Ou a notícia é falsa e já deveria ter sido desmentida; ou a notícia corresponde ao que o Presidente pensa e só poderia ter duas consequências: queixa na Procuradoria e demissão do Governo.
Em democracia não se pode abusar da suspeita, uma palavra que parece, aliás, ser o eixo central da campanha do PSD. Em democracia, a este nível de órgãos de soberania, as suspeitas calam-se e as certezas exigem coragem e uma comunicação frontal com os cidadãos.
No meio está um pântano para onde acaba de escorregar um dos principais símbolos do Estado português. Cavaco Silva, o presidente de todos os portugueses, está hoje, ele próprio, perante a suspeita de estar a participar activamente na campanha eleitoral. Sem provas, sem dar a cara, está a patrocinar que se atire lama sobre José Sócrates.
4. Pessoalmente, não tenho qualquer dúvida: a relação entre o Presidente da República e o primeiro-ministro já está a um nível que faz mal à democracia.
Chegou-se aqui com muita culpa de José Sócrates (o Estatuto dos Açores foi uma declaração de guerra), mas tudo se agravará se Cavaco Silva sucumbir à estratégia de olho por olho, que neste caso pode começar a ser interpretada como um apoio formal ao PSD e a Manuela Ferreira Leite.
Num quadro de maior fragmentação do espectro partidário, como se prevê que possa sair das próximas eleições, esta agressividade entre os dois homens vai ter impacto.
A vida política portuguesa não está a caminhar no bom sentido - e tudo isto só dá razão a quem continua a engrossar as hostes do abstencionismo ou do voto de protesto.
por João Marcelino
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
Radiohead
These Are My Twisted Words está disponível no site da Waste, a loja on-line da banda, e pode ser descarregada a custo zero ou mediante o pagamento de um valor decidido por cada fã dos Radiohead.
A faixa, em formato MP3, é acompanhada de artwork elaborado pelo grupo, em formato PDF.
«Aqui está uma nova canção. Andamos em gravações há uns tempos, e esta foi uma das primeiras músicas que terminámos. Estamos muito orgulhosos dela», escreveu no site o guitarrista Johnny Greenwood.
A declaração indicia a elaboração de um novo trabalho, apesar do vocalista Thom Yorke ter afirmado na semana passada que In Rainbows terá sido o último álbum do colectivo, e que a banda deverá apenas lançar novas canções através da Internet, sem se comprometer com datas.
Em dúvida fica o lançamento de um EP que se chegou a esperar para esta segunda-feira.
Os Radiohead estão neste momento em digressão pela Europa, estando Portugal fora dos planos mais próximos da banda.
SOL
A faixa, em formato MP3, é acompanhada de artwork elaborado pelo grupo, em formato PDF.
«Aqui está uma nova canção. Andamos em gravações há uns tempos, e esta foi uma das primeiras músicas que terminámos. Estamos muito orgulhosos dela», escreveu no site o guitarrista Johnny Greenwood.
A declaração indicia a elaboração de um novo trabalho, apesar do vocalista Thom Yorke ter afirmado na semana passada que In Rainbows terá sido o último álbum do colectivo, e que a banda deverá apenas lançar novas canções através da Internet, sem se comprometer com datas.
Em dúvida fica o lançamento de um EP que se chegou a esperar para esta segunda-feira.
Os Radiohead estão neste momento em digressão pela Europa, estando Portugal fora dos planos mais próximos da banda.
SOL
domingo, 9 de agosto de 2009
sábado, 8 de agosto de 2009
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
Clinton As sete vidas do ex-presidente mais popular do mundo
George Washington foi fazendeiro depois de abandonar a política, Ronald Reagan e mais 13 ex-presidentes norte-americanos tornaram-se escritores e Thomas Jefferson foi isso tudo e ainda reitor da Universidade de Virginia. Outros, oito até à data, morreram no exercício das suas funções, mas a maioria teve uma segunda vida longe dos holofotes, passada num escritório de advogados, num rancho ou a caçar animais em África, como Theodore Roosevelt.Não é o caso de William Jefferson Clinton, chefe da Casa Branca entre 1993 e 2001. Desde que trocou Washington por Nova Iorque, já foi enviado especial da ONU, activista ambiental, conferencista, angariador de fundos a favor das vítimas da sida, tsunamis e furacões, assistente durante as primárias democratas e agora negociador ao serviço do homem que derrotou a sua mulher, Hillary Clinton. Ontem aterrou em Los Angeles com uma vitória valiosa: a liberdade de duas jornalistas condenadas pela Coreia do Norte a 12 anos de prisão e trabalhos forçados por entrarem ilegalmente no país, em Março. Os passageiros do avião privado foram recebidos por um enxame de jornalistas e familiares emocionados. "Pensámos que estavam a enviar-nos para um campo de trabalho, mas de repente fomos levadas para uma sala de reuniões e quando a porta se abriu vimos ali... o presidente Clinton. Ficámos comovidas e soubemos que o pesadelo das nossas vidas tinha chegado ao fim", contou ao chegar a repórter Laura Ling, de 32 anos.Depois de estar quatro meses sem ver a mãe, a filha da colega de cativeiro, Euna Lee, não soltava o pescoço da outra jornalista retida pelas autoridades de Pyongyang. Não era para menos. Se não fosse pela mediação dos Clinton, marido e mulher, as duas jovens teriam pago caro a curiosidade que levou-as a fazer uma reportagem sobre tráfico de mulheres na fronteira norte-coreana com a China."Quero agradecer ao presidente Bill Clinton, com quem já conversei, os extraordinários esforços humanitários que resultaram na libertação das duas jornalistas", disse o actual chefe de Estado, Barack Obama. O mérito foi todo para o marido, mas as negociações para terminar o cativeiro de Ling e Lee foram iniciadas pela secretária de Estado, Hillary Clinton.Segundo a imprensa norte-americana, a chefe da diplomacia esteve activamente envolvida no caso, pressionando e propondo enviados especiais para a tão delicada missão. Sugeriu os nomes do ex-vice-presidente Al Gore, fundador da Current TV (a empresa a que pertencem as repórteres), e o do governador do Novo México, Bill Richardson, um negociador bem sucedido no passado.Em vão. O enviado "não oficial" imposto pelos norte-coreanos foi outro, Bill Clinton, um político popular na Ásia e o último presidente dos Estados Unidos a enviar um representante a Pyongyang. Foi em 2000, mas anteriormente tinha enviado Jimmy Carter, outro ex-presidente com vocação e talento diplomático.Prestes a fazer 63 anos, o ex-governador do Arkansas provou que ainda pode ser útil ao mais alto nível, e até eclipsar o trabalho de Hillary. Disse-o em entrevistas recentes: quer ajudar Obama e a mulher, mas sem se meter "no caminho deles".
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quarta-feira, 5 de agosto de 2009
Tribunal julga 100 pessoas por participação em manifestações
Uma centena de pessoas está hoje a ser julgada por um tribunal revolucionário de Teerão pela participação em manifestações contra a reeleição do Presidente Mahmud Ahmadinejad, anunciou a agência noticiosa iraniana Fars.
Importantes personalidades do campo reformador, incluindo um colaborador do antigo Presidente Mohammad Khatami, figuram entre os acusados, acrescentou a agência.
A agência oficial Irna, que cita fontes judiciárias, afirmou que entre as pessoas julgadas a partir de hoje contam-se manifestantes que apareciam em fotografias tiradas quando se preparavam para «cometer crimes».
Lusa/SOL
A agência oficial Irna, que cita fontes judiciárias, afirmou que entre as pessoas julgadas a partir de hoje contam-se manifestantes que apareciam em fotografias tiradas quando se preparavam para «cometer crimes».
Lusa/SOL
Os 10 grupos portugueses mais insólitos do Facebook
1. Fãs do Pedro Pinto(90 membros)Se googlarmos o nome "Pedro Pinto" obtemos imediatamente três resultados: um jornalista desportivo, um empresário que vende pela internet uma fórmula para enriquecer e um músico. Qual deles tem um clube de fãs no Facebook? Nenhum. Pedro Pinto, o boneco (tipo Nenuco) que acompanha a actriz, cantora e agora noiva de jogador de futebol, Luciana Abreu, ele sim tem um grupo de apreciadores online. Tudo começou quando apareceu uma foto da irmã da cantora com o boneco ao colo na final do Festival da Canção. À imprensa cor-de-rosa, Luísa Abreu justificou assim a presença do acompanhante inanimado de plástico: "É com o Pedro Pinto que ela [Luciana Abreu] desabafa, que lhe transmite força e coragem para enfrentar a vida". As aparições públicas do boneco repetiram-se, as gargalhadas também. "Essa fotografia andou a circular pelo meu grupo de amigos e suscitou reacções tão galhofeiras que achámos que era importante estender a galhofa", conta Joana, responsável pelo clube que parece ter estabilizado pouco antes dos 100 membros - e nem mesmo uma aparição no Carnaval da Oiã valeu a PP (como é conhecido entre estes amigos) um acréscimo de fãs.2. Pessoas que gostavam de se chamar "de" qualquer coisa e não conseguem(60 membros)À primeira vista pode parecer mais um grupo galhofeiro, mas este ajuntamento promovido por Carlos Abreu é quase uma experiência sociológica. Visa mostrar a "futilidade" do Facebook, "uma ferramenta aparentemente inofensiva e até de grande utilidade" mas com "um lado perverso". É também uma provocação num país onde o nome de família ainda conta muito: "Quis suscitar reacções, saber se o meu nome fosse de facto Carlos de Abreu ou Carlos Abreu modificaria a quantidade de conhecimentos que iria criar", resume Carlos.3. Fãs do Senhor Nicolau(28 membros)Nos anos 60, uma série de pinguins ficaram presos nas redes do barco português Ilha de São Nicolau que navegava ao largo da África do Sul. O comandante trouxe-os para terra e entregou-os a todos ao Jardim Zoológico de Lisboa. Todos menos um: dentro de uma caixa de sapatos, Senhor Nicolau viajou até Aveiro, onde ainda vive. Come um quilo de peixe por dia e só toma banho de mangueira, segundo uma reportagem feita pela SIC e com honras de horário nobre. O suficiente para ter um clube de fãs? Para Dina Alves, sim. "A história chamou-me a atenção pelo gosto que tenho por animais, mas sobretudo por alguns pormenores que foram destacados na peça e me divertiram bastante, como a vida amorosa deste pinguim e alguns dos seus hábitos diários", conta a responsável pelo grupo. E dá exemplos do charme discreto desta ave desterrada: "Teve uma única namorada, durante sete anos e meio, uma gaivota que acabou por partir e nunca mais voltar; gosta de verdinhos e fanecas, mas não de sardinhas". 4. Pessoas que não querem sequer que o Miguel Ângelo se despeça do público.(44 membros)No final de 2008 os Delfins anunciaram, com pompa, circunstância, e nenhum entusiasmo, o final da sua carreira. Boas notícias para os que a vêem como banda que agoniza pelos topes há quase uma década; más porque outros não concordam com o final do grupo apenas em Dezembro de 2009. E a indignação, como não podia deixar de ser, chegou ao Facebook. Este grupo está na categoria de ?auto-ajuda? porque, segundo a administradora do grupo, Filipa Guimarães, "aquilo para mim não é música, nem sei que estilo é nem quero saber". A ideia é juntar o maior número de pessoas que não quer voltar à "Baía de Cascais" e outros temas alcançáveis pela A5.5. Anti-FacebookEstes grupos seguem a lógica retorcida de Groucho Marx que afirmou um dia: "Não posso pertencer a um grupo que me aceite como sócio". No Facebook, os grupos anti-facebook são imensamente populares: na rede contam-se mais de 500 entradas, vindas de todo o mundo. Não há grande justificação para a existência destes grupos para além de um gosto descontrolado pela ironia - o equivalente a criar uma petição online contra a internet ou organizar manifestações contra a lei da gravidade. Em português há ainda o Grupo de Pessoas que já estão Fartas de se Juntarem a Grupos. Faz sentido.6. Pessoas que acreditam nos Glutões do Presto(40 membros)Os grupos no Facebook funcionam sobretudo seguindo estes quatro passos: ver o nome do grupo, dar uma gargalhada, aderir ao grupo, esquecer que o grupo existe. É por isso, e pela facilidade com que se criam, apagam e recomeçam estes agregadores de interesses, que há tantos grupos. O Pessoas que Acreditam nos Glutões é tão popular como inverosímil, mas justifica perfeitamente a criação da subcategoria "completamente inútil" dentro categoria "entretenimento". 7. Quero uma pastilha decente no Epá(2.315 membros)Slacktivism é um neologismo inglês usado para designar o apoio a causas humanitárias, direitos dos animais, etc., sem quaisquer efeitos práticos. Um exemplo clássico: ?Clique neste banner e ajude a combater o aquecimento global?. Os internautas conseguem uma sensação de satisfação e dever cumprido sem terem feito realmente nada. No Facebook proliferam os convites para nos juntarmos a ?causas?, quase todas relacionadas com animais em vias de extinção ou crianças famintas. Quase todas inconsequentes. Mas depois vemos o grupo "Quero uma Pastilha Decente no Epá" e o nosso coração derrete-se. O administrador do site pede "o regresso daquela bola que tanto nos prazer nos dava" e um dos membros recorda "a langonha corante já meio derretida" que antecipava a pastilha.8. Pessoas que apoiam Pessoas que querem reaver os óculos(54 membros)É mais um exemplo de altruísmo extremamente localizado. Mais que um grupo de pessoas preocupadas, este é agregador de pessoas que se conhecem e usam o mural do grupo para trocar private jokes. Da mesma maneira funcionam grupos como Pessoas que Gostam do Bacalhau com Natas da Paula ou Pessoas que querem saber mais que a Irmã Lúcia.9. Grupo de Pessoas que aparentam ser muito mais novas do que realmente são(4 membros)O Facebook tem 250 milhões de utilizadores. Desses, 390 mil são portugueses. De entre essa amostra, quatro pertencem ao "Grupo de pessoas que aparentam ser muito mais novas do que realmente são". Cabem todos num táxi. Que conclusões retiramos daqui: a) todos os portugueses acham que têm uma relação aspecto-idade justa; b) os portugueses têm mais que fazer do que juntar-se a um grupo destes.10. Como eu odeio férias(1 membro)O grupo mais pequeno do mundo? Sandra Cândido está sozinha nesta sua causa. Com tanta coisa para odiar, parece que esta mulher de Viseu, 37 anos, escolheu a menos popular - a assunto mais odiada para estes lados, já agora, é acordar cedo. A justificação para detestar os meses de Verão em que não se faz nada é a "nostalgia de final de ano". Um sentimento nobre, é verdade, mas até agora não correspondido.
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Hugo Chávez põe limites à liberdade de expressão
O parlamento venezuelano prepara-se para aprovar uma lei que prevê penas de seis meses a quatro anos de prisão para aqueles que divulgarem informações que atentem contra “a estabilidade das instituições do Estado (...), a paz social, a segurança e a independência da Nação (...) a saúde mental ou a moral pública” ou ainda que “gerem sensação de impunidade ou de insegurança”.
Na verdade, é um leque de situações amplo e pouco definido que, segundo a oposição, pode ser aplicado em quase todos os contextos.
Hugo Chávez quer aprovar a lei antes do final do ano.
Na verdade, é um leque de situações amplo e pouco definido que, segundo a oposição, pode ser aplicado em quase todos os contextos.
Hugo Chávez quer aprovar a lei antes do final do ano.
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terça-feira, 4 de agosto de 2009
«Music from a Parallel Universe»,
mandaram-me um artigo sobre o anúncio do novo Ford Focus que agora anda na TV. Certamente que já o terão mirado e talvez, como eu, tenham pensado «que lindo playback ali fizeram». Ora acontece que a música executada saiu dos instrumentos que são vistos no filme e, ainda mais surpreendente, esses instrumentos são feitos com peças tiradas de dois Ford Focus novinhos em folha.Esta ideia decorre dum projecto de Bill Milbrodt, The Car Music Project, que vem já desde 1994, onde ele transformou o seu Onda de 1982, já completamente inútil, em alguns instrumentos musicais. O resultado foi «Music from a Parallel Universe», algo na linha do rock progressivo experimental.Para o projecto Ford Focus, o cliente tinha requisitos específicos, tais como o tipo de instrumentos, a sonoridade (próxima duma orquestra convencional), afinarem pelos padrões da música ocidental e, ainda, poderem ser rapidamente tocados por músicos profissionais:
A parte musical do anúncio final teve dois ensaios antes da gravação, um de duas horas e meia e outro de seis horas. Notável, se tivermos em conta o resultado final, não é? Quanto à construção dos instrumentos foi mais demorada: 5 semanas desde que o Ford Focus foi desmontado.
A parte musical do anúncio final teve dois ensaios antes da gravação, um de duas horas e meia e outro de seis horas. Notável, se tivermos em conta o resultado final, não é? Quanto à construção dos instrumentos foi mais demorada: 5 semanas desde que o Ford Focus foi desmontado.
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
Três "fadistas" estrangeiras
Para além de cortiça, têxteis e jogadores do Futebol Clube do Porto, o fado é um dos produtos que mais exportamos. Esta criação urbana centenária que suplantou outras tantas musicalidades "tradicionais" de Portugal, cresce ano a ano em termos de espectáculos e vendas pelo mundo fora.
Têm vindo a surgir artistas que se apegam a este fragmento da cultura portuguesa. Na Holanda, Japão e Espanha há quem oiça, leia e cante fado ou um "derivado de". Deixemos os puritanismos de parte e oiçamos três "fadistas" extra-muros.
A multifacetada Maria Berasarte, nascida no País Basco, homenageou recentemente o fado no álbum "Todas las horas son viejas". Futuramente, colabora no projecto Adufe de José Salgueiro (Gaiteiros de Lisboa, entre outros) e José Peixoto (ex-Madredeus)
Mor Karbasi actuou há dias no Festival de Música de Sines. Conotada sobretudo com música Sefardita (com raízes judaicas da Ibéria), a israelita cantou o "standard" do fado "A Rua do Capelão".
Nynke Laverman lançou no primeiro trabalho uma catalogação que se colou a si: Frisian Fado. Friesland é a região mais a norte da Holanda, da qual é natural. Neste CD fez uso de letras do poeta holandês J.J. Slauerhoff e aproximou-se à musicalidade do fado
Têm vindo a surgir artistas que se apegam a este fragmento da cultura portuguesa. Na Holanda, Japão e Espanha há quem oiça, leia e cante fado ou um "derivado de". Deixemos os puritanismos de parte e oiçamos três "fadistas" extra-muros.
A multifacetada Maria Berasarte, nascida no País Basco, homenageou recentemente o fado no álbum "Todas las horas son viejas". Futuramente, colabora no projecto Adufe de José Salgueiro (Gaiteiros de Lisboa, entre outros) e José Peixoto (ex-Madredeus)
Mor Karbasi actuou há dias no Festival de Música de Sines. Conotada sobretudo com música Sefardita (com raízes judaicas da Ibéria), a israelita cantou o "standard" do fado "A Rua do Capelão".
Nynke Laverman lançou no primeiro trabalho uma catalogação que se colou a si: Frisian Fado. Friesland é a região mais a norte da Holanda, da qual é natural. Neste CD fez uso de letras do poeta holandês J.J. Slauerhoff e aproximou-se à musicalidade do fado
Silêncio que se vai ouvir composições inéditas de Mozart
Mais de duzentos anos depois da sua morte, voltaram ontem a ouvir-se composições inéditas de Mozart. A responsabilidade coube ao austríaco Florian Birsak, que ao piano de Mozart interpretou uma partitura de quatro minutos e um prelúdio de um minuto. A audiência era restrita: apenas jornalistas, fotógrafos e operadores de câmara tiveram o privilégio de assistir à actuação na casa onde o compositor viveu de 1773 a 1780, em Salzburgo (que agora é um museu), mas a Fundação Mozarteum Internacional, responsável pela iniciativa, garante que a gravação estará disponível em www.mozarteum.at - ontem, no entanto, era impossível aceder ao site. As duas peças já estavam nos arquivos da Fundação há algum tempo, mas só no final de Julho é que a sua autoria foi oficialmente atribuída a Mozart. Antes achava-se que as partituras eram obra do pai do músico, Leopold. "Mas pelo estilo de composição não são de Leopold. É muito mais provável que Wolfgang Amadeus tenha tocado a peça ao piano para o pai, que depois de a ouvir a escreveu para o filho - ainda inexperiente em notação musical. Mais tarde, Mozart corrigiu as notas", explicou Ulrich Leisinger, o investigador da Mozarteum, na apresentação de ontem. "Era um músico muito novo a mostrar o que era capaz de fazer. As peças têm erros técnicos de composição e elementos toscos que nunca seriam feitos por uma mão mais velha como a de Leopold", acrescentou Leisinger. Segundo o investigador, Mozart terá composto estas obras em 1763 ou 1764, quando tinha sete ou oito anos. De pequenino... A idade nunca foi barreira para nada na vida de Mozart: enquanto os outros miúdos da sua idade se debateriam para falar, aos três anos Wolfgang já tocava piano e aos cinco começou a compor. Em 1791, quando morreu, aos 35 anos, deixou mais de 600 obras escritas, entre óperas, sinfonias, sonatas e concertos. Mas, pelos exemplos recentes, a contagem terá que ser actualizada. Não é a primeira vez que, nos últimos três anos, são descobertas composições inéditas atribuídas a Mozart: em Maio de 2008, foram identificadas três peças do austríaco no mosteiro católico Jasna Gora, na Polónia; em Setembro de 2008, uma biblioteca em Nantes revelou uma obra do compositor que foi autenticada pela Fundação Mozarteum; em 2006, comemorou-se o 250.º aniversário do nascimento do músico e a descoberta de uma nova composição.ionline
Oitenta anos de José Afonso
José Afonso, uma das mais importantes figuras da música portuguesa, faria 80 anos ontem, domingo, mas morreu em 1987, em Setúbal, cidade derradeira de um percurso que tinha começado em 1929, em Aveiro, onde nasceu.
Com a música e o ensino, José Afonso traçou um mapa geográfico pessoal, de Faro a Coimbra, de Belmonte a Setúbal, com ponto de partida em Aveiro e passagem marcante por África.
Durante a década de 30, fez os primeiros estudos em África, um continente que lhe marcou o rumo dos passos anos depois, quando, em meados de 1960, deu aulas em Moçambique. Em 1940, com 11 anos, rumou a Coimbra, cidade epicentro da adolescência e palco das serenatas, no Orfeão e na Tuna Académica.
Ainda a concluir o curso na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, dedica-se à docência, a partir de finais dos anos 50, quase com 30 anos, num percurso nómada em escolas de norte a sul. Aos alunos ensinava História e Geografia, mas sobretudo vivência para que fossem pessoas e tivessem espírito crítico.
Já aí repartia o tempo com a composição, com a edição dos primeiros discos de fados e baladas de Coimbra e digressões com a Tuna Académica.
Teve uma passagem breve por Moçambique entre 1964 e 1967, onde deu aulas e fez, como admitiu, o seu baptismo político quando se vivia já a guerra colonial.
Esgotado com o cenário de conflito, voltou a Portugal em 1967. Tinha três filhos e foi colocado como professor em Setúbal.
É em finais dos anos 60, em pleno marcelismo, que José Afonso intensifica o trabalho na música e o activismo político. Depois de ter sido expulso do ensino oficial, desdobra-se em gravações e em concertos, muitos deles proibidos pela PIDE, a Polícia política.
Entre 1971 e 1974, assiste ao estertor do Estado Novo e à Revolução de Abril. Lança discos como "Cantigas do Maio", "Venham mais cinco" e "Coro dos tribunais", que o fazem trovador entre os cantores portugueses.
"Grândola Vila Morena", a senha do Movimento das Forças Armadas para a Revolução do 25 de Abril de 1974, inspirou-se numa breve passagem do cantor por aquela localidade alentejana.
Em 1983, com 54 anos e um longo percurso na música de intervenção e de inspiração tradicional e popular, José Afonso é reintegrado no ensino oficial e destacado para Azeitão, em Setúbal. Um ano antes, tinha-lhe sido diagnosticada esclerose lateral amiotrófica, fatal em 1987. Morreu a 23 de Fevereiro, em Setúbal.
Com a música e o ensino, José Afonso traçou um mapa geográfico pessoal, de Faro a Coimbra, de Belmonte a Setúbal, com ponto de partida em Aveiro e passagem marcante por África.
Durante a década de 30, fez os primeiros estudos em África, um continente que lhe marcou o rumo dos passos anos depois, quando, em meados de 1960, deu aulas em Moçambique. Em 1940, com 11 anos, rumou a Coimbra, cidade epicentro da adolescência e palco das serenatas, no Orfeão e na Tuna Académica.
Ainda a concluir o curso na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, dedica-se à docência, a partir de finais dos anos 50, quase com 30 anos, num percurso nómada em escolas de norte a sul. Aos alunos ensinava História e Geografia, mas sobretudo vivência para que fossem pessoas e tivessem espírito crítico.
Já aí repartia o tempo com a composição, com a edição dos primeiros discos de fados e baladas de Coimbra e digressões com a Tuna Académica.
Teve uma passagem breve por Moçambique entre 1964 e 1967, onde deu aulas e fez, como admitiu, o seu baptismo político quando se vivia já a guerra colonial.
Esgotado com o cenário de conflito, voltou a Portugal em 1967. Tinha três filhos e foi colocado como professor em Setúbal.
É em finais dos anos 60, em pleno marcelismo, que José Afonso intensifica o trabalho na música e o activismo político. Depois de ter sido expulso do ensino oficial, desdobra-se em gravações e em concertos, muitos deles proibidos pela PIDE, a Polícia política.
Entre 1971 e 1974, assiste ao estertor do Estado Novo e à Revolução de Abril. Lança discos como "Cantigas do Maio", "Venham mais cinco" e "Coro dos tribunais", que o fazem trovador entre os cantores portugueses.
"Grândola Vila Morena", a senha do Movimento das Forças Armadas para a Revolução do 25 de Abril de 1974, inspirou-se numa breve passagem do cantor por aquela localidade alentejana.
Em 1983, com 54 anos e um longo percurso na música de intervenção e de inspiração tradicional e popular, José Afonso é reintegrado no ensino oficial e destacado para Azeitão, em Setúbal. Um ano antes, tinha-lhe sido diagnosticada esclerose lateral amiotrófica, fatal em 1987. Morreu a 23 de Fevereiro, em Setúbal.
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