sexta-feira, 30 de abril de 2010
terça-feira, 27 de abril de 2010
Dia do Trabalhador
Em 1886, realizou-se uma manifestação de trabalhadores nas ruas de Chicago nos Estados Unidos da América.
Três anos mais tarde, a 20 de Junho de 1889, a segunda Internacional Socialista reunida em Paris decidiu por proposta de Raymond Lavigne convocar anualmente uma manifestação com o objectivo de lutar pelas 8 horas de trabalho diário. A data escolhida foi o 1º de Maio, como homenagem às lutas sindicais de Chicago. Em 1 de Maio de 1891 uma manifestação no norte de França é dispersada pela polícia resultando na morte de dez manifestantes. Esse novo drama serve para reforçar o dia como um dia de luta dos trabalhadores e meses depois a Internacional Socialista de Bruxelas proclama esse dia como dia internacional de reivindicação de condições laborais.
Em 23 de Abril de 1919 o senado francês ratifica o dia de 8 horas e proclama o dia 1 de Maio desse ano dia feriado. Em 1920 a Rússia adota o 1º de Maio como feriado nacional, e este exemplo é seguido por muitos outro países. Apesar de até hoje os estadunidenses se negarem a reconhecer essa data como sendo o Dia do Trabalhador, em 1890 a luta dos trabalhadores estadunidenses conseguiu que o Congresso aprovasse que a jornada de trabalho fosse reduzida de 16 para 8 horas diárias.
Dia do Trabalhador em Portugal
1º de Maio na cidade do PortoEm Portugal, só a partir de Maio de 1974 (o ano da revolução do 25 de Abril) é que se voltou a comemorar livremente o Primeiro de Maio e este passou a ser feriado. Durante a ditadura do Estado Novo, a comemoração deste dia era reprimida pela polícia. O Dia Mundial dos Trabalhadores é comemorado por todo o país, sobretudo com manifestações, comícios e festas de carácter reivindicativo, promovidas pela central sindical CGTP-Intersindical (Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses - Intersindical) nas principais cidades de Lisboa e Porto, assim como pela central sindical UGT (União Geral dos Trabalhadores). No Algarve, é costume a população fazer pic-nics e são organizadas algumas festas na região.
domingo, 25 de abril de 2010
sábado, 24 de abril de 2010
sexta-feira, 23 de abril de 2010
"Acha isto chocante?"
Ganhou vários prémios a nível internacional. Esta campanha de sensibilização da Turquia é de 2007, mas continua actual.video
NASA revela novas imagens do Sol
A NASA revelou as primeiras imagens do Sol captadas pelo Solar Dynamics Observatory (SDO), lançado para o espaço no passado dia 11 de Fevereiro. O SDO consegue captar imagens com uma qualidade dez vezes superior a uma televisão de alta definição e poderá esclarecer os especialistas sobre os efeitos solares no clima da Terra.
Cavaco deverá vetar diploma do casamento homossexual
O Presidente da República deverá vetar o diploma do casamento homossexual, avança esta sexta-feira da Rádio Renascença. O veto está guardado para o final da visita do Papa Bento XVI a Portugal.
De acordo com a Renascença, Cavaco Silva deverá tomar a sua decisão após a visita de Bento XVI a Portugal. Nos termos da Constituição, a decisão do Presidente tem de ser tomada 20 dias após a publicação em Diário da República do acórdão do TC, período de tempo que ainda não foi cumprido.
Recorde-se que o Tribunal Constitucional decidiu-se pela validade do diploma aprovado na Assembleia da República.
SOL
De acordo com a Renascença, Cavaco Silva deverá tomar a sua decisão após a visita de Bento XVI a Portugal. Nos termos da Constituição, a decisão do Presidente tem de ser tomada 20 dias após a publicação em Diário da República do acórdão do TC, período de tempo que ainda não foi cumprido.
Recorde-se que o Tribunal Constitucional decidiu-se pela validade do diploma aprovado na Assembleia da República.
SOL
E se isto nunca mudar?
A absolvição de Domingos Névoa, quando todas as provas foram recolhidas, é um sinal de complacência com a corrupção. E parece dar razão a todos os pessimistas: isto nunca vai mudar.
No mesmo momento em que o Parlamento, cheio de frases bondosas e pias intenções, aprovava um pacote anticorrupção, o Tribunal da Relação de Lisboa anunciava a absolvição de Domingos Névoa.
Para que não haja confusão: o tribunal deu como provados todos os factos essenciais. Dá-se o pormenor dos juízes considerarem que um empresário tentar pagar a alguém com responsabilidades políticas para que este mude publicamente de posição sobre um negócio em que está envolvido não consiste um acto de corrupção. Apenas porque não há, na consequência desse pagamento, nenhum acto administrativo da competência do político.
O que o tribunal disse a todos os corruptores (e a todos os portugueses) é que é legal comprar posições públicas dos decisores que nós elegemos. Que a nossa democracia está à venda, disponível para os caprichos dos domingos névoas desta Pátria.
Ricardo Sá Fernandes, o homem que denunciou a tentativa de corrupção, acabou por não ver a justiça feita e ainda pagou 10 mil euros ao dono da Bragaparques. Já o empresário saiu satisfeito e ainda se fez de vítima de calúnias. Apesar de, como já disse, tudo ter ficado provado.
O que o tribunal disse a todos os que sejam abordados por um corruptor (e a todos os portugueses) é que a luta contra a corrupção não é um dever de cidadania. É uma carga de trabalhos sem qualquer consequência. Mesmo que todas as provas estejam lá.
Vale a pena ver a reportagem que a SIC passou esta semana sobre o tema: crime sem castigo . É isto mesmo: é um crime que nunca é castigado. O primeiro corruptor de um decisor político sobre o qual se conseguiram reunir todas as provas safou-se. Depois disto, quem acredita que alguém será condenado?
O problema não são as leis. O problema não é apenas a falta de meios de investigação. O problema é um país complacente com a corrupção. Em que quem a denuncia é tratado com desconfiança e quem corrompe com indiferença e até, por vezes, admiração.
Não sou dado a discursos catastrofistas. Mas há dias em que se perde a esperança de dar a este País alguma dignidade. Em que se começa a acreditar que a nossa sina é viver num eterno atraso onde só os chicos-espertos podem vingar. Há dias em que pensamos que não vale a pena. Que a única forma de mudar é sair daqui e entregar isto aos névoas, aos ruis pedros soares , aos godinhos. Há dias em que sentimos que não temos direito à esperança de deixar um país decente aos nossos filhos e só nos resta esperar que eles consigam ir embora à primeira oportunidade.
Acordamos, no dia seguinte, e tentamos acreditar que, com muita persistência, a democracia, ainda sequestrada por gente sem valores nem escrúpulos, acabará por se impor. E conseguiremos estancar a sangria de recursos que a corrupção provoca. Temos de ser optimistas. Mas há dias em que custa acreditar que alguma vez vai ser diferente.
No mesmo momento em que o Parlamento, cheio de frases bondosas e pias intenções, aprovava um pacote anticorrupção, o Tribunal da Relação de Lisboa anunciava a absolvição de Domingos Névoa.
Para que não haja confusão: o tribunal deu como provados todos os factos essenciais. Dá-se o pormenor dos juízes considerarem que um empresário tentar pagar a alguém com responsabilidades políticas para que este mude publicamente de posição sobre um negócio em que está envolvido não consiste um acto de corrupção. Apenas porque não há, na consequência desse pagamento, nenhum acto administrativo da competência do político.
O que o tribunal disse a todos os corruptores (e a todos os portugueses) é que é legal comprar posições públicas dos decisores que nós elegemos. Que a nossa democracia está à venda, disponível para os caprichos dos domingos névoas desta Pátria.
Ricardo Sá Fernandes, o homem que denunciou a tentativa de corrupção, acabou por não ver a justiça feita e ainda pagou 10 mil euros ao dono da Bragaparques. Já o empresário saiu satisfeito e ainda se fez de vítima de calúnias. Apesar de, como já disse, tudo ter ficado provado.
O que o tribunal disse a todos os que sejam abordados por um corruptor (e a todos os portugueses) é que a luta contra a corrupção não é um dever de cidadania. É uma carga de trabalhos sem qualquer consequência. Mesmo que todas as provas estejam lá.
Vale a pena ver a reportagem que a SIC passou esta semana sobre o tema: crime sem castigo . É isto mesmo: é um crime que nunca é castigado. O primeiro corruptor de um decisor político sobre o qual se conseguiram reunir todas as provas safou-se. Depois disto, quem acredita que alguém será condenado?
O problema não são as leis. O problema não é apenas a falta de meios de investigação. O problema é um país complacente com a corrupção. Em que quem a denuncia é tratado com desconfiança e quem corrompe com indiferença e até, por vezes, admiração.
Não sou dado a discursos catastrofistas. Mas há dias em que se perde a esperança de dar a este País alguma dignidade. Em que se começa a acreditar que a nossa sina é viver num eterno atraso onde só os chicos-espertos podem vingar. Há dias em que pensamos que não vale a pena. Que a única forma de mudar é sair daqui e entregar isto aos névoas, aos ruis pedros soares , aos godinhos. Há dias em que sentimos que não temos direito à esperança de deixar um país decente aos nossos filhos e só nos resta esperar que eles consigam ir embora à primeira oportunidade.
Acordamos, no dia seguinte, e tentamos acreditar que, com muita persistência, a democracia, ainda sequestrada por gente sem valores nem escrúpulos, acabará por se impor. E conseguiremos estancar a sangria de recursos que a corrupção provoca. Temos de ser optimistas. Mas há dias em que custa acreditar que alguma vez vai ser diferente.
quinta-feira, 22 de abril de 2010
quarta-feira, 21 de abril de 2010
'Caso Figo' explica negócio PT/TVI
Taguspark. Armando Vara e Rui Pedro Soares é que mandavam. E há 17 documentos selados à espera de serem lidos.
O Movimento das Forças Armadas
A contestação dos capitães levou à criação do MFA (Movimento das Forças Armadas), que percebeu que só acabaria com a guerra colonial se derrubasse o regime que a sustentava.
A operação que acabaria na Revolução dos Cravos passou por momentos de grande tensão desde a primeira reunião em Bissau, a 21 de Agosto de 1973, até ao derradeiro encontro dos operacionais no Posto de Comando no dia 24 de Abril de 1974.
Assim se começou a preparar a queda da Ditadura instaurada em 1926..
Salazar
Crimes da PIDE
Cronologia sobre o 25 de abril
A operação que acabaria na Revolução dos Cravos passou por momentos de grande tensão desde a primeira reunião em Bissau, a 21 de Agosto de 1973, até ao derradeiro encontro dos operacionais no Posto de Comando no dia 24 de Abril de 1974.
Assim se começou a preparar a queda da Ditadura instaurada em 1926..
Salazar
Crimes da PIDE
Cronologia sobre o 25 de abril
Qualidade da democracia
«Não estou nada satisfeito com a qualidade da democracia, temos que a requalificar, revitalizar. A começar pela renovação das dinâmicas e das estruturas partidárias. E há uma remobilização dos cidadãos que é necessária», sustenta, em entrevista à rádio Antena 1, a primeira de uma série de três a antigos Presidentes da República do pós-25 de Abril, cujo aniversário se assinala no domingo.
Na entrevista, que passa hoje, na íntegra, às 10h, Jorge Sampaio elogia o «estilo» do novo líder do PSD, alerta para os «perigos» da politização da justiça e da judicialização da política e defende a «diminuição» do segredo de justiça e a manutenção da Constituição.
Quanto ao apoio à candidatura presidencial do socialista Manuel Alegre, o ex-secretário geral do PS garante que «isso é uma coisa» que dirá «primeiro» ao próprio, antes que «a toda a gente», mas deixa um recado: «O PS terá que se definir».
Questionado sobre de quem é a culpa pelo estado da democracia em Portugal, Sampaio responde: «Somos todos naturalmente responsáveis».
Para Sampaio, é necessário que «os poderes políticos saibam resistir, pela seriedade das suas propostas, àquilo que são as profundas influências de sectores corporativos da sociedade portuguesa».
E nomeia médicos, juízes, magistrados do Ministério Público, enfermeiros e funcionários públicos.
«Temos que saber que, quando estamos no Governo e na oposição, há um limite para satisfazer determinadas reivindicações e não se pode jogar a favor das reivindicações quando se está na oposição e contra quando se está no Governo», advoga, entendendo ser «absolutamente essencial» evitar a «promiscuidade» entre os sectores económico e político.
O antigo Presidente da República (1996-2006) defende a «diminuição do segredo de justiça» e aponta farpas à comunicação social que «arruína a reputação de uma pessoa».
«Apregoamos o princípio violando-o todos os dias e isso parece-me muito grave para a coesão social», sustenta.
Sobre os poderes presidenciais, considera-os «suficientes» e diz que a revisão constitucional «não é uma prioridade».
«Gosto pouco de estar constantemente a aperfeiçoar a Constituição», diz.
O ex-secretário geral do PS elogia ainda o «estilo» do novo líder do PSD, Pedro Passos Coelho, que «pode contribuir para a descrispação da vida política em Portugal» e para «um debate político sério, sem demagogias».
Ramalho Eanes e Mário Soares são os próximos entrevistados da Antena 1, quinta e sexta feiras, respectivamente.
Lusa / SOL
Na entrevista, que passa hoje, na íntegra, às 10h, Jorge Sampaio elogia o «estilo» do novo líder do PSD, alerta para os «perigos» da politização da justiça e da judicialização da política e defende a «diminuição» do segredo de justiça e a manutenção da Constituição.
Quanto ao apoio à candidatura presidencial do socialista Manuel Alegre, o ex-secretário geral do PS garante que «isso é uma coisa» que dirá «primeiro» ao próprio, antes que «a toda a gente», mas deixa um recado: «O PS terá que se definir».
Questionado sobre de quem é a culpa pelo estado da democracia em Portugal, Sampaio responde: «Somos todos naturalmente responsáveis».
Para Sampaio, é necessário que «os poderes políticos saibam resistir, pela seriedade das suas propostas, àquilo que são as profundas influências de sectores corporativos da sociedade portuguesa».
E nomeia médicos, juízes, magistrados do Ministério Público, enfermeiros e funcionários públicos.
«Temos que saber que, quando estamos no Governo e na oposição, há um limite para satisfazer determinadas reivindicações e não se pode jogar a favor das reivindicações quando se está na oposição e contra quando se está no Governo», advoga, entendendo ser «absolutamente essencial» evitar a «promiscuidade» entre os sectores económico e político.
O antigo Presidente da República (1996-2006) defende a «diminuição do segredo de justiça» e aponta farpas à comunicação social que «arruína a reputação de uma pessoa».
«Apregoamos o princípio violando-o todos os dias e isso parece-me muito grave para a coesão social», sustenta.
Sobre os poderes presidenciais, considera-os «suficientes» e diz que a revisão constitucional «não é uma prioridade».
«Gosto pouco de estar constantemente a aperfeiçoar a Constituição», diz.
O ex-secretário geral do PS elogia ainda o «estilo» do novo líder do PSD, Pedro Passos Coelho, que «pode contribuir para a descrispação da vida política em Portugal» e para «um debate político sério, sem demagogias».
Ramalho Eanes e Mário Soares são os próximos entrevistados da Antena 1, quinta e sexta feiras, respectivamente.
Lusa / SOL
terça-feira, 20 de abril de 2010
Crise
É certo que os países tem problemas crónicos, mas a Comissão Europeia também acusa os grandes bancos de investimento e hedge funds de agravarem as condições de financiamento
Portugal e Grécia têm culpas directas na derrocada da confiança dos investidores nas respectivas dívidas nacionais, mas os grandes bancos de investimento mundiais e os fundos de alto risco (hedge funds), que especulam sobre o valor da dívida pública dos países e lucram com isso, também não saem bem na fotografia. Segundo a Comissão Europeia, estas empresas estão a contribuir para o descarrilamento das taxas de juro, agravando a situação financeira já de si debilitada dos governos e respectivas economias.
Fonte oficial do comissário europeu dos Serviços Financeiros, Michel Barnier, explicou ao i que "não nos cabe a nós dizer quais as instituições envolvidas [de forma activa, nos negócios com a dívida pública e com derivados para cobertura do risco]", mas aponta o dedo aos "grandes bancos de investimento e hedge funds" que estão a alimentar a instabilidade dos mercados.
Segundo a sua porta-voz, Michel Barnier "acredita fortemente que precisamos de pôr um ponto final a anos de escuridão, opacidade e comportamento secreto" na área dos derivados.
Um dos maiores bancos do mundo, o Citigroup, anunciou ontem lucros de 3,7 mil milhões de euros no primeiro trimestre, o melhor resultado desde o início da crise financeira - o ressurgimento do mercado das obrigações foi um dos factores-chave nos bons resultados do banco.
Ontem, o secretário de Estado do Orçamento, Emanuel Santos, observou à TSF que "o apetite dos mercados não desaparece e há sempre tentações para atingir outros países". Para o governante, "o objectivo dos mercados é o lucro" e "portanto, se a Grécia não lhes chega, eles preparam-se para tentar colar à Grécia situações que não são iguais para tirarem partido dos spreads mais elevados", disse, referindo-se implicitamente a Portugal.
Os produtos financeiros problemáticos servem para cobrir os supostos riscos associados a outros activos - por exemplo, os CDS (Credit Default Swap) são muito usados para cobrir o risco das dívidas públicas, sobretudo as dos países mais fragilizados com a crise financeira e económica, como Grécia e Portugal. Estes seguros (CDS) cobrem o risco de incumprimento ou mesmo de falência das nações. O problema (para os contribuintes) é que, em muitos casos, quanto maior o risco e quanto pior estiver o país, mais ganham os investidores. Portanto, existem incentivos crescentes em fazer descarrilar os Estados. Portugal e Grécia acabam por ser os elos mais fracos da zona euro.
"Há neste momento duas verdades, duas metades do problema. A primeira: nós temos culpa porque nos pusemos a jeito com a evolução da situação económica nos últimos anos. Mas há outra: os inimigos do euro andam aí e há muitas pessoas que estão interessadas no fim da moeda única", constata Filipe Garcia, economista da consultora IMF.
Como e quando vai actuar a Comissão? O processo será complexo: "Temos de ver como é que os CDS estão a ser usados", refere a porta-voz de Barnier. Depois, "em Junho, faremos a nossa proposta sobre os derivados [CDS]", mas só em Outubro avançaremos com uma proposta autónoma que olhará especificamente para as vendas a descoberto [short selling] e outros aspectos em torno dos CDS".
A posição europeia terá de ser calibrada com os interesses da própria indústria e, sobretudo, com a vontade política do Reino Unido que, em Abril, provocou o adiamento dos avanços na regulação sobre os hedge funds. E terá de ser discutida com os restantes países mais ricos, nas próximas reuniões do G20. Uma acontecerá em Junho, no Canadá, outra em Novembro, Coreia do Sul.
Portugal e Grécia voltaram ontem a sentir grande hostilidade dos mercados, com os respectivos spreads [risco dos países] a disparar (ver texto ao lado) e a dificultar o financiamento da actividade interna. Há investidores, economistas e comentadores internacionais que acusam os países de terem cavado a sua própria sepultura nos últimos anos. Viveram a crédito e evoluíram pouco em termos económicos. Agora, que chegou a hora de pagar a factura, muitos levantam dúvidas sobre o músculo financeiro dessas nações e sobre a capacidade de irem ao mercado pedir emprestado.
A Grécia está bastante mal (os juros que estão a pedir ao país são exorbitantes), tendo Atenas aberto já a porta a uma possível utilização do pacto salvamento providenciado pela União Europeia e FMI. Segundo muitos especialistas, a Grécia está à beira da falência e Portugal já esteve mais longe.
A última investida foi de Simon Johnson. O antigo economista-chefe do FMI e colunista do "The New York Times", diz que Portugal vai ser "o próximo problema global". O ministro das Finanças, Fernando Teixeira dos Santos, ripostou: "São comentários reveladores de ignorância e que ilustram o preconceito céptico em relação ao euro". Em entrevista do "Jornal de Negócios", Johnson voltou à carga, acusando o governo de estar "em negação".
ionline
Portugal e Grécia têm culpas directas na derrocada da confiança dos investidores nas respectivas dívidas nacionais, mas os grandes bancos de investimento mundiais e os fundos de alto risco (hedge funds), que especulam sobre o valor da dívida pública dos países e lucram com isso, também não saem bem na fotografia. Segundo a Comissão Europeia, estas empresas estão a contribuir para o descarrilamento das taxas de juro, agravando a situação financeira já de si debilitada dos governos e respectivas economias.
Fonte oficial do comissário europeu dos Serviços Financeiros, Michel Barnier, explicou ao i que "não nos cabe a nós dizer quais as instituições envolvidas [de forma activa, nos negócios com a dívida pública e com derivados para cobertura do risco]", mas aponta o dedo aos "grandes bancos de investimento e hedge funds" que estão a alimentar a instabilidade dos mercados.
Segundo a sua porta-voz, Michel Barnier "acredita fortemente que precisamos de pôr um ponto final a anos de escuridão, opacidade e comportamento secreto" na área dos derivados.
Um dos maiores bancos do mundo, o Citigroup, anunciou ontem lucros de 3,7 mil milhões de euros no primeiro trimestre, o melhor resultado desde o início da crise financeira - o ressurgimento do mercado das obrigações foi um dos factores-chave nos bons resultados do banco.
Ontem, o secretário de Estado do Orçamento, Emanuel Santos, observou à TSF que "o apetite dos mercados não desaparece e há sempre tentações para atingir outros países". Para o governante, "o objectivo dos mercados é o lucro" e "portanto, se a Grécia não lhes chega, eles preparam-se para tentar colar à Grécia situações que não são iguais para tirarem partido dos spreads mais elevados", disse, referindo-se implicitamente a Portugal.
Os produtos financeiros problemáticos servem para cobrir os supostos riscos associados a outros activos - por exemplo, os CDS (Credit Default Swap) são muito usados para cobrir o risco das dívidas públicas, sobretudo as dos países mais fragilizados com a crise financeira e económica, como Grécia e Portugal. Estes seguros (CDS) cobrem o risco de incumprimento ou mesmo de falência das nações. O problema (para os contribuintes) é que, em muitos casos, quanto maior o risco e quanto pior estiver o país, mais ganham os investidores. Portanto, existem incentivos crescentes em fazer descarrilar os Estados. Portugal e Grécia acabam por ser os elos mais fracos da zona euro.
"Há neste momento duas verdades, duas metades do problema. A primeira: nós temos culpa porque nos pusemos a jeito com a evolução da situação económica nos últimos anos. Mas há outra: os inimigos do euro andam aí e há muitas pessoas que estão interessadas no fim da moeda única", constata Filipe Garcia, economista da consultora IMF.
Como e quando vai actuar a Comissão? O processo será complexo: "Temos de ver como é que os CDS estão a ser usados", refere a porta-voz de Barnier. Depois, "em Junho, faremos a nossa proposta sobre os derivados [CDS]", mas só em Outubro avançaremos com uma proposta autónoma que olhará especificamente para as vendas a descoberto [short selling] e outros aspectos em torno dos CDS".
A posição europeia terá de ser calibrada com os interesses da própria indústria e, sobretudo, com a vontade política do Reino Unido que, em Abril, provocou o adiamento dos avanços na regulação sobre os hedge funds. E terá de ser discutida com os restantes países mais ricos, nas próximas reuniões do G20. Uma acontecerá em Junho, no Canadá, outra em Novembro, Coreia do Sul.
Portugal e Grécia voltaram ontem a sentir grande hostilidade dos mercados, com os respectivos spreads [risco dos países] a disparar (ver texto ao lado) e a dificultar o financiamento da actividade interna. Há investidores, economistas e comentadores internacionais que acusam os países de terem cavado a sua própria sepultura nos últimos anos. Viveram a crédito e evoluíram pouco em termos económicos. Agora, que chegou a hora de pagar a factura, muitos levantam dúvidas sobre o músculo financeiro dessas nações e sobre a capacidade de irem ao mercado pedir emprestado.
A Grécia está bastante mal (os juros que estão a pedir ao país são exorbitantes), tendo Atenas aberto já a porta a uma possível utilização do pacto salvamento providenciado pela União Europeia e FMI. Segundo muitos especialistas, a Grécia está à beira da falência e Portugal já esteve mais longe.
A última investida foi de Simon Johnson. O antigo economista-chefe do FMI e colunista do "The New York Times", diz que Portugal vai ser "o próximo problema global". O ministro das Finanças, Fernando Teixeira dos Santos, ripostou: "São comentários reveladores de ignorância e que ilustram o preconceito céptico em relação ao euro". Em entrevista do "Jornal de Negócios", Johnson voltou à carga, acusando o governo de estar "em negação".
ionline
O novo Alqueva na "última zona virgem da Europa"
Hoje é dado o tiro de partida oficial para as obras do Parque Alqueva. Nas margens do maior lago artificial da Europa será construído um novo complexo turístico baptizado como Roncão d'El Rei. Nas palavras de quem tem a tarefa de o vender, trata-se da "última zona virgem da Europa".
"O Alentejo é como o Oeste para os americanos. Tem esse romantismo", explica. "Sabia que à noite é a única zona completamente negra na Europa? Ainda não foi tocada pelo desenvolvimento humano e agora temos este lago enorme [albufeira do Alqueva] que nos abre possibilidades que nunca estiveram lá."
"O Alentejo é como o Oeste para os americanos. Tem esse romantismo", explica. "Sabia que à noite é a única zona completamente negra na Europa? Ainda não foi tocada pelo desenvolvimento humano e agora temos este lago enorme [albufeira do Alqueva] que nos abre possibilidades que nunca estiveram lá."
sexta-feira, 16 de abril de 2010
Erros alimentares são causa de um terço das doenças da voz
Uma em cada três pessoas tem doenças da voz devido a alterações e erros do regime alimentar, que provocam a subida de suco gástrico e irritam a laringe, revelou hoje o especialista Mário Andrea.
No Dia Mundial da Voz, o director do Departamento de Otorrinolaringologia, Voz e Perturbações da Comunicação do Hospital de Santa Maria disse à agência Lusa que «um terço das pessoas observadas durante os rastreios tem uma patologia que pode alterar a voz, a que se chama refluxo, provocado por alterações e erros do regime alimentar».
Segundo Mário Andrea, «a comida e os horários das refeições afectam a voz por causa da subida do suco gástrico, que irrita a laringe e a faringe», acrescentando que «as pessoas têm uma sensação de ardor na garganta e de aperto no pescoço».
O professor catedrático de Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa explicou que o estilo de vida moderno, com refeições ingeridas à pressa e sem horários, potencia as doenças da laringe, realçando ainda as consequências do «esforço vocal» do dia-a-dia.
«Depois do esforço as pessoas têm que ter descanso vocal, isto é, têm que ficar caladas, porque os músculos têm que descansar», disse, acrescentando que «a pessoa sai do trabalho e começa a falar ao telemóvel, o que não é o mesmo que conversar porque exige mais da voz».
O especialista defende que «é essencial estar atento a alterações na voz e quem suspeitar que não está tudo bem deve procurar o médico para fazer o diagnóstico precoce».
Foi por proposta de Mário Andrea, quando era presidente da Sociedade Europeia de Laringologia, que, em 2003, foi criado o Dia Mundial da Voz (World Voice Day) com o objectivo de «dar visibilidade aos problemas associados à voz».
Para evitar doenças do sistema vocal, o especialista considera que o mais importante é a hidratação, recomendando seis copos de água por dia, referindo que o tabaco é o grande inimigo da voz.
Mário Andrea avançou que, no universo de cerca de meio milhar de pessoas que habitualmente recorrem ao rastreio da voz, no Hospital de Santa Maria, são diagnosticadas em média três casos de tumor da laringe, realçando que «Portugal é o terceiro país da Europa com maior incidência de cancro na laringe».
«São diagnosticadas perturbações provocadas por má técnica vocal, lesões benignas, como pólipos, nódulos, quistos, e lesões pré-malignas que obrigam a vigilância e cerca de três casos de tumor na laringe em fase inicial»
sol
No Dia Mundial da Voz, o director do Departamento de Otorrinolaringologia, Voz e Perturbações da Comunicação do Hospital de Santa Maria disse à agência Lusa que «um terço das pessoas observadas durante os rastreios tem uma patologia que pode alterar a voz, a que se chama refluxo, provocado por alterações e erros do regime alimentar».
Segundo Mário Andrea, «a comida e os horários das refeições afectam a voz por causa da subida do suco gástrico, que irrita a laringe e a faringe», acrescentando que «as pessoas têm uma sensação de ardor na garganta e de aperto no pescoço».
O professor catedrático de Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa explicou que o estilo de vida moderno, com refeições ingeridas à pressa e sem horários, potencia as doenças da laringe, realçando ainda as consequências do «esforço vocal» do dia-a-dia.
«Depois do esforço as pessoas têm que ter descanso vocal, isto é, têm que ficar caladas, porque os músculos têm que descansar», disse, acrescentando que «a pessoa sai do trabalho e começa a falar ao telemóvel, o que não é o mesmo que conversar porque exige mais da voz».
O especialista defende que «é essencial estar atento a alterações na voz e quem suspeitar que não está tudo bem deve procurar o médico para fazer o diagnóstico precoce».
Foi por proposta de Mário Andrea, quando era presidente da Sociedade Europeia de Laringologia, que, em 2003, foi criado o Dia Mundial da Voz (World Voice Day) com o objectivo de «dar visibilidade aos problemas associados à voz».
Para evitar doenças do sistema vocal, o especialista considera que o mais importante é a hidratação, recomendando seis copos de água por dia, referindo que o tabaco é o grande inimigo da voz.
Mário Andrea avançou que, no universo de cerca de meio milhar de pessoas que habitualmente recorrem ao rastreio da voz, no Hospital de Santa Maria, são diagnosticadas em média três casos de tumor da laringe, realçando que «Portugal é o terceiro país da Europa com maior incidência de cancro na laringe».
«São diagnosticadas perturbações provocadas por má técnica vocal, lesões benignas, como pólipos, nódulos, quistos, e lesões pré-malignas que obrigam a vigilância e cerca de três casos de tumor na laringe em fase inicial»
sol
quinta-feira, 15 de abril de 2010
Vulcão na Islândia
O tráfego aéreo paralisou no Reino Unido, na Bélgica, na Dinamarca, em quase toda a Noruega e no norte da Suécia. Em França, foram encerrados os aeroportos a norte do país e serão fechados, à noite, os de Paris. Os aeroportos nas cidades escocesas de Aberdeen, Glasgow e Edimburgo foram encerrados. Tanto o aeroporto de Belfast, na Irlanda do Norte, como o de Newcastle foram também encerrados. A BAA, operadora dos aeroportos britânicos, admitiu "grandes perturbações" no tráfego aéreo.ionline
ÁS21horas de Lisboa,continuam a ser evacuadas pessoas
terça-feira, 13 de abril de 2010
Tokio Hotel: "Nunca mais?"
A estupefacção de uma criança pelo histerismo provocado pelos Tokio Hotel é a "matéria prima" de um dos vídeos mais vistos e comentados da última semana - veja aqui.
Já lá vai uma semana sobre o concerto dos Tokio Hotel no Pavilhão Atlântico, mas o espectáculo da banda alemã entre nós continua a dar que falar.
Nos últimos dias, um vídeo exibido no Jornal Nacional, da TVI, deu a conhecer ao mundo uma fã de Tokio Hotel que, de braço autografado de fresco, garante que nunca mais o lavará, e uma menina ainda mais nova a quem essa promessa deixa estupefacta.
Veja aqui o vídeo de que se fala, com edição sonora à altura:
Já lá vai uma semana sobre o concerto dos Tokio Hotel no Pavilhão Atlântico, mas o espectáculo da banda alemã entre nós continua a dar que falar.
Nos últimos dias, um vídeo exibido no Jornal Nacional, da TVI, deu a conhecer ao mundo uma fã de Tokio Hotel que, de braço autografado de fresco, garante que nunca mais o lavará, e uma menina ainda mais nova a quem essa promessa deixa estupefacta.
Veja aqui o vídeo de que se fala, com edição sonora à altura:
domingo, 11 de abril de 2010
sábado, 10 de abril de 2010
Bom negócio!
O cônsul de honorário de Portugal na Alemanha, recebeu da empresa fornecedoras dos famigerados submarinos a Portugal (Ferrostaal), 1,6 milhões de euros de "luvas". Durão Barroso e Paulo Portas sabiam da negociata.
ferroadas
ferroadas
quinta-feira, 8 de abril de 2010
linces em Silves
Nasceram os dois primeiros linces no Centro Nacional de Reprodução do Lince-Ibérico, em Silves. "Nasceram no domingo e são os dois primeiros nascidos em cativeiro desde que este programa foi criado. É uma boa notícia, e se tudo correr bem esperamos no futuro que estes e outros animais sejam libertados de forma a repovoarem a nossa natureza", afirmou ao CM a ministra do Ambiente, Dulce Pássaro.
Os dois linces são filhos da fêmea ‘Azahar’ e do macho ‘Drago’. ‘Azahar’ tem cinco anos e foi o primeiro lince a chegar a Portugal, a 26 de Outubro de 2009, e nunca tinha sido mãe. ‘Drago’ chegou a Portugal a 17 de Novembro, proveniente do centro de La Olivilla, na Andaluzia, Espanha.
O Centro de Reprodução de Silves foi inaugurado há 11 meses e nasceu para compensar os impactes ambientais da barragem de Odelouca.
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Os dois linces são filhos da fêmea ‘Azahar’ e do macho ‘Drago’. ‘Azahar’ tem cinco anos e foi o primeiro lince a chegar a Portugal, a 26 de Outubro de 2009, e nunca tinha sido mãe. ‘Drago’ chegou a Portugal a 17 de Novembro, proveniente do centro de La Olivilla, na Andaluzia, Espanha.
O Centro de Reprodução de Silves foi inaugurado há 11 meses e nasceu para compensar os impactes ambientais da barragem de Odelouca.
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Vai divorciar-se? Apague a sua conta do Facebook
De acordo com o Anuário Estatístico de Portugal 2008, foram decretados, nesse ano, no país, 26.885 divórcios. Quantos desses poderão ter sido influenciados pelas redes sociais? Não se sabe. Ricardo Marques Candeias, fundador do serviço português online Divorcionet (www.divorcionet.pt) diz que a maior parte dos casos que lhe chegam são de separações por mútuo acordo. Nessas situações, garante, nem quer saber o motivo. Quando as razões apontadas pelo casal para pôr fim à relação transparecem no processo, são quase sempre as mesmas. "A rotina, o aparecimento de uma terceira pessoa ou questões económicas", assume.
O advogado admite já ter ouvido falar de casos de separação que envolveram o uso de redes sociais, mas nunca lhe passou pelas mãos situações como as que foram divulgadas pelo jornal inglês The Sun: uma mulher britânica, de 35 anos, descobriu que o marido avançara com o processo de divórcio pelo Facebook; outra mulher, de 28 anos, terminou com o casamento depois de descobrir que o marido dormia, virtualmente, com uma acompanhante no Second Life. "Mas já tive um cliente que chegou ao escritório com uma resma imensa de papéis, que ele imprimiu, e que eram conversas no Messenger entre a mulher e uma pessoa por quem ela se encantara", diz. Neste caso, conclui, "houve um divórcio por mútuo acordo".
O caso mais estranho que recorda foi o de um informático que, desconfiado das horas que a mulher passava no computador, descobriu que ela se inscrevera num "clube de amizade" online. "Ele foi ao "histórico" das conversas e percebeu que a amizade estava perto de se tornar em algo mais sério. A partir de determinada altura, tornou-se evidente que existira um contacto físico com uma pessoa desse clube", conta o advogado.
Nada que surpreendesse a psicóloga clínica e sexóloga Ana Carvalheira, que em 2005 defendeu a tese de doutoramento Relações interpessoais e comportamentos sexuais através da Internet. Partindo de uma amostra de 1266 utilizadores de chats - cinquenta por cento do sexo masculino e a outra metade do sexo feminino -, concluiu que 74,5 por cento deles tiveram uma relação na Internet e, destes, 84,7 por cento passara para o contexto offline. O trabalho de Carvalheira mostrou ainda que 56,2 por cento dos inquiridos acabaram por ter encontros sexuais off-line com pessoas conhecidas pela Internet. "As redes sociais não fazem muita diferença dos chats e do Messenger. São noções diferentes do mesmo fenómeno", diz a especialista ao P2.
Ana Carvalheira recorda que as principais motivações para o uso das ferramentas online se prendiam com "encontrar pessoas com os mesmos interesses, manter relações on-line, procurar parceiros para relações offline". A Net, diz, "é apenas mais um espaço social que permite o encontro entre as pessoas". E acrescenta que não é difícil extrapolar que, "da mesma forma que permite esses encontros que, de outra forma, nunca aconteceriam, também permite desfazer relações".
Sem dados para estabelecer se, em Portugal, as redes sociais poderão estar a ser usadas como motivo para divórcios, a psicóloga clínica pede cautela nessa associação. "A Internet tem algumas características especiais - o anonimato, a ausência de interacção física, a possibilidade de chegar a muitas pessoas de forma imediata -, mas penso que é apenas mais um meio de encontro. O enamoramento é fácil, a idealização do outro é enorme, o outro é muito construído. Mas, quando estas relações saem para o offline, estão sujeitas exactamente às mesmas vicissitudes do que todas as outras", avisa.
Somos mais exigentes
A socióloga Anália Torres, autora do livro Divórcio em Portugal, Ditos e Interditos - uma análise sociológica confirma que, por cá, o divórcio tem assumido novos contornos. Mas não os associa directamente à intervenção da Internet na vida dos casais. "As redes sociais são uma maneira de encontrar pessoas, mas não pode ser estabelecida uma relação de causalidade [entre elas e o aumento de divórcios em Portugal]. É verdade que há mais meios para as pessoas encontrarem outras sem saírem de casa, mas não se pode dizer que uma coisa [as redes sociais] produziu a outra [o aumento de divórcio]. Há, sim, maior facilidade de encontros."
O que se passou em Portugal, defende a socióloga, é que um conjunto de factores muito diversos levou a que "as pessoas cada vez menos tolerem estar em relações conjugais de mal-estar permanente", diz. Este aumento de exigência, associado à legalização do divórcio, no período pós-25 de Abril, e ao facto de as pessoas (sobretudo as mulheres) estarem "cada vez menos dependentes do casamento como modo de vida" são as principais razões para os portugueses se divorciarem mais, defende Anália Torres. O número de divórcios duplicou de 1990 para o ano 2000, mantendo uma tendência crescente, ainda que mais moderada, desde essa altura.
Pelo escritório de Maria Filomena Neto, nunca passou nenhum caso de divórcio sustentado nas redes sociais. Nem sequer um caso em que as informações partilhadas em redes como o Facebook, o Hi5, o Twitter ou o MySpace fossem utilizadas como provas em processos litigiosos. Mas esta não é uma preocupação alheia à advogada. "Já disse a dois clientes que se utilizarem as redes sociais estejam absolutamente seguros que o que lá colocam pode ser visto por toda a gente. O problema com estas redes é a falsa sensação de segurança que criam. É muito mais fácil, através destes meios, as pessoas fazerem confidências ao interlocutor, esquecendo-se de que o interlocutor é o mundo", diz.
Recentemente, a agência noticiosa Reuters revelou que a American Academy of Matrimonial Lawyers (Associação dos Advogados Matrimoniais) avisara que, nos últimos cinco anos, houve um aumento da utilização de dados colocados nas redes sociais em processos de litígio de casais - especialmente em casos que envolvem a custódia dos filhos. "Um processo de divórcio implica níveis elevados de escrutínio pessoal. Se se publica um post com informações que contradigam declarações ou promessas feitas previamente, o membro do casal que está a ser enganado será, certamente, uma das primeiras pessoas a reparar e a usar esses dados como prova", explicou a presidente da associação, Marlene Eskind Moses, à Reuters. No topo das redes sociais às quais os advogados norte-americanos recorrem, em busca de provas, surge, de novo, o Facebook, seguido do MySpace e do Hi5.
Por isso, o aviso que Kenneth Altshuler, vice-presidente daquela associação norte-americana, faz aos clientes é ainda mais veemente do que o de Maria Filomena Neto. "O meu primeiro conselho para os meus clientes é: encerrem a vossa página de Facebook", diz, citado pela Reuters. Altshuler cita exemplos que justificam a preocupação: o caso de uma mulher que lutava pela custódia do filho e que dissera, em tribunal, que estava comprometida, escrevendo, depois, na página pessoal do Facebook, que acabara de se separar de um namorado que a maltratava e que andava agora em busca de um homem rico. Ou o de um homem, também a lutar pela custódia de um filho, que dissera ser um ex-alcoólico e fora confrontado com fotografias suas, colocadas no Facebook, em que aparecia a beber numa festa do escritório. "Os juízes perdoam falhas humanas, mas não mentiras", disse o advogado.
As cinco regras
Por cá, os portugueses correm o mesmo risco de verem os textos ou fotografias colocados nas redes sociais expostos em processos judiciais de divórcio. Guilherme Oliveira, especialista em Direito da Família, diz que ainda "não há muita experiência" nestes casos, a nível nacional, mas admite que a utilização deste tipo de provas possa ser aceite por um juiz. "Uma rede social, mesmo que seja um espaço relativamente fechado, a que se acede por convite, não é tão fechado como uma carta. E a verdade é que em processos de divórcio a tendência é que as provas tenham sempre alguma dose de violação da intimidade da vida privada. Todos os argumentos avaliados em tribunal são coisas discretas ou secretas", justifica. Por isso, acrescenta: "Admito que esse tipo de prova seja valorado pelo tribunal."
Nos Estados Unidos, onde o fenómeno parece estar já amplamente instalado, um blogue nova-iorquino sobre divórcios, o New York Divorce Report, publicou já um conjunto de cinco regras para quem usa redes sociais e está em processo de divórcio. A saber: não se gabe (se diz a um juiz que não tem dinheiro, não pode depois gabar-se no Facebook das compras extravagantes que fez); não coloque online referências a qualquer tipo de festas (na altura de decidir a custódia das crianças, um juiz não simpatizará muito com quem aparece alcoolizado na Net); tenha cuidado com as amizades que aceita na sua rede social (diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és, lá diz o ditado); mantenha os detalhes do divórcio na esfera privada; não "desamigue" (as pessoas precisam de tempo para se ajustar, e retirar da lista de amizades, por exemplo, os ex-sogros pode causar problemas).De acordo com o Anuário Estatístico de Portugal 2008, foram decretados, nesse ano, no país, 26.885 divórcios. Quantos desses poderão ter sido influenciados pelas redes sociais? Não se sabe. Ricardo Marques Candeias, fundador do serviço português online Divorcionet (www.divorcionet.pt) diz que a maior parte dos casos que lhe chegam são de separações por mútuo acordo. Nessas situações, garante, nem quer saber o motivo. Quando as razões apontadas pelo casal para pôr fim à relação transparecem no processo, são quase sempre as mesmas. "A rotina, o aparecimento de uma terceira pessoa ou questões económicas", assume.
O advogado admite já ter ouvido falar de casos de separação que envolveram o uso de redes sociais, mas nunca lhe passou pelas mãos situações como as que foram divulgadas pelo jornal inglês The Sun: uma mulher britânica, de 35 anos, descobriu que o marido avançara com o processo de divórcio pelo Facebook; outra mulher, de 28 anos, terminou com o casamento depois de descobrir que o marido dormia, virtualmente, com uma acompanhante no Second Life. "Mas já tive um cliente que chegou ao escritório com uma resma imensa de papéis, que ele imprimiu, e que eram conversas no Messenger entre a mulher e uma pessoa por quem ela se encantara", diz. Neste caso, conclui, "houve um divórcio por mútuo acordo".
O caso mais estranho que recorda foi o de um informático que, desconfiado das horas que a mulher passava no computador, descobriu que ela se inscrevera num "clube de amizade" online. "Ele foi ao "histórico" das conversas e percebeu que a amizade estava perto de se tornar em algo mais sério. A partir de determinada altura, tornou-se evidente que existira um contacto físico com uma pessoa desse clube", conta o advogado.
Nada que surpreendesse a psicóloga clínica e sexóloga Ana Carvalheira, que em 2005 defendeu a tese de doutoramento Relações interpessoais e comportamentos sexuais através da Internet. Partindo de uma amostra de 1266 utilizadores de chats - cinquenta por cento do sexo masculino e a outra metade do sexo feminino -, concluiu que 74,5 por cento deles tiveram uma relação na Internet e, destes, 84,7 por cento passara para o contexto offline. O trabalho de Carvalheira mostrou ainda que 56,2 por cento dos inquiridos acabaram por ter encontros sexuais off-line com pessoas conhecidas pela Internet. "As redes sociais não fazem muita diferença dos chats e do Messenger. São noções diferentes do mesmo fenómeno", diz a especialista ao P2.
Ana Carvalheira recorda que as principais motivações para o uso das ferramentas online se prendiam com "encontrar pessoas com os mesmos interesses, manter relações on-line, procurar parceiros para relações offline". A Net, diz, "é apenas mais um espaço social que permite o encontro entre as pessoas". E acrescenta que não é difícil extrapolar que, "da mesma forma que permite esses encontros que, de outra forma, nunca aconteceriam, também permite desfazer relações".
Sem dados para estabelecer se, em Portugal, as redes sociais poderão estar a ser usadas como motivo para divórcios, a psicóloga clínica pede cautela nessa associação. "A Internet tem algumas características especiais - o anonimato, a ausência de interacção física, a possibilidade de chegar a muitas pessoas de forma imediata -, mas penso que é apenas mais um meio de encontro. O enamoramento é fácil, a idealização do outro é enorme, o outro é muito construído. Mas, quando estas relações saem para o offline, estão sujeitas exactamente às mesmas vicissitudes do que todas as outras", avisa.
Somos mais exigentes
A socióloga Anália Torres, autora do livro Divórcio em Portugal, Ditos e Interditos - uma análise sociológica confirma que, por cá, o divórcio tem assumido novos contornos. Mas não os associa directamente à intervenção da Internet na vida dos casais. "As redes sociais são uma maneira de encontrar pessoas, mas não pode ser estabelecida uma relação de causalidade [entre elas e o aumento de divórcios em Portugal]. É verdade que há mais meios para as pessoas encontrarem outras sem saírem de casa, mas não se pode dizer que uma coisa [as redes sociais] produziu a outra [o aumento de divórcio]. Há, sim, maior facilidade de encontros."
O que se passou em Portugal, defende a socióloga, é que um conjunto de factores muito diversos levou a que "as pessoas cada vez menos tolerem estar em relações conjugais de mal-estar permanente", diz. Este aumento de exigência, associado à legalização do divórcio, no período pós-25 de Abril, e ao facto de as pessoas (sobretudo as mulheres) estarem "cada vez menos dependentes do casamento como modo de vida" são as principais razões para os portugueses se divorciarem mais, defende Anália Torres. O número de divórcios duplicou de 1990 para o ano 2000, mantendo uma tendência crescente, ainda que mais moderada, desde essa altura.
Pelo escritório de Maria Filomena Neto, nunca passou nenhum caso de divórcio sustentado nas redes sociais. Nem sequer um caso em que as informações partilhadas em redes como o Facebook, o Hi5, o Twitter ou o MySpace fossem utilizadas como provas em processos litigiosos. Mas esta não é uma preocupação alheia à advogada. "Já disse a dois clientes que se utilizarem as redes sociais estejam absolutamente seguros que o que lá colocam pode ser visto por toda a gente. O problema com estas redes é a falsa sensação de segurança que criam. É muito mais fácil, através destes meios, as pessoas fazerem confidências ao interlocutor, esquecendo-se de que o interlocutor é o mundo", diz.
Recentemente, a agência noticiosa Reuters revelou que a American Academy of Matrimonial Lawyers (Associação dos Advogados Matrimoniais) avisara que, nos últimos cinco anos, houve um aumento da utilização de dados colocados nas redes sociais em processos de litígio de casais - especialmente em casos que envolvem a custódia dos filhos. "Um processo de divórcio implica níveis elevados de escrutínio pessoal. Se se publica um post com informações que contradigam declarações ou promessas feitas previamente, o membro do casal que está a ser enganado será, certamente, uma das primeiras pessoas a reparar e a usar esses dados como prova", explicou a presidente da associação, Marlene Eskind Moses, à Reuters. No topo das redes sociais às quais os advogados norte-americanos recorrem, em busca de provas, surge, de novo, o Facebook, seguido do MySpace e do Hi5.
Por isso, o aviso que Kenneth Altshuler, vice-presidente daquela associação norte-americana, faz aos clientes é ainda mais veemente do que o de Maria Filomena Neto. "O meu primeiro conselho para os meus clientes é: encerrem a vossa página de Facebook", diz, citado pela Reuters. Altshuler cita exemplos que justificam a preocupação: o caso de uma mulher que lutava pela custódia do filho e que dissera, em tribunal, que estava comprometida, escrevendo, depois, na página pessoal do Facebook, que acabara de se separar de um namorado que a maltratava e que andava agora em busca de um homem rico. Ou o de um homem, também a lutar pela custódia de um filho, que dissera ser um ex-alcoólico e fora confrontado com fotografias suas, colocadas no Facebook, em que aparecia a beber numa festa do escritório. "Os juízes perdoam falhas humanas, mas não mentiras", disse o advogado.
As cinco regras
Por cá, os portugueses correm o mesmo risco de verem os textos ou fotografias colocados nas redes sociais expostos em processos judiciais de divórcio. Guilherme Oliveira, especialista em Direito da Família, diz que ainda "não há muita experiência" nestes casos, a nível nacional, mas admite que a utilização deste tipo de provas possa ser aceite por um juiz. "Uma rede social, mesmo que seja um espaço relativamente fechado, a que se acede por convite, não é tão fechado como uma carta. E a verdade é que em processos de divórcio a tendência é que as provas tenham sempre alguma dose de violação da intimidade da vida privada. Todos os argumentos avaliados em tribunal são coisas discretas ou secretas", justifica. Por isso, acrescenta: "Admito que esse tipo de prova seja valorado pelo tribunal."
Nos Estados Unidos, onde o fenómeno parece estar já amplamente instalado, um blogue nova-iorquino sobre divórcios, o New York Divorce Report, publicou já um conjunto de cinco regras para quem usa redes sociais e está em processo de divórcio. A saber: não se gabe (se diz a um juiz que não tem dinheiro, não pode depois gabar-se no Facebook das compras extravagantes que fez); não coloque online referências a qualquer tipo de festas (na altura de decidir a custódia das crianças, um juiz não simpatizará muito com quem aparece alcoolizado na Net); tenha cuidado com as amizades que aceita na sua rede social (diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és, lá diz o ditado); mantenha os detalhes do divórcio na esfera privada; não "desamigue" (as pessoas precisam de tempo para se ajustar, e retirar da lista de amizades, por exemplo, os ex-sogros pode causar problemas).
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O advogado admite já ter ouvido falar de casos de separação que envolveram o uso de redes sociais, mas nunca lhe passou pelas mãos situações como as que foram divulgadas pelo jornal inglês The Sun: uma mulher britânica, de 35 anos, descobriu que o marido avançara com o processo de divórcio pelo Facebook; outra mulher, de 28 anos, terminou com o casamento depois de descobrir que o marido dormia, virtualmente, com uma acompanhante no Second Life. "Mas já tive um cliente que chegou ao escritório com uma resma imensa de papéis, que ele imprimiu, e que eram conversas no Messenger entre a mulher e uma pessoa por quem ela se encantara", diz. Neste caso, conclui, "houve um divórcio por mútuo acordo".
O caso mais estranho que recorda foi o de um informático que, desconfiado das horas que a mulher passava no computador, descobriu que ela se inscrevera num "clube de amizade" online. "Ele foi ao "histórico" das conversas e percebeu que a amizade estava perto de se tornar em algo mais sério. A partir de determinada altura, tornou-se evidente que existira um contacto físico com uma pessoa desse clube", conta o advogado.
Nada que surpreendesse a psicóloga clínica e sexóloga Ana Carvalheira, que em 2005 defendeu a tese de doutoramento Relações interpessoais e comportamentos sexuais através da Internet. Partindo de uma amostra de 1266 utilizadores de chats - cinquenta por cento do sexo masculino e a outra metade do sexo feminino -, concluiu que 74,5 por cento deles tiveram uma relação na Internet e, destes, 84,7 por cento passara para o contexto offline. O trabalho de Carvalheira mostrou ainda que 56,2 por cento dos inquiridos acabaram por ter encontros sexuais off-line com pessoas conhecidas pela Internet. "As redes sociais não fazem muita diferença dos chats e do Messenger. São noções diferentes do mesmo fenómeno", diz a especialista ao P2.
Ana Carvalheira recorda que as principais motivações para o uso das ferramentas online se prendiam com "encontrar pessoas com os mesmos interesses, manter relações on-line, procurar parceiros para relações offline". A Net, diz, "é apenas mais um espaço social que permite o encontro entre as pessoas". E acrescenta que não é difícil extrapolar que, "da mesma forma que permite esses encontros que, de outra forma, nunca aconteceriam, também permite desfazer relações".
Sem dados para estabelecer se, em Portugal, as redes sociais poderão estar a ser usadas como motivo para divórcios, a psicóloga clínica pede cautela nessa associação. "A Internet tem algumas características especiais - o anonimato, a ausência de interacção física, a possibilidade de chegar a muitas pessoas de forma imediata -, mas penso que é apenas mais um meio de encontro. O enamoramento é fácil, a idealização do outro é enorme, o outro é muito construído. Mas, quando estas relações saem para o offline, estão sujeitas exactamente às mesmas vicissitudes do que todas as outras", avisa.
Somos mais exigentes
A socióloga Anália Torres, autora do livro Divórcio em Portugal, Ditos e Interditos - uma análise sociológica confirma que, por cá, o divórcio tem assumido novos contornos. Mas não os associa directamente à intervenção da Internet na vida dos casais. "As redes sociais são uma maneira de encontrar pessoas, mas não pode ser estabelecida uma relação de causalidade [entre elas e o aumento de divórcios em Portugal]. É verdade que há mais meios para as pessoas encontrarem outras sem saírem de casa, mas não se pode dizer que uma coisa [as redes sociais] produziu a outra [o aumento de divórcio]. Há, sim, maior facilidade de encontros."
O que se passou em Portugal, defende a socióloga, é que um conjunto de factores muito diversos levou a que "as pessoas cada vez menos tolerem estar em relações conjugais de mal-estar permanente", diz. Este aumento de exigência, associado à legalização do divórcio, no período pós-25 de Abril, e ao facto de as pessoas (sobretudo as mulheres) estarem "cada vez menos dependentes do casamento como modo de vida" são as principais razões para os portugueses se divorciarem mais, defende Anália Torres. O número de divórcios duplicou de 1990 para o ano 2000, mantendo uma tendência crescente, ainda que mais moderada, desde essa altura.
Pelo escritório de Maria Filomena Neto, nunca passou nenhum caso de divórcio sustentado nas redes sociais. Nem sequer um caso em que as informações partilhadas em redes como o Facebook, o Hi5, o Twitter ou o MySpace fossem utilizadas como provas em processos litigiosos. Mas esta não é uma preocupação alheia à advogada. "Já disse a dois clientes que se utilizarem as redes sociais estejam absolutamente seguros que o que lá colocam pode ser visto por toda a gente. O problema com estas redes é a falsa sensação de segurança que criam. É muito mais fácil, através destes meios, as pessoas fazerem confidências ao interlocutor, esquecendo-se de que o interlocutor é o mundo", diz.
Recentemente, a agência noticiosa Reuters revelou que a American Academy of Matrimonial Lawyers (Associação dos Advogados Matrimoniais) avisara que, nos últimos cinco anos, houve um aumento da utilização de dados colocados nas redes sociais em processos de litígio de casais - especialmente em casos que envolvem a custódia dos filhos. "Um processo de divórcio implica níveis elevados de escrutínio pessoal. Se se publica um post com informações que contradigam declarações ou promessas feitas previamente, o membro do casal que está a ser enganado será, certamente, uma das primeiras pessoas a reparar e a usar esses dados como prova", explicou a presidente da associação, Marlene Eskind Moses, à Reuters. No topo das redes sociais às quais os advogados norte-americanos recorrem, em busca de provas, surge, de novo, o Facebook, seguido do MySpace e do Hi5.
Por isso, o aviso que Kenneth Altshuler, vice-presidente daquela associação norte-americana, faz aos clientes é ainda mais veemente do que o de Maria Filomena Neto. "O meu primeiro conselho para os meus clientes é: encerrem a vossa página de Facebook", diz, citado pela Reuters. Altshuler cita exemplos que justificam a preocupação: o caso de uma mulher que lutava pela custódia do filho e que dissera, em tribunal, que estava comprometida, escrevendo, depois, na página pessoal do Facebook, que acabara de se separar de um namorado que a maltratava e que andava agora em busca de um homem rico. Ou o de um homem, também a lutar pela custódia de um filho, que dissera ser um ex-alcoólico e fora confrontado com fotografias suas, colocadas no Facebook, em que aparecia a beber numa festa do escritório. "Os juízes perdoam falhas humanas, mas não mentiras", disse o advogado.
As cinco regras
Por cá, os portugueses correm o mesmo risco de verem os textos ou fotografias colocados nas redes sociais expostos em processos judiciais de divórcio. Guilherme Oliveira, especialista em Direito da Família, diz que ainda "não há muita experiência" nestes casos, a nível nacional, mas admite que a utilização deste tipo de provas possa ser aceite por um juiz. "Uma rede social, mesmo que seja um espaço relativamente fechado, a que se acede por convite, não é tão fechado como uma carta. E a verdade é que em processos de divórcio a tendência é que as provas tenham sempre alguma dose de violação da intimidade da vida privada. Todos os argumentos avaliados em tribunal são coisas discretas ou secretas", justifica. Por isso, acrescenta: "Admito que esse tipo de prova seja valorado pelo tribunal."
Nos Estados Unidos, onde o fenómeno parece estar já amplamente instalado, um blogue nova-iorquino sobre divórcios, o New York Divorce Report, publicou já um conjunto de cinco regras para quem usa redes sociais e está em processo de divórcio. A saber: não se gabe (se diz a um juiz que não tem dinheiro, não pode depois gabar-se no Facebook das compras extravagantes que fez); não coloque online referências a qualquer tipo de festas (na altura de decidir a custódia das crianças, um juiz não simpatizará muito com quem aparece alcoolizado na Net); tenha cuidado com as amizades que aceita na sua rede social (diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és, lá diz o ditado); mantenha os detalhes do divórcio na esfera privada; não "desamigue" (as pessoas precisam de tempo para se ajustar, e retirar da lista de amizades, por exemplo, os ex-sogros pode causar problemas).De acordo com o Anuário Estatístico de Portugal 2008, foram decretados, nesse ano, no país, 26.885 divórcios. Quantos desses poderão ter sido influenciados pelas redes sociais? Não se sabe. Ricardo Marques Candeias, fundador do serviço português online Divorcionet (www.divorcionet.pt) diz que a maior parte dos casos que lhe chegam são de separações por mútuo acordo. Nessas situações, garante, nem quer saber o motivo. Quando as razões apontadas pelo casal para pôr fim à relação transparecem no processo, são quase sempre as mesmas. "A rotina, o aparecimento de uma terceira pessoa ou questões económicas", assume.
O advogado admite já ter ouvido falar de casos de separação que envolveram o uso de redes sociais, mas nunca lhe passou pelas mãos situações como as que foram divulgadas pelo jornal inglês The Sun: uma mulher britânica, de 35 anos, descobriu que o marido avançara com o processo de divórcio pelo Facebook; outra mulher, de 28 anos, terminou com o casamento depois de descobrir que o marido dormia, virtualmente, com uma acompanhante no Second Life. "Mas já tive um cliente que chegou ao escritório com uma resma imensa de papéis, que ele imprimiu, e que eram conversas no Messenger entre a mulher e uma pessoa por quem ela se encantara", diz. Neste caso, conclui, "houve um divórcio por mútuo acordo".
O caso mais estranho que recorda foi o de um informático que, desconfiado das horas que a mulher passava no computador, descobriu que ela se inscrevera num "clube de amizade" online. "Ele foi ao "histórico" das conversas e percebeu que a amizade estava perto de se tornar em algo mais sério. A partir de determinada altura, tornou-se evidente que existira um contacto físico com uma pessoa desse clube", conta o advogado.
Nada que surpreendesse a psicóloga clínica e sexóloga Ana Carvalheira, que em 2005 defendeu a tese de doutoramento Relações interpessoais e comportamentos sexuais através da Internet. Partindo de uma amostra de 1266 utilizadores de chats - cinquenta por cento do sexo masculino e a outra metade do sexo feminino -, concluiu que 74,5 por cento deles tiveram uma relação na Internet e, destes, 84,7 por cento passara para o contexto offline. O trabalho de Carvalheira mostrou ainda que 56,2 por cento dos inquiridos acabaram por ter encontros sexuais off-line com pessoas conhecidas pela Internet. "As redes sociais não fazem muita diferença dos chats e do Messenger. São noções diferentes do mesmo fenómeno", diz a especialista ao P2.
Ana Carvalheira recorda que as principais motivações para o uso das ferramentas online se prendiam com "encontrar pessoas com os mesmos interesses, manter relações on-line, procurar parceiros para relações offline". A Net, diz, "é apenas mais um espaço social que permite o encontro entre as pessoas". E acrescenta que não é difícil extrapolar que, "da mesma forma que permite esses encontros que, de outra forma, nunca aconteceriam, também permite desfazer relações".
Sem dados para estabelecer se, em Portugal, as redes sociais poderão estar a ser usadas como motivo para divórcios, a psicóloga clínica pede cautela nessa associação. "A Internet tem algumas características especiais - o anonimato, a ausência de interacção física, a possibilidade de chegar a muitas pessoas de forma imediata -, mas penso que é apenas mais um meio de encontro. O enamoramento é fácil, a idealização do outro é enorme, o outro é muito construído. Mas, quando estas relações saem para o offline, estão sujeitas exactamente às mesmas vicissitudes do que todas as outras", avisa.
Somos mais exigentes
A socióloga Anália Torres, autora do livro Divórcio em Portugal, Ditos e Interditos - uma análise sociológica confirma que, por cá, o divórcio tem assumido novos contornos. Mas não os associa directamente à intervenção da Internet na vida dos casais. "As redes sociais são uma maneira de encontrar pessoas, mas não pode ser estabelecida uma relação de causalidade [entre elas e o aumento de divórcios em Portugal]. É verdade que há mais meios para as pessoas encontrarem outras sem saírem de casa, mas não se pode dizer que uma coisa [as redes sociais] produziu a outra [o aumento de divórcio]. Há, sim, maior facilidade de encontros."
O que se passou em Portugal, defende a socióloga, é que um conjunto de factores muito diversos levou a que "as pessoas cada vez menos tolerem estar em relações conjugais de mal-estar permanente", diz. Este aumento de exigência, associado à legalização do divórcio, no período pós-25 de Abril, e ao facto de as pessoas (sobretudo as mulheres) estarem "cada vez menos dependentes do casamento como modo de vida" são as principais razões para os portugueses se divorciarem mais, defende Anália Torres. O número de divórcios duplicou de 1990 para o ano 2000, mantendo uma tendência crescente, ainda que mais moderada, desde essa altura.
Pelo escritório de Maria Filomena Neto, nunca passou nenhum caso de divórcio sustentado nas redes sociais. Nem sequer um caso em que as informações partilhadas em redes como o Facebook, o Hi5, o Twitter ou o MySpace fossem utilizadas como provas em processos litigiosos. Mas esta não é uma preocupação alheia à advogada. "Já disse a dois clientes que se utilizarem as redes sociais estejam absolutamente seguros que o que lá colocam pode ser visto por toda a gente. O problema com estas redes é a falsa sensação de segurança que criam. É muito mais fácil, através destes meios, as pessoas fazerem confidências ao interlocutor, esquecendo-se de que o interlocutor é o mundo", diz.
Recentemente, a agência noticiosa Reuters revelou que a American Academy of Matrimonial Lawyers (Associação dos Advogados Matrimoniais) avisara que, nos últimos cinco anos, houve um aumento da utilização de dados colocados nas redes sociais em processos de litígio de casais - especialmente em casos que envolvem a custódia dos filhos. "Um processo de divórcio implica níveis elevados de escrutínio pessoal. Se se publica um post com informações que contradigam declarações ou promessas feitas previamente, o membro do casal que está a ser enganado será, certamente, uma das primeiras pessoas a reparar e a usar esses dados como prova", explicou a presidente da associação, Marlene Eskind Moses, à Reuters. No topo das redes sociais às quais os advogados norte-americanos recorrem, em busca de provas, surge, de novo, o Facebook, seguido do MySpace e do Hi5.
Por isso, o aviso que Kenneth Altshuler, vice-presidente daquela associação norte-americana, faz aos clientes é ainda mais veemente do que o de Maria Filomena Neto. "O meu primeiro conselho para os meus clientes é: encerrem a vossa página de Facebook", diz, citado pela Reuters. Altshuler cita exemplos que justificam a preocupação: o caso de uma mulher que lutava pela custódia do filho e que dissera, em tribunal, que estava comprometida, escrevendo, depois, na página pessoal do Facebook, que acabara de se separar de um namorado que a maltratava e que andava agora em busca de um homem rico. Ou o de um homem, também a lutar pela custódia de um filho, que dissera ser um ex-alcoólico e fora confrontado com fotografias suas, colocadas no Facebook, em que aparecia a beber numa festa do escritório. "Os juízes perdoam falhas humanas, mas não mentiras", disse o advogado.
As cinco regras
Por cá, os portugueses correm o mesmo risco de verem os textos ou fotografias colocados nas redes sociais expostos em processos judiciais de divórcio. Guilherme Oliveira, especialista em Direito da Família, diz que ainda "não há muita experiência" nestes casos, a nível nacional, mas admite que a utilização deste tipo de provas possa ser aceite por um juiz. "Uma rede social, mesmo que seja um espaço relativamente fechado, a que se acede por convite, não é tão fechado como uma carta. E a verdade é que em processos de divórcio a tendência é que as provas tenham sempre alguma dose de violação da intimidade da vida privada. Todos os argumentos avaliados em tribunal são coisas discretas ou secretas", justifica. Por isso, acrescenta: "Admito que esse tipo de prova seja valorado pelo tribunal."
Nos Estados Unidos, onde o fenómeno parece estar já amplamente instalado, um blogue nova-iorquino sobre divórcios, o New York Divorce Report, publicou já um conjunto de cinco regras para quem usa redes sociais e está em processo de divórcio. A saber: não se gabe (se diz a um juiz que não tem dinheiro, não pode depois gabar-se no Facebook das compras extravagantes que fez); não coloque online referências a qualquer tipo de festas (na altura de decidir a custódia das crianças, um juiz não simpatizará muito com quem aparece alcoolizado na Net); tenha cuidado com as amizades que aceita na sua rede social (diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és, lá diz o ditado); mantenha os detalhes do divórcio na esfera privada; não "desamigue" (as pessoas precisam de tempo para se ajustar, e retirar da lista de amizades, por exemplo, os ex-sogros pode causar problemas).
publico
domingo, 4 de abril de 2010
Mosteiro de Santa Clara-a-Velha distinguido com o prémio Europa Nostra 2010
Dotado de um centro interpretativo, o monumento medieval reabriu no final de Abril de 2009, após uma profunda intervenção de conservação e restauro que durou 14 anos, estando próximo de atingir os 50 000 visitantes.
A candidatura ao galardão Europa Nostra 2010, entregue em Outubro de 2009, resultou de uma concertação de esforços com a Direcção Regional de Cultura do Centro e compreendeu informação técnica e científica sustentada num conjunto de plantas, fotografias e outros documentos.
O prémio distingue os melhores projectos de salvaguarda do património nas áreas da arquitectura, paisagem, arqueologia e arte.
A candidatura ao galardão Europa Nostra 2010, entregue em Outubro de 2009, resultou de uma concertação de esforços com a Direcção Regional de Cultura do Centro e compreendeu informação técnica e científica sustentada num conjunto de plantas, fotografias e outros documentos.
O prémio distingue os melhores projectos de salvaguarda do património nas áreas da arquitectura, paisagem, arqueologia e arte.
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