terça-feira, 6 de julho de 2010

Mário Machado implica familiares de Sócrates em Julgamento

O juiz Manuel Rodrigues, do tribunal de Loures, vai enviar para a Procuradoria Geral da República os documentos originais, que Mário Machado garante ter na sua posse, com o que podem ser transferências e movimentações de offshore feitas por familiares do primeiro-ministro.

Ontem, no Tribunal de Loures, na que se espera ter sido a última sessão de julgamento antes das alegações finais, vários arguidos, entre os quais o militante nacionalista Mário Machado, vieram dizer que estavam a ser prejudicados no processo por terem publicado na internet documentos que, segundo Mário Machado, reflectem movimentações bancárias de familiares de José Sócrates nos offshore das ilhas Caimão e Gibraltar. Um dos arguidos neste processo - são acusados de ofensas corporais, extorsão, rapto e sequestro -, Rui Dias, que já se tinha apresentado como professor universitário e perito em finanças, disse que os documentos a que tiveram acesso mostram que há desvios de dinheiro acima dos 150 milhões de euros e, por os terem na sua posse (ele e outros arguidos), foram prejudicados na investigação do processo em que estão a ser julgados. Rui Dias considerou muito estranho que o director da Unidade Nacional Contra o Terrorismo da Polícia Judiciária (PJ) tenha estado presente em diligências do processo e, mais tarde, tenha vindo explicar ao país os perigosos elementos que eles constituíam.

Uma das testemunhas veio ontem a tribunal dizer que no decorrer de uma diligência verificou que os agentes da PJ estavam à procura de documentos e, mais tarde, explicou, relacionou essa procura com o referido dossier financeiro. Acrescentou que "quem se mete com o PS leva". O juiz Manuel Rodrigues respondeu, comentando que "não é bem quem se mete com o PS que leva... depende da orientação sexual".

Já depois de alguns arguidos terem feito as suas declarações finais, enquanto a juíza presidente do colectivo, Susana Fontinha, insistia que o dossier financeiro não explicava os crimes de que os acusados são suspeitos, o juiz Manuel Rodrigues garantiu em audiência que iria pedir a Mário Machado que trouxesse os originais dos documentos que disse possuir, para os entregar à PGR.

Assim, deste julgamento que acusa oito arguidos de sequestrarem e roubarem alegados traficantes de droga, deve ser extraída uma certidão para a Procuradoria e deverá ser aberto um inquérito.

Durante a sessão de hoje uma das testemunhas que teria, segundo a PJ, sido ameaçada por elementos ligados aos arguidos, não confirmou em tribunal essas ameaças. Todavia, o agente da PJ que teve o caso a seu cargo, insistiu no que anteriormente tinha dito sobre as pressões, mas disse ao tribunal que entendia que a testemunha estivesse com receio da sua própria vida e, por isso, não falasse nas ameaças.

O julgamento deverá terminar no próximo dia 9 de Julho com as alegações finais do Ministério Público e dos defensores dos arguidos.
ionline

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