O cabeça de lista do Bloco de Esquerda (BE) às eleições europeias, Miguel Portas, acusou terça-feira o primeiro-ministro, José Sócrates, de «provincianismo», por apoiar a recandidatura de Durão Barroso para presidente da Comissão Europeia «porque é português».
«Há uma mistura de europeísmo para fora e de provincianismo para dentro que atacou o primeiro-ministro e que não permite discutir aquilo que tem de ser discutido, que é política e não propriamente a nacionalidade de um presidente da Comissão Europeia», disse Miguel Portas.
Segundo o eurodeputado, que falava aos jornalistas em Beja, no final de um jantar com militantes do BE, «não adianta nada ter um discurso europeu da boca para fora e, depois, à primeira questão séria que se coloca, José Sócrates achar que a razão porque Durão Barroso deve estar na Presidência da Comissão Europeia é porque é português».
«Como se o facto de ser português fosse, por si só, um atributo que o dispensaria de ter boas ou más políticas», referiu Miguel Portas, argumentando que «não é por Durão Barroso ser português que ele é, obrigatoriamente, um bom presidente da Comissão Europeia». «Aliás, foi um péssimo primeiro-ministro em Portugal. Porque é que haveria de ser um bom presidente da Comissão Europeia? Só mesmo José Sócrates é capaz de pensar nisso», disse Miguel Portas.
José Sócrates afirmou na passada quinta-feira que apoiará a recandidatura de Durão Barroso para presidente da Comissão e «manterá a sua posição» mesmo que o Partido Socialista Europeu (PSE) vença as eleições europeias.
Os rostos da crise na Europa e em Portugal
Na sua intervenção no final do jantar, centrada na crise, Miguel Portas acusou Durão Barroso e José Sócrates de serem, respectivamente, os «rostos da crise» na Europa e em Portugal.
«Foram as políticas liberais e foi esta forma de a política se ter ajoelhado face à finança nos últimos anos que fazem com que Durão Barroso seja o rosto da crise na Europa», justificou Miguel Portas, referindo que «José Sócrates é o rosto da crise em Portugal».
«Só sairemos desta crise com a Europa e não contra ou sem a Europa», defendeu Miguel Portas, propondo «reformar os responsáveis políticos que temos tido» como «a primeira reforma» para «resolver a crise» em Portugal.
Por outro lado, acrescentou, «é absolutamente urgente e indispensável juntar forças, sociais e políticas, votos e capacidade de intervenção social à esquerda da governação».
«Porque o grande problema que temos tido com esta governação é que é uma governação de bloco central, muito mais preocupada em defender quem tem poder do que em dar poder a quem não tem força», afirmou Miguel Portas.
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