Na sua tradicional linguagem contundente, o regime comunista de Pyongyang garantiu que "nunca mais" participará em negociações sobre o seu programa nuclear, devido ao "insulto intolerável" que constituíram as crítica do Conselho de Segurança das Nações Unidas ao lançamento, na passada semana, de um míssil de longo alcance norte-coreano , que este país insiste tratar-se de um satélite.
Juntando as palavras aos actos, Pyongyang anunciou a suspensão de toda e qualquer cooperação com a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) e vai reactivar todas as componentes do seu programa militar nuclear.
Se esta foi a reacção a uma mera declaração do Conselho de Segurança da ONU, o que seria se este órgão tivesse aprovado uma resolução - o que não sucedeu devido às reticências dos tradicionais aliados de Pyongyang: a China e a Rússia.
Em Setembro de 2008, a Coreia do Norte emitira sinais de que não tencionava cumprir o acordado em 2007, no âmbito das negociações a seis - EUA, China, Rússia, Japão e as duas Coreias - e proceder à neutralização do seu programa nuclear. Em 2007, recebera importante ajuda energética, o desbloqueamento de verbas retidas em bancos internacionais, com os EUA a deixarem em aberto a possibilidade de estabelecerem relações diplomáticas com o regime de Kim Jong-il.
Este, que reapareceu em público na passada semana em mais de um ano, é dado como estando por detrás desta - mais uma - inflexão na estratégia norte-coreana. Kim Jong-il estaria a consolidar a sua posição e, em especial, a abrir caminho para a futura transferência de poder para o filho, Kim Jong-il,mostrando que a estratégia do passado continua a ser útil hoje para a sobrevivência do regime.
Nos cálculos de Pyongyang tem compensado sempre esta opção. As sanções acabam por nunca ser relevantes, em parte pelas limitações impostas por Rússia e China, enquanto membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU e, por outro lado, pela falta de controlo internacional. Um facto que traduz esta apatia é dado pelo número de países que, até final de 2008, tinham informado a ONU dos passos dados na aplicação das sanções de 2006 contra Pyongyang. O número daqueles era de 73 - apenas um terço dos membros daquela organização.
Com os actos de ontem, Pyongyang abriu novo ciclo de sanções, a que se seguirão negociações e um outro acordo, em que a Coreia do Norte receberá mais alguns "incentivos" por ter voltado à mesa das negociações. "Incentivos" que ajudam o regime a sobreviver.
dn
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