terça-feira, 14 de abril de 2009

Cidade do Porto á noite

Amigos cento e dez, e talvez mais
Eu já contei! Vaidades que eu sentia!
Pensei que sobre a terra não havia
Mais ditoso mortal entre os mortais.
Amigos cento e dez, tão serviçais,
Tão zelosos das leis da cortesia,
que eu já farto de os ver,
me escapulia,Ás suas curvaturas vertebrais.
Um dia adoecia profundamente,Ceguei.
Dos cento e dez, houve um somente
Que não desfez os laços quase rotos.
-Que vamos nós (diziam) lá fazer?
Se ele está cego, não nos pode ver…
-Que cento e nove impávidos marotos!
Camilo Castelo Branco

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