Há precisamente 20 anos, com a chegada da Primavera de 1989, era editado 'Stone Roses', álbum de estreia da banda com o mesmo nome que não só foi eleito um dos melhores discos pop dos anos 80, como chamou atenções para a cidade de Manchester, de onde provinham. Juntamente com conterrâneos seus como os Inspiral Carpets ou Happy Mondays, os Stone Roses ajudaram a definir o último grande movimento musical que a música pop de origem britânica nos deu nos anos 80
Não há mês na história da música popular em que se não fale de "revolução". Não das que, com armas e ideologia, mudam o rumo político de um país. Mas daquelas que, com novos ingredientes, ou cruzando soluções antigas de forma inovadora, abrem caminho a novos rumos. Foi o que aconteceu em 1989, ali à porta dos anos 90. Como cenário princi-pal teve a cidade de Manchester, no Reino Unido. E como protagonistas maiores (num elenco onde devemos apontar várias outras bandas), os Stone Roses, cujo álbum de estreia foi editado há precisamente 20 anos.
À beira dos anos 90, a pop procurava adivinhar o som que se seguia. A explosão de acontecimentos que, entre 1987 e 88, levara a música de dança das pistas das discotecas para as rádios e para as tabelas de vendas de discos deixara no ar a sugestão de que estava chegada a hora de convidar, de novo, a cultura rock'n'roll a um tempo de festa.
Manchester, como outras capitais de agitação pop/ rock numa Europa que acolhera o florescer da cultura rave, respondeu à sua maneira. Na verdade, os New Order já ali ensaiavam esses diálogos entre a canção pop e a música de dança desde inícios de 80. A Hacienda, discoteca ligada à Factory Records, era um importante palco de exposição ao que de novo os DJ rodavam nos gira-discos...
Bandas locais, como os Inspiral Carpets ou Happy Mondays, já reflectiam esta procura de festa dançante em clima rock'n'roll desde há algum tempo. Contudo, e apesar da enorme visibilidade que tiveram pouco tempo depois, já nos primeiros anos de 90, os verdadeiros líderes da nova mensagem foram os Stone Roses. Já editavam singles desde 1985. Encantaram tudo e todos ao som dançante de Fools Gold, single editado em 1989. Mas no mesmo ano entraram para a história dos autores dos melhores discos de estreia de todos os tempos com um álbum onde se inventava o futuro através de uma inteligente revisitação de memórias. Em concreto, juntando a nova atitude luminosa, festiva e despreocupada a um reencontro com tradições antigas da pop britânica, recordando os dias do rock psicadélico, em finais dos anos 60.
O disco de estreia dos Stone Roses foi lançado por alturas da chegada da Primavera de 1989. Não foi o que mais ostensivamente contribuiu para o cruzar de ingredientes que gerou o som "Madcherster" (ver ao lado) que então ganhou adeptos à escala global. Mas foi a banda sonora de referência para uma atitude que definiu a forma como a pop e os seus seguidores entraram então nos anos 90.
Roupas largas, chapéus de abas, o gosto pela festa, foram imagem de marca que os admiradores da banda adoptaram. Ficaram hinos, como Made Of Stone ou She Bangs The Drums... Toda uma aclamação que mesmo assim não salvou o desmoronar de uma carreira que, na verdade, não teve outro episódio deste calibre. E que nos daria apenas um segundo álbum em 1994, uma sombra deste disco editado há 20 anos.
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