«A gente sabe que há desmandos. Para curar alguém não é preciso tirar órgãos humanos, isso é feitiçaria e isso é comum na nossa comunidade», disse hoje à Lusa Aurélio Morais, curandeiro e membro do Conselho Científico de Etnobotânica de Moçambique.
Esta semana, na província de Manica, centro de Moçambique, foram presas cinco pessoas indiciadas no assassinato de quatro mulheres para lhe tirarem os órgãos genitais, que seriam usados depois em «práticas obscuras» por um curandeiro, também preso.
Aurélio Morais, que já foi vice-presidente e porta-voz da AMETRAMO, Associação dos Médicos Tradicionais de Moçambique, que agrega mais se sete mil curandeiros de todo o país, disse à Lusa que não conhece o detido em questão mas admite que «há médicos que não são formados e que criam esses desmandos», frisando depois que «o caso de Manica não é um caso isolado».
Os médicos tradicionais, acrescentou, curam as doenças através de plantas e ervas medicinais (existentes em abundância em todo o pais, disse), e sempre lamentam quando «um dos colegas» é associado a práticas de feitiçaria, porque «ninguém tem o direito de tirar a vida a ninguém».
A medicina tradicional é reconhecida pelo governo moçambicano mas «não existe uma lei que sancione os médicos tradicionais que praticam esse tipo de acção», disse, referindo-se a casos de práticas usando órgãos humanos.
iol
Sem comentários:
Enviar um comentário