segunda-feira, 9 de novembro de 2009

E se de repente alguém lhe oferecer champô contra o H1N1?


Se houvesse um remédio 100% eficaz para evitar, diagnosticar e curar a gripe A, qual a fórmula e apresentação que mais lhe conviria? Champô? Está à venda na internet. Comprimidos vitamínicos? Existem em centenas de sites. Chá? Vende-se aos litros. O único problema é que, apesar de serem de fácil alcance, nenhum destes produtos está autorizado ou é eficaz. Nem os testes de despiste caseiro em menos de 24 horas, nem as soluções anti-sépticas profissionais para lavar qualquer réstia de vírus, nem os suplementos alimentares em barras para fortalecer as defesas das crianças. A lista de produtos contrafeitos ou enganosos está a aumentar à mesma velocidade que a pandemia provocada pelo H1N1. E é tão extensa que a agência americana para o medicamento (Food and Drug Administration, FDA) lançou uma campanha de informação online para ajudar os consumidores a não se deixarem enganar no meio de tanta publicidade.

No site www.fda.gov, o organismo enumera uma lista de lojas online a evitar, mas lembra que não é exaustiva. E exemplifica o perigo de adquirir estes produtos. Em Outubro, os peritos decidiram encomendar alguns e analisar a sua composição, entre os quais vários apresentados como Tamiflu - o único antivírus eficaz para o tratamento do H1N1, a par do Relenza, mas que exige receita médica e é apenas indicado para os casos mais graves. "Uma dessas compras online resultaram na entrega de um envelope proveniente da Índia. Dentro dele, cápsulas brancas embaladas em dois pedaços de papel. Ao serem analisadas, percebemos que continham talco e acetaminofen - um princípio activo de medicamentos para as dores e febre. Não tinham era oseltamivir, o princípio activo do Tamiflu", refere um comunicado da FDA.
Alguns processos foram instaurados, mas as autoridades enfrentam dificuldades na tarefa de controlar o que se vende na net. Por isso, apostam na informação aos potenciais compradores. Muitos produtos enumerados desapareceram após a identificação. Mas surgem novos todos os dias, cada vez mais rebuscados. Há lojas online que disponibilizam sprays que deixam "um risco de prata iónica na mão do utilizador e impedem a entrada do vírus". Há aparelhos eléctricos que geram "energia fotobiótica" e "produzem uma megafrequência que faz penetrar de forma profunda ondas de energia e vida" para reforçar o sistema imunitário e prevenir sintomas associados à infecção pelo H1N1. Há filtros para a água, luvas, supermáscaras de protecção e medicamentos contrafeitos cuja composição ninguém sabe qual é.
Em Portugal, o Infarmed não tem disponível uma lista destes sites actualizada para a gripe A. Mas a campanha "Não confie na sorte, confie no Infarmed", lançada há um ano, tem tentado contrariar o aumento das vendas neste mercado. A Autoridade Nacional do Medicamento lembra que mais de 50% dos medicamentos vendidos na net são contrafeitos. E apenas as farmácias referidas no site www.infarmed.pt oferecem garantias de segurança.

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