Michael Green sucede a Stephen Hawking na posição de Lucasian Professor of Mathematics da Universidade de Cambridge, que estava aberta desde o dia 30 de Setembro de 2009.
O Professor Michael Green é um pioneiro no estudo das cordas quânticas, cordas extremamente pequenas, com cerca de 10^(-35) metros, e que quando fechadas tem a surpreendente propriedade de potencialmente unificar todas as forças da natureza. Desde 1993, o Professor Green detinha a posição de Professor John Humphrey Plummer de Física Teórica em Cambridge.
Em 1984, o Professor Green protagonizou com o seu colaborador de longa data, o Professor John Schwarz do Caltech, a chamada "primeira revolução da teoria das cordas" ao conseguir uma demonstração matemática de que é possível compatibilizar a física que descreve a gravitação com a que usamos para representar as restantes forças. Concretamente, eles demonstraram que uma classe de grandezas infinitas, denominadas anomalias de calibre, presentes em teorias que são generalizações das teorias que descrevem as interacções electromagnéticas, fracas e fortes (teorias de calibre não-abelianas) com simetrias bem definidas (SO(32) ou E8 X E8) cancelavam exactamente uma classe semelhante de anomalias presentes em versões quânticas da gravitação. Grandezas infinitas são encontradas com frequência em teoria quântica dos campos, embora no contexto destas há um procedimento bem definido para o cancelamento destes infinitos. Numa teoria quântica da gravitação estes cancelamentos não são possíveis e a teoria resultante é inconsistente física e matematicamente. A descoberta de Green e Schwarz é revolucionária, pois demonstra concretamente, que as teorias de calibre e da gravitação não podem ser tratadas separadamente, contrariando uma metodologia que era utilizada há décadas. E como bónus, a simetria da teoria unificada fica reduzida a somente duas possibilidades! Este era outro problema fundamental, pois durante muitos anos os físicos de partículas debateram sobre quais simetrias mais apropriados para a unificação das interacções electromagnética, fraca e forte. A descoberta de Green e Schwarz indicava quais as simetrias possíveis e mostrava como incluir a gravitação no esquema! Em 1985, o autor desta nota teve o privilégio de assistir a um conjunto excitante de aulas sobre cordas quânticas dadas pelo Professor Michael Green numa escola de primavera do Centro Internacional de Física Teórica em Trieste na Itália.
A descoberta de Green e Schwarz, frequentemente designada por mecanismo de Green-Schwarz, deu origem a uma intensa actividade de investigação em torno das cordas quânticas que, dadas as suas características, pareciam tornar possível o sonho de unificar todas as interacções fundamentais da natureza e conciliar a mecânica quântica com a descrição métrica da gravitação, segundo desenvolvida por Einstein na sua teoria de relatividade geral. Muitos físicos teóricos acreditam que a teoria das cordas quânticas ainda poderá cumprir este desígnio, apesar de se ter tornado claro que há ainda inúmeras questões fundamentais por resolver.
O Professor Michael Green é também co-autor juntamente com John Scharwz e Edward Witten, dum livro texto fundamental sobre a teoria das cordas, "Superstring theory", em dois volumes e publicado em 1987.
É interessante salientar, relativamente à posição de Lucasian Professor of Mathematics, que se a investigação de Stephen Hawking, por se centrar na gravitação e na cosmologia, estava mais alinhada com a de Newton, ao passo que a do Professor Michael Green está mais próxima da investigação realizada pelo homem que antecedeu Stephen Hawking na posição de Lucasian Professor, Paul Dirac. Paul Dirac deu contribuições fundamentais para o desenvolvimento da mecânica quântica, para a teoria quântica de campos e previu a existência das anti-partículas, partículas que têm a mesma massa, mas carga eléctrica oposta à das partículas a que estão associadas.
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