segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Ler bem o rótulo antes de escolher um curso superior

Um aluno universitário é um consumidor como outro qualquer. Antes de escolher o percurso académico tem direito a ser informado sobre tudo o que o seu curso tem para oferecer. Desde o número de aulas que deverá ter até ao grau de empregabilidade, passando pelos custos que a licenciatura envolve, tudo tem de estar discriminado na hora do estudante decidir. Esta é a nova condição que o governo inglês quer oferecer a todos os candidatos. O ministro das Universidades, Peter Mandelson, apresenta amanhã o novo plano que define as prioridades para o ensino superior.
Que saídas profissionais, quem faz parte do corpo docente ou que salários são praticados no mercado de trabalho são algumas das propostas que Mandelson quer introduzir no novo sistema de acesso às instituições de ensino público e privado. As medidas surgem numa altura em que as universidades pressionam o governo de Gordon Brown para subir os encargos financeiros exigidos aos alunos. O executivo do Partido Trabalhista, aliás, já deu indicações claras de que tanto as universidades como os estudantes terão de pagar mais para leccionar ou frequentar o ensino superior.
Como contrapartida, o governo pretende que as universidades ofereçam melhores condições de acesso ao candidato. Na hora de escolher um curso, o estudante deverá ter uma lista de informação adicional em que seja possível conhecer com detalhe as cadeiras incluídas na licenciatura, o número de horas de aulas a serem dadas pelos professores ou os métodos de ensino a que vai estar sujeito. Determinar com que frequência cada aluno irá beneficiar de seminários e colóquios, informar sobre o número de horas de trabalho individual que cada curso implica e saber com que frequência vão ser avaliados são outras indicações que os institutos devem esclarecer quando lançam os novos cursos.
As obrigações das universidades perante o aluno não se esgotam com o fim do curso. Estatísticas sobre o desemprego e empregabilidade deverão ser facultadas de seis em seis meses e durante os três primeiros anos após concluírem a licenciatura. O que falta ainda saber é como pretende o governo implementar este sistema de acesso ao ensino superior. Centralizar a informação de todas as universidades num website é uma das hipóteses levantadas pelo ministro Peter Mandelson, mas ainda nenhuma decisão foi tomada pelo governo inglês.
O plano pretende ser uma resposta ao descontentamento generalizado dos estudantes universitários que protestam contra os cerca de 3600 euros desembolsados por ano para frequentar um curso superior e que dizem não ter retorno no momento de entrar no mercado de trabalho. Em Portugal, as universidades públicas estabelecem como máximo 920 euros de propinas anuais. O Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior divulga todos os anos o estudo sobre empregabilidade dos cursos, uma medida criada em 2005 que visa combater o desemprego de longa duração entre jovens licenciados.

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