O esboço da disposição à volta da mesa dos participantes da reunião secreta entre responsáveis das estruturas legais e clandestinas do movimento revolucionário, a 29 de Setembro de 1910, é um dos documentos inéditos reunidos no livro ‘A Maçonaria e a Implantação da República’, a apresentar hoje, ao final da tarde, na Fundação Mário Soares, em Lisboa.
Desconhece-se contudo o que foi decidido no encontro. Nunca se saberá se as deliberações estavam nos papéis que o médico psiquiatra Miguel Bombarda queimou logo após ser ferido por quatro tiros disparados por um tenente de Infantaria e seu antigo doente mental, na manhã do dia 3 de Outubro 1910. O revolucionário que estaria encarregue da coordenação das acções civis faleceu naquele mesmo dia, mas a República venceu, faz amanhã 99 anos.
O ano centenário da República em Portugal deverá divulgar muitos aspectos inéditos da sua história mal conhecida. O livro, editado em parceria pela Fundação Mário Soares e o Grémio Lusitano, constitui um primeiro passo a par da exposição ‘Quem fez a República’, que será inaugurada na sede da Fundação Mário Soares, em São Bento, Lisboa, e se destina a fazer itinerância pelo País a partir de Janeiro de 2010.
Os documentos inéditos do livro prefaciado conjuntamente por Mário Soares e António Reis, grão--mestre do Grande Oriente Lusitano, foram reunidos e anotados por Simões Raposo Júnior, que os manteve durante muitos anos resguardados fora de Lisboa. Foi ele quem fez o esboço da reunião realizada na sede do Directório do Partido Republicano Português.
Pela localização feita no documento (2º andar do prédio de esquina da rua Serpa Pinto com o largo de S. Carlos, “duas últimas sacadas”), identifica-se o prédio onde no 4º andar nascera a 13 de Junho de 1888 o poeta Fernando Pessoa e, actualmente, é inteiramente ocupado pela sociedade ABBC Advogados, de Azevedo Neves, Benjamim Mendes, Bessa Monteiro, Carvalho & Associados.
De antes da reunião para planear a revolução data o concertar dos grupos revolucionários. Machado dos Santos e António Maria da Silva, ambos presentes na reunião, eram elementos da Carbonária e também membros da comissão de resistência da maçonaria. Significativas são ainda as cartas de apoio à República que aparecem no livro como respostas das lojas maçónicas a uma circular secreta enviada a toda a estrutura em Junho de 1910.
.No caso português, entre os limites materiais das revisões constitucionais, encontra-se “a forma republicana de Governo”. Consta que alguns monárquicos sustentam a necessidade de remover esse limite, para depois se poder organizar um referendo que decida se os portugueses pretendem viver sob a égide de uma monarquia ou continuar sob uma república.
Se dissermos isto de uma outra maneira, fica claro que, no plano dos valores democráticos, a monarquia e a república não se equivalem. De facto, numa república nós escolhemos o Chefe de Estado periodicamente, o que significa que não só podemos mudá-lo de tantos em tantos anos, como asseguramos que os vindouros o possam continuar a fazer. Numa Monarquia somos condenados a ter como Chefe de Estado uma determinada pessoa, por mero facto de nascimento no seio de uma determinada família, sem possibilidade de a remover numa consulta popular livre. Pode-nos sair na rifa um génio ou um idiota, um autoritário ou um livre pensador. Pode-nos sair na rifa alguém que esteja em consonância com as opções maioritárias do povo ou que esteja contra elas.
O Grande Zoo: A República como superação da Monarquia
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1 comentário:
Maçonaria e,outras associaçoes clandestias...não passam de esconderijo medroso,camuflado.
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