quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
A última viagem do Expresso do Oriente
A crise chega a todos, mesmo aos mitos aparentemente inabaláveis. Aquele que foi o comboio mais famoso e luxuoso do mundo durante 127 anos fez a sua última viagem completa no dia 14 de Dezembro.
O Expresso do Oriente unia Paris e Istambul através dos Balcãs. Foi palco de um dos crimes de Agatha Christie e inspirou muitas outras obras literárias como o “Drácula” de Bram Stoker e “Da Rússia com Amor”, de Ian Fleming.
Dia 4 de Outubro de 1883, a companhia inaugurou o então baptizado Express d'Orient. Na época, o comboio saía duas vezes por semana da estação Gare de l'Est, em Paris, e terminava na cidade de Giurgiu, na Roménia, passando por Estrasburgo, Munique, Viena, Budapeste e Bucareste.
Desde a sua inauguração em 1883 até hoje, a sua rota foi várias vezes alterada, seja por logística ou por questões políticas.
A viagem entre Veneza e Istambul vai continuar a funcionar, reservada como serviço de luxo com um custo de 5670 euros por pessoa. A proprietária da linha Paris-Viena, Euro Night Rail Services reconheceu que “os voos baratos e os comboios de alta velocidade obrigaram ao fim da rota.”
Os mistérios e histórias vividas no luxuoso comboio podem ainda ser recordados em exposições de objectos da primeira viagem.
O Expresso do Oriente unia Paris e Istambul através dos Balcãs. Foi palco de um dos crimes de Agatha Christie e inspirou muitas outras obras literárias como o “Drácula” de Bram Stoker e “Da Rússia com Amor”, de Ian Fleming.
Dia 4 de Outubro de 1883, a companhia inaugurou o então baptizado Express d'Orient. Na época, o comboio saía duas vezes por semana da estação Gare de l'Est, em Paris, e terminava na cidade de Giurgiu, na Roménia, passando por Estrasburgo, Munique, Viena, Budapeste e Bucareste.
Desde a sua inauguração em 1883 até hoje, a sua rota foi várias vezes alterada, seja por logística ou por questões políticas.
A viagem entre Veneza e Istambul vai continuar a funcionar, reservada como serviço de luxo com um custo de 5670 euros por pessoa. A proprietária da linha Paris-Viena, Euro Night Rail Services reconheceu que “os voos baratos e os comboios de alta velocidade obrigaram ao fim da rota.”
Os mistérios e histórias vividas no luxuoso comboio podem ainda ser recordados em exposições de objectos da primeira viagem.
domingo, 27 de dezembro de 2009
The Washington Ballet
O mundo da dança clássica, vulgarmente conhecida por ballet, é um mundo estranho e fascinante. Requer capacidades físicas aberrantes e quase sobre-humanas; utiliza poses forçadas e atitudes artificiais; é demasiado rígido e controlado para poder ser apelidado de "expressão corporal"; e, no entanto, no extremo destas qualidades apresenta a graça e a poesia de um conto de fadas. Captar em fotografias - imagens paradas - toda a beleza e magia desta arte do movimento humano não é tarefa fácil mas Cade Martin conseguiu-o de forma soberba no livro que comemora o décimo aniversário da companhia de dança "The Washington Ballet" (TWB). Chama-se muito apropriadamente Wonderland.
As fotografias que recheiam o livro são magníficas e tecnicamente irrepreensíveis. Ilustram os grandes sucessos da companhia - Peter Pan, O Quebra-nozes, A sagração da Primavera, etc. mas também nos dão algumas imagens encenadas e muito humorísticas, além de outras que nos mostram os membros da companhia mais de perto na sua actividade de bastidores e que nos dão uma perspectiva bem real do que significa ser um bailarino profissional. Isso tudo encontramos em Wonderland.
As fotografias que recheiam o livro são magníficas e tecnicamente irrepreensíveis. Ilustram os grandes sucessos da companhia - Peter Pan, O Quebra-nozes, A sagração da Primavera, etc. mas também nos dão algumas imagens encenadas e muito humorísticas, além de outras que nos mostram os membros da companhia mais de perto na sua actividade de bastidores e que nos dão uma perspectiva bem real do que significa ser um bailarino profissional. Isso tudo encontramos em Wonderland.
Maravilha aterradora
O vulcão Mayon, perto de Cagsawa, a suil de Manila, nas Filipinas, continua a cuspir um rio de lava desde quarta-feira, proporcionando este espectáculo natural tão maravilhoso quanto aterrador. As colunas de cinza e fumo tornam a localidade impossível de habitar por estes dias. Fotografia: Romeo Ranoco/Reuters
sábado, 26 de dezembro de 2009
Cacau quente. Para aquecer no Inverno
Antes de serem inventadas as tabletes de chocolate, costumava beber-se cacau quente. O hábito começou em Espanha, onde as plantações de grãos de cacau do descobridor Hernán Cortés eram as maiores da Europa, e o costume depressa se expandiu. Hoje, todas as desculpas são boas para beber uma chávena de cacau quente. Mas já o eram no século XVI.
Cortés trouxe a receita do México, quando o imperador azteca Montezuma o apresentou ao "xocolatl", a primeira palavra para chocolate. Numa altura em que ainda não corriam os mitos de que o chocolate fazia borbulhas, acredita-se que o povo azteca bebia duas mil chávenas de chocolate por dia. Só 50 eram consumidas pelo próprio imperador. O chocolate era servido frio, com baunilha e outras especiarias e tinha um sabor diferente do actual cacau quente: era picante e mais amargo.
No século XVIII, as "Casas de Chocolate" londrinas começaram a competir com as "Casas de Café" e o cacau quente açucarado deixou de ser uma bebida aristocrática. Na Europa Ocidental e na América, a bebida tornou-se um sucesso e era usada para aliviar dores improváveis, como as de estômago.
Em 2003, um estudo da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, provou que o cacau quente ajuda a prevenir o cancro e reduz o risco de problemas cardíacos. Uma chávena contém o dobro dos antioxidantes da mesma quantidade de vinho ou chá verde. E, ao contrário do que se possa pensar, tem menos calorias do que uma tablete de chocolate.
São razões suficientes para ir aos dez sítios que recomendamos, ou para alimentar o velho cliché: um chávena fumegante de cacau em frente à lareira.
Xocoa. Chocolate quente portátil para passear e beber
A receita de chocolate quente da loja catalã já tem mais de cem anos. A marca surgiu em 1897 e já vai na quarta geração de donos. Em Lisboa, abriu a primeira loja em Maio e o chocolate quente espesso é o grande trunfo. “Vendemos em copos de papel para as pessoas poderem passear enquanto bebem”, diz o dono, Sérgio Felizardo.
Xocoa
Rua do Crucifixo, 112-114, Lisboa
Preço Copo pequeno: €1,25; Copo grande: €2,50; em pó para fazer em casa: €5,30
Horário das 10h00 às 20h00
Cacau com rum, pimenta, menta ou vinho do porto
A Rojoo tem a solução para quem já enjoou a tradicional receita de cacau quente: chocolate com sabores. Há chocolate quente de vinho do Porto, rum, pimenta ou menta para aquecer os paladares mais arrojados. “O chocolate quente é feito com barras de chocolate austríaco biológico”, explica Maria João Barros, dona da loja. Mas também há o clássico “chocolate espesso que se pode comer à colher”.
Rojoo
Rua de Santa Justa, 84, Lisboa
Preço Com sabores: €3,50; cacau quente tradicional: €2,95
Horário das 10h00 às 20h00
Uma receita à beira rio, à moda dos Açores
Ganhou fama nos Açores, chegou ao continente e lançou âncora no centro histórico do Porto. O Peter Café Sport está em plena Ribeira e, para lá de todas as bebidas próprias para marinheiros empedernidos, também tem chocolate quente. A vista é de cortar a respiração e a decoração é fantástica. Com o Douro a correr aos pés, agora livre dos aviõezinhos da Red Bull…
Peter Café Sport
Cais da Ribeira, 24, Porto
Preço €3
Horário das 10h às 00h00, quintas, sextas e sábados até às 2h00
Guarany. Um sítio clássico para uma proposta clássica
É um dos mais históricos cafés do Porto. Situado no coração da cidade, combina dois estilos arquitectónicos: traços antigos e um design mais moderno. Com o frio que se sente no Porto, beber um chocolate quente no Guarany e contemplar as magníficas pinturas que cobrem as paredes é sempre um bom programa.
Guarany
Avenida dos Aliados, 89/85, Porto
Preço €2,25 a chávena
Horário das 9h00 às 00h00
Receitas convencionais e exóticas
A Cacao Sampaka é ideal para todos os viciados em chocolate. A variedade é tanta que, na loja, até se vendem tabletes de chocolate com gin tónico. Em matéria de cacau quente também está bem apetrechada: além do cacau em pó para levar para casa, a cafetaria na loja das Amoreiras serve duas receitas desta bebida quente, uma tradicional e uma Azteca. A primeira leva canela e a mais exótica tem 80% de cacau e especiarias.
Cacao Sampaka
Centro Comercial Amoreiras
Preço Uma chávena: €3,50; em pó para fazer em casa: €7,95
Horário das 10h00 às 23h00
Praia da Luz. Caneca numa mão, um livro na outra
A Praia da Luz é uma das mais conhecidas da Foz. A sua esplanada tornou-se famosa e chegou mesmo a ser o centro da movida portuense. Mesmo em frente ao mar, quase sempre revolto por estas paragens, a Praia da Luz oferece o chocolate quente num ambiente de grande quietude. Com uma manta sobre os joelhos e um bom livro na mão está assegurado um dia sem grande stress.
Esplanada Praia da Luz
Praia da Luz, Av. Brasil, Porto
Preço €2,80
Horário das 9h00 às 2h00
Mais de 75 anos de chocolate quente para gulosos
Para quem gosta de chocolate, ir ao Porto e não ir à Arcádia é quase como ir a Roma e não ver o Papa. Há mais de 75 anos que esta marca faz as delícias de miúdos e graúdos. O novo espaço na Avenida da Boavista, para lá dos tradicionais e apetitosos bombons, também tem no menu o chocolate quente. O problema é que não será fácil ficar-se só pela bebida…
Arcádia - Casa do Chocolate
Avenida da Boavista, 1046, Porto
Preço mini copo: 1,20€; copo grande €1,80
Horário das 8h00 às 23h00
Receitas quentes para fazer em casa
Chocolate Quente de Canela
(receita da cozinheira Mafalda Pinto Leite)
Ingredientes
Duas chávenas de leite; dois paus de canela ou meia colher de chá de canela em pó; 50 g de chocolate preto cortado aos pedaços; uma colher de sopa de açúcar castanho; duas gotas de essência de baunilha; uma pimenta malagueta (opcional)
Preparação
Escalde o leite e a canela numa panela pequena em lume brando. Também pode juntar uma pimenta malagueta para dar um sabor mais exótico. Retire do lume, tape e espere dez minutos. Passe por um coador para retirar a canela. Volte a pôr o leite na panela ao lume. Junte o chocolate e o açúcar e bata até o chocolate derreter. Junte as gotas de baunilha e misture. Sirva em chávenas e use paus de canela como colheres.
Irish Coffee
(uma pessoa)
Ingredientes
Uma colher de chá de açúcar; café forte; 90 ml de uísque irlandês num copo de balão; uma colher de chantilly
Preparação
Misture o açúcar com o café e depois o uísque. Mexa e enquanto o café continua a girar, deite as natas lentamente num movimento circular. Deixe que se mantenham à superfície e não volte a mexer.
Glühwein
(receita alemã)
Ingredientes
Uma garrafa de vinho tinto; um limão; uma laranja; um pau de canela; cardamomo ou gengibre; três cravos-da-Índia; três colheres de sopa de açúcar
Preparação
Aqueça o vinho sem ferver. Junte limão e laranja em fatias. Adicione a canela, os cravos-da-índia, o açúcar e cardamomo ou gengibre. Aqueça tudo durante cinco minutos e espere uma hora. Antes de servir, reaqueça e coe. Sirva em canecas.
Cortés trouxe a receita do México, quando o imperador azteca Montezuma o apresentou ao "xocolatl", a primeira palavra para chocolate. Numa altura em que ainda não corriam os mitos de que o chocolate fazia borbulhas, acredita-se que o povo azteca bebia duas mil chávenas de chocolate por dia. Só 50 eram consumidas pelo próprio imperador. O chocolate era servido frio, com baunilha e outras especiarias e tinha um sabor diferente do actual cacau quente: era picante e mais amargo.
No século XVIII, as "Casas de Chocolate" londrinas começaram a competir com as "Casas de Café" e o cacau quente açucarado deixou de ser uma bebida aristocrática. Na Europa Ocidental e na América, a bebida tornou-se um sucesso e era usada para aliviar dores improváveis, como as de estômago.
Em 2003, um estudo da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, provou que o cacau quente ajuda a prevenir o cancro e reduz o risco de problemas cardíacos. Uma chávena contém o dobro dos antioxidantes da mesma quantidade de vinho ou chá verde. E, ao contrário do que se possa pensar, tem menos calorias do que uma tablete de chocolate.
São razões suficientes para ir aos dez sítios que recomendamos, ou para alimentar o velho cliché: um chávena fumegante de cacau em frente à lareira.
Xocoa. Chocolate quente portátil para passear e beber
A receita de chocolate quente da loja catalã já tem mais de cem anos. A marca surgiu em 1897 e já vai na quarta geração de donos. Em Lisboa, abriu a primeira loja em Maio e o chocolate quente espesso é o grande trunfo. “Vendemos em copos de papel para as pessoas poderem passear enquanto bebem”, diz o dono, Sérgio Felizardo.
Xocoa
Rua do Crucifixo, 112-114, Lisboa
Preço Copo pequeno: €1,25; Copo grande: €2,50; em pó para fazer em casa: €5,30
Horário das 10h00 às 20h00
Cacau com rum, pimenta, menta ou vinho do porto
A Rojoo tem a solução para quem já enjoou a tradicional receita de cacau quente: chocolate com sabores. Há chocolate quente de vinho do Porto, rum, pimenta ou menta para aquecer os paladares mais arrojados. “O chocolate quente é feito com barras de chocolate austríaco biológico”, explica Maria João Barros, dona da loja. Mas também há o clássico “chocolate espesso que se pode comer à colher”.
Rojoo
Rua de Santa Justa, 84, Lisboa
Preço Com sabores: €3,50; cacau quente tradicional: €2,95
Horário das 10h00 às 20h00
Uma receita à beira rio, à moda dos Açores
Ganhou fama nos Açores, chegou ao continente e lançou âncora no centro histórico do Porto. O Peter Café Sport está em plena Ribeira e, para lá de todas as bebidas próprias para marinheiros empedernidos, também tem chocolate quente. A vista é de cortar a respiração e a decoração é fantástica. Com o Douro a correr aos pés, agora livre dos aviõezinhos da Red Bull…
Peter Café Sport
Cais da Ribeira, 24, Porto
Preço €3
Horário das 10h às 00h00, quintas, sextas e sábados até às 2h00
Guarany. Um sítio clássico para uma proposta clássica
É um dos mais históricos cafés do Porto. Situado no coração da cidade, combina dois estilos arquitectónicos: traços antigos e um design mais moderno. Com o frio que se sente no Porto, beber um chocolate quente no Guarany e contemplar as magníficas pinturas que cobrem as paredes é sempre um bom programa.
Guarany
Avenida dos Aliados, 89/85, Porto
Preço €2,25 a chávena
Horário das 9h00 às 00h00
Receitas convencionais e exóticas
A Cacao Sampaka é ideal para todos os viciados em chocolate. A variedade é tanta que, na loja, até se vendem tabletes de chocolate com gin tónico. Em matéria de cacau quente também está bem apetrechada: além do cacau em pó para levar para casa, a cafetaria na loja das Amoreiras serve duas receitas desta bebida quente, uma tradicional e uma Azteca. A primeira leva canela e a mais exótica tem 80% de cacau e especiarias.
Cacao Sampaka
Centro Comercial Amoreiras
Preço Uma chávena: €3,50; em pó para fazer em casa: €7,95
Horário das 10h00 às 23h00
Praia da Luz. Caneca numa mão, um livro na outra
A Praia da Luz é uma das mais conhecidas da Foz. A sua esplanada tornou-se famosa e chegou mesmo a ser o centro da movida portuense. Mesmo em frente ao mar, quase sempre revolto por estas paragens, a Praia da Luz oferece o chocolate quente num ambiente de grande quietude. Com uma manta sobre os joelhos e um bom livro na mão está assegurado um dia sem grande stress.
Esplanada Praia da Luz
Praia da Luz, Av. Brasil, Porto
Preço €2,80
Horário das 9h00 às 2h00
Mais de 75 anos de chocolate quente para gulosos
Para quem gosta de chocolate, ir ao Porto e não ir à Arcádia é quase como ir a Roma e não ver o Papa. Há mais de 75 anos que esta marca faz as delícias de miúdos e graúdos. O novo espaço na Avenida da Boavista, para lá dos tradicionais e apetitosos bombons, também tem no menu o chocolate quente. O problema é que não será fácil ficar-se só pela bebida…
Arcádia - Casa do Chocolate
Avenida da Boavista, 1046, Porto
Preço mini copo: 1,20€; copo grande €1,80
Horário das 8h00 às 23h00
Receitas quentes para fazer em casa
Chocolate Quente de Canela
(receita da cozinheira Mafalda Pinto Leite)
Ingredientes
Duas chávenas de leite; dois paus de canela ou meia colher de chá de canela em pó; 50 g de chocolate preto cortado aos pedaços; uma colher de sopa de açúcar castanho; duas gotas de essência de baunilha; uma pimenta malagueta (opcional)
Preparação
Escalde o leite e a canela numa panela pequena em lume brando. Também pode juntar uma pimenta malagueta para dar um sabor mais exótico. Retire do lume, tape e espere dez minutos. Passe por um coador para retirar a canela. Volte a pôr o leite na panela ao lume. Junte o chocolate e o açúcar e bata até o chocolate derreter. Junte as gotas de baunilha e misture. Sirva em chávenas e use paus de canela como colheres.
Irish Coffee
(uma pessoa)
Ingredientes
Uma colher de chá de açúcar; café forte; 90 ml de uísque irlandês num copo de balão; uma colher de chantilly
Preparação
Misture o açúcar com o café e depois o uísque. Mexa e enquanto o café continua a girar, deite as natas lentamente num movimento circular. Deixe que se mantenham à superfície e não volte a mexer.
Glühwein
(receita alemã)
Ingredientes
Uma garrafa de vinho tinto; um limão; uma laranja; um pau de canela; cardamomo ou gengibre; três cravos-da-Índia; três colheres de sopa de açúcar
Preparação
Aqueça o vinho sem ferver. Junte limão e laranja em fatias. Adicione a canela, os cravos-da-índia, o açúcar e cardamomo ou gengibre. Aqueça tudo durante cinco minutos e espere uma hora. Antes de servir, reaqueça e coe. Sirva em canecas.
sexta-feira, 25 de dezembro de 2009
quinta-feira, 24 de dezembro de 2009
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
Vladimir Kush - surrealismo e ilusão
Em directo de Macau
Macau assistiu ontem à maior exibição de fogo de artifício jamais realizada no território. Na comemoração do décimo aniversário da Região Administrativa Especial de Macau, a pirotecnia no céu macaense durou 25 minutos.
ver
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Querem pôr estas fotos nos maços de tabaco
A Direcção Geral de Saúde francesa divulgou as fotos, consideradas chocantes, que pretende colocar nos maços de tabaco franceses até 2011.
As fotos propostas pela Comissão Europeia mostram os efeitos malignos – directos ou indirectos – causados pelo tabaco sobre a saúde humana. Pode-se ver, por exemplo, deformações corporais relacionadas com o tabagismo, um feto de uma mãe fumadora ou doentes com cancro.
Este tipo de imagens já aparecem nos maços de tabaco de vários países europeus como a Bélgica, Finlândia ou Lituânia. Em França já estão a causar polémica.
ionline
As fotos propostas pela Comissão Europeia mostram os efeitos malignos – directos ou indirectos – causados pelo tabaco sobre a saúde humana. Pode-se ver, por exemplo, deformações corporais relacionadas com o tabagismo, um feto de uma mãe fumadora ou doentes com cancro.
Este tipo de imagens já aparecem nos maços de tabaco de vários países europeus como a Bélgica, Finlândia ou Lituânia. Em França já estão a causar polémica.
ionline
Prédio do Hot Clube de Portugal em risco
Depois de 60 anos, é o provável fim da cave do Hot Clube de Portugal na Praça da Alegria, em Lisboa. O prédio ardeu durante a madrugada, a sala de espectáculos foi inundada e o edifício poderá não ser recuperável.
O prédio que ardeu na madrugada desta terça-feira na Praça da Alegria era o edifício onde funcionava a sala de espectáculos do Hot Clube de Portugal, sendo as causas do incêndio ainda desconhecidas.
O fogo destruiu a cobertura do prédio que se encontrava devoluto, com excepção de um restaurante no rés-do-chão e do Hot Clube, que funcionava na cave.
A presidente da direcção do Hot Clube de Portugal disse que dificilmente a sala poderá voltar a ser utilizada, porque a cave ficou «inundada» e os instrumentos e os amplificadores destruídos.
Inês Cunha adiantou que vai tentar arranjar uma solução no curto prazo e apelou à ajuda da Câmara Municipal de Lisboa, que já se tinha mostrado empenhada em apoiar aquele espaço, tendo falado ainda na «recuperação do edifício».
Os técnicos de reabilitação urbana da Câmara de Lisboa chegaram entretanto ao local para avaliar os estragos do incêndio.
Entretanto, Inês Cunha disse à reportagem de TSF no local que os técnicos da Protecção Civil confirmaram que o interior do edifício está muito danificado.
Bernardo Moreira, um dos “pais” do Hot Clube de Portugal, afirmou à TSF que está optimista na recuperação do edifício, considerando que os danos do incêndio não serão muito avultados.
O Hot Clube de Portugal, o primeiro clube de jazz em Portugal, fez 60 anos em 2008.
tsf
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
Poema
Do espelho que nos reflecte,
Linha do tempo,
Do canal que encontramos.
Sombras que perseguem,
Sorrisos que irradiam,
Amável presença essa,
No desejo de cada um.
Comunhão perfeita,
De luz e sonho que augúrio,
Que anseio e procuro,
Infinitamente...
Poema: Renata Pereira Correia
Foto: Alba Luna
sábado, 19 de dezembro de 2009
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
S. Freud
...como se um indivíduo não fosse homem ou mulher, mas sempre fosse ambos - simplesmente um pouco mais de um do que do outro.
S. Freud
In: Conferência XXXIII - Feminilidade (1932)
S. Freud
In: Conferência XXXIII - Feminilidade (1932)
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
Aprovado casamento homossexual com adopção excluída
O Governo aprovou hoje alterações ao Código Civil que permitem o casamento entre pessoas do mesmo sexo, mas que excluem «clara e explicitamente» a possibilidade das mesmas se reflectirem em matéria de adopção.
No final da reunião do Conselho de Ministros, o ministro da presidência anunciou que a proposta de lei, que será enviada para a Assembleia da República, elimina as referências «que supõem tratar o casamento necessariamente como contrato entre pessoas de sexo diferente».
Pedro Silva Pereira referiu ainda que «fica claro» na letra da lei que as alterações introduzidas «não têm nenhuma implicação no que diz respeito à abertura da possibilidade de adopção por parte de casais homossexuais».
O ministro especificou depois que a clarificação consta de «disposição legal expressa», até para que nenhuma norma do código civil em matéria de adopção possa ser «interpretada de modo a permitir a adopção nestas situações», o que, acrescentou, «o legislador não pretende abranger».
«O compromisso eleitoral que assumimos perante os portugueses era de eliminar as descriminações a propósito do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. Deixámos sempre claro que se tratava de uma iniciativa a propósito do casamento civil e não a propósito da adopção», justificou o ministro, sublinhando que a lei da adopção «não é alterada».
Por outro lado, referiu que casamento e adopção «são dois institutos diferentes» e rejeitou qualquer situação de «discriminação»: «Adopção não consiste em satisfazer um direito dos adoptantes, porque não existe um direito de ninguém a adoptar. As pessoas podem candidatar-se à adopção. A adopção é sempre determinada em razão não da satisfação de direitos dos adoptantes, mas da realização do interesse das crianças», defendeu.
Questionado sobre a realização de um referendo sobre o casamento homossexual, Pedro Silva Pereira começou por sublinhar que o tema foi «largamente discutido» na sociedade portuguesa e que constava «expressamente dos compromissos eleitorais» apresentados aos eleitores.
«Governo e Assembleia da República têm toda a legitimidade pelo mandato conferido pelos portugueses para decidir sobre a matéria e eliminar as barreiras jurídicas ao casamento civil entre pessoas do mesmo sexo», disse, considerando o referendo uma opção «que não se justifica».
Sobre a possibilidade da questão da adopção ser introduzida na agenda da sociedade portuguesa, o ministro da Presidência preferiu destacar a «importância» do diploma hoje aprovado, que apontou como «uma evolução social significativa».
«Não será com certeza, à luz da experiência de outros países, um movimento gerador de especial perturbação social, nem sequer de prejuízo para o valor social da família, pelo contrário», afirmou.
Lusa / SOL
As fantásticas paisagens de Bernhard Edmaier
Sobrevoar a Terra em busca de paisagens intocadas que a natureza forjou ao longo de milhares de incontáveis anos, capturando com lentes Zeiss ângulos vertiginosos que trazem ao primeiro plano toda uma gama de cores, formas e aspectos que, combinados, produzem um resultado simplesmente incógnito; como toda primeira visão que o Homem tem do inexplorado. Depois é catalogar todas as imagens na parceria de renomados geólogos e publicá-las em coffee-table books bem tratados...
Este invejável trabalho pertence ao alemão Bernhard Edmaier. Geólogo e engenheiro civil, Edmaier acabou, durante os trabalhos com a segunda profissão, descobrindo-se fascinado pela primeira, abandonando definitivamente a engenharia para dedicar-se à sua formação na Photographers’ Guild em Munique. Em 1992 já fundava sua própria agência de fotografia, a Geophot, onde trabalha desde então de forma independente.
Movido pelo interesse em fenômenos naturais, o fotógrafo viaja pelo mundo em busca de lugares desertos e improváveis, angariando material para seus livros científicos e outros projetos de teor semelhante, geralmente acompanhado pela também geóloga Angelika Jung-Hüttl, sua parceira, quem emite a maioria das explicações e comentários acerca dos processos de erosão, degelos, desertificações, entre outros encontrados nas explorações.
Mas para que se alcancem os melhores resultados das observações, um minucioso plano de execução é montado; como boa parte dos lugares fotografados por Edmaier são inacessíveis, ermos ou de condições climáticas bastante severas, antes de cada viagem são feitas pesquisas que avaliam a viabilidade logística da empreitada, as condições de saúde de todos os envolvidos, suprimentos e transporte de material. Decidem-se as soluções para cada ponto através do estudo de mapas e imagens de satélite e assim são detalhadas cada etapa da expedição. Só então é seja escolhida a câmera de trabalho (invariavelmente, as fotografias são feitas sem filtros de cor nem qualquer tipo de manipulação digital é utilizada) e o meio de transporte aéreo ideal, que varia de acordo com altura de onde serão feitas as fotografias e o clima da região escolhida.
Os resultado desse minucioso processo são texturas, fractais e formas geométricas que se tornam então visualizações surreais, realmente surpreendentes, que chegam a nos desacreditar que se trata mesmo deste planeta. A audácia, conceito e técnica de Edmaier e sua equipe podem ser admirados com maior apuro nos premiados catálogos "GeoArt Deutschland", "EarthSong" e "Patterns of the Earth", lançado este ano. Aqui abaixo se podem ver algumas dessas transcendências ecológicas de Bernhard Edmaier.
Ler mais em: http://blog.uncovering.org/archives/2007/08/bernhard_edmaie.html#ixzz0Zwfs4QSY
Este invejável trabalho pertence ao alemão Bernhard Edmaier. Geólogo e engenheiro civil, Edmaier acabou, durante os trabalhos com a segunda profissão, descobrindo-se fascinado pela primeira, abandonando definitivamente a engenharia para dedicar-se à sua formação na Photographers’ Guild em Munique. Em 1992 já fundava sua própria agência de fotografia, a Geophot, onde trabalha desde então de forma independente.
Movido pelo interesse em fenômenos naturais, o fotógrafo viaja pelo mundo em busca de lugares desertos e improváveis, angariando material para seus livros científicos e outros projetos de teor semelhante, geralmente acompanhado pela também geóloga Angelika Jung-Hüttl, sua parceira, quem emite a maioria das explicações e comentários acerca dos processos de erosão, degelos, desertificações, entre outros encontrados nas explorações.
Mas para que se alcancem os melhores resultados das observações, um minucioso plano de execução é montado; como boa parte dos lugares fotografados por Edmaier são inacessíveis, ermos ou de condições climáticas bastante severas, antes de cada viagem são feitas pesquisas que avaliam a viabilidade logística da empreitada, as condições de saúde de todos os envolvidos, suprimentos e transporte de material. Decidem-se as soluções para cada ponto através do estudo de mapas e imagens de satélite e assim são detalhadas cada etapa da expedição. Só então é seja escolhida a câmera de trabalho (invariavelmente, as fotografias são feitas sem filtros de cor nem qualquer tipo de manipulação digital é utilizada) e o meio de transporte aéreo ideal, que varia de acordo com altura de onde serão feitas as fotografias e o clima da região escolhida.
Os resultado desse minucioso processo são texturas, fractais e formas geométricas que se tornam então visualizações surreais, realmente surpreendentes, que chegam a nos desacreditar que se trata mesmo deste planeta. A audácia, conceito e técnica de Edmaier e sua equipe podem ser admirados com maior apuro nos premiados catálogos "GeoArt Deutschland", "EarthSong" e "Patterns of the Earth", lançado este ano. Aqui abaixo se podem ver algumas dessas transcendências ecológicas de Bernhard Edmaier.
Ler mais em: http://blog.uncovering.org/archives/2007/08/bernhard_edmaie.html#ixzz0Zwfs4QSY
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
A música continua
Um livro sobre música clássica que se transformou em fenómeno literário? Eis "O Resto É Ruído", de Alex Ross. Uma história da música contemporânea que é também, em 575 páginas empolgantes, a história das tensões políticas e culturais do século XX
Alex Ross, 41 anos, crítico musical da "New Yorker" desde 1996, começou a desenvolver aquilo que seria "O Resto É Ruído" há mais de dez anos. Desde os tempos da universidade, em Harvard, Massachussets, que o fascinava a música do século XX: do fim do romantismo às experiências revolucionárias de Arnold Schoenberg ou Igor Stravinsky, do misterioso Shostakovich, na União Soviética, ao intercâmbio entre música clássica e popular nos Estados Unidos, com Duke Ellington ou George Gershwin, passando pelas vanguardas engajadas da República de Weimar e chegando às americanas, com outro engajamento, de John Cage, Terry Riley ou Steve Reich. O que aconteceu quando completou o livro revelou-se uma surpresa.
Editado em 2008 nos Estados Unidos, acabaria destacado nas listas de melhores livros do ano do "New York Times", da "Newsweek", da "The Economist" ou da "Time" - e na "shortlist" de finalistas do Pulitzer. "O Resto É Ruído" não é apenas a história da música clássica do século XX. Nele acompanhamos também a história política e cultural do período e vemos as figuras que atravessam a obra reveladas, meticulosamente, em toda a sua dimensão humana - para o bem e para o mal. Talvez por isso o livro, longo de 575 páginas, se tenha expandido bem para além do público conhecedor e interessado na música erudita.
"Quis que o livro tivesse o mesmo estilo de escrita que utilizo na 'New Yorker'", disse-nos Alex Ross desde Nova Iorque. "Também é minha missão como crítico cativar novas audiências para esta música". Agora que "O Resto É Ruído" é editado em Portugal pela Casa das Letras, agora que já o lemos, podemos dizer: missão cumprida.
O livro tem como eixo o intercâmbio entre a música clássica e a cultura popular, acelerado definitivamente no século XX. Retrata o momento em que os grandes compositores clássicos passaram a concorrer com celebridades de outras áreas musicais e se enquadraram nesse novo mundo.
No início do século XX, os compositores eram celebridades. Puccini ou Richard Strauss eram falados nos jornais sempre que visitavam qualquer cidade. Porém, à medida que o século avança, assiste-se a um declínio da sua posição social. Os compositores começaram a mover-se para as margens, enquanto as estrelas pop ascendiam e atingiam o estatuto que era anteriormente deles. Infelizmente, na cultura popular, a música clássica tem a reputação de ter acabado - há a ideia que a sua grande era dourada terminou no século XIX. Quis escrever o livro também para negar essa ideia e falar da extraordinária riqueza da música do século XX. Porque, afinal, a música clássica ganhou novas audiências em todo o mundo, espalhando-se por lugares onde não existia cem anos antes. Tem encontrado grandes audiências: basta pensar em Prokofiev, Shostakovich, Aaron Copland, John Adams ou Philip Glass, que é quase uma estrela pop. Dizer que a música clássica foi confinada às margens e que a música popular é dominante não passa de um lugar-comum.
Visitou alguns dos compositores que aborda, como John Adams. Procurou os que já não estão vivos através dos locais onde viveram?
Fi-lo sempre que tive oportunidade. É uma forma de saber o que são e como se sentem esses lugares. Britten tinha Aldeburgh [pequena cidade costeira inglesa, no distrito de Suffolk]. Em Viena, vi onde viveram Mahler e Schoenberg. Em Graz, fui à "pera onde se deu a representação de "Salomé" [de Richard Strauss, descrita no primeiro capítulo]. Vejo uma justaposição muito premente entre a música e os diferentes lugares de onde emerge. Não sendo nada de científico, sinto que existe uma relação entre a textura de alguns trabalhos de Sibelius e a paisagem que o rodeava [na casa Ainola, junto ao lago Tuusula, Finlândia]. No caso de Viena, isso não está relacionado com a sua geografia específica, mas com o facto de ser uma cidade com um sentido de cultura. Ver os edifícios do período dá-nos uma grande perspectiva do que seria o ambiente onde nasceu aquela música. Interessa-me muito conhecer as biografias, as psicologias, os contextos culturais em que trabalharam os compositores - que autores liam, que pintura andavam a ver. Mas claro que a relação disso com a música é muito misteriosa.
Será possível apreciar uma peça musical marcadamente política para além da ideologia? Ouvir "Leninegrado", de Shostakovich, sem o peso estalinista, ou as obras que Richard Strauss compôs, com o patrocínio do nazismo, sem a sombra de Hitler?
É discutível afirmar que a música é independente da História, especialmente no século XX, em que a política invadiu todas as dimensões humanas. Mas em Shostakovich, por exemplo, o contexto político está muito presente no início e atenua-se à medida que a sua música começa a desabrochar. É um compositor tão arrebatador que acabamos arrastados para o mistério da sua personalidade musical. Será interessante ver como se desenvolverá a reputação de Shostakovich. Perdurará o período soviético estalinista na memória viva ou chegará uma altura em que esse será apenas um facto histórico distante? Suspeito que os seus trabalhos manterão o mesmo efeito sobre o público por muito tempo.
Identifica algum acontecimento específico que divida o século XX, musicalmente? A rádio, a reprodução eléctrica de música, a II Guerra Mundial?
Para fazer essa divisão temos que olhar para os eventos que aconteceram ente 1909 e 1913, com Schoenberg a apresentar as suas primeiras peças musicalmente revolucionárias e Stravinski a "Sagração da Primavera". Esses dois acontecimentos transformaram a música por completo. Em termos históricos, 1945 é um ano incrivelmente importante. Representa o grande colapso do sistema de valores associados à cultura europeia do século XIX. Os compositores que vieram depois sentiram necessidade de pensar o mundo de outra forma, mas o público continuou a olhar para a era anterior. Essa tensão ainda não está resolvida. Há muita nostalgia pela cultura do início do século XIX e há quem seja incapaz de aceitar música que opere de uma forma diferente. Mas acredito que podemos amar Wagner e Puccini e também Stockhausen e Steve Reich, da mesma forma que podemos ver Rembrandt num museu e, depois, Matthew Barney numa galeria moderna. Um público cultural moderno consegue fazer este tipo de transições na maioria das artes. Na música, porém, as pessoas tendem a escolher um ou outro lado. A verdade é que procuram um certo conforto, também porque existiram muitas alterações no vocabulário musical no século XX. Se forem a uma galeria ou se pegarem num romance contemporâneo estão bastante preparadas para ser surpreendidas, mas quando vão à sala de concertos querem ser tranquilizadas e transportadas para um mundo de beleza pura. Quando um compositor as confronta com algo mais desafiante, a reacção é negativa.
Apesar de se concentrar na Europa em vários momentos e de abordar ligeiramente outros continentes no final, "O Resto É Ruído" foca muito os EUA e a evolução que ali se viveu. Vê-os como o palco essencial para compreender a evolução musical do século?
[Com os músicos e compositores europeus em fuga das duas guerras mundiais] a música clássica chega à América e encontra a cultura popular americana, as tecnologias de gravação e a rádio. Nesse momento, os EUA transformam-se numa metáfora do mundo contemporâneo. O que ali aconteceu à música de tradição europeia é um microcosmos do que aconteceu em todo o lado. Para o bem e para o mal, a cultura popular e aquelas tecnologias são universais.
Um dos capítulos descreve as tensões que surgiram quando alguns compositores, nos anos 20, se apropriaram de músicas populares em contexto erudito. Edgar Varèse descrevia o jazz como "produto negro, explorado pelos judeus". Scott Joplin, ao ouvir peças de George Gershwin e Irving Berlin, acusava: "Roubaram a nossa música". Está encerrada a discussão sobre a propriedade da música?
É um tema controverso. Existem casos de aprendizagem e apropriação e casos que são realmente de exploração. Nos anos 20, os compositores brancos americanos viam o jazz como música folk, como uma expressão rude, nativa, que poderiam transpor para linguagem clássica e transformar em arte. O problema é que os pioneiros do jazz eram artistas. Louis Armstrong e Duke Ellington, mais tarde Miles Davis, estavam a apropriar outras linguagens, a explorar e a desenvolver as suas ideias. Ou seja, o processo de tornar a música arte deixou de competir em exclusivo a um compositor clássico. Foi um choque a descoberta de que se podia ter grande arte musical fora da arena clássica. Aliás, ainda há pessoas na música clássica que o negam. Mas existe música clássica que serve apenas para entreter o máximo de pessoas possível, no máximo de salas possível, e que não é de todo o que definiríamos como arte. Por outro lado, no universo popular, existem um Cecil Taylor, no free jazz, ou uns Sonic Youth, no rock, que não são artistas de massas. Actualmente, todas as expressões musicais têm a sua cultura de entretenimento e a sua cultura artística, underground.
Vê esses intercâmbios frutificarem?
Em Nova Iorque, vemos jazz, rock e música clássica, vemos músicos de cada expressão a colaborarem entre si e parecem falar uma mesma linguagem. A intersecção de géneros está muito elaborada. A Bjork ou os Radiohead têm uma grande consciência da música clássica do século XIX. Conhecem o repertório bastante bem e reagem a ele de uma forma muito interessante. São apenas dois exemplos.
Não partilha portanto a ideia de que tudo já foi inventado.
Não. A vanguarda está bem e recomenda-se, experimentando novas tecnologias e novas técnicas. O que sinto é que vingou uma ideologia muito apelativa, principalmente depois da II Guerra Mundial, que professava que a única música que interessava era a que representasse um avanço. Se nos agarrarmos de forma dogmática a essa ideia, a música transforma-se em técnica, negligenciando a personalidade e a voz autoral. É a força da linguagem do indivíduo que deve manipular a técnica.
E sobreviverá a força dessa linguagem, naquilo que tem de genial, à cultura de massas? "West Side Story", musical de ruptura quando estreado e hoje um standard, retém o seu poder?
Sim, sem dúvida. A "Ode à Alegria" de Beethoven foi aproveitada na televisão, na publicidade ou no cinema e, contudo, basta ir a um concerto de Beethoven e vê-la interpretada de forma poderosa e apaixonada para todo o maravilhamento regressar. Desaparece a familiaridade e aquela música volta a ser estranha e surpreendente. Mas isso é responsabilidade do maestro e dos músicos.
É ao vivo que a música resiste à banalização?
A cultura de massas tem o poder de exaurir a música. Pode causar alguns estragos, mas uma grande performance da "Ode à Alegria" devolve-nos a sua grandeza. Por isso é que a experiência ao vivo é tão relevante num mundo onde tudo é mediado electronicamente. A tecnologia é um grande método de propaganda, permitindo o encontro de músicos e compositores como nunca antes. Mas o som a ressoar num espaço, com o público a partilhar a mesma experiência, tem uma qualidade misteriosa. Funciona de uma forma irrepetível, renovada a cada nova actuação. E é poderosíssimo a um nível quase espiritual, o que é um bem cada vez mais raro na sociedade actual.
De Strauss aos Public Enemy
A dimensão pode assustar mas basta um par de páginas para perder o medo. Aliás, um par de páginas e não há forma de escapar à narrativa absorvente de "O Resto É Ruído". É realmente disso que se trata: uma narrativa, no sentido literário, através da qual atravessamos a história da música do século XX.
Conjugando ensaio, biografia e análise crítica, e equilibrando com mestria essas três dimensões, a história arranca em Graz, em 1906, no momento em que Richard Strauss se prepara para apresentar e dirigir a ópera "Salomé". Ross faz do momento um magnífico fresco de época, com a sensação de acontecimento a ganhar forma com as notícias dos jornais e a entrada em cena de Puccini, Schoenberg, um jovem Hitler e os jovens entusiastas da vanguarda straussiana.
Quando, algumas páginas depois, somos transportados das ruas de Graz para o coração da própria "Salomé", ou seja, do contexto para a música ela mesma, o tom está dado. Vogamos entre um e a outra sem que o ritmo se perca: nada há aqui de críptico ou de condescendente. A forma vívida, de uma impecável precisão jornalística, repleta de apartes esclarecedores, como Ross nos conduz pelos corredores da história e pelo íntimo dos seus protagonistas torna ainda mais rica a matéria que tem em mãos.
Quando começamos, a velha Viena prepara-se para ser chocada pela nova Viena, representada por Richard Strauss. Quando terminamos, já Alex Ross, nada dado a hierarquias estéreis, declarou "Welcome to Terrordrome", dos Public Enemy, como "a 'Sagração da Primavera' da América negra", e já John Adams se quedou perante uma pauta incompleta, enfrentando o silêncio de tudo o que falta compor.
No século XX o mundo atravessou duas grandes guerras, inventaram-se a rádio, o cinema, a televisão e a electrónica. Houve o jazz e o rock'n'roll, o método dodecafónico de Schoenberg, o vanguardismo de John Cage e Ligeti e um Jean Sibelius descobrindo toda a beleza do mundo nos gansos que sobrevoam o céu finlandês.
Tudo isso e todos estes estão em "O Resto É Ruído".
ipslon
Alex Ross, 41 anos, crítico musical da "New Yorker" desde 1996, começou a desenvolver aquilo que seria "O Resto É Ruído" há mais de dez anos. Desde os tempos da universidade, em Harvard, Massachussets, que o fascinava a música do século XX: do fim do romantismo às experiências revolucionárias de Arnold Schoenberg ou Igor Stravinsky, do misterioso Shostakovich, na União Soviética, ao intercâmbio entre música clássica e popular nos Estados Unidos, com Duke Ellington ou George Gershwin, passando pelas vanguardas engajadas da República de Weimar e chegando às americanas, com outro engajamento, de John Cage, Terry Riley ou Steve Reich. O que aconteceu quando completou o livro revelou-se uma surpresa.
Editado em 2008 nos Estados Unidos, acabaria destacado nas listas de melhores livros do ano do "New York Times", da "Newsweek", da "The Economist" ou da "Time" - e na "shortlist" de finalistas do Pulitzer. "O Resto É Ruído" não é apenas a história da música clássica do século XX. Nele acompanhamos também a história política e cultural do período e vemos as figuras que atravessam a obra reveladas, meticulosamente, em toda a sua dimensão humana - para o bem e para o mal. Talvez por isso o livro, longo de 575 páginas, se tenha expandido bem para além do público conhecedor e interessado na música erudita.
"Quis que o livro tivesse o mesmo estilo de escrita que utilizo na 'New Yorker'", disse-nos Alex Ross desde Nova Iorque. "Também é minha missão como crítico cativar novas audiências para esta música". Agora que "O Resto É Ruído" é editado em Portugal pela Casa das Letras, agora que já o lemos, podemos dizer: missão cumprida.
O livro tem como eixo o intercâmbio entre a música clássica e a cultura popular, acelerado definitivamente no século XX. Retrata o momento em que os grandes compositores clássicos passaram a concorrer com celebridades de outras áreas musicais e se enquadraram nesse novo mundo.
No início do século XX, os compositores eram celebridades. Puccini ou Richard Strauss eram falados nos jornais sempre que visitavam qualquer cidade. Porém, à medida que o século avança, assiste-se a um declínio da sua posição social. Os compositores começaram a mover-se para as margens, enquanto as estrelas pop ascendiam e atingiam o estatuto que era anteriormente deles. Infelizmente, na cultura popular, a música clássica tem a reputação de ter acabado - há a ideia que a sua grande era dourada terminou no século XIX. Quis escrever o livro também para negar essa ideia e falar da extraordinária riqueza da música do século XX. Porque, afinal, a música clássica ganhou novas audiências em todo o mundo, espalhando-se por lugares onde não existia cem anos antes. Tem encontrado grandes audiências: basta pensar em Prokofiev, Shostakovich, Aaron Copland, John Adams ou Philip Glass, que é quase uma estrela pop. Dizer que a música clássica foi confinada às margens e que a música popular é dominante não passa de um lugar-comum.
Visitou alguns dos compositores que aborda, como John Adams. Procurou os que já não estão vivos através dos locais onde viveram?
Fi-lo sempre que tive oportunidade. É uma forma de saber o que são e como se sentem esses lugares. Britten tinha Aldeburgh [pequena cidade costeira inglesa, no distrito de Suffolk]. Em Viena, vi onde viveram Mahler e Schoenberg. Em Graz, fui à "pera onde se deu a representação de "Salomé" [de Richard Strauss, descrita no primeiro capítulo]. Vejo uma justaposição muito premente entre a música e os diferentes lugares de onde emerge. Não sendo nada de científico, sinto que existe uma relação entre a textura de alguns trabalhos de Sibelius e a paisagem que o rodeava [na casa Ainola, junto ao lago Tuusula, Finlândia]. No caso de Viena, isso não está relacionado com a sua geografia específica, mas com o facto de ser uma cidade com um sentido de cultura. Ver os edifícios do período dá-nos uma grande perspectiva do que seria o ambiente onde nasceu aquela música. Interessa-me muito conhecer as biografias, as psicologias, os contextos culturais em que trabalharam os compositores - que autores liam, que pintura andavam a ver. Mas claro que a relação disso com a música é muito misteriosa.
Será possível apreciar uma peça musical marcadamente política para além da ideologia? Ouvir "Leninegrado", de Shostakovich, sem o peso estalinista, ou as obras que Richard Strauss compôs, com o patrocínio do nazismo, sem a sombra de Hitler?
É discutível afirmar que a música é independente da História, especialmente no século XX, em que a política invadiu todas as dimensões humanas. Mas em Shostakovich, por exemplo, o contexto político está muito presente no início e atenua-se à medida que a sua música começa a desabrochar. É um compositor tão arrebatador que acabamos arrastados para o mistério da sua personalidade musical. Será interessante ver como se desenvolverá a reputação de Shostakovich. Perdurará o período soviético estalinista na memória viva ou chegará uma altura em que esse será apenas um facto histórico distante? Suspeito que os seus trabalhos manterão o mesmo efeito sobre o público por muito tempo.
Identifica algum acontecimento específico que divida o século XX, musicalmente? A rádio, a reprodução eléctrica de música, a II Guerra Mundial?
Para fazer essa divisão temos que olhar para os eventos que aconteceram ente 1909 e 1913, com Schoenberg a apresentar as suas primeiras peças musicalmente revolucionárias e Stravinski a "Sagração da Primavera". Esses dois acontecimentos transformaram a música por completo. Em termos históricos, 1945 é um ano incrivelmente importante. Representa o grande colapso do sistema de valores associados à cultura europeia do século XIX. Os compositores que vieram depois sentiram necessidade de pensar o mundo de outra forma, mas o público continuou a olhar para a era anterior. Essa tensão ainda não está resolvida. Há muita nostalgia pela cultura do início do século XIX e há quem seja incapaz de aceitar música que opere de uma forma diferente. Mas acredito que podemos amar Wagner e Puccini e também Stockhausen e Steve Reich, da mesma forma que podemos ver Rembrandt num museu e, depois, Matthew Barney numa galeria moderna. Um público cultural moderno consegue fazer este tipo de transições na maioria das artes. Na música, porém, as pessoas tendem a escolher um ou outro lado. A verdade é que procuram um certo conforto, também porque existiram muitas alterações no vocabulário musical no século XX. Se forem a uma galeria ou se pegarem num romance contemporâneo estão bastante preparadas para ser surpreendidas, mas quando vão à sala de concertos querem ser tranquilizadas e transportadas para um mundo de beleza pura. Quando um compositor as confronta com algo mais desafiante, a reacção é negativa.
Apesar de se concentrar na Europa em vários momentos e de abordar ligeiramente outros continentes no final, "O Resto É Ruído" foca muito os EUA e a evolução que ali se viveu. Vê-os como o palco essencial para compreender a evolução musical do século?
[Com os músicos e compositores europeus em fuga das duas guerras mundiais] a música clássica chega à América e encontra a cultura popular americana, as tecnologias de gravação e a rádio. Nesse momento, os EUA transformam-se numa metáfora do mundo contemporâneo. O que ali aconteceu à música de tradição europeia é um microcosmos do que aconteceu em todo o lado. Para o bem e para o mal, a cultura popular e aquelas tecnologias são universais.
Um dos capítulos descreve as tensões que surgiram quando alguns compositores, nos anos 20, se apropriaram de músicas populares em contexto erudito. Edgar Varèse descrevia o jazz como "produto negro, explorado pelos judeus". Scott Joplin, ao ouvir peças de George Gershwin e Irving Berlin, acusava: "Roubaram a nossa música". Está encerrada a discussão sobre a propriedade da música?
É um tema controverso. Existem casos de aprendizagem e apropriação e casos que são realmente de exploração. Nos anos 20, os compositores brancos americanos viam o jazz como música folk, como uma expressão rude, nativa, que poderiam transpor para linguagem clássica e transformar em arte. O problema é que os pioneiros do jazz eram artistas. Louis Armstrong e Duke Ellington, mais tarde Miles Davis, estavam a apropriar outras linguagens, a explorar e a desenvolver as suas ideias. Ou seja, o processo de tornar a música arte deixou de competir em exclusivo a um compositor clássico. Foi um choque a descoberta de que se podia ter grande arte musical fora da arena clássica. Aliás, ainda há pessoas na música clássica que o negam. Mas existe música clássica que serve apenas para entreter o máximo de pessoas possível, no máximo de salas possível, e que não é de todo o que definiríamos como arte. Por outro lado, no universo popular, existem um Cecil Taylor, no free jazz, ou uns Sonic Youth, no rock, que não são artistas de massas. Actualmente, todas as expressões musicais têm a sua cultura de entretenimento e a sua cultura artística, underground.
Vê esses intercâmbios frutificarem?
Em Nova Iorque, vemos jazz, rock e música clássica, vemos músicos de cada expressão a colaborarem entre si e parecem falar uma mesma linguagem. A intersecção de géneros está muito elaborada. A Bjork ou os Radiohead têm uma grande consciência da música clássica do século XIX. Conhecem o repertório bastante bem e reagem a ele de uma forma muito interessante. São apenas dois exemplos.
Não partilha portanto a ideia de que tudo já foi inventado.
Não. A vanguarda está bem e recomenda-se, experimentando novas tecnologias e novas técnicas. O que sinto é que vingou uma ideologia muito apelativa, principalmente depois da II Guerra Mundial, que professava que a única música que interessava era a que representasse um avanço. Se nos agarrarmos de forma dogmática a essa ideia, a música transforma-se em técnica, negligenciando a personalidade e a voz autoral. É a força da linguagem do indivíduo que deve manipular a técnica.
E sobreviverá a força dessa linguagem, naquilo que tem de genial, à cultura de massas? "West Side Story", musical de ruptura quando estreado e hoje um standard, retém o seu poder?
Sim, sem dúvida. A "Ode à Alegria" de Beethoven foi aproveitada na televisão, na publicidade ou no cinema e, contudo, basta ir a um concerto de Beethoven e vê-la interpretada de forma poderosa e apaixonada para todo o maravilhamento regressar. Desaparece a familiaridade e aquela música volta a ser estranha e surpreendente. Mas isso é responsabilidade do maestro e dos músicos.
É ao vivo que a música resiste à banalização?
A cultura de massas tem o poder de exaurir a música. Pode causar alguns estragos, mas uma grande performance da "Ode à Alegria" devolve-nos a sua grandeza. Por isso é que a experiência ao vivo é tão relevante num mundo onde tudo é mediado electronicamente. A tecnologia é um grande método de propaganda, permitindo o encontro de músicos e compositores como nunca antes. Mas o som a ressoar num espaço, com o público a partilhar a mesma experiência, tem uma qualidade misteriosa. Funciona de uma forma irrepetível, renovada a cada nova actuação. E é poderosíssimo a um nível quase espiritual, o que é um bem cada vez mais raro na sociedade actual.
De Strauss aos Public Enemy
A dimensão pode assustar mas basta um par de páginas para perder o medo. Aliás, um par de páginas e não há forma de escapar à narrativa absorvente de "O Resto É Ruído". É realmente disso que se trata: uma narrativa, no sentido literário, através da qual atravessamos a história da música do século XX.
Conjugando ensaio, biografia e análise crítica, e equilibrando com mestria essas três dimensões, a história arranca em Graz, em 1906, no momento em que Richard Strauss se prepara para apresentar e dirigir a ópera "Salomé". Ross faz do momento um magnífico fresco de época, com a sensação de acontecimento a ganhar forma com as notícias dos jornais e a entrada em cena de Puccini, Schoenberg, um jovem Hitler e os jovens entusiastas da vanguarda straussiana.
Quando, algumas páginas depois, somos transportados das ruas de Graz para o coração da própria "Salomé", ou seja, do contexto para a música ela mesma, o tom está dado. Vogamos entre um e a outra sem que o ritmo se perca: nada há aqui de críptico ou de condescendente. A forma vívida, de uma impecável precisão jornalística, repleta de apartes esclarecedores, como Ross nos conduz pelos corredores da história e pelo íntimo dos seus protagonistas torna ainda mais rica a matéria que tem em mãos.
Quando começamos, a velha Viena prepara-se para ser chocada pela nova Viena, representada por Richard Strauss. Quando terminamos, já Alex Ross, nada dado a hierarquias estéreis, declarou "Welcome to Terrordrome", dos Public Enemy, como "a 'Sagração da Primavera' da América negra", e já John Adams se quedou perante uma pauta incompleta, enfrentando o silêncio de tudo o que falta compor.
No século XX o mundo atravessou duas grandes guerras, inventaram-se a rádio, o cinema, a televisão e a electrónica. Houve o jazz e o rock'n'roll, o método dodecafónico de Schoenberg, o vanguardismo de John Cage e Ligeti e um Jean Sibelius descobrindo toda a beleza do mundo nos gansos que sobrevoam o céu finlandês.
Tudo isso e todos estes estão em "O Resto É Ruído".
ipslon
Mundos Distantes
Ao longo da história, conheceu-se a existência de uma única Terra no universo. Em
breve poderá haver outra. E mais outra. E outra ainda. Texto de Timothy Ferris
Embora os seres humanos demorassem milhares de anos a explorar este planeta e séculos a compreender os planetas vizinhos, actualmente descobrem-se novos mundos todas as semanas. Recentemente, o Observatório Europeu do Sul anunciou a descoberta de 32 novos planetas, utilizando o espectrógrafo HARPS acoplado a um telescópio com objectiva de 3,6m de diâmetro. O português Nuno Santos, do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto, foi um dos elementos da equipa. Até à data identificaram-se mais de 400 “exoplanetas” orbitando outras estrelas que não o Sol. Existe um “Saturno quente” a 260 anos-luz da Terra, rodopiando tão depressa em torno da sua estrela-mãe que um dos seus anos dura menos de três dias. Circundando outra estrela situada a 150 anos-luz fica um “Júpiter quente” chamuscado, cuja atmosfera superior está a ser projectada, formando um gigantesco rasto semelhante ao de um cometa. Três planetas escuros foram descobertos na órbita de um pulsar (os restos de uma estrela em tempos formidável, encolhidos e formando um núcleo atómico rodopiante) enquanto uma quantidade inestimável de mundos se abateu sobre os seus sóis ou foi atirada para fora dos seus sistemas.
Texto de Timothy Ferris
breve poderá haver outra. E mais outra. E outra ainda. Texto de Timothy Ferris
Embora os seres humanos demorassem milhares de anos a explorar este planeta e séculos a compreender os planetas vizinhos, actualmente descobrem-se novos mundos todas as semanas. Recentemente, o Observatório Europeu do Sul anunciou a descoberta de 32 novos planetas, utilizando o espectrógrafo HARPS acoplado a um telescópio com objectiva de 3,6m de diâmetro. O português Nuno Santos, do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto, foi um dos elementos da equipa. Até à data identificaram-se mais de 400 “exoplanetas” orbitando outras estrelas que não o Sol. Existe um “Saturno quente” a 260 anos-luz da Terra, rodopiando tão depressa em torno da sua estrela-mãe que um dos seus anos dura menos de três dias. Circundando outra estrela situada a 150 anos-luz fica um “Júpiter quente” chamuscado, cuja atmosfera superior está a ser projectada, formando um gigantesco rasto semelhante ao de um cometa. Três planetas escuros foram descobertos na órbita de um pulsar (os restos de uma estrela em tempos formidável, encolhidos e formando um núcleo atómico rodopiante) enquanto uma quantidade inestimável de mundos se abateu sobre os seus sóis ou foi atirada para fora dos seus sistemas.
Texto de Timothy Ferris
Temperatura desceu aos 12 graus negativos na Serra da Estrela
fotos enviadas para o jn
A temperatura caiu até aos 12 graus negativos na Serra da Estrela durante a última noite e as principais estradas estão encerradas devido ao gelo, disse fonte do Centro de Limpeza de Neve.
As estradas que ligam Piornos, Torre e Lagoa Comprida e Piornos a Manteigas estão encerradas.
Durante a noite não nevou, "mas por causa das temperaturas negativas a chuva, rapidamente, formou gelo", disse à agência Lusa a mesma fonte, adiantando que "chegaram a estar 12 graus negativos na Torre".
A temperatura caiu até aos 12 graus negativos na Serra da Estrela durante a última noite e as principais estradas estão encerradas devido ao gelo, disse fonte do Centro de Limpeza de Neve.
As estradas que ligam Piornos, Torre e Lagoa Comprida e Piornos a Manteigas estão encerradas.
Durante a noite não nevou, "mas por causa das temperaturas negativas a chuva, rapidamente, formou gelo", disse à agência Lusa a mesma fonte, adiantando que "chegaram a estar 12 graus negativos na Torre".
Salários chorudos na crise
Em 2008, ano em que vários bancos abriram falência no Mundo, cada gestor da Banca portuguesa ganhou em média 698 081 euros, mais 13%.
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
Dias frios, noites geladas
A maioria dos distritos do país, à excepção de Viana do Castelo, Aveiro e Coimbra, estão sob aviso amarelo, devido à "persistência de valores baixos de temperatura mínima".
As temperaturas mínimas previstas para hoje variam entre os -4 graus centígrados na cidade de Bragança e os 5º em Lisboa, Faro e Sagres.
Para os próximos dias, o IM prevê céu pouco nublado ou limpo e uma descida progressiva da temperatura, em especial durante a noite.
Estão previstos "dias muito frios" na segunda e terça-feira em todo o país, com temperaturas negativas em algumas localidades do Norte e Centro.
A Protecção Civil recomenda que seja dada especial atenção à condução de veículos, nomeadamente nas vias propensas à formação de gelo, uma vez que aumenta o perigo de acidentes rodoviários, pelo que se aconselha velocidades baixas.
A ANPC aconselha também o uso de várias camadas de roupa, que não devem ser muito justas, a não realização de actividades físicas intensas e contacto imediato do 112 aos sinais de hipotermia.
A Protecção Civil chama a atenção para os cuidados a ter com o aquecimento do lar, para evitar incêndios ou intoxicações, nomeadamente com as lareiras em locais fechados e sem renovação de ar e com os aquecedores, devido aos acidentes domésticos.
ionline
As temperaturas mínimas previstas para hoje variam entre os -4 graus centígrados na cidade de Bragança e os 5º em Lisboa, Faro e Sagres.
Para os próximos dias, o IM prevê céu pouco nublado ou limpo e uma descida progressiva da temperatura, em especial durante a noite.
Estão previstos "dias muito frios" na segunda e terça-feira em todo o país, com temperaturas negativas em algumas localidades do Norte e Centro.
A Protecção Civil recomenda que seja dada especial atenção à condução de veículos, nomeadamente nas vias propensas à formação de gelo, uma vez que aumenta o perigo de acidentes rodoviários, pelo que se aconselha velocidades baixas.
A ANPC aconselha também o uso de várias camadas de roupa, que não devem ser muito justas, a não realização de actividades físicas intensas e contacto imediato do 112 aos sinais de hipotermia.
A Protecção Civil chama a atenção para os cuidados a ter com o aquecimento do lar, para evitar incêndios ou intoxicações, nomeadamente com as lareiras em locais fechados e sem renovação de ar e com os aquecedores, devido aos acidentes domésticos.
ionline
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
domingo, 13 de dezembro de 2009
O génio da guitarra, com 13 anos!
Sungha Jung tem sucessos no Youtube com mais de 1 Milhão de visualizações tais como More than Words e With or Without You. Este Sul Coreano é um verdadeiro génio da música sendo aclamado por muitos músicos famosos.
Sungha Jung afirma no seu site que tem o sonho de se tornar guitarrista profissional.
Sempre observou o seu pai a tocar guitarra, e há 3 anos atrás decidiu, sozinho, aprender a arte de tocar este instrumento. Agora tem aulas de bateria e continua a desenvolver sozinho a suas capacidades com a guitarra.
O mais extraordinário é não usar nenhum guia para tocar estes sucessos. Limita-se a ouvir os temas em vídeos que encontra na Internet e depois a reproduzi-los na sua guitarra.
Recentemente começou a tocar temas através de partituras originais, sempre que lhe são oferecidas pelos autores.
Sungha Jung afirma no seu site que tem o sonho de se tornar guitarrista profissional.
Sempre observou o seu pai a tocar guitarra, e há 3 anos atrás decidiu, sozinho, aprender a arte de tocar este instrumento. Agora tem aulas de bateria e continua a desenvolver sozinho a suas capacidades com a guitarra.
O mais extraordinário é não usar nenhum guia para tocar estes sucessos. Limita-se a ouvir os temas em vídeos que encontra na Internet e depois a reproduzi-los na sua guitarra.
Recentemente começou a tocar temas através de partituras originais, sempre que lhe são oferecidas pelos autores.
Projecto Gutenberg
A biblioteca digital internacional Projecto Gutenberg disponibiliza já cerca de 375 e-books em língua portuguesa, incluindo obras de Eça de Queirós, Cesário Verde ou Camilo Castelo Branco, mas sofre de falta de voluntários. Deste total, fazem ainda parte "algumas traduções de obras de autores estrangeiros, como Dostoiévski ou Júlio Verne", contou a coordenadora da vertente de língua portuguesa da iniciativa Voluntariado Literário (http://pagina-a-pagina.blogspot.com), à qual se deve a inclusão de livros em português no Projecto Gutenberg.
Com 255 voluntários para a língua portuguesa, "entre portugueses, brasileiros e imigrantes lusos na Holanda, Luxemburgo ou França", a média de revisores activos por mês tem sido, porém, de apenas 24 ao longo do ano, segundo Rita Farinha, o que se revela insuficiente para alcançar o objectivo de 2009: "rever 60 mil páginas".
Na terça-feira, a lista de livros em língua portuguesa com mais downloads era liderada por Noções elementares de archeologia, de Joaquim Silva (descarregado 63 vezes), enquanto A Cidade e as Serras, de Eça de Queirós, e Os Lusíadas, de Luís de Camões, ocupavam a nona e a décima terceira posições, respectivamente. Na mesma data, haviam sido realizados 458 downloads de e-books em português e 104 443 downloads totais, ou seja, incidindo sobre o acervo global do Projecto Gutenberg, que tem mais de 30 mil livros electrónicos.
dn
Com 255 voluntários para a língua portuguesa, "entre portugueses, brasileiros e imigrantes lusos na Holanda, Luxemburgo ou França", a média de revisores activos por mês tem sido, porém, de apenas 24 ao longo do ano, segundo Rita Farinha, o que se revela insuficiente para alcançar o objectivo de 2009: "rever 60 mil páginas".
Na terça-feira, a lista de livros em língua portuguesa com mais downloads era liderada por Noções elementares de archeologia, de Joaquim Silva (descarregado 63 vezes), enquanto A Cidade e as Serras, de Eça de Queirós, e Os Lusíadas, de Luís de Camões, ocupavam a nona e a décima terceira posições, respectivamente. Na mesma data, haviam sido realizados 458 downloads de e-books em português e 104 443 downloads totais, ou seja, incidindo sobre o acervo global do Projecto Gutenberg, que tem mais de 30 mil livros electrónicos.
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Doze perguntas e respostas para perceber Copenhaga
Começa esta segunda-feira a 15.ª Conferência das Partes, uma cimeira mundial que mostrará até onde o mundo está preparado para ir no combate às alterações climáticas. A maioria dos líderes dos países mais poderosos estará presente, mas será que isso chega para garantir um sucessor do Protocolo de Quioto? Leia o nosso guia para compreender Copenhaga - o que está em jogo, o papel dos principais peões e as consequências de um possível fracasso
1. O que está em causa em Copenhaga e o que faz desta uma conferência especial?
A cimeira pretende ser uma espécie de Protocolo de Quioto, Parte II: em 1997, foi assinado, no Japão, um acordo entre os países mais desenvolvidos - com a notável excepção dos EUA - para limitar a emissão de gases com efeito de estufa, entre 2008 e 2012 (uma descida de 5,2% em relação aos valores de 1990). Este ano, deveria sair da Dinamarca um documento para controlar as emissões a partir de 2013 e ainda uma série de medidas de adaptação às alterações climáticas. Esta 15.ª Conferência das Partes, no âmbito das Nações Unidas, é a mais importante desde Quioto, a 3.ª COP (sigla inglesa para Conferência das Partes), precisamente por ser apenas a segunda vez que o mundo tenta atingir um objectivo palpável: levar os Estados mais desenvolvidos a cumprir metas concretas, tentar trazer os menos desenvolvidos para o barco (propondo algumas limitações ao crescimento económico baseado nos combustíveis fósseis) e apresentar soluções de financiamento para todas as medidas em cima da mesa. As negociações da COP 15 serão efectuadas por 193 países, entre os dias 7 e 18 deste mês.
2. O que se pode considerar um sucesso completo?
Um acordo perfeito passaria (e o uso do condicional aqui não é inocente) pela aprovação de um documento juridicamente vinculativo, que efectivamente reduzisse a pegada de carbono dos países mais ricos. Do ponto de vista científico, o ideal seria conseguir-se uma redução entre 25% e 40% das emissões de CO2, até 2020. Não se conseguindo isso, já não era nada mau que 2020 fosse o ano em que as emissões atingissem o seu pico, iniciando-se aí a descida. Tudo para garantir que a temperatura média do planeta não suba mais de 2°C, relativamente aos valores pré-industriais - o valor máximo que, segundo a maior parte dos cientistas, a Terra conseguirá suportar, sem consequências catastróficas. Para isso, de acordo com os modelos climáticos, a concentração de CO2 na atmosfera não pode ultrapassar 450 ppm (partes por milhão), sendo que, hoje, o planeta se encontra sujeito a valores que rondam as 385 ppm e que crescem a uma velocidade de 2 ppm ao ano. De resto, é fundamental que gigantes como a China (o maior poluidor do mundo), a Índia, o Brasil e a Indonésia também se proponham limitar as suas emissões, investir na descarbonização da indústria e travar a desflorestação.
3. E um fracasso?
Sair-se de Copenhaga sem metas concretas de redução de gases com efeito de estufa era considerado, há alguns meses, um fracasso absoluto. Neste momento, já há quem se contente com um documento de boa vontade, que aponte na direcção certa. Mas essa é uma discussão puramente política. No que diz respeito aos factos, 2°C é mesmo o ponto de não retorno. Faça-se o que se fizer, com mais ou menos justificações, o resultado final só pode ser um: um acordo que vincule os países ricos a reduzir as emissões globais de forma significativa e os pobres a limitar o crescimento das suas. Menos do que isso não chega. Adiar a decisão para a próxima COP, no México (um cenário que muitos dão como provável), perdendo-se um ano, é um luxo a que o planeta não se pode dar. Por outro lado, os países mais desenvolvidos também não podem abandonar a Dinamarca sem um projecto sério e consistente de apoio ao Terceiro Mundo, que vai sofrer incomparavelmente mais com os efeitos das alterações climáticas. Amostras dos efeitos na população pobre dos fenómenos extremos são vistos todos os dias nas notícias, sempre que há cheias no Bangladesh, tufões nas Filipinas ou secas em África. Como será no futuro, quando estas anomalias forem muitíssimo mais frequentes e intensas?
4. As perspectivas são optimistas ou pessimistas?
Sob o chapéu - ou desculpa - da crise económica, o balão foi-se esvaziando nos últimos tempos. Ainda em meados de Novembro, altos responsáveis da Comissão Europeia admitiam, informalmente, que não acreditavam num acordo vinculativo, devido aos sinais pouco animadores vindos dos Estados Unidos e da China (que, juntos, emitem, anualmente, mais de 40% do total de gases com efeito de estufa). Entretanto, nas últimas semanas, as esperanças voltaram a crescer, com propostas relativamente entusiasmantes vindas de vários países - incluindo aqueles dois, mas também, por exemplo, do Brasil, que se propõe baixar as suas emissões entre 36,1% e 38,9%, além de ter apresentado um plano para reduzir a desflorestação da Amazónia (a floresta com maior capacidade de sugar CO2 da atmosfera). Fica só uma dúvida: será que baixar as expectativas faz parte de um plano cínico para que qualquer migalha que saia de Copenhaga pareça um êxito? Mesmo que a resposta seja afirmativa, há uma boa razão para o mundo estar optimista: a aposta nas tecnologias amigas do Ambiente e nas energias renováveis tem sido apontada por muitos analistas como uma das soluções, e não um entrave, para relançar a economia em 2010 e criar empregos no futuro - 20 milhões até 2030, segundo a Organização Internacional do Trabalho.
5. Se for atingido um acordo, o problema do aquecimento global fica resolvido?
De maneira nenhuma. A prova disso é que, do plano de discussões para Copenhaga, uma grande parte diz respeito a projectos de adaptação e apoio aos prejuízos, além das formas de financiar o combate aos efeitos das alterações climáticas nos países subdesenvolvidos. De facto, todos os esforços que estão a ser feitos servem para desacelerar o aquecimento do planeta e manter os seus efeitos colaterais no mínimo possível - não para travar completamente o fenómeno. O IPCC (sigla inglesa para Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas, o organismo científico global que estuda o tema) prevê que a temperatura pode aumentar até 6,4°C, durante este século, mantendo-se a evolução prevista dos níveis de emissão de gases com efeito de estufa. Mas mesmo que, por milagre, fosse hoje exalado o último grama de CO2, a temperatura continuaria a subir, devido à longa vida das partículas do gás na atmosfera e ao efeito termorregulador dos oceanos (que influencia o clima e, ainda por cima, tem uma reacção muito lenta às alterações climáticas). Para se ter uma noção mais exacta: quando a temperatura do ar parar de subir, o nível médio dos mares continuará a elevar-se, durante mais ou menos cem anos, por causa da dilatação térmica provocada pelo aumento da temperatura das águas.
6. Quais são as consequências de não haver um acordo para fortes cortes, nas emissões de gases com efeito de estufa?
Se a temperatura média aumentar mais de 2°C, começará a rolar uma bola de neve imparável. Os glaciares, primeiro, e os lençóis de gelo da Gronelândia, depois, derretem inexoravelmente. Um processo que, uma vez iniciado, não mais poderá ser contrariado. Sabendo-se que, na Gronelândia, há gelo suficiente para aumentar o nível do mar em sete metros, e que a maior parte da população do globo vive perto do litoral, imagina-se os efeitos dramáticos no nosso modo de vida. Cidades inteiras teriam de ser deslocadas, países ficariam debaixo de água, guerras seriam provocadas por questões de território e milhões de pessoas ficariam sem água potável - pelo desaparecimento dos reservatórios de água que são hoje os glaciares e pela invasão de água salgada nos rios e aquíferos junto à costa. As consequências na economia seriam também devastadoras. Nicholas Stern, um economista contratado pelo governo britânico para estudar os efeitos do aquecimento, calculou que as alterações climáticas custarão no futuro, ao ano, 20% do PIB mundial. E combatê-las antes que seja tarde de mais ficará apenas por 1% do PIB.
7. Qual a posição da União Europeia e de Portugal?
A UE ocupou, desde o início, um lugar de liderança no combate contra as alterações climáticas. Em Dezembro do ano passado, a Comissão Europeia aprovou um plano de corte de 20% das emissões de CO2 (em relação a 1990) até 2020, unilateralmente - valor que crescerá para 30%, caso seja assinado um acordo global de redução; o compromisso inclui também uma fatia de 20% de energia produzida a partir de fontes renováveis e outra de 10% de biocombustíveis nos transportes. Portugal rapidamente tentou mostrar serviço e prometeu subir a fasquia de corte de emissões para 30% (responsáveis da Comissão, no entanto, dizem que o nosso país está muito mal encaminhado para atingir esse objectivo). A nossa aposta nas energias renováveis, apesar de reconhecida pelo resto da Europa, também não está a resultar tão bem como devia: a volatilidade das fontes (água, vento e sol) fez com que, este ano, Portugal tenha emitido mais CO2 na produção de electricidade do que no mesmo período de 2008, apesar de o consumo de energia ter baixado. Voltando às boas notícias, a UE tem cerca de um terço do mercado mundial de renováveis. E 1,4 milhões dos 2,3 milhões de pessoas empregadas neste sector são cidadãos comunitários.
8. Até que ponto estão os EUA e a China preparados para ceder?
É difícil fazer prognósticos a este nível de negociação política, mas o ponto de partida podia ser pior. Num gesto de boa vontade, a China pôs em cima da mesa uma redução entre 40% e 45% da sua intensidade de carbono, comparativamente a 2005. Ou seja, os chineses prometem emitir quase metade do CO2 por unidade de PIB. Do ponto de vista dos resultados líquidos, não é fabuloso, atendendo ao facto de o PIB da China crescer quase 10% ao ano (levando a um crescimento anual de emissões de 4% a 4,5 por cento). Mas é um sinal de que Hu Jintao está disposto a fazer a sua parte e não apenas a obrigar o Ocidente a pagar a factura, como acontecia até aqui. Já Obama esgrimiu, na semana passada, um decréscimo de 17% das emissões no seu país, até 2020, também relativamente a 2005. O Presidente dos EUA (que irá à cimeira de Copenhaga, num gesto que tenta mostrar o empenho americano no combate às alterações climáticas) não terá, contudo, grande margem de manobra para negociar acima desse valor, uma vez que o corte de emissões foi votado pelo Senado. Talvez, em alternativa, saque da cartola investimentos em energias limpas e ajudas financeiras ao Terceiro Mundo.
9. Há penalizações para quem não cumprir os acordos?
No papel, quem não cumprir o Protocolo de Quioto (nem que seja recorrendo à compra de créditos de emissão, ferramenta que Portugal está condenado a usar, dada a sua má situação) terá de pagar multas astronómicas. Na prática, como obrigar um Estado soberano a tal coisa? Declara-se guerra ao Canadá por este país ter ratificado Quioto e agora emitir quase 30% acima do prometido? Na realidade, as sanções para este tipo de incumprimentos acabarão por ser sempre a nível da pressão diplomática e da imagem do país. É por isso que a diferença entre um acordo ser juridicamente ou politicamente vinculativo se fica mais pela força psicológica da expressão do que pelas consequências concretas. Mas claro que é melhor para todos que de Copenhaga saia qualquer coisa com força de lei e não apenas um chorrilho de intenções.
10. Por que razão não se pedem mais responsabilidades aos países menos desenvolvidos, nomeadamente no corte das suas emissões?
Por uma questão de justiça. Os países industrializados enriqueceram poluindo o planeta, durante 200 anos. Não podem, agora, impedir os países pobres de tentarem dar um nível de vida confortável aos seus povos porque, entretanto, a ciência descobriu que a poluição faz mal à Terra. É por essa razão que a União Europeia não exige a gigantes como a China e a Índia os mesmos sacrifícios. E nem os EUA, que dizem ser tudo inútil sem a participação activa da China (o país que mais CO2 emite, em números absolutos, mas que está em 96° lugar nas emissões per capita), vão ao ponto de esperar cortes líquidos nos gases com efeito de estufa - apenas lutam por um abrandamento. Os chineses, aliás, pretendem conseguir em Copenhaga um compromisso por parte do Ocidente: que pague uma parte das suas emissões locais, uma vez que um terço do que é produzido na China se destina à exportação.
11. Ainda há dúvidas científicas sobre as alterações climáticas e a responsabilidade do Homem no fenómeno?
Sérias, não. Alguns cientistas têm tentado provar o contrário mas, na maior parte das vezes, as suas investigações são aldrabices pegadas, estudos encomendados por companhias petrolíferas com o objectivo predefinido de lançar dúvidas sobre o tema ou trabalhos que não resistem a revisões científicas feitas pelos seus pares. Argumentos constantes entre os chamados cépticos do aquecimento global estão coisas como o Verão de 2008 ter sido mais frio do que a média, ignorando ostensivamente a variabilidade climática natural e o valor das estatísticas - sabendo que um só ano é irrelevante numa tendência de décadas. O imenso painel de investigadores do IPCC e todas as grandes academias de ciências concordam com o essencial das alterações climáticas que afectam o planeta e o papel do antropogénico nesta evolução. Quando muito, essa necessidade de consenso científico, no seio de um órgão diplomático como as Nações Unidas, peca por defeito e não por excesso. Cada novo relatório climático que analisa os degelos, a temperatura ou os fenómenos extremos, é mais grave que o anterior. Ao que parece, a realidade está a ultrapassar os cenários científicos.
12. Quem mais perde em caso de fracasso no que respeita à inversão do aquecimento?
Perdemos todos, mas uma coisa é certa: os pobres terão problemas muito maiores. Além da situação de países que podem, pura e simplesmente, submergir (Maldivas, Tuvalu e um terço do Bangladesh, o território que fica a menos de um metro acima do nível do mar), os desafios, no mundo subdesenvolvido, não podiam ser mais ciclópicos. As secas em África, por exemplo, serão muito mais frequentes, levando a um aumento colossal da fome e dos conflitos relacionados com água e território - um estudo publicado na semana passada, da Universidade da Califórnia, aponta para 400 mil mortes só em guerras civis provocadas pelo aquecimento global, até 2030, na África subsariana. Dados como este ganham outro relevo quando se sabe que 0,6% a 1,4% do PIB de todos os países seriam suficientes para mitigar os efeitos das alterações climáticas e ajudar as populações a adaptarem-se aos novos tempos. Sabia que, actualmente, os gastos com armamento atingem 2,6% do PIB mundial?
visão
1. O que está em causa em Copenhaga e o que faz desta uma conferência especial?
A cimeira pretende ser uma espécie de Protocolo de Quioto, Parte II: em 1997, foi assinado, no Japão, um acordo entre os países mais desenvolvidos - com a notável excepção dos EUA - para limitar a emissão de gases com efeito de estufa, entre 2008 e 2012 (uma descida de 5,2% em relação aos valores de 1990). Este ano, deveria sair da Dinamarca um documento para controlar as emissões a partir de 2013 e ainda uma série de medidas de adaptação às alterações climáticas. Esta 15.ª Conferência das Partes, no âmbito das Nações Unidas, é a mais importante desde Quioto, a 3.ª COP (sigla inglesa para Conferência das Partes), precisamente por ser apenas a segunda vez que o mundo tenta atingir um objectivo palpável: levar os Estados mais desenvolvidos a cumprir metas concretas, tentar trazer os menos desenvolvidos para o barco (propondo algumas limitações ao crescimento económico baseado nos combustíveis fósseis) e apresentar soluções de financiamento para todas as medidas em cima da mesa. As negociações da COP 15 serão efectuadas por 193 países, entre os dias 7 e 18 deste mês.
2. O que se pode considerar um sucesso completo?
Um acordo perfeito passaria (e o uso do condicional aqui não é inocente) pela aprovação de um documento juridicamente vinculativo, que efectivamente reduzisse a pegada de carbono dos países mais ricos. Do ponto de vista científico, o ideal seria conseguir-se uma redução entre 25% e 40% das emissões de CO2, até 2020. Não se conseguindo isso, já não era nada mau que 2020 fosse o ano em que as emissões atingissem o seu pico, iniciando-se aí a descida. Tudo para garantir que a temperatura média do planeta não suba mais de 2°C, relativamente aos valores pré-industriais - o valor máximo que, segundo a maior parte dos cientistas, a Terra conseguirá suportar, sem consequências catastróficas. Para isso, de acordo com os modelos climáticos, a concentração de CO2 na atmosfera não pode ultrapassar 450 ppm (partes por milhão), sendo que, hoje, o planeta se encontra sujeito a valores que rondam as 385 ppm e que crescem a uma velocidade de 2 ppm ao ano. De resto, é fundamental que gigantes como a China (o maior poluidor do mundo), a Índia, o Brasil e a Indonésia também se proponham limitar as suas emissões, investir na descarbonização da indústria e travar a desflorestação.
3. E um fracasso?
Sair-se de Copenhaga sem metas concretas de redução de gases com efeito de estufa era considerado, há alguns meses, um fracasso absoluto. Neste momento, já há quem se contente com um documento de boa vontade, que aponte na direcção certa. Mas essa é uma discussão puramente política. No que diz respeito aos factos, 2°C é mesmo o ponto de não retorno. Faça-se o que se fizer, com mais ou menos justificações, o resultado final só pode ser um: um acordo que vincule os países ricos a reduzir as emissões globais de forma significativa e os pobres a limitar o crescimento das suas. Menos do que isso não chega. Adiar a decisão para a próxima COP, no México (um cenário que muitos dão como provável), perdendo-se um ano, é um luxo a que o planeta não se pode dar. Por outro lado, os países mais desenvolvidos também não podem abandonar a Dinamarca sem um projecto sério e consistente de apoio ao Terceiro Mundo, que vai sofrer incomparavelmente mais com os efeitos das alterações climáticas. Amostras dos efeitos na população pobre dos fenómenos extremos são vistos todos os dias nas notícias, sempre que há cheias no Bangladesh, tufões nas Filipinas ou secas em África. Como será no futuro, quando estas anomalias forem muitíssimo mais frequentes e intensas?
4. As perspectivas são optimistas ou pessimistas?
Sob o chapéu - ou desculpa - da crise económica, o balão foi-se esvaziando nos últimos tempos. Ainda em meados de Novembro, altos responsáveis da Comissão Europeia admitiam, informalmente, que não acreditavam num acordo vinculativo, devido aos sinais pouco animadores vindos dos Estados Unidos e da China (que, juntos, emitem, anualmente, mais de 40% do total de gases com efeito de estufa). Entretanto, nas últimas semanas, as esperanças voltaram a crescer, com propostas relativamente entusiasmantes vindas de vários países - incluindo aqueles dois, mas também, por exemplo, do Brasil, que se propõe baixar as suas emissões entre 36,1% e 38,9%, além de ter apresentado um plano para reduzir a desflorestação da Amazónia (a floresta com maior capacidade de sugar CO2 da atmosfera). Fica só uma dúvida: será que baixar as expectativas faz parte de um plano cínico para que qualquer migalha que saia de Copenhaga pareça um êxito? Mesmo que a resposta seja afirmativa, há uma boa razão para o mundo estar optimista: a aposta nas tecnologias amigas do Ambiente e nas energias renováveis tem sido apontada por muitos analistas como uma das soluções, e não um entrave, para relançar a economia em 2010 e criar empregos no futuro - 20 milhões até 2030, segundo a Organização Internacional do Trabalho.
5. Se for atingido um acordo, o problema do aquecimento global fica resolvido?
De maneira nenhuma. A prova disso é que, do plano de discussões para Copenhaga, uma grande parte diz respeito a projectos de adaptação e apoio aos prejuízos, além das formas de financiar o combate aos efeitos das alterações climáticas nos países subdesenvolvidos. De facto, todos os esforços que estão a ser feitos servem para desacelerar o aquecimento do planeta e manter os seus efeitos colaterais no mínimo possível - não para travar completamente o fenómeno. O IPCC (sigla inglesa para Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas, o organismo científico global que estuda o tema) prevê que a temperatura pode aumentar até 6,4°C, durante este século, mantendo-se a evolução prevista dos níveis de emissão de gases com efeito de estufa. Mas mesmo que, por milagre, fosse hoje exalado o último grama de CO2, a temperatura continuaria a subir, devido à longa vida das partículas do gás na atmosfera e ao efeito termorregulador dos oceanos (que influencia o clima e, ainda por cima, tem uma reacção muito lenta às alterações climáticas). Para se ter uma noção mais exacta: quando a temperatura do ar parar de subir, o nível médio dos mares continuará a elevar-se, durante mais ou menos cem anos, por causa da dilatação térmica provocada pelo aumento da temperatura das águas.
6. Quais são as consequências de não haver um acordo para fortes cortes, nas emissões de gases com efeito de estufa?
Se a temperatura média aumentar mais de 2°C, começará a rolar uma bola de neve imparável. Os glaciares, primeiro, e os lençóis de gelo da Gronelândia, depois, derretem inexoravelmente. Um processo que, uma vez iniciado, não mais poderá ser contrariado. Sabendo-se que, na Gronelândia, há gelo suficiente para aumentar o nível do mar em sete metros, e que a maior parte da população do globo vive perto do litoral, imagina-se os efeitos dramáticos no nosso modo de vida. Cidades inteiras teriam de ser deslocadas, países ficariam debaixo de água, guerras seriam provocadas por questões de território e milhões de pessoas ficariam sem água potável - pelo desaparecimento dos reservatórios de água que são hoje os glaciares e pela invasão de água salgada nos rios e aquíferos junto à costa. As consequências na economia seriam também devastadoras. Nicholas Stern, um economista contratado pelo governo britânico para estudar os efeitos do aquecimento, calculou que as alterações climáticas custarão no futuro, ao ano, 20% do PIB mundial. E combatê-las antes que seja tarde de mais ficará apenas por 1% do PIB.
7. Qual a posição da União Europeia e de Portugal?
A UE ocupou, desde o início, um lugar de liderança no combate contra as alterações climáticas. Em Dezembro do ano passado, a Comissão Europeia aprovou um plano de corte de 20% das emissões de CO2 (em relação a 1990) até 2020, unilateralmente - valor que crescerá para 30%, caso seja assinado um acordo global de redução; o compromisso inclui também uma fatia de 20% de energia produzida a partir de fontes renováveis e outra de 10% de biocombustíveis nos transportes. Portugal rapidamente tentou mostrar serviço e prometeu subir a fasquia de corte de emissões para 30% (responsáveis da Comissão, no entanto, dizem que o nosso país está muito mal encaminhado para atingir esse objectivo). A nossa aposta nas energias renováveis, apesar de reconhecida pelo resto da Europa, também não está a resultar tão bem como devia: a volatilidade das fontes (água, vento e sol) fez com que, este ano, Portugal tenha emitido mais CO2 na produção de electricidade do que no mesmo período de 2008, apesar de o consumo de energia ter baixado. Voltando às boas notícias, a UE tem cerca de um terço do mercado mundial de renováveis. E 1,4 milhões dos 2,3 milhões de pessoas empregadas neste sector são cidadãos comunitários.
8. Até que ponto estão os EUA e a China preparados para ceder?
É difícil fazer prognósticos a este nível de negociação política, mas o ponto de partida podia ser pior. Num gesto de boa vontade, a China pôs em cima da mesa uma redução entre 40% e 45% da sua intensidade de carbono, comparativamente a 2005. Ou seja, os chineses prometem emitir quase metade do CO2 por unidade de PIB. Do ponto de vista dos resultados líquidos, não é fabuloso, atendendo ao facto de o PIB da China crescer quase 10% ao ano (levando a um crescimento anual de emissões de 4% a 4,5 por cento). Mas é um sinal de que Hu Jintao está disposto a fazer a sua parte e não apenas a obrigar o Ocidente a pagar a factura, como acontecia até aqui. Já Obama esgrimiu, na semana passada, um decréscimo de 17% das emissões no seu país, até 2020, também relativamente a 2005. O Presidente dos EUA (que irá à cimeira de Copenhaga, num gesto que tenta mostrar o empenho americano no combate às alterações climáticas) não terá, contudo, grande margem de manobra para negociar acima desse valor, uma vez que o corte de emissões foi votado pelo Senado. Talvez, em alternativa, saque da cartola investimentos em energias limpas e ajudas financeiras ao Terceiro Mundo.
9. Há penalizações para quem não cumprir os acordos?
No papel, quem não cumprir o Protocolo de Quioto (nem que seja recorrendo à compra de créditos de emissão, ferramenta que Portugal está condenado a usar, dada a sua má situação) terá de pagar multas astronómicas. Na prática, como obrigar um Estado soberano a tal coisa? Declara-se guerra ao Canadá por este país ter ratificado Quioto e agora emitir quase 30% acima do prometido? Na realidade, as sanções para este tipo de incumprimentos acabarão por ser sempre a nível da pressão diplomática e da imagem do país. É por isso que a diferença entre um acordo ser juridicamente ou politicamente vinculativo se fica mais pela força psicológica da expressão do que pelas consequências concretas. Mas claro que é melhor para todos que de Copenhaga saia qualquer coisa com força de lei e não apenas um chorrilho de intenções.
10. Por que razão não se pedem mais responsabilidades aos países menos desenvolvidos, nomeadamente no corte das suas emissões?
Por uma questão de justiça. Os países industrializados enriqueceram poluindo o planeta, durante 200 anos. Não podem, agora, impedir os países pobres de tentarem dar um nível de vida confortável aos seus povos porque, entretanto, a ciência descobriu que a poluição faz mal à Terra. É por essa razão que a União Europeia não exige a gigantes como a China e a Índia os mesmos sacrifícios. E nem os EUA, que dizem ser tudo inútil sem a participação activa da China (o país que mais CO2 emite, em números absolutos, mas que está em 96° lugar nas emissões per capita), vão ao ponto de esperar cortes líquidos nos gases com efeito de estufa - apenas lutam por um abrandamento. Os chineses, aliás, pretendem conseguir em Copenhaga um compromisso por parte do Ocidente: que pague uma parte das suas emissões locais, uma vez que um terço do que é produzido na China se destina à exportação.
11. Ainda há dúvidas científicas sobre as alterações climáticas e a responsabilidade do Homem no fenómeno?
Sérias, não. Alguns cientistas têm tentado provar o contrário mas, na maior parte das vezes, as suas investigações são aldrabices pegadas, estudos encomendados por companhias petrolíferas com o objectivo predefinido de lançar dúvidas sobre o tema ou trabalhos que não resistem a revisões científicas feitas pelos seus pares. Argumentos constantes entre os chamados cépticos do aquecimento global estão coisas como o Verão de 2008 ter sido mais frio do que a média, ignorando ostensivamente a variabilidade climática natural e o valor das estatísticas - sabendo que um só ano é irrelevante numa tendência de décadas. O imenso painel de investigadores do IPCC e todas as grandes academias de ciências concordam com o essencial das alterações climáticas que afectam o planeta e o papel do antropogénico nesta evolução. Quando muito, essa necessidade de consenso científico, no seio de um órgão diplomático como as Nações Unidas, peca por defeito e não por excesso. Cada novo relatório climático que analisa os degelos, a temperatura ou os fenómenos extremos, é mais grave que o anterior. Ao que parece, a realidade está a ultrapassar os cenários científicos.
12. Quem mais perde em caso de fracasso no que respeita à inversão do aquecimento?
Perdemos todos, mas uma coisa é certa: os pobres terão problemas muito maiores. Além da situação de países que podem, pura e simplesmente, submergir (Maldivas, Tuvalu e um terço do Bangladesh, o território que fica a menos de um metro acima do nível do mar), os desafios, no mundo subdesenvolvido, não podiam ser mais ciclópicos. As secas em África, por exemplo, serão muito mais frequentes, levando a um aumento colossal da fome e dos conflitos relacionados com água e território - um estudo publicado na semana passada, da Universidade da Califórnia, aponta para 400 mil mortes só em guerras civis provocadas pelo aquecimento global, até 2030, na África subsariana. Dados como este ganham outro relevo quando se sabe que 0,6% a 1,4% do PIB de todos os países seriam suficientes para mitigar os efeitos das alterações climáticas e ajudar as populações a adaptarem-se aos novos tempos. Sabia que, actualmente, os gastos com armamento atingem 2,6% do PIB mundial?
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