quarta-feira, 11 de março de 2009

11 Março 2004


O Governo espanhol decretou luto nacional no próximo dia 11. Em todos os edifícios públicos a bandeira estará a meia hasta, o Rei Juan Carlos inaugurará o Bosque dos Ausentes, com a presença de vários chefes de Estado e do monarca marroquino, Mohamed VI. Os sinos das igrejas de Madrid tocarão às 7.35. Os cidadãos foram convidados a guardar cinco minutos de silêncio ao meio-dia e dezenas de especialistas e governantes irão reunir-se numa conferência sobre terrorismo.Estes são os principais actos previstos no primeiro aniversário dos atentados nos "comboios da morte", em Madrid, que mataram 192 pessoas e feriram mais de 1500.A associação 11 de Março, que reúne os familiares das vítimas dos atentados, não ficou satisfeita com estes actos públicos e oficiais. Preferiam o silêncio, "para não aprofundar mais a dor", e já anunciaram que não assistirão a nenhum deles.Os partidos políticos divergem sobre as conclusões da Comissão Parlamentar de Investigação que estudou os acontecimentos que tiveram lugar entre 11 e 14 de Março de 2004. Depois de ouvir os principais responsáveis políticos do Governo de Aznar, dirigentes do PSOE e o próprio Zapatero, a Comissão deu por concluída a sua investigação. Os deputados não concordam, ou não querem concordar, no diagnóstico, nas causas, na versão dos factos, nem sequer nas medidas para evitar novos atentados.O processo judicial ainda não terminou. Vinte e três suspeitos encontram-se em prisão preventiva. Durante as investigações foram detidas mais de 70 pessoas. Seis presumíveis autores ou colaboradores encontram-se em paradeiro desconhecido. Mas não se sabe ao certo quem planeou e executou a acção, se bem que já não sobrem dúvidas de que foram células ligadas à Al-Qaeda e sem relações com a ETA. O juiz de instrução espera fechar o processo antes do Verão.eventos. Esta será uma semana especial em Espanha. As instituições queriam assinalar o primeiro aniversário do 11 de Março com grande solenidade, mas o Governo, disse um porta-voz, "de acordo com a vontade manifestada pelas vítimas, deseja que os actos comemorativos se caracterizem pela sua sobriedade".Entre os actos de maior peso simbólico e institucional estará a inauguração do Bosque dos Ausentes, no Parque do Retiro, a poucos metros da Estação de Atocha, composto por um pequeno jardim com 192 ciprestes e oliveiras em memória dos 192 mortos do 11 de Março. O Rei Juan Carlos e Zapatero estarão presentes na cerimónia, bem como governantes de vários países, entre eles o Presidente português, Jorge Sampaio. Entre os dias 8 e 10, meia centena de chefes de Estado e de Governo assistirão à Conferência Internacional sobre Segurança, Terrorismo e Democracia. O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, e o ex-presidente dos EUA, Bill Clinton, são esperados em Madrid. No entanto, a actual Administração norte-americana não se fará representar na conferência. O encontro contará ainda com a participação de duas centenas de especialistas internacionais sobre terrorismo. O Rei de Marrocos - de onde é oriunda a maior parte dos terroristas acusados do atentado de 11 de Março - também irá prestar homenagem às vítimas.O momento da primeira explosão será assinalado com o toque dos sinos. Autoridades municipais estarão em todas as estações onde, há um ano, ocorreram os atentados. Na catedral de Madrid, o arcebispo celebrará uma missa fúnebre, a que assistirão as principais autoridades do Estado. Para mais tarde, a Associação das Vítimas do Terrorismo (AVT), que reúne vítimas da ETA e do 11 de Março, convocou uma concentração "em memória de todas as vítimas".

Sem comentários: