quarta-feira, 4 de março de 2009

Vi v a l d i - 1678/1741


Antonio Lucio Vivaldi nasceu na carnavalesca Veneza a 4 de março de 1678. Não poderia ser diferente: a cidade italiana - emblematizada por máscaras coloridas, gôndolas românticas e canais melancólicos - influenciou sua obra. Filho de Giovanni Batista, Vivaldi ouviu os primeiros sons de violino em casa. Seu pai, um músico que tocava na basílica de São Marcos, lhe ensinou os principais segredos das quatro cordas do instrumento que o imortalizaria como um dos principais gênios da música.
A sensibilidade de Vivaldi levou-o a preocupar-se com as coisas da alma e a optar pelo sacerdócio, como forma de se realizar. Estudou em seminários, onde também se dedicou à música. Ordenou-se padre em 1703, mas sua arte não estava em rezar missas. Pesou contra o ‘padre ruivo’ a acusação da Igreja de se ter deixado envolver, sentimentalmente, com uma de suas alunas de violino. Enfrentou as autoridades eclesiais o quanto pôde, mas acabou desistindo da carreira. Para afastar-se do ofício, alegou problemas de saúde. Há registros de que sofria com fortes dores no peito, possivelmente provocadas por asma ou angina.
A partir de 1704, longe da batina, Vivaldi foi regente no conservatório de Ospedale della Pietà, um dos quatro grandes orfanatos para meninas, na cidade de Veneza que serviam, também, como escolas de música. Ali conheceu a moça por quem se apaixonou. Era Anna Giraud, inspiradora de suas óperas e tormenta de todos os seus dias, até a morte. Vivaldi passou a compor com intensidade. No conservatório de Ospedale permaneceu durante três anos. Mais tarde, voltou a trabalhar neste mesmo local, no cargo de maestro de concerto. Seu mestre em composição continuava sendo o notável Giovanni Legrenzi, maestro da Capela Ducale. Os concertos para violino são os mais importantes dentro do magnífico catálogo que reúne suas obras. Mas experimentou escrever também para diferentes e excêntricos instrumentos, incluindo o bandolim, sempre com muita docilidade.
Nunca mais conseguiu se desligar do Pietà. Mesmo estando fora da terra natal, enviava todos os meses, pelo correio, dois novos concertos para ser interpretados pelas meninas. Repetiu tal rotina durante trinta anos. Como sua capacidade de criação não se limitava a cumprir o compromisso assumido com o conservatório, escreveu além da encomenda. Da sua lista de composições fazem parte 550 concertos, 350 para instrumentos solo (mais de 230 para violino). Há ainda 40 concertos duplos, mais de 30 para solistas múltiplos e perto de 60 para orquestra sem solo, 46 óperas, 23 sinfonias.
A mais popular obra de Vivaldi é, certamente, As quatro estações. Na verdade, elas fazem parte de 12 concertos denominados O diálogo entre a harmonia e a criatividade. Nessa série, se acentua a tendência ao sentido pitoresco que resulta na tentativa de se expressar, musicalmente, fenômenos da natureza ou sentimentos, como a primavera, o verão, o outono e o inverno retratados em As quatro estações. Vivaldi escreveu também uma grande quantidade de obras sacras, entre elas a célebre Glória, especialmente composto para o casamento do rei Luiz XV. Dedicava-se com extrema paixão tanto à música sacra quanto à profana.
Continuava a escandalizar ao lado de Anna Giraud, cantora e ex-aluna, com quem viajava para as apresentações. Vivaldi acabou abandonando a preconceituosa Veneza, transferindo-se para Roma, Amsterdã e Viena, onde morreu a 28 de julho de 1741, aos 63 anos.

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