quarta-feira, 4 de março de 2009

Quase perfeitos


Estava tão leve e desnudo
o teu rosto no espelho da água
que se enlearam nos limos
os nossos olhos
Foi assim que adormeceste intacta
em novelos de espuma
e eu soletrei os contornos
dos teus cabelos soltos
que de tão brancos
se tornaram divinos
Em silêncio recolhi a sombra
nas paredes da casa
soltei as âncoras
do meu barco preferido
e partimos em cinzas
tão leves tão breves
sem rasto
quase perfeitos
por: Mar Arável/pintura de almada negreiros

Sem comentários: