segunda-feira, 15 de junho de 2009

Bens penhorados e falta de apoios 'matam' escola de Belgais

Segundo Joana Pires, filha da pianista e responsável pelo Centro de Estudo das Artes de Belgais, após o encerramento da escola e do Coro Infantil, «não deve restar nada do projecto de Belgais iniciado pela minha mãe».
Joana Pires revelou que os subsídios do Ministério da Educação (única fonte de financiamento) bem como o mobiliário e instrumentos da escola «estão arrestados».
«Parece-nos ser uma acção movida por quatro ex-funcionários», despedidos a meio do ano, e que, de acordo com Joana Pires, discordam das indemnizações que lhes foram pagas. O valor do arresto ronda «os 78 mil euros», acrescentou.
«Despedimos funcionários para não termos que declarar insolvência a meio do ano. Perdemos patrocinadores e donativos e só lhes podíamos pagar o que o Ministério da Educação nos dava. Ficámos sem o resto do dinheiro que recebíamos», fruto da crise financeira, justificou.
As tarefas foram redistribuídas por outros cinco trabalhadores, mais dois professores colocados pelo Ministério da Educação e outros dois professores de artes.
A Escola da Mata, perto de Castelo Branco, é frequentada por 40 alunos dos quatro primeiros anos do ensino básico, com os quais são desenvolvidas actividades artísticas e culturais no dia-a-dia. «Não sei para onde vão no futuro», disse Joana Pires.
O Ministério da Educação atribui anualmente 170 mil euros à Associação de Belgais para desenvolver o projecto escolar, referiu.
Aquela responsável lamenta a falta de apoio na situação actual da Câmara de Castelo Branco, a cujo presidente pediu «apoio moral e uma garantia bancária para desbloquear o problema, negociada da forma que ele quisesse».
«Mas o presidente foi gelado e disse que não tinha nada a ver com o assunto», descreveu. «Não somos bem-vindos aqui», referiu, sublinhando que com o encerramento da escola e do Coro Infantil, «não deve restar nada do projecto de Belgais iniciado pela minha mãe».
A Agência Lusa tentou contactar o presidente da Câmara de Castelo Branco, mas tal ainda não foi possível. O Ministério da Educação remeteu um eventual comentário para mais tarde.
Maria João Pires abandonou os cargos directivos do Centro de Estudos das Artes de Belgais depois de uma operação ao coração, em Março de 2006, para colocação de um bypass.
Na altura, considerou haver uma "grande incompreensão" das autoridades portugueses face ao projecto a que dedicou vários anos.
Lusa/SOL

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