domingo, 21 de junho de 2009

Marcha LGBT reúne mais de mil pessoas em Lisboa

Mais de mil pessoas desfilaram hoje na 10ª edição da marcha do orgulho LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgéneros) em luta pela igualdade de direitos, fazendo desta a melhor edição de sempre aos olhos da organização.
Debaixo de um sol abrasador, a concentração começou no jardim do Príncipe Real, em Lisboa, onde muitas centenas de pessoas responderam a mais um desafio da ILGA Portugal e deram a cara pela luta na igualdade de direitos entre todos os cidadãos, independentemente da sua orientação sexual.
"Este é um momento simultaneamente de celebração e de reivindicação onde vamos afirmar que o espaço público é nosso e afirmar também que temos, como qualquer cidadão, de ter exactamente os mesmos direitos e vamos mais uma vez reivindicar a igualdade perante a lei, nomeadamente no acesso ao casamento civil", adiantou à Lusa o presidente da ILGA Portugal, Paulo Côrte-real.
Zara Barbosa, travesti, é participante na marcha desde a sua primeira edição, em 2000. "Acho importantíssimo porque é a nossa força e queremos fazer mais força para que se mudem mais depressa as mentalidades das pessoas porque ainda falta mudar muito", justifica.
Ricardo Duarte, por seu lado, vem à manifestação porque se sente um "cidadão de segunda".
"Como homem homossexual acredito que em Portugal vivemos num estado apartheid em que uns têm certos privilégios e direitos que outros não têm e eu contribuo plenamente e cumpro os meus deveres como cidadão, mas como cidadão homossexual, não tenho o direito de usufruir de todos eles que é coisa que, por exemplo, o meu irmão tem", salientou, referindo-se ao facto de não poder casar ou adoptar uma criança.
Ao som de muita música e de palavras de ordem como "Nem menos, nem mais, direitos iguais" ou "Seja homem ou mulher, eu amo quem quiser", a marcha saiu lentamente do Príncipe Real com vista à Praça dos Restauradores.
Para a organização, que à Lusa disse terem aderido mais pessoas do que no ano passado, que então reuniu cerca de mil pessoas, esta é possivelmente a melhor marcha de sempre.
"Não é uma questão de números que é relevante, é sobretudo o entusiasmo que as pessoas sentem e julgo que esse entusiasmo é palpável este ano, em que temos de facto um percurso claro em direcção à igualdade", sublinhou Paulo Côrte-real.
Para o presidente da ILGA Portugal, apesar de entender que muito ainda está por fazer em matéria de igualdade de direitos, desde a primeira edição da marcha, em 2000, a comunidade LGBT já conseguiu algumas vitórias.
"Houve de facto uma alteração substancial em 2004 com a revisão Constitucional que passou a incluir a orientação sexual no conjunto de categorias em função das quais ninguém pode ser discriminado", apontou Paulo Côrte-real.
Com passagem pela Rua São Pedro de Alcântara, Largo Luís de Camões, Rua Garrett, Rua do Carmo, Rossio, a marcha terminou nos Restauradores, onde os representantes de todas as associações envolvidas na organização iriam depois discursar.
A organização deste ano contou com o apoio, para além da ILGA Portugal, da Associação Cultural Janela Indiscreta, a Associação para o Planeamento da Família, os Médicos pela Escolha, a ATTAC Portugal, a Não te Prives, as Panteras Rosa, o Grupo de Católicos Homossexuais, a Rede Portuguesa de Jovens para a Igualdade de Oportunidades entre Homens e Mulheres, a SOS Racismo, a União de Mulheres Alternativa e Resposta e a Rede Ex-aequo.
dn

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