terça-feira, 30 de junho de 2009

Pena máxima de 150 anos para Madoff


Em poucas horas o juiz do tribunal de Nova Yorque, Denny Ching, condenou o autor de uma das maiores fraudes financeiras da actualidade, Bernard Madoff, a 150 anos de prisão, a pena pedida pelo ministério público americano.

Nem os 71 anos de idade de Madoff comoveram o juiz, que entendeu que o ex-financeiro não fez tudo o que podia para ajudar os investigadores, nem deu todas as informações às autoridades.

A fraude de Madoff, que recorreu ao esquema de Ponzi durante mais de 20 anos, vitimou instituições e pessoas em todo o mundo, desde bancos, investidores particulares, organizações de caridade, universidades, etc. O buraco financeiro está estimado em cerca de 50 mil milhões de dólares (mais de 35,5 mil milhões de euros), que correspondem aos ganhos que o conjunto de investidores teria se tivessem recebido o dinheiro que investiram com o devido retorno. Até ao momento, foram identificadas 1341 contas abertas na Bernard Madoff Investment Securities, com perdas que rondam os 14 mil milhões de dólares (10 mil milhões de euros).

Durante a leitura da sentença da maior fraude da história de Wall Street, o juiz deixou claro que considera o esquema de Madoff "extraordinariamente maléfico" e rejeitou a hipótese, levantada pela defesa, de que existia um "móbil de vingança" de quem pedia prisão perpétua. Denny Ching disse, ainda, não estar convencido das afirmações de remorsos proferidas por Madoff.

O juiz recorreu a uma história para definir o carácter de Madoff. Chin citou uma carta que o afectou. Na carta, a viúva de um dos investidores de Madoff, que morreu de ataque cardíaco, conta que foi abordada pelo ex-financeiro durante o funeral do marido, e que este lhe terá dito: "O seu dinheiro está seguro". A viúva terá posterioremente entregue mais dinheiro a Madoff, o qual viria a perder.

No julgamento, Bernard Madoff falou durante nove minutos. Começou por afirmar que não podia "dar uma desculpa pelo seu comportamento", e garantiu que pensava que ultrapassaria os problemas. "Quanto mais eu tentava sair, mais fundo ficava o buraco. Eu não podia aceitar que por uma vez na minha vida falhei. Sou responsável por uma grande dose de sofrimento e dor. Vivo numa tormenta... esta é uma culpa horrível para se viver", pronunciou Madoff. Depois virou-se para as nove vítimas presentes no tribunal e disse: "Desculpem. Eu sei que não vos ajuda".

O advogado de defesa de Madoff, Ira Sorkin, ele próprio uma vítima desta fraude, pedia 12 anos de prisão, alegando que o ex-presidente do Nasdaq tem uma idade avançado e que as perdas dos investidores não eram tão altas como o Governo norte-americano estimava. Madoff foi detido em Dezembro do ano passado, e declarou-se culpado, emMarço deste ano, de 11 crimes, entre eles fraude, perjúrio, lavagem de dinheiro e roubo.

No final da semana passada, o tribunal deu ordem para penhorar bens de Bernard Madoff no valor de 170 mil milhões de dólares (120 mil milhões de euros), para compensar os prejuízos.

Perfil: De Queens para a alta finança


Em Manhathan era considerado um criador de fortunas que com o seu jeito afável conquistava muitos do seus clientes em encontros de amigos, eventos sociais e almoços. O rapaz de Queens nasceu em 1938 e começou cedo a chamar a atenção para a sua capacidade em avançar com investimentos e levar os outros a investir. A herança judaica traçou-lhe o destino e facilitou-lhe a confiança que investidores tinham nele. Depois de trabalhar como salva-vidas nas praias de Long Island, lança a sua primeira empresa, em 1960, a Bernard Madoff Investment Securities. O sucesso que alcançou valeu-lhe a participação na criação da bolsa de valores tecnológica Nasdaq, da qual viria a ser presidente.

Bernie, como era chamado, apostou, ainda, na actividade filantrópica. Contribuía regularmente para hospitais, museus e organizações culturais de elite. Até 2008 a sua reputação não podia ser a melhor, mas a decisão de um investidor de retirar 7 mil milhões de dólares dos fundos de Madoff deixou a descoberto aquela que é a maior fraude da história americana. Bernie foi preso em Dezembro do ano passado e em seis meses ficou a saber que vai ficar detido para o resto da vida.

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