O ministro da Cultura, que é poliglota, tem alguns problemas quando se trata da língua portuguesa – não em matéria de expressão, que é correcta e urbana, mas em questões de julgamento. Em Vinhais, anteontem, o ministro quis ser simpático e caracterizou como ‘loucos’ os mirandeses que falam mirandês.
Nem toda a gente percebeu a analogia com a aldeia gaulesa de Astérix, mas a questão não pode resumir-se à loucura de uns irredutíveis que, inclusive, traduziram ‘Os Lusíadas’ para o mirandês. Cada língua que morre, dizia George Steiner, é um pedaço de Humanidade que desaparece. O ministro não parece ser sensível (e devia) ao assunto e acha que só se vão defender as línguas "que têm atrás de si um grande número de falantes". Para um ministro da Cultura, isto é gravíssimo.
Francisco José Viegas, escritor
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