quarta-feira, 20 de maio de 2009

O triunfo dos feios

Ser dono de uma beleza única era uma expressão que se usava para premiar o invulgar. Mas numa era em que muitos têm à sua disposição meios para serem (mais) bonitos, ser-se único é ser-se naturalmente feio. Porque como ninguém o quer ser, é difícil encontrar alguém com tantos pequenos pormenores e defeitos para se ver. Todas estas considerações dentro da subjectividade da estética. Porque dificilmente alguém é considerado universalmente feio ou bonito. Mas vejamos o exemplo de Rossy de Palma, a actriz fetiche de Pedro Almodovar que será das mais consensuais, dado ter olhos, nariz, boca e dentes feios. Apesar de ser estranhamente feia é a musa do realizador espanhol e já desfilou para Jean- Paul Gaultier e Thierry Mugler. Tudo porque tem algo, carisma, o que os franceses chamam de "je ne sais quoi" . Uma imagem de marca, única, irrepetível. Este fenómeno parece ser o mesmo que se passa com os gémeos Jonathan e Kevin Sampaio que ganharam o globo de ouro de melhor modelo. Serem dois é uma imagem de marca que os destaca e os tem levado a fazer editoriais de moda por todo o Mundo. Eram seguramente os mais feios de todos os nomeados, mas é por não pertencerem aos canônes de beleza convencionais que se destacam. A estética começa a ser marcada pela diferença, não pela beleza. Porque essa é a que memorizamos mais depressa.

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