segunda-feira, 11 de maio de 2009

Soneto

A mão que me sustenta e eu sustento
é mão capaz das vinte e cinco linhas
e do selado azul de um requerimento
ou doutras diligências comesinhas...
Habituada por secretarias, esperta,
decidiu de um grave acento,
a vírgulas guindou torpes cedilhas e mastigou papel, seu alimento...
Contraiu calos, revoltou-se às vezes, contra certos despachos,
tão soezes que até o dedo auricular se ria...
Com dois dedos de aumento se curvava e logo, altiva, à esquerda se mostrava...
Agora? Estão as duas na poesia...
Alexandre O'Neill

Sem comentários: