quinta-feira, 14 de maio de 2009

Tentou matar o Papa e quer nacionalidade Portuguesa

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa não se opõe à atribuição da nacionalidade portuguesa a Ali Agca, o turco que em 1981 tentou matar o Papa João Paulo II, em plena praça de São Pedro, em Roma, mas lembra que a decisão cabe ao Governo.
«Não tenha nada a dizer uma vez que se trata de uma questão política e diplomática», referiu ao tvi24.pt D. Jorge Ortiga, acrescentando que «no plano religioso, se ele é sincero, e creio que talvez seja, a Igreja está sempre aberta a quem realiza actos irresponsáveis e, mais tarde, decide iniciar uma vida nova e diferente».
Por seu lado, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, recusou esta quinta-feira comentar o pedido do cidadão turco, alegando desconhecer o pedido e as circunstâncias em que é formulado. Amado, que integra a comitiva de Cavaco Silva, à Turquia, desconhece ainda as circunstância é que a lei portuguesa pode ser aplicada numa situação destas.
Já o ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, considerou no final do Conselho de Ministros que o pedido não tem «viabilidade». «De acordo com a lei portuguesa da nacionalidade, não parece que este pedido possa ter qualquer espécie de viabilidade», disse, acrescentado que «um estrangeiro que não resida legalmente em Portugal e que não conheça a língua portuguesa só pode ter acesso à nacionalidade portuguesa em situações muito excepcionais, quando tenha prestado serviços muito relevantes ao Estado Português ou à comunidade nacional. Manifestamente não é o caso».
Pedro Silva Pereira adiantou também que, até ao momento, «Ali Agca não apresentou formalmente um pedido de acesso à nacionalidade portuguesa», mas «manifestou interesse nesse sentido».
O ministro referiu ainda que Ali Agca está a jogar em várias frente: «sabemos também que diligências análogas terão sido feitas pelo senhor Ali Agca para obter a nacionalidade polaca, simultaneamente», disse.
O homem que tentou matar João Paulo II na Praça de São Pedro, em Roma, em 1981, já iniciou o processo para obter a nacionalidade portuguesa, anunciou o seu advogado numa entrevista ao La Repubblica.
«Em Fátima há uma estátua da Virgem muito querida por [Karol] Wojtyla. O Papa Bento XVI explicou que o atentado (ocorrido a 13 de Maio) era o famoso terceiro segredo de Fátima, por isso é que ele escolheu Portugal», contou o advogado do turco.
Condenado a prisão perpétua, na sequência do atentado de 13 de Maio de 1981, Agca acabou por ser libertado a pedido de João Paulo II, tendo cumprido 19 anos de cárcere.
O antigo elemento do grupo terrorista de extrema-direita, Lobos Cinzentos, está a cumprir uma pena de prisão na Turquia pela morte de um jornalista e por um assalto a um banco, ainda na década de 70. Deve ser libertado até 2014.
tvi

Sem comentários: