público
quarta-feira, 13 de maio de 2009
Laureado com Prémio Universidade de Lisboa
A sobrevivência da humanidade como espécie depende de conseguir agir como um único grupo social. Só assim poderá salvaguardar a qualidade ambiental do planeta e assegurar os recursos que lhe permitem sobreviver e prosperar, defendeu ontem o laureado deste ano com o Prémio Universidade de Lisboa, Filipe Duarte Santos, ao receber o galardão.Esta ideia vai ao encontro dos receios do outro homenageado na sessão de atribuição daquele prémio, que decorreu ontem ao fim da tarde na Reitoria daquela universidade. José Correia da Cunha, que recebeu do reitor António Nóvoa a medalha da Universidade de Lisboa, considerou no seu discurso de agradecimento que a humanidade se “aproxima de uma catástrofe global” do Ambiente e defendeu a importância da “solidariedade pela construção de um futuro que não nos envergonhe”.Correia da Cunha, 82 anos, foi responsável pela introdução das políticas públicas de ambiente em Portugal, no final dos anos 60, e foi o primeiro e único presidente da Comissão Nacional de Ambiente (CNA), o primeiro organismo do Estado dedicado a esta temática, criado a 19 de Junho de 1971. Segundo explicou ao PÚBLICO no final da sessão, a sua convicção resulta de não estarem a ser adoptadas soluções eficazes para resolver a premente questão do aquecimento global.O estudo das alterações climáticas foi, aliás, uma das razões da distinção de Filipe Duarte Santos, catedrático do Departamento de Física da Faculdade de Ciências, com este prémio de 25 mil euros, instituído pela Universidade de Lisboa em parceria com o Banco SantanderTotta e que viveu este ano a sua terceira edição. “Foi um trabalho pioneiro numa área de grande impacto social e científico”, disse ontem António Nóvoa, salientando a liberdade e coragem com que manifestou as suas inquietações na procura do bem comum.Este investigador, que começou por se interessar pela física nuclear e depois pela astrofísica, foi o co-autor de um artigo científico publicado em 1987 sobre o aumento das concentrações de CO2 na atmosfera, antes mesmo da criação, em 1988, do Painel Intergovernamental da ONU para as Alterações Climáticas (IPCC). No início dos anos 90 coordenou o Livro Branco sobre o Estado do Ambiente em Portugal e, uma década depois, coordenou o projecto SCIAM, para dotar o país de cenários climáticos.Filipe Duarte Santos acredita que a solução para os problemas ambientais do futuro não passa apenas pelo desenvolvimento sustentável. “Hoje somos um grupo social único [do ponto de vista ambiental] e a nossa sobrevivência depende de conseguirmos defender todos os seus membros”.As negociações para encontrar um sucessor para o Protocolo de Quioto, que expira em 2012, espelham essa necessidade, lembra. E é premente que isso aconteça rapidamente. “É urgente porque, convém lembrar, quando acabar o dia 31 de Dezembro de 2012, a humanidade não tem nada”.
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