sexta-feira, 31 de julho de 2009

Gnarls Barkley

JORGE PALMA

7 Maravilhas da Natureza já podem ser votadas… sem Douro entre finalistas

A única presença lusa entre os 77 semifinalistas acabou por ficar para trás e o vale do rio Douro não integra a lista final de candidatas ao título de Nova Maravilha da Natureza. Mas, o Douro mantém-se na lista de reserva e ainda se pode continuar a apoiar a região, por voto telefónico (no caso: +41 77312 4041 9916), durante os próximos dois anos. No caso de existir alguma eliminação das finalistas, então será rebuscada a candidata da lista de reserva com mais votos.
Mas, para já, há 28 finalistas e a votação, online ou por telefone, já abriu. Agora é só escolher entre a Amazónia, as Cataratas do Iguaçu (Argentina, Brasil), a Floresta Negra (Alemanha - na foto), Galápagos (Equador), o Grand Canyon (EUA), a Grande Barreira de Coral (Austrália e Papua Nova Guiné), a Gruta de Jeita (Líbano), o Kilimanjaro (Tânzania), o Mar Morto (vários), o Salto do Anjo (Venezuela), Vesúvio (Itália) ou os Vulcões de Lama (Azerbaijão), entre outras 16. As Novas 7 Maravilhas da Natureza só serão conhecidas em 2011.Para espreitar o vale do rio Douro e toda a sua vertente vinícola, deixe-se guiar pelas imagens de Nelson Garrido.

Pró bueiro

Sócrates rapidamente deixou cair umas das pré-anunciadas «bandeiras» da próxima legislatura: o referendo à regionalização. Já não consta do programa eleitoral.
Sabendo-se igualmente da aversão da actual líder do PSD pelo assunto e a sua conhecida genética centralista, o eleitorado em Setembro próximo não terá efectiva opção por projectos políticos que pretendam desatar o nó cego que é o actual estado do Estado e o seu ralo que tudo suga e seca.

Rupa and the April Fishes

Rupa Marya e a miscigenação musical que exercita com os seus April Fishes, é o reflexo de uma América geradora de um cada vez maior número de artistas americanos (ou, simplesmente, com residência nos Estados Unidos) a olharem para uma míriade de culturas provenientes de todos os continentes.

Faleceu Bobby Robson, antigo treinador do Sporting e do FC Porto

Sir Bobby Robson, lenda do futebol e antigo treinador do Sporting e FC Porto, morreu aos 76 anos, depois de uma longa batalha contra o cancro. A notícia foi divulgada esta sexta-feira. Sir Bobby Robson era considerado como um dos melhores e mais carismáticos treinadores de futebol do mundo.
Bobby Robson «perdeu a sua longa e corajosa batalha contra o cancro e morreu, em paz, na manhã de hoje, na sua casa do condado de Durham, com a mulher e a família ao seu lado», pode ler-se no comunicado da família.
Bobby Robson, que enquanto futebolista representou a selecção inglesa nos Mundiais de 1958 e 1962, sofria de uma doença cancerígena e já tinha sido submetido a cinco operações.
Lembrado por muitos como um dos melhores e mais carismáticos treinadores de futebol, Sir Bobby Robson deixa um currículo impressionante.
A nível de selecções, o seu trabalho será recordado por ter levado a selecção inglesa à semi-final do Mundial de 1990.
A nível de clubes, Robson deu nas vistas ao vencer Taça da Liga Inglesa e a Taça UEFA pelo Ipswich, onde permaneceu 13 anos.
Seguiram-se o PSV Eindhoven, o Sporting Club de Portugal, o FC Porto - clube ao serviço do qual conquistou dois campeonatos e um taça de Portugal - e Barcelona, antes de terminar a carreira no Newcastle em 2004.

Reservas de pesca podem ser recuperadas

As tradicionais zonas de pesca do planeta estão em risco de colapso no prazo de poucas décadas, como alertam há anos os cientistas. Um grupo alargado de investigadores de vários países veio agora mostrar que isso pode ser evitado se as autoridades regularem de forma adequada a gestão da pesca comercial.
Este é o resultado de uma investigação publicada hoje na revista Science por uma equipa coordenada por Boris Worm, da universidade canadiana de Dalhousie.
De acordo com os autores, 63% das reservas estimadas de peixe no mundo necessitam de ser reconstituídas para se evitar o desaparecimento das espécies vulneráveis.
"Em todas as regiões constatamos uma tendência inquietante para uma perda crescente dos stock", afirmou Boris Worm, sublinhando, no entanto, que o estudo da sua equipa "mostra que os oceanos não são uma causa perdida".
Segundo os dados apurados pelos investigadores, houve progressos importantes em várias regiões dos Estados Unidos, da Islândia ou da Nova Zelândia, do ponto de vista da recuperação das reservas, que haviam sofrido uma devastação durante décadas de pesca intensiva. Medidas de gestão adequadas para travar essa devastação permitiram a recuperação verificada nos últimos dois anos pela equipa. "Essa gestão abre a porta ao restabelecimento ecológico e económico dessas regiões e é uma esperança global", disse Boris Worm.
dn

Extinções na Terra não foram culpa de cometas

Investigadores da Universidade de Washington avaliaram a probabilidade de as grandes extinções que ocorreram no planeta se deverem à colisão com cometas ou pedaços desses astros viajantes. Mas os seus cálculos apontam para que essa não tenha sido a causa desses episódios inexplicáveis. Para tal, os investigadores fizeram cálculos estatísticos
A colisão de um cometa, ou de um pedaço dele, com a Terra é a tese mais popular entre os cientistas para explicar a extinção dos dinossauros há 65 milhões de anos. Mas houve outros momentos de grandes extinções na história do planeta, cujas causas são desconhecidas. Teriam sido maus encontros com bocados de astros que por aí tivessem vindo desencabrestados, direitos à Terra?
Este tem sido um tema de intenso debate científico e agora investigadores da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, decidiram responder à pergunta de forma indirecta. O resultado é um artigo publicado hoje na Science, no qual os autores adiantam que essa não foi a causa provável das tais grandes extinções.
Para chegarem a esta conclusão, os investigadores Nathan Kaib e Thomas Quinn foram à procura da origem dos cometas de longo período (que podem levar milhares de anos nas suas viagens antes de cruzarem o sistema solar) e avaliaram a possibilidade de eles serem responsáveis por essas extinções em massa. Chegaram, no entanto, à conclusão de que isso é improvável. As suas contas apontam para que apenas uma dessas extinções, que ocorreu há 40 milhões de anos, e que foi relativamente pequena, comparada com outras, teria sido devida a uma colisão desse tipo.
Neste ponto é preciso mencionar a nuvem de Oort, ou seja, o que resta da nebulosa a partir da qual se formou o sistema solar há 4,5 mil milhões de anos, e cuja dimensão é maior do que três anos-luz. Pensava-se que os cometas de longo período que cruzam os sistema solar tinham origem na região externa da nuvem de Oort. Mas Kaib e Quinn descobriram que não é assim. Alguns são originários do coração da nebulosa e muitos nunca chegarão até aqui, ao sistema solar. Mas alguns sim. Um deles foi o Hale-Bopp, visível a olho nu no céu em 1996 e 1997, e um dos mais brilhantes que surgiu durante o século XX.
Um dos motivos por que a Terra não é palco de mais colisões com estes astros viajantes é o facto de existirem Júpiter e Saturno. Com os seus campos gravitacionais, os dois planetas gigantes desviam ou atraem esses pedaços de astros que por aí passam.E se a extinção de há 40 milhões de anos foi resultado de uma colisão, então mais nenhuma outra ocorreu na história do planeta causada desta forma. É uma questão estatística, dizem os investigadores.
dn

Esse peitinho de pato deixa-me doido

Hoje é o Dia Internacional do Orgasmo e para comemorar essa bela data sugerimos-lhe três restaurantes afrodisíacos. Onde se aposta na gastronomia como o melhor dos preliminares

. The Lingerie Restaurant


Os pratos dos três "restaurantes da lingerie" - sim, porque é de uma cadeia que estamos aqui a falar, e já se estende da Póvoa de Varzim a Albufeira - não só não têm nomes comuns como parecem saídos de uma canção de Quim Barreiros: o Grelo da Maria (bacalhau com broa), o Orgasmo de Crioula (tagliatelle com gambas de Mo- çambique) e o Minete Guloso (lombinhos de porco preto com vinho tinto). Mas não se assuste. Apesar da denominação, a confecção dos pratos não difere muito da de um restaurante convencional. No Lingerie Restaurant o afrodisíaco é mais visual que gustativo. Como o nome indica, a farda dos empregados é a mais curta do país: lingerie. Somente lingerie. Mas há outros pormenores que atiçam o animal que há dentro de nós: decoração em tons de vermelho e preto, pão em forma de pénis ou seios, espectáculos de striptease e, com sorte, brincadeiras eróticas à sobremesa. Além disso, há encontros de swing na primeira quinta-feira de cada mês.Rua Almirante Reis, 1239 (Póvoa de Varzim); Rua Duarte Oliveira, 556 (Perosinho, Vila Nova de Gaia); Avenida dos Descobrimentos à BP (Albufeira). Das 20h00 às 02h00. Encerram à segunda (excepto Albufeira) e ao domingo. 917 963 006. http://www.thelingerierestaurant.com/


2. Malagueta AfrodisíacaAqui não há lingerie, mas há muita fé de que através da comida se consiga atingir o prazer (gustativo, entenda-se). O Malagueta Afrodisíaca abriu há nove anos em Leiria, descartando as tradicionais morcela de arroz e a chanfana em favor do caril de gambas à indiana, o vatapá (prato típico da Baía, com camarão e tamboril) ou o frango korma, muito picante. A amplitude térmica da cozinha reflecte-se no espaço de cores quentes e pouca iluminação. O ambiente acolhedor e intimista que pede uma degustação pausada e minuciosa para um desfrutar de novos paladares. Os condimentos afrodisíacos estão presentes em tudo, inclusive nos sumos de gengibre, nos chás e na sangria especial da casa.Rua Gago Coutinho, 17, Leiria. 244 831 607. http://www.malaguetaafrodisiaca.com/.


Todos os dias das 19h00 às 24h003. Restaurante AfreuditeA deusa grega Afrodite deita-se no divã de Freud neste restaurante do Parque das Nações, em Lisboa. As especialidades da casa são a Orgia de Satay (isto é, satay de camarão) como entrada, o Excitação (peito de pato com frutos silvestres e armagnac) como prato principal e a sobremesa Gula (moeleux de chocolate com creme de pistácios e gelado de baunilha). Uma cozinha internacional com requintes afrodisíacos. É um restaurante indicado para casais, com muito romantismo e harmonia à mistura. Velas e flores secas sobre as mesas, música ambiente, estátuas de Buda? No final da refeição é oferecida uma cigarrilha indiana e uns canudinhos com poemas românticos e eróticos. Uma boa ideia para se entreter até chegar a casa ou ao motel.Passeio das Garças, lote 8B, Parque das Nações, Lisboa. 218 940 660.

www.afreudite.com.

Segunda a sábado das 20h00 às 00h00

quinta-feira, 30 de julho de 2009

korn

Universo segundo André

Tem sete anos mas é um lente da Física, Química e Matemática. Sobredotado por definição, reúne uma inusitada capacidade de absorver matérias complexas, decompondo-as em neutrões.
André Roque tem 7 anos e frequenta o 4.º ano na Escola de Lamaçães, em Braga. Depois de amanhã será o centro das atenções no Museu da Ciência, em Lisboa, onde vai proferir mais uma palestra, desta feita sobre "O Nascimento do Universo", no âmbito da XVI Astrofesta. De olhar penetrante, revela segurança ante o desafio, até porque já colecciona a tarimba de 15 palestras, entre escolas e bibliotecas de Braga. Quer ser neurocirurgião e cientista e já vê no recém-inaugurado Instituto da Nanotecnologia campo fértil para dar corpo aos seus sonhos.
"Um dia, gostava de trabalhar no Instituto de Nanotecnologia para fabricar nanobotes e mandá-los para Marte para converterem a atmosfera. Trinta metros da superfície de Marte é pó. Se escavarmos penso que se encontrará água. Já na Lua é improvável viver", afiança, com o empirismo próprio de quem busca a perfeição através de experiências sem fim. De uma busca sem igual do perfeccionismo que lhe confere estatuto de sobredotado e capaz de entabular conversa com os mais eruditos, ou esmiuçar conceitos complexos, levando-os de encontro à compreensão dos mais pequenos. Sem complexos na forma como aborda o Universo, abre portas de confiança à vida extraterrestre. "O Universo é enorme. Tem de haver, pelo menos, alguma vida lá. Podem ser bactérias, seres minúsculos, sem cor. Também podem ser bonequinhos verdes com antenas (risos)". André é um "devorador" de literatura especializada em ciência, física e matemática. Garante ter lido já 814 livros e até estabeleceu um recorde a bater (ainda que fictício) de um outro rapaz que leu 1114 livros. Os de aventuras lê-os em duas horas. São desafios constantes que André impõe ao seu cérebro, exercitando-o como poucos e que levou, recentemente, à impressão de 36 páginas do mais recente número perfeito.
jn

Espólio documental de Fernando Pessoa classificado como «tesouro nacional»

O decreto hoje aprovado em Conselho de Ministros estipula que todo o espólio de Fernando Pessoa passa a ter interesse nacional.
Essa classificação teve em conta o «relevante interesse cultural, designadamente, histórico, linguístico, documental e social» e reflecte «valores de memória, autenticidade, originalidade, raridade, singularidade e exemplaridade», refere o Conselho de Ministros em comunicado.
Em declarações à agência Lusa, a sub-directora da Biblioteca Nacional, Maria Inês Cordeiro, explicou hoje que este é «o mais elevado grau de classificação dentro do património nacional».
O decreto em Conselho de Ministros conclui um processo de classificação do espólio de Fernando Pessoa iniciado pela Biblioteca Nacional em Outubro de 2008.
Esta classificação abrange todo o espólio documental conhecido e o que se vier a descobrir e impossibilita a sua saída de Portugal.
O espólio documental de Fernando Pessoa está depositado sobretudo na Biblioteca Nacional, mas há documentos do escritor na Casa Fernando Pessoa, em Lisboa, na Casa José Régio, em Vila do Conde, nas bibliotecas municipais do Porto e Ponta Delgada e na posse dos herdeiros.
Lusa / SOL

Leonard Cohen

É certeza inabalável - como as construídas apenas pelos mitos - que Leonard Cohen nunca precisaria de procurar razões para regressar aos palcos. As descrições mais habituais do canadiano começam com odes a "um dos mais enigmáticos compositores da história da música popular" e seguem sempre o caminho das vénias prestadas pelos que, ainda hoje, o têm como exemplo maior da poesia cantada. Leonard Cohen actua hoje em Lisboa (Pavilhão Atlântico, 21h00, bilhetes entre os 30 e os 75 euros), depois de ter passado por Portugal em 2008, o ano do seu retorno, 15 anos depois da última digressão.
ionline

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Os aparelhos que permitem o acesso ao serviço de televisão por cabo, alguns deles conhecidos como "boxes", têm uma potência de funcionamento relativamente reduzida, mas, segundo os ambientalistas, como estão permanentemente ligados e o consumo em standby não é significativamente menor, conduzem a um valor total de consumo de energia eléctrica "significativo".
A Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza fez medições e cálculos sobre aqueles consumos de electricidade e concluiu que os serviços de subscrição de televisão podem representar um custo em electricidade para as famílias "superior a 50 euros por ano".
Estes cinquenta euros, acrescentam, podem representar mais de 10 por cento do consumo de electricidade de um agregado familiar médio e mais de um por cento do total de consumo de electricidade do país.
Em termos ambientais, este consumo de electricidade pode representar uma emissão de cerca de 300 mil toneladas por ano de dióxido de carbono, segundo contas da Quercus, e 0,5 por cento das emissões base para cumprimento por Portugal do Protocolo de Quioto de combate às alterações climáticas.
"Os serviços de subscrição de duas televisões e internet podem equivaler ao gasto de electricidade de cinco lâmpadas economizadoras de 11 Watts (equivalente a lâmpadas incandescentes de 60W) permanentemente ligadas, ou dois frigoríficos de classe eficiência A+, sendo que o frigorífico é o electrodoméstico que tradicionalmente mais electricidade consome em casa", referem os ambientalistas, em comunicado.
Para fazer as medições, a Quercus considerou o que chamou "a pior situação em termos de consumo" como a que os equipamentos estão sempre ligados, e contabilizou os consumos do aparelho mesmo quando está em stand by.
"Considerando uma utilização média de quatro horas por dia de televisão e de oito horas de internet, se o equipamento for desligado durante o resto do tempo, tal garantirá uma poupança da ordem dos 80 por cento no consumo de energia. Este pressuposto assume que não há gravação de programas noutras horas", acrescentam os ambientalistas.
O desligar do equipamento, para conseguir aquelas poupanças, pode ser efectuado através de tomadas com corte de corrente, um esforço que a Quercus diz poder representar uma redução de custos que pode atingir os 40 euros por ano.
dn

Sócrates no seu melhor


Obama diz que talvez se esteja no «princípio do fim» da crise

O presidente norte-americano considerou que se pode já estar a assistir ao «princípio do fim» da crise. Barack Obama justificou esta sua posição pelo facto de a queda da economia ter parado, situação a que não são alheias as medidas aplicadas pelo seu governo.
O presidente norte-americano entende que se pode estar a assistir já ao «princípio do fim da recessão», uma vez que, segundo Barack Obama, «o que é verdade é que conseguimos parar a queda».
Numa reunião pública em Raleigh, na Carolina do Norte, Obama lembrou a capa da última Newsweek que diz que a «recessão acabou», muito embora tenha admitido que «ainda falta tempo para que nos restabeleçamos completamente».
Neste encontro que serviu para dar um “empurrão” ao grande projecto de reforma do sistema de saúde norte-americano, o presidente dos EUA adiantou ainda não haver dúvidas que as medidas tomadas pelo governo «contribuíram para parar a nossa queda económica».
«O mercado está em alta e o sistema financeiro já não está no ponto de recuar», acrescentou Obama, que admitiu contudo que a perda de emprego acelerou para duas vezes que há seis meses e que assinalou a subida dos preços do imobiliário pela primeira vez em três anos.
dn

wallpaper


Satélite lançado com ajuda de engenheiros portugueses

O DEIMOS-1 vai "fotografar" todo o país, permitindo detectar e acompanhar a evolução de incêndios florestais e cheias no país.
Construído com a ajuda de engenheiros portugueses da empresa Deimos Engenharia, o DEIMOS1 pesa cerca de 100 quilos e deverá estar no espaço durante os próximos cinco ou seis anos.
"Equipado com três câmaras ópticas, que se assemelham às vulgares máquinas fotográficas digitais", o satélite vai armazenar e transmitir dados essenciais para desenvolver aplicações e serviços nas áreas da monitorização do ambiente e recursos naturais.
Nuno Ávila, da empresa portuguesa Deimos Engenheria, apontou algumas das funcionalidades do satélite: "permite saber qual a taxa de crescimento das plantas, controlar pragas, conhecer o teor de nutrientes no solo, fazer inventários florestais, conhecer a regeneração de uma zona vítima de uma catástrofe natural, entre muitas outras coisas".
Ao cobrir todo o território português fornecendo imagens actualizadas de três em três dias, o satélite vai permitir ainda "detectar e seguir a evolução de umas cheias ou de um incêndio", acrescentou o director da empresa.
Mas o grosso do trabalho da equipa de engenheiros portugueses "ainda está para começar", quando se começar a processar parte das imagens que chegam do satélite, a uma altura de 686 quilómetros.
Segundo a empresa portuguesa com sede em Lisboa, o primeiro centro DEIMOS para processamento, arquivo e distribuição de dados vai ser criado na Universidade de Valladolid, ao qual se seguirão outros, nomeadamente na Deimos Engenharia, em Portugal.
"Problemas técnicos" levaram a adiar para hoje às 19:45 (hora de Lisboa) o lançamento do DEIMOS-1, que estava marcado para dia 25 de Julho a partir do Cosmódromo de Baikonur.
dn

Dolores O'Riordan

PATRICK WOLF

Astronauta identifica marcas da destruição humana no planeta Terra

Um astronauta canadiano a bordo da Estação Espacial Internacional (ISS, sigla em inglês) identificou marcas da destruição humana no planeta Terra. Bob Thirsk falou ontem do degelo, fenómeno que evoluiu desde a última vez que tinha estado em órbita, há 12 anos.Thirsk está há dois meses na ISS e sempre que olha pela janela nunca deixa de ficar maravilhado. “É um véu muito fino de atmosfera que nos mantém vivos na Terra”, comentou o astronauta durante uma conferência de imprensa a partir do espaço.“Mas noto alguns efeitos da destruição humana na Terra. Pode ser apenas uma sensação, mas fico com a ideia de que os glaciares estão a derreter, o gelo nos picos das montanhas é hoje mais reduzido em relação ao que existia há 12 anos, a última vez que observei do espaço”. “Isso entristece-me um bocado”, admitiu.Thirsk deverá ficar na ISS durante seis meses.publico

Dave Douglas & Brass Ecstacy

Novo Ferrari Itália


Fertagus comemora hoje 10 anos do transporte ferroviário da Ponte 25 de Abril

A administradora-delegada da Fertagus, Cristina Dourado, afirmou à Lusa que a empresa está «praticamente em cima da sustentabilidade» e pretende, a partir de 2011, operar sem receber compensações do Estado.
«No primeiro semestre deste ano registámos um crescimento de três por cento no número de passageiros com passe e assinatura», disse a administradora-delegada, sublinhando, em jeito de balanço, que a empresa «se tornou uma alternativa para a mobilidade na península de Setúbal».
De acordo com a empresa, são transportados 85 mil passageiros por dia e 26 por cento dos clientes deixaram de utilizar o carro em favor da utilização do transporte colectivo.
«Durante o ano de 2008 circularam menos 20 mil veículos por dia na Ponte 25 de Abril», exemplifica Cristina Dourado, acrescentando que se trata de «uma redução de 13 mil toneladas por ano nas emissões de dióxido de carbono».
Os resultados de um estudo de satisfação e perfil de cliente elaborado pela empresa em Outubro de 2008 mostram que o Índice Global de Satisfação atinge 4,3 numa escala de 1 a 5, embora alguns utilizadores afirmem que «os bilhetes são caros» e que «muitas vezes viajam como sardinhas em lata».
Para João Pedro Teixeira, estagiário numa empresa de telecomunicações, utilizador do comboio da ponte entre as estações de Corroios e Entrecampos, «o preço cobrado pelas viagens é excessivo porque, embora as deslocações sejam rápidas, é muito frequente haver falta de espaço nas carruagens, obrigando os utilizadores a viajar como sardinhas enlatadas».
Cátia Guerreiro, estudante universitária, utiliza o comboio entre a estação do Pragal e a de Sete Rios e afirma que «há alturas em que a viagem é muito desconfortável» e que já lhe aconteceu «não conseguir entrar no comboio, por não haver espaço».
A administradora-delegada responde explicando que «o tarifário é definido pelo Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres (IMTT), sendo idêntico às alternativas que os utentes têm para efectuar as mesmas deslocações».
Quanto à sobrelotação das carruagens em hora de ponta, Cristina Dourado esclarece que a empresa pretende resolver esse desconforto, tendo já avançado com a proposta de criação de uma família curta de comboios, a partir de Corroios, para reforçar a oferta destas estações, onde entram 43 por cento dos utentes do comboio nas horas de ponta.
A exequibilidade da proposta está ainda a ser avaliada pela Rede Ferroviária Nacional (REFER), responsável pela infra-estrutura, uma vez que será necessário criar condições para a reversão dos comboios em Corroios.
O comboio começou a circular no tabuleiro ferroviário da ponte a 29 Julho de 1999. Em 2008 transportou cerca de 23 milhões de passageiros.
Lusa / SOL

LVIII Semana de Estudos Gregorianos

Local:Viseu
Datas:22 a 30 de Agosto de 2009
Cursos:
Canto Gregoriano
1º Ano (Prof. Alberto Medina de Seiça)
2º Ano (Prof. João Luis Ferreira)
3º Ano (Prof.ª Idalete Giga)
Master Class (Rev. Father Prof. Dr. Robert Skeris)
Direcção Polifónica(Prof. Paulo Brandão)
Leitura Musical/Formação Auditiva (Prof.ª Paula Coimbra)
Órgão: Curso de Aperfeiçoamento (Prof. João Santos)
Pedagogia Musical Ward/Helden (Prof.ª M.ª Teresa Miranda)
Técnica Vocal (Prof. Vianey da Cruz)
Trompete: Curso de Aperfeiçoamento (Prof. Nelson Rocha)
Organização:
Centro Ward de Lisboa - Júlia d'Almendra

centro.ward@sapo.pt
Telefax: 212 486 421
Telemóvel: 963 625 453
Patrocínios:
Dom Mocquereau Fund da Universidade Católica Americana de Washington

terça-feira, 28 de julho de 2009

Notas Falsas. Novas falsificações nos balcões e no multibanco

M. nem queria acreditar quando saiu de um banco no centro de Lisboa e entrou, poucos metros à frente, noutro balcão de uma instituição bancária diferente. Ia depositar o dinheiro, quando foi avisado de que a nota era falsa. Uma nota de 100 euros que fez corar o depositante que imediatamente regressou ao local onde tinha levantado dinheiro. Os três, funcionário, gerente e cliente, rumaram ao balcão onde detectaram a nota falsa e acabaram por repor o dinheiro. Nenhum dos balcões quis falar com o i até porque raramente algum banco admite ter saído dos seus balcões uma nota falsa.No Algarve, também ontem, uma cidadã deslocou-se a um multibanco em Tavira num supermercado. Deu o dinheiro levantado a uma empregada, que fez compras nesse mesmo supermercado. Na caixa detectaram que a nota de 20 euros era falsa. Numa cidade do Norte, Penafiel, um jovem vendedor contou ao i que fez recentemente o levantamento do salário num balcão, acabando por ser avisado pelo banco onde o depositou que uma nota de 20 euros era falsa. Quando tentou reclamar na instituição em que fez o levantamento, não só negaram o sucedido como ameaçaram chamar a PSP. Com receio de problemas, o jovem decidiu ir-se embora.Os bancos só repõem os montantes que se provarem terem sido levantados ao balcão ou na máquina multibanco, mas o que acontece, na esmagadora maioria das vezes, é ser impossível provar que determinada nota foi levantada neste ou naquele multibanco. Segundo uma fonte da SIBS (Sistema Interbancário de Serviços) que faz a gestão da rede multibanco, a questão das notas falsas nos multibancos pode levantar-se sobretudo nas máquinas que estão fora das instituições bancárias, como aconteceu ontem em Tavira. Quem faz as reposições do dinheiro são funcionários de empresas de segurança e, nesse momento, pode haver alguma troca ilícita. Segundo alguns profissionais do sector de segurança privada, contactados pelo i, mesmo se detectem situações irregulares é comum que o processo seja resolvido internamente porque está em causa o nome da empresa e, eventualmente, de actuais e futuros contratos com diferentes clientes.ionline

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Oceanos podem subir 82 centímetros até 2100

Os resultados da investigação, publicada na edição de Julho da revista Nature Geoscience, confirmam globalmente o intervalo de previsões do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC), com sede em Genebra.
«Uma subida de 50 centímetros seria muito perigosa para o Bangladesh e todas as regiões situadas a baixa altitude», afirma o autor do estudo, Mark Siddall, do departamento de Ciências da Terra da Universidade de Bristol.
Mas «50 centímetros são uma média, já que localmente a subida poderá chegar a um metro ou mais», adverte.
Num relatório publicado em 2007, os peritos do IPCC previram um aumento do nível dos oceanos de 18 a 59 centímetros, ou mesmo 76 centímetros tendo em conta o degelo dos glaciares e da banquisa, segundo cenários que prevêem uma subida das temperaturas de 1,1 a 6,4 graus Celsius até 2100.
Basta o aquecimento da água do mar para aumentar o seu volume, mesmo sem incluir a fusão das massas de gelo, cujo impacto na subida do nível dos oceanos foi estimado em 17 centímetros pelos mesmos peritos.
A equipa de Mark Siddall usou dados fornecidos por corais fósseis e amostras de calotes glaciares para elaborar um modelo da evolução do nível dos mares durante os últimos 22 mil anos.
Os investigadores chegaram a conclusões semelhantes às do IPCC através de uma abordagem diferente, «o que reforça a confiança com que se pode interpretar os resultados do IPCC», sublinha Siddall.
«O nosso modelo indica que o impacto no nível dos mares do aquecimento no século XX prosseguirá durante numerosos séculos no futuro e constituirá por conseguinte um componente importante das alterações climáticas».LUSA

Dido Ft./ Youssou N'Dour

domingo, 26 de julho de 2009

O PALÁCIO DA VENTURA

Sonho que sou um cavaleiro andante.
Por desertos, por sóis, por noite escura,
Paladino do amor, busco anelante
O palácio encantado da Ventura!

Mas já desmaio, exausto e vacilante,
Quebrada a espada já, rota a armadura…
E eis que súbito o avisto, fulgurante
Na sua pompa e aérea formosura!

Com grandes golpes bato à porta e brado:
Eu sou o Vagabundo, o Deserdado…
Abri-vos, portas d’ouro, ante meus ais!

Abrem-se as portas d’ouro, com fragor…
Mas dentro encontro só, cheio de dor,
Silêncio e escuridão – e nada mais!

ANTERO DE QUENTAL

José Afonso

Um cheirinho a Andaluzia, com Niña Pastori...

Desde que rime, é poesia

A música é um eficaz disfarce de limitações poéticas. Quando vamos no carro a cantarolar uma música que passa na rádio, raramente pensamos no significado das letras. Apenas repetimos as palavras que ouvimos sem dar grande atenção à mensagem que o artista tenta transmitir. Talvez porque estamos extasiados com a voz melodiosa do cantor. Ou com a nossa. Mas, sem música, o crime perfeito deixa de ser perfeito: de repente, a letra da canção perde o aparente bom gosto. E o sentido. Aqui ficam alguns exemplos de candidatos a Camões-com-guitarra-e-bateria-de-fundo:E se partires de manhã Deixa a sombra e o chão Esta noite eu e tu Somos a palma e a mão
(A Palma e a Mão, João Pedro Pais)Repare-se na mestria métrica (artisticamente ignorada, coisa que exige coragem por parte do autor), mas, sobretudo, tente-se descortinar o que o João Pedro quer dizer com isto. Um é a palma e o outro é a mão? Mas a mão inclui a palma... E os dedos também, já agora... Quer isto dizer que um dos protagonistas é mais do que o outro? Ou significa que são indissociáveis, de uma forma que deve fazer todo o sentido na cabeça do João Pedro? Mas neste caso levanta-se outra questão, bem mais interessante: será que uma mão que perde os dedos ainda pode ser chamada de mão ou passará a ser apenas uma palma?
Deixemos o Poeta João Pedro e passemos ao Poeta André.Gosto de ti desde aqui até à lua Gosto de ti desde a lua até aqui Gosto de ti simplesmente porque gosto E é tão bom viver assim
(Adivinha o Quanto Gosto de Ti, André Sardet)Fico extasiado com a implícita sinceridade do André a admitir, sem vergonhas, a sua óbvia falta de ideias, ao dizer "gosto de ti simplesmente porque gosto". Imagino-o sentado no sofá da sala de estar, de guitarra ao colo, a cantar para a filha "Gosto de ti desde aqui até à lua, gosto de ti desde a lua até aqui...". Entretanto hesita; pára de tocar e começa a puxar pela cabeça: "Mas gosto de ti porquê, filha? Eu sei lá... Estas coisas não se explicam."; "Então não expliques, papá."; "Boa ideia! É mesmo isso! Porque é que me hei-de dar ao trabalho? Gosto de ti simplesmente porque gosto, e é tão bom viver assim. Rima? Rima! Siga para bingo."
Um advérbio de modo, seja ele qual for, fica sempre bem numa canção. Antes que a cabeça comece a doer, passemos ao último exemplo.Mas nisto o vento sopra doido E o que foido Corpo num turbilhão
(O Sopro do Coração, Clã)Podem tentar convencer-me de que a Manuela Azevedo quer dizer "e o que foi do corpo num turbilhão". Mas macacos me mordam se ela não diz "foido".
É preciso é rimar. A poesia que se foida.

Arquitecto projecta parede de areia com seis mil quilómetros para travar deserto do Sara

Um estudo das Nações Unidas diz que dois mil milhões de pessoas poderão ser vítimas potenciais da desertificação. O arquitecto sueco Magnus Larsson têm uma ideia para travar este processo e apresentou-a hoje numa das conferências das TED Global, a decorrer em Oxford: construir uma parede de areia com seis mil quilómetros ao longo do deserto do Sara.
A barreira imaginada por Larsson começa na Mauritânia, na costa Oeste de África e vai até ao Djibuti, no outro extremo. “A ameaça é a desertificação. A minha resposta é uma parede arenítica, feita a partir de areia solidificada”, disse Larsson, que diz ser um arquitecto de dunas.O método para endurecer a areia seria inundá-la com bactérias capazes de transformar o material em cimento em poucas horas. A desertificação “afecta cerca de 140 países”, disse o arquitecto à BBC News. Regiões que abarcam as repúblicas da ex-União Soviética na Ásia Central, a China e a África subsariana são zonas vermelhas que estão em risco de se tornarem desertificadas, aumentando a pressão na procura dos recursos naturais.Para a África do Norte, as nações já tinham uma proposta: plantar um corredor de árvores para prevenir a progressão das areias. Um projecto similar foi avançado para o deserto do Gobi, que abarca parte da China e da Mongólia.Segundo Larsson, a parede arenosa serviria como complemento e não como substituto a uma barreira de árvores. “Daria suporte físico para as árvores”, disse. Ainda mais importante, se as árvores fossem derrubadas continuaria de pé. “Nestas regiões as pessoas são tão pobres que cortariam [as árvores]para fazer fogueiras.” Utilizar o deserto para utar contra o desertoPara se fabricar a parede, os grãos de areia ligar-se-iam com a ajuda do Bacillus pasteurii. “É um microrganismo que produz quimicamente a calcite – uma espécie de cimento natural”, disse. O arquitecto foi buscar a ideia a uma equipa da Universidade California Davis, que tem utilizado esta bactéria para solidificar o chão em zonas que são vulneráveis a sismos. No caso das dunas, as bactérias seriam injectadas em grandes quantidades.“A ideia é parar o deserto utilizando o próprio deserto”, disse. A estrutura poderia ainda ser aproveitada de forma vantajosa para as populações, fornecendo sombras, abrigos e uma estrutura para recolher água.No entanto, o arquitecto admite que existem vários problemas práticos para serem ultrapassados. “Existem muitos detalhes que ainda faltam explorar: políticos, práticos, éticos, financeiros. O meu plano está carregado de desafios”, adiantou. “No entanto é um começo, uma visão, se mais nada, gostava pelo menos que esta ideia gerasse uma discussão.”
publico

EUROPEANS

sexta-feira, 24 de julho de 2009

"A LOIRA" Rinaldo mello


”EM MAR REVOLTO” - pintura em acrilico

jaragao

Dream Theater

O Estado Novo dizia que não havia homossexuais, mas perseguia-os

Oficialmente não se podia ser. No discurso nem sequer existiam. Mas na prática era comum. Quer para o povo, assíduo dos urinóis, estações e docas, preso e humilhado pela polícia; quer para as elites sociais e culturais que viviam a sua sexualidade numa semitolerância envergonhada e claustrofóbica.No Estado Novo podia-se ser homossexual, mas não se podia dizer. Nem no mundo da alta sociedade, dos "marqueses" e das festas com homossexuais nas casas particulares. Nem no mundo dos bares e dos clubes, no mundo da rua, dos engates nos urinóis, nos jardins e nos cais e estações, na homossexualidade do bas-fond. A distinção entre estes dois mundos surgia quando se era apanhado: os protegidos do regime eram poupados, os outros eram internados, espancados, humilhados.Como era ser homossexual no Estado Novo? Como era viver no reino do não dito e do semipermitido? As respostas encontradas pela Pública - com a ajuda de estudiosos e de homossexuais que viveram sob estes anos de chumbo, alguns dos quais ainda hoje aceitam apenas falar sob anonimato - revelam um quadro repressivo feroz para a generalidade dos homossexuais apanhados pelas rusgas da polícia e uma permissividade calada, que ignora, ou finge que não existe, a prática por uma elite que, pelo seu estatuto social, está acima da moral e sobretudo da lei. "Não se fala e não existe. A regra é esta. A homossexualidade era o segredo que toda a gente sabia. E, como toda a gente sabia, ninguém dizia", afirma António Fernando Cascais, professor universitário e um dos mais antigos activistas da defesa dos direitos dos homossexuais em Portugal."Há um tratamento diferente de acordo com a classe social, uma diferenciação de tratamento que vem de antes e que se intensifica com o Estado Novo", explica Cascais, que tem a mais completa base de dados sobre História da homossexualidade em Portugal: "Normalmente, as classes mais baixas - que são arrebanhadas na rua - são humilhadas nas esquadras e espancadas em público, passeadas nas ruas, postas a lavar o chão. Já para as famílias das elites há um sentimento de permissividade, de serem vistos como pessoas que não têm de partilhar da moral comum, a moral burguesa." Havia, pois, liberdade para quem tinha estatuto social e dinheiro. "Nós tínhamos dinheiro para pagar e para fazer muita coisa - pagar o silêncio da sociedade e pagar o silêncio da polícia", assume António Serzedelo, professor reformado e dirigente da Opus Gay, que em Maio de 1974 foi co-autor, com amigos de Lisboa e do Porto - entre os quais o sociólogo José António Fernandes Dias - do manifesto Liberdade para as Minorias Sexuais, do Movimento de Acção dos Homossexuais Revolucionários (MAHR).Lei sem nomeA lei era clara. A homossexualidade começou a ser punida pelo Código Penal a partir da revisão de 1886, através dos artigos 70.º e 71.º, que perdurarão quase 100 anos - até 1982. Sem nunca mencionar a palavra, prescreve-se que aos que "se entreguem habitualmente à prática de vícios contra a natureza" passam a ser "aplicáveis medidas de segurança", como o "internamento em manicómio criminal", "internamento em casa de trabalho ou colónia agrícola", "liberdade vigiada", "caução de boa conduta" e "interdição do exercício de profissão".A condenação da homossexualidade vai ser apertada através das leis. A "lei de Julho de 1912 apresentava uma definição de 'vadio' próxima da do Código Penal e que especificava que se aplicava ao homossexual", escreveu a antropóloga e professora universitária Susana Pereira Bastos em O Estado Novo e os Seus Vadios (Dom Quixote, 1997). Uma determinação que passará a ser aplicada em 1945 pelos Tribunais de Execução de Penas.A Mitra, criada em 1933 para receber mendigos e vadios, é o lugar de internamento de muitos dos homossexuais apanhados pela polícia - isso durou até 1952, quando foi transformada em instituição parapsiquiátrica. Outro lugar era a Colónia de Trabalho do Pisão, segundo Susana Pereira Bastos. Cascais refere que muitas mulheres homossexuais foram "deportadas dentro do país para Castro Marim".Contra a "corrupção literária"Na década de 1920, há na Europa, sobretudo na Alemanha, a "expressão de uma cultura homossexual literária e uma discussão científica sobre a homossexualidade" que em Portugal é acompanhada pelas "elites sociais e culturais", diz Cascais. Mas o vanguardismo literário português vai ser cortado ainda antes do 28 de Maio de 1926 - golpe de Estado, liderado por Gomes da Costa, que inicia os 48 anos da ditadura portuguesa e que levará Salazar ao poder - por um movimento que anuncia o esteio cultural e mental de adesão ao salazarismo.Liderada por Pedro Theotónio Pereira, a Liga de Acção dos Estudantes de Lisboa, movimento católico criado em 1923, consegue que o Governo Civil interdite os livros de poesia homossexual de Judith Teixeira (Decadência), António Botto (Canções) e Raul Leal (Sodoma Divinizada). A polémica levará à ostracização destes três poetas.Raul Leal vivia em Paris, mas António Botto e Judith Teixeira foram perseguidos. Botto foi demitido da função pública e acabou por fugir para o Brasil com a mulher, que no Rio de Janeiro o acompanhou até ao fim. Doente, sofrendo delírios da sífilis, morreu na miséria em 1959. Cascais recorda que a sua pobreza era tal que "comia farinha com água". O poeta tentou, por todos os meios, voltar a Lisboa, ao ponto de escrever ao cardeal Gonçalves Cerejeira, chefe da Igreja católica portuguesa, dedicando-lhe o poema Fátima e oferecendo a letra do hino do 13 de Maio, o Ave, Fátima.Judith Teixeira, por sua vez, foi gradualmente remetida ao absoluto silêncio até morrer, também em 1959, mas em Lisboa. Foi ainda mais maltratada do que Botto ou Leal, diz a historiadora Alice Samara. "[Fernando] Pessoa, no texto que escreve em defesa dos dois, não fala dela." A crítica que lhe é feita, à época, "é política e não literária".Essa ferocidade tem uma razão: "É uma mulher que quebra o pudor e afronta o homem. Até Marcello Caetano escreveu contra ela." A partir daí e durante décadas, a homossexualidade exprime-se na literatura de forma cifrada, críptica: "Ninguém queria ter a sorte de Botto e de Teixeira", diz Cascais. "O próprio Eugénio de Andrade disse que não queria pagar em vida o que Botto pagou." Este quadro de autocensura nas artes só é quebrado pela geração dos surrealistas e por figuras como Mário Cesariny e Natália Correia, que, diz o professor e activista, "reconquistam uma liberdade para a homossexualidade que se amplia na geração de Ary dos Santos e mais ainda na geração de antes do 25 de Abril". Essa recuperação de espaço de criação homossexual é também construída pela poeta Manuela Amaral, lembra Maria Andrade, responsável pela antiga revista lésbica Lilás."As artes estavam sujeitas a uma censura férrea e os homossexuais era onde mais ferozmente incidia a censura, isto desde que a expressão artística não estivesse ligada ao regime", prossegue Cascais.Mas "há pessoas que furam essa censura".Um deles é o actor e declamador João Villaret, que "expressa subtilmente a sua homossexualidade fazendo homenagem e recuperando para a sociedade portuguesa a poesia de António Botto, com o argumento de que quem lhe tinha aberto o caminho da declamação tinha sido Botto."Intocáveis do regimeMas se a moral de Theotónio Pereira passa a ser a bitola para a maioria da sociedade, entre os que não eram perseguidos pela polícia estavam os apoiantes do regime. "Havia gente reconhecida pelo regime que vivia a sua homossexualidade em privado", diz Cascais.O caso mais exemplar e apontado por vários dos entrevistados da Pública, entre os quais o dirigente do PCP Ruben de Carvalho, é o do secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros durante o consulado de Salazar, Paulo Rodrigues. Mas há mais casos. Cascais lembra Virgínia Vitorino. "Nos anos 1930, ela escrevia uma poesia subtil, era dos autores mais vendidos e tinha um programa na rádio com audiência, onde fazia a apologia do regime, nomeadamente nas peças de teatro. E ninguém lhe tocava." Também a intelectual e escritora Edith Arvelos "nunca foi incomodada", sublinha Cascais. O escritor Eduardo Pitta conta que ela viveu em Moçambique com a cantora italiana Wanda del Ré e que depois de se separar veio para Lisboa e viveu em casa da escritora Fernanda de Castro, de quem escreveu as memórias. A própria "Fernanda de Castro e António Ferro eram um casal maldito pelas suas relações, mas eram protegidos porque eram do regime", diz Cascais.O investigador explica que "o círculo de amizades de Fernanda de Castro, onde Natália Correia se inicia ainda jovem nas lides literárias e que se juntava, por exemplo, em férias no Algarve, era claramente um círculo de relações homossexuais".Cascais lembra "que a homossexualidade e a bissexualidade era uma coisa consentida e vivida em certos meios intelectuais com normalidade", e como prova aponta "uma entrevista do jovem [ainda jornalista] António Ferro, para o Diário de Notícias, feita em Paris à escritora Collette, em que, escreve ele, ela acabou a conversa à pressa porque tinha de ir a uma festa ter com uma menina que não podia perder". Ou seja, "há um lado de integração da homossexualidade no regime e de promoção de homossexuais pelo regime, nomeadamente pelo Secretariado de Propaganda Nacional do mesmo António Ferro, sendo o cineasta Leitão de Barros um caso notório".A repressão de Egas MonizAinda que existisse nas vanguardas culturais e nas elites certa abertura, ao quadro legal repressivo somava-se uma ciência ao seu serviço para enquadramento ideológico."Não tivemos um Magnus Hirschfeld [cientista alemão defensor dos direitos dos homossexuais que viveu entre 1868 e 1935]", diz Cascais, para quem "a ciência portuguesa é conservadora, é a ciência da repressão e da medicalização - veja-se o caso de Egas Moniz". Foi o Nobel da Medicina quem, em Portugal, doutrinou as teorias médicas que definiram a homossexualidade como doença. É esta escola que será seguida e aprofundada por Arlindo Camillo Monteiro e Asdrúbal António de Aguiar, do Instituto de Medicina Legal de Lisboa, que estudam "casais lésbicos do povo, em que um dos membros assume um género masculinizado", revela Paulo Guinote, autor do blogue A Educação do Meu Umbigo, na sua tese de mestrado Quotidianos Femininos (1900-1933).Perante a homossexualidade, e mesmo nas elites, o tratamento psiquiátrico e os choques eléctricos são prática comum. "O caso mais célebre é o do bailarino Valentim de Barros, que morreu nos anos 1980, no Hospital Miguel Bombarda, onde viveu quase 50 anos", depois de ter sido internado em 1938. Este é um claro caso de repressão médica sobre alguém com mudança de identidade de género - Valentim Barros era travesti no dia-a-dia. "Uma maneira de expressar a homossexualidade é fazer travesti, fi caram famosos os travestis de Irene Isidro", lembra António Cascais.A repressão é assim enquadrada pelo discurso da "verdade científica" garantido por alguns médicos. No fundo, a ciência serve também a ideologia. "A homossexualidade é subversiva para o Estado Novo porque foge à norma", diz Maria Andrade, da revista Lilás. Põe em causa um pilar da sociedade burguesa concebida pelo salazarismo. "De um modo diferente do rufião, o homossexual subvertia igualmente os valores de honra masculinos, confundia as identidades de género, perturbava os códigos que geriam as relações entre os dois sexos, recusava a instituição familiar, o pilar do Estado Novo", explica Pereira Bastos."Mas isso existe?"Com as mulheres, a construção ideológica de reprovação não era diferente. Diz Paulo Guinote que a homossexualidade feminina "significava a destruição dos principais papéis que a sociedade reservava à mulher: os de esposa e mãe".Esta concepção ideológica do Estado Novo vai-se tornando cada vez mais estigmatizante devido ao papel social secundarizado da mulher. "Até à década de 70, a mulher não tem prazer sexual e estava à disposição do prazer sexual do homem, então como podiam ter prazer entre elas? As mulheres que tinham prazeres eram de mau porte", sintetiza Serzedelo para explicar o silêncio absoluto que caía sobre o lesbianismo em Portugal e que se foi agravando. Maria Andrade exemplifica com o caso da poeta Alice Moderno que vivia com Maria Evelina de Sousa, "relação que era pública e com os anos foi apagada". Um silenciamento que é confi rmado por Guinote: "Havia poucos casos públicos em Portugal, era considerado um hábito de elites e havia até quem apontasse relações lésbicas à Rainha Dona Amélia", conta.A estigmatização do lesbianismo leva mesmo a que as mulheres não sejam presas por serem lésbicas. "Quando havia festas, havia rusgas, mas não havia criminalização do lesbianismo.As mulheres eram presas porque tinham peças de roupa masculina", explica Maria Andrade. Paulo Guinote acrescenta que as lésbicas em que havia assunção de mudança de género e em que era manifesta uma identidade masculinizada eram presas por "uso de roupa do sexo oposto, uso de nome suposto e porte de documentação falsa".A jurista Teresa Pizarro Beleza sustenta mesmo, num texto divulgado no PÚBLICO (21/07/1999), que "a lei ignorou a homossexualidade feminina provavelmente pelas mesmas razões que a Rainha Vitória ('mas isso existe?', perguntou ela) - porque ela é, nos quadros que vêm do moralismo oitocentista, o inominável.Ainda que a expressão legal pudesse abranger gramaticalmente a homossexualidade feminina, a jurisprudência entendeu-a sistematicamente como dizendo respeito à masculina".O medoÉ esta interpretação de "desvio" à ordem do salazarismo que leva a que a maioria dos homossexuais que caem nas malhas da polícia sejam internados, espancados e humilhados. Por isso, o medo da denúncia é uma constante até 1982, quando ser homossexual deixa de ser crime em Portugal. "Havia uma vigia constante em cima das pessoas, tínhamos medo desde a PIDE à vizinha do lado. Se uma vizinha não gostava de nós, denunciava-nos; as pessoas denunciavam para satisfazer ódios. Houve casos extremos, sei de uma actriz portuguesa que foi à polícia denunciar o filho", garante o artista plástico Óscar Alves, hoje com 74 anos.O medo tinha razões reais, como a chantagem. "Se a polícia aparecia e prendia, pagava-se e o processo desaparecia", lembra Serzedelo, que concretiza: "Havia dois tipos de chantagem: a dos processos não avançarem e, para o povo, havia a pressão do Pisão, da Mitra e da cadeia, ou então aceitavam ser humilhados e escravos sexuais da polícia." A chantagem policial era uma realidade constante e os homossexuais ouvidos pela Pública, que eram jovens no Estado Novo e pediram para não ser identificados, contam que era praticada até sobre a elite, como aconteceu com João Villaret e Leitão de Barros."Ser homossexual declarado era impossível nos anos 50", garante Óscar Alves, porque "os homens eram perseguidos pela polícia e identificados". Autor da tese de mestrado Do Acto à Identidade: Orientação Sexual e Estruturação Social, Octávio Gameiro refere que Mário Cesariny foi várias vezes preso em rusgas a urinóis e sujeito a humilhações da polícia. Também Yolanda Gonçalves, professora universitária reformada e co-fundadora da Ilga, relata que o seu tio, Mário Gonçalves, bailarino do Verde Gaio, foi preso. "Muitas vezes foi apanhado nas casas de banho públicas dos jardins, onde os agentes à paisana fingiam andar no engate." A polícia "aparecia de repente e chateava e prendia", relembra Óscar Alves, dando como exemplo as "festas em casas particulares", onde, quando a polícia entrava, iam todos presos. "Era fatal." Este medo condicionava comportamentos."A repressão e a auto-repressão" impediam os homossexuais que "tinham relações de noite de se cumprimentarem quando se cruzavam na rua de dia", conta Serzedelo.A excepção era a elite da sociedade de Lisboa e do Porto. O ex-corredor de automóveis Nicha Cabral, 75 anos, declara: "Nunca senti que fosse incomodado pela polícia. Eu achava que era normal o que fazia... homossexualidade, bissexualidade, nunca achei que fosse desvio, vivi sempre num meio não homossexual. Tinha um grande amigo, o actor Paulo Renato, um homem superiormente inteligente, que pensava exactamente como eu e que eu saiba ele não se sentia perseguido."O caso BurnayMas a aparente liberdade em que se movia a elite social não dava aos homossexuais direitos. O caso de Carlos Burnay, de 24 anos, membro de uma das famílias influentes da época, ficou como um símbolo da discriminação do Estado Novo. Por mais que Ana Maria Burnay movesse influências, o assassino do seu filho Carlos nunca foi encontrado - no auto de ocorrências, a polícia escreve claramente que Carlos Burnay era homossexual e dava festas para homossexuais.Óscar Alves recorda o clima que se instalou após Burnay aparecer morto com um tiro de pistola na cabeça, na manhã seguinte a ter dado uma festa numa das casas que a sua mãe tinha em Cascais. "Fui convidado mas não fui ao baile do Carlos Burnay, ele dava festas com homossexuais. O assassínio dele deu muito que falar e nunca se descobriu. Eu estava no [teatro] Monumental e o Rogério Paulo foi convidado e foi. Com medo do escândalo, casou à pressa. Ele não era homossexual, mas com medo casou com a rapariga com quem estava." Se o medo dos homens era assim, na sociedade patriarcal portuguesa o medo das mulheres era ainda maior. Óscar Alves explica que, mesmo na elite, as mulheres, que se soubesse, eram poucas."Havia a Natália [Correia], as histórias dela eram com mulheres, havia umas grandes amigas dela que conheci naqueles anos 60", recorda. "Outra mulher assumidíssima era a Maluda, que tinha uma grande amizade com a Amália, mas a Amália não era." Acrescentando: "Havia a Luzia Maria Martins e a Helena Félix, que eram conhecidas, e a Irene Isidro, que fazia aqueles travestis. A mim disse-me ela muitas vezes: 'Tenho medo'." Numa entrevista feita sob pseudónimo e publicada no n.º 3 da revista Lilás, em 1993, uma mulher identificada como Peres relata: "Nos anos 50, era tudo à socapa, íamos de carro dar umas voltas por aqui e ali. Havia festas particulares." Já Marita Ferreira, autora do blogue Tangas Lésbicas e co-fundadora da Ilga, explica que, mesmo nos anos 70, o desporto era uma forma de as mulheres assumirem e viverem o lesbianismo sem serem incomodadas: "Praticar desporto era uma forma de poder ter relações com raparigas e dormir no mesmo quarto." A discriminação das lésbicas era tal que, muitas vezes, eram os próprios homossexuais homens a fazerem-na. "Havia discriminação" e "as duas comunidades, gay e lésbica, não se cruzavam. As mulheres eram recatadas", diz Serzedelo."E, embora houvesse uma ou outra que era presa por denúncia, eram raras."Espaços públicosEste era o mundo privado dos homossexuais durante o Estado Novo. Mas também havia um público. Os lugares de encontro foram evoluindo ao longo das décadas. Inicialmente, frisa Cascais, "não havia bares para homossexuais, as pessoas encontravam-se clandestinamente em espaços públicos".Óscar Alves lembra que sempre houve festas particulares até ao 25 de Abril de 1974 e destaca que quando chegou a Lisboa, vindo do Porto, no início dos anos 50, "ia às festas de um senhor de alta sociedade, Ayres Pinto da Cunha, que às quintas-feiras recebia homossexuais e artistas".Além do mundo dos salões da classe alta, os intelectuais começaram nos anos 60 a viver a sua homossexualidade com mais naturalidade. Mas mesmo nos grupos mais libertários havia diferenças de atitude, salienta. "No grupo surrealista, havia uns que não queriam que se soubesse, mas havia também o Cesariny que era assumidíssimo, dentro do que podia ser na época." Óscar Alves serve-se precisamente da figura de Cesariny para explicar a diversidade da época. "O Cesariny não se dava com intelectuais, não gostava, gostava de se dar com pessoas do povo. Havia um grupo, em que o Cesariny andava, que gostava de marinheiros e não aparecia nos locais onde os outros intelectuais se juntavam. O Cesariny estava sempre na Reimar, que era mais povo e mais bas-fond." Era na Cervejaria Reimar, na Rua do Telhal, em Lisboa, conta Serzedelo, que se juntavam figuras como "o Cesariny e o Ary" e "onde se misturava a elite e o povo homossexual". E era um lugar onde "havia liberdade de se sentarem ao colo e fazerem carícias".Em Lisboa, os cafés Monte Carlo e Monumental, o Tony dos Bifes, "a Pastelaria Paraíso, na Avenida Alexandre Herculano, onde parava o escritor Bernardo Santareno", a Suíça e a Brasileira no Chiado são locais de encontro de homossexuais, segundo Serzedelo e Óscar Alves.Já no Porto, "não havia nada", garante Óscar Alves, que conta como era ser homossexual no Porto, no final dos anos 40. "Eu trabalhava no Teatro Experimental do Porto com o António Pedro, que não era homossexual, e o Vasco de Lima Couto. Íamos ao Café Rialto, na Sá da Bandeira. Eu, enquanto estive no Porto, tomava todos os dias café com o Pedro Homem de Mello e com o Vasco de Lima Couto. Eles eram assumidos, toda a gente no Porto sabia, mas não se falava." Este artista plástico salienta o ambiente fechado da sociedade portuense na época: "A única pessoa que tinha coragem de não se retirar se lhe atirassem alguma boca era o Eugénio de Andrade. No Pedro Homem de Mello também não se atreviam a tocar. O Vasco de Lima Couto sofria muito, mas também não se poupava. Era difícil. Por isso fugi para Lisboa em 1952, para a aviação militar." Quanto a lugares de encontro nocturno no Porto, Óscar Alves diz que só havia o Jardim da Cordoaria e o Castelo do Queijo. Já em Coimbra, o local de engate, segundo Serzedelo, era o Jardim da Sereia. E em Lisboa havia variados jardins e locais públicos. "Os grandes centros de encontro eram os urinóis, as estações de caminho-de-ferro, os jardins, os cais de desembarque da outra margem, o Cais do Sodré, onde chegavam os marinheiros do Alfeite", conta Serzedelo. "Os senhores estavam lá com bons carros. O vocabulário era dissimulado. Dizíamos 'as gaivotas' para os marinheiros e 'as doroteias' para os soldados." Quanto aos urinóis, "os dois principais eram o do Campo das Cebolas e o do Campo Pequeno", em Lisboa, conta Serzedelo, referindo ainda que, à época, "os jardins eram seguros em relação à polícia e não tinham prostituição". O Parque Eduardo VII era frequentado para encontros, uma das formas, naqueles anos, de um homossexual conhecer outro. "A zona da Estufa Fria era onde ia, por exemplo, o [maestro] Lopes Graça", lembra Serzedelo. "O Campo Grande era outro jardim frequentado por causa dos estudantes das universidades de dia e de um quartel que havia ali, à noite." E Belém, zona de quartéis e onde "havia muito engate de carro".Locais de engateÉ num contexto de encontros de rua sujeitos à violência da polícia que surge, em Lisboa, o Bar Z, no Príncipe Real, onde hoje é o Harry's. Este bar, conta Serzedelo, "foi montado por um administrador da Carris, que era inglês e tinha um amante chamado Zé (daí o Z), para ele se encontrar com os seus amigos, longe da polícia.Ao princípio era um clube fechado. O porteiro, o Armando, acabou por abrir muito mais tarde, depois do 25 de Abril, o Finalmente".Na ausência de lugares exclusivos, os homossexuais frequentavam os lugares da moda. Assim, além das casas de fado, Óscar Alves e Serzedelo lembram locais como a boîte da aristocracia, o Ad-Lib, ou o menos aristocrático Galo no Parque Mayer, o Barbarella, ao fundo da Rua da Atalaia, o Insólito, o Antiquário, no Príncipe Real, o Memorial, que abriu e fechou sob os nomes de Gato Verde e Gato Preto, e que foi o primeiro bar a fazer matinés para lésbicas. Até que José Filipe Vilhena abre o Bric à Bar, um dos lugares míticos dos roteiros da noite homossexual do final do Estado Novo, diz António Serzedelo, acrescentando que este bar "teve a primeira mulher porteira que ficou famosa em Lisboa, a Emília".Muito famoso, no início dos anos 70, e dirigido a um público homossexual mais jovem, foi o Marygold, na Rua do Sol ao Rato, talvez o local que mais rusgas da polícia sofreu pela quantidade de denúncias que eram feitas. Muitas das testemunhas ouvidas pela Pública contam que as denúncias eram motivadas pela desconfiança de que ali iam homossexuais para se prostituírem e consumirem droga. Esta associação entre homossexualidade e drogas surge já no marcelismo e foi o início do crescendo de consumo de droga que explodiu já nos anos 1980.Quanto a restaurantes, o primeiro assumidamente homossexual em Portugal foi a Baiúka, no Bairro Alto. O Alfaia era muito frequentado por lésbicas.Lugares de encontro eram também as praias da Costa da Caparica. Octávio Gameiro explica que, quando não havia sequer ponte sobre o Tejo, a Costa dava segurança contra a polícia.Serzedelo especifica que o local de eleição na Caparica era a praia do Castelo, hoje praia 14.Nas universidades, só políticaFruto da guerra colonial e das ideias que vinham de fora, a sociedade portuguesa foi ganhando hábitos mais liberais e isso reflectiu-se na vivência da sexualidade. "Há um mundo libertário dos anos 60 e um movimento de reivindicação homossexual que entra em Portugal através de uma elite que tinha acesso ao que vinha de fora", defende Cascais. Mas este investigador esclarece que esta abertura, que "entronca com a liberdade social que se viveu na Primavera Marcelista, existia só na alta sociedade, em alguma classe média nascente e nos meios artísticos e intelectuais". As rusgas continuavam, mas "as pessoas não ficavam presas".A maior liberdade não tem eco na universidade. A professora universitária reformada Yolanda Gonçalves conta a sua experiência de aluna. "Na faculdade, para onde entrei em 1964, a luta académica dominava toda a cena. A mentalidade em Letras era de um conservadorismo atroz", explica, precisando que se falava de homossexualidade mas "retrospectivamente" - de casos da reitora anterior, Vírginia Rau. "Era tudo muito abafado, muito às escondidas, porque a infiltração dos esbirros da PIDE estava no auge." Acrescenta ainda que em Letras "a homossexualidade masculina continuava a ser mais visível".Cascais sustenta que "os estudantes universitários recebem a luta política, mas não bebem a luta pelos direitos das mulheres e dos homossexuais".É esta separação que, segundo António Cascais, está por detrás do facto de, "após o 25 de Abril, a sociedade portuguesa manter os padrões de homofobia". E explica: "É que as elites que formaram os partidos vinham de universidades e de uma formação política que não incluía a defesa dos direitos das minorias, ao contrário do que se passou em Espanha, que viu nascer movimentos gay ligados aos partidos logo após o fim do franquismo." (Em Espanha, o Estado está a revisitar as perseguições aos homossexuais e estão a ser concedidas as primeiras indemnizações.) Assim, e em termos de vivência da homossexualidade, 1974 não trouxe liberdade. O Movimento de Acção dos Homossexuais Revolucionários (MAHR) morreu logo depois de publicar nos jornais o seu manifesto. Esse foi o primeiro documento de defesa de direitos dos homossexuais em Portugal e provocou a ira de um membro da Junta de Salvação Nacional, o general Galvão de Melo, que foi à televisão dizer que a revolução não se tinha feito para "prostitutas" e "homossexuais".Mas na sua breve vida, ainda organizou uma manifestação no Porto, junto aos Clérigos, que os jornais noticiaram como tendo mil manifestantes, mas que na prática teve "998 mirones a verem os dois 'paneleiros'", conta Serzedelo, lembrando uma piada feita por um elemento do grupo sobre aquele dia.Já o lesbianismo não teve direito a nada. Mesmo o Movimento de Libertação das Mulheres, que integrava várias lésbicas, nunca assumiu esta luta e a sua radicalidade foi apenas a da defesa do feminismo.Só nos anos 1980 surge o que muitos homossexuais e estudiosos caracterizam de "democratização" ou de "proletarização" da homossexualidade. Uma viragem que Cascais assinala simbolicamente com a morte do cantor António Variações, a 13 de Junho de 1984: "Naquele dia, na Basílica da Estrela, percebi que havia um mundo que tinha morrido. Nada ia ser igual."

São José Almeida
publico

Descobertas duas obras inéditas de Mozart

A Fundação Mozarteum Internacional anunciou hoje, em Salzburgo, a descoberta de duas obras inéditas da autoria de Wolfgang Amadeus Mozart.“O departamento de pesquisa da Fundação Mozarteum Internacional identificou dois trabalhos, que já estavam há algum tempo na posse da fundação, como sendo composições de Wolfgang Amadeus Mozart”, anunciou a instituição num comunicado. A fundação revelou que as peças são para piano, mas só a 2 de Agosto divulgará mais informações. Nesse data as duas obras desconhecidas serão apresentadas pela primeira vez, por Florian Birsak, intérprete de clavicórdio (um instrumento de teclas semelhante e anterior ao piano) no forte-piano (piano de cauda) de Mozart, na antiga residência da família em Salzburgo.A Fundação Mozarteum Internacional ocupa-se de preservar a herança deixada pelo músico, levar a cabo pesquisas e organizar concertos.O compositor nasceu em Slazburgo em 1756 e revelou-se um prodígio durante a infância, começando a compor aos cinco anos de idade. Mozart morreu em 1791 e deixou mais de 600 obras, entre óperas, sinfonias, sonatas e concertos.Em Maio de 2008, especialistas identificaram três composições possivelmente de Mozart, descobertas no mosteiro católico Jasna Gora, na Polónia.Em Setembro do ano passado uma biblioteca em Nantes, na França, revelou uma obra do compositor, posteriormente autenticada pela Fundação Mozarteum.Em 2006 comemorou-se o 250º aniversário do nascimento de Mozart na Áustria e a descoberta de outra obra na terra natal do compositor.
PUBLICO

O tempo é uma coisa tramada

“Seria uma grande irresponsabilidade construir estes estádios que depois não fossem utilizados” (José Sócrates, 1999)Na Internet, com origem no You Tube e continuação nos blogues, circula uma entrevista dada ao programa Hermann99 por José Sócrates, então jovem governante em vésperas de chegar a Ministro. Toda a entrevista é interessante, mas esta parte é ainda mais interessante porque se percebe muita coisa sobre as características políticas de José Sócrates, então já com mais de quinze anos de política na JSD e no PS e dois anos de experiência governativa.





É. O tempo é uma coisa tramada. E uma das coisas em que a trama do tempo nos trama é quando percebemos que nada mudou no que dizemos, mesmo quando nada do que dizemos tem (teve) alguma coisa a ver com a realidade. O que impressiona nesta entrevista é ouvir Sócrates falar exactamente na mesma, usando as mesmas expressões, o mesmo tom enfático, as mesmas palavras, os mesmos argumentos, o mesmo apelo à que o nosso desejo corresponda ao dele, a que o acompanhemos, a mesma tensão discursiva, com que fala hoje. Na altura falava dos estádios do Euro 2004, hoje fala do TGV ou do novo aeroporto ou das novas auto-estradas. E diz exactamente o mesmo, sem tirar nem por. Pode-se retirar-lhe a palavra “estádios” do discurso e colocar TGV, que tudo o resto podia ser hoje. A única gigantesca diferença é que nós sabemos que tudo aquilo que ele disse dos estádios não se verificou, nem de perto nem de longe. Pelo contrário: o programa dos estádios criou uma série de abortos vazios, que não servem para ninguém e no qual se enterraram milhões de euros que ainda hoje pesam muito significativamente nos orçamentos autárquicos e na despesa pública. E pior ainda: nada do que ele disse sobre as vantagens do projecto dos estádios se verificou pelas mesmas razões que os críticos então apontaram, desperdício, gigantismo, despesismo, confusão de prioridades, obsessão do betão, e que é o mesmo que hoje é dito pelos críticos do megalomano projecto de grandes obras públicas do governo. Ou seja, Sócrates foi um dos responsáveis de um desastre económico (e não só ele, também muita gente do PSD) que já estava anunciado em 1999 e que ele recusou reconhecer e preparava-se hoje, se não fosse travado pelo Presidente da República e pela derrota eleitoral nas europeias, para fazer o mesmo.É. O tempo é uma coisa tramada. Aquilo que parecia em 1999 uma ode ao desenvolvimento baseado no futebol - em Aveiro a “maior zona de requalificação” do país, os estádios “muito sofisticados” “com três estúdios para televisão pelo menos“, “criar novas centralidades”, “novas oportunidades” etc., etc. - e que se repetiu a propósito de muita coisa, dos gadgets como o “Magalhães” a falhanços como as Cidades Digitais e a Via CTT, nos anos da maioria absoluta até desfalecer em Junho de 2009, hoje parece muito frágil. Quando o ouviamos em 2005, 2006, 2007, 2008, a falar da “revolução” que os seus projectos de desenvolvimento iriam trazer ao país, deveriamos ter tido mais memória do passado deste governante, mas falhamos no escrutínio do que já então era possível ter e que se devia ter. Sócrates vai falar do mesmo modo na sua campanha eleitoral porque ele não sabe fazer de outra maneira. É por isso que é bom voltar a estes videos com dez anos para o perceber melhor.É. O tempo é uma coisa tramada.

José Pacheco Pereira

Toda a gente gosta de rock mongol

Era a noite do Festival Músicas do Mundo que mais prometia e… não desiludiu. Os Kasaï Allstars finalmente estrearam-se em Portugal e o público foi apresentado ao brilhantismo do rock mongol dos Hanggai

Febre do póquer toma conta dos jovens

A febre do póquer está a tomar conta da juventude. Há 100 mil registos na net em sites de póquer, abrem casas de jogo ilegais de Norte a Sul e um canal de TV especializado em póquer chega a ter audiências em Portugal de 240 mil telespectadores. Os jogadores são de todas as idades – mas a febre atinge sobretudo os jovens.
«Em dois meses de jogo ganhei mais dinheiro do que num ano de trabalho». Henrique Pinho desistiu da carreira de marketing e de um emprego seguro. Mas não tem dúvidas sobre a opção que fez há dois anos, de se dedicar em exclusivo ao jogo.
Em declarações ao SOL, o jogador profissional de 28 anos confessa que «o póquer sempre foi o seu hobby de eleição». Começou a jogar na internet, retirando algum rendimento do jogo online e, em Novembro de 2007, lançou-se nos torneios. Foi nessa altura que resolveu não renovar o contrato na empresa onde trabalhava e tentar a sua sorte noutra actividade, começando a dedicar-se apenas ao que antes não passava de um hobby.
«O póquer não é somente um jogo de sorte», justifica, explicando: «É também um jogo psicológico, onde saber ler movimentos é essencial à vitória».
SOL

Todas as artes no Citemor

31º Festival de Montemor-o-Velho arranca hoje com mais uma presença de Angélica Liddell.
Embora seja o mais antigo festival de teatro em Portugal, há muito que o Citemor se abriu a outras artes performativas, numa vertente vanguardista. A 31.ª edição, de hoje até 15 de Agosto, mantém esta aposta na diferença da oferta cultural.
Criado há 31 anos na vila de Montemor-o-Velho por iniciativa de Paulo Quintela, o Festival Citemor cedo se afirmou como uma importante mostra teatral. Três décadas depois, o certame é o mais antigo festival de teatro em Portugal, mas há muito que frequenta outras áreas artísticas. A dança, o cinema e música, nomedamente, desde 1992 que fazem parte integrante de uma programação que se pretende vanguardista , alternativa, apostando em estreias absolutas, algumas delas em residência.
A presente edição, que hoje começa e se prolonga até 15 de Agosto, segue esta linha traçada desde a década de 90, numa organização do CITEC (Centro de Iniciação Teatral Esther de Carvalho).
A abertura do evento está agendada para hoje, às 22.30 horas, no Teatro Esther de Carvalho (uma pequena jóia recuperada no centro da vila medieval), com uma presença já habitual no festival: a catalã Angélica Liddell. Desta feita, a multifacetada artista espanhola estreia "Te haré invencible con mi derrota", uma criação cénica, que procura olhar para lá do além, procurando a "cumplicidade com os mortos", algo entre a matéria e o espírito. Este espectáculo repete amanhã e domingo.
Também hoje, na Galeria Municipal de Montemor-o-Velho, estreia o video "2001-2007", dedicado à obra artística de José Maçãs de Carvalho. Estas exibições, com entrada gratuita, decorrem de quarta a domingo durante todo o Citemor. Também com entrada grátis há cinema todas as quartas-feiras, às 22.30 horas, no castelo medieval da vila, numa programação escolhida por Francisco Camacho, também ele uma presença habitual nas últimas edições do certame.
Mas uma das principais imagens de marca do Citemor são as suas criações em residência. Este ano, a vila voltou a receber um conjunto de artistas e de companhias que criaram no bucólico ambiente do Baixo Mondego as obras que, agora, vão apresentar ao público. Está, neste caso, Angélica Liddel, mas também a original proposta do espanhol Nilo Gallego, que vai levar a sua perfomance musical ao leito do Rio Mondego.
Mas também o Colectivo 84 criou o seu espectáculo, "Velocidade Máxima", em residência na vila , com estreia marcada para 8 de Agosto na sala B - um espaço já tradicional do evento, que acontece numa velha casa em ruínas (sem tecto) no centro de Montemor-o-Velho.
A música, que já foi um ponto alto da programação, tem este ano a curiosidade da presença da coreógrafa Vera Mantero como cantora, a encerrar o Citemor 2009.
JN

Xangai encoraja famílias a ter segundo filho

Campanha apela à procriação após décadas de restrições quanto ao número de filhos autorizados por casal.
Xangai, a maior cidade da República Popular da China, lançou uma campanha pública de informação sobre a excepção à política de um filho por casal.
Casais que sejam eles próprios filhos únicos estão autorizados a ter um segundo filho.
Esta medida surge numa China super povoada que está cada vez mais rica e mais envelhecida.
"A população acima dos 60 anos em Xangai ultrapassa os três milhões, ou seja, 21,6 por cento dos residentes" disse Zhang Meixin, porta-voz da comissão municipal de planeamento populacional e familiar, à BBC.
Em Xangai, membros desta comissão e voluntários vão fazer visitas e distribuir panfletos para encorajar os casais a ter mais um filho. Será também disponibilizado apoio psicológico e aconselhamento financeiro quando solicitado.
JN