A administradora-delegada da Fertagus, Cristina Dourado, afirmou à Lusa que a empresa está «praticamente em cima da sustentabilidade» e pretende, a partir de 2011, operar sem receber compensações do Estado.
«No primeiro semestre deste ano registámos um crescimento de três por cento no número de passageiros com passe e assinatura», disse a administradora-delegada, sublinhando, em jeito de balanço, que a empresa «se tornou uma alternativa para a mobilidade na península de Setúbal».
De acordo com a empresa, são transportados 85 mil passageiros por dia e 26 por cento dos clientes deixaram de utilizar o carro em favor da utilização do transporte colectivo.
«Durante o ano de 2008 circularam menos 20 mil veículos por dia na Ponte 25 de Abril», exemplifica Cristina Dourado, acrescentando que se trata de «uma redução de 13 mil toneladas por ano nas emissões de dióxido de carbono».
Os resultados de um estudo de satisfação e perfil de cliente elaborado pela empresa em Outubro de 2008 mostram que o Índice Global de Satisfação atinge 4,3 numa escala de 1 a 5, embora alguns utilizadores afirmem que «os bilhetes são caros» e que «muitas vezes viajam como sardinhas em lata».
Para João Pedro Teixeira, estagiário numa empresa de telecomunicações, utilizador do comboio da ponte entre as estações de Corroios e Entrecampos, «o preço cobrado pelas viagens é excessivo porque, embora as deslocações sejam rápidas, é muito frequente haver falta de espaço nas carruagens, obrigando os utilizadores a viajar como sardinhas enlatadas».
Cátia Guerreiro, estudante universitária, utiliza o comboio entre a estação do Pragal e a de Sete Rios e afirma que «há alturas em que a viagem é muito desconfortável» e que já lhe aconteceu «não conseguir entrar no comboio, por não haver espaço».
A administradora-delegada responde explicando que «o tarifário é definido pelo Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres (IMTT), sendo idêntico às alternativas que os utentes têm para efectuar as mesmas deslocações».
Quanto à sobrelotação das carruagens em hora de ponta, Cristina Dourado esclarece que a empresa pretende resolver esse desconforto, tendo já avançado com a proposta de criação de uma família curta de comboios, a partir de Corroios, para reforçar a oferta destas estações, onde entram 43 por cento dos utentes do comboio nas horas de ponta.
A exequibilidade da proposta está ainda a ser avaliada pela Rede Ferroviária Nacional (REFER), responsável pela infra-estrutura, uma vez que será necessário criar condições para a reversão dos comboios em Corroios.
O comboio começou a circular no tabuleiro ferroviário da ponte a 29 Julho de 1999. Em 2008 transportou cerca de 23 milhões de passageiros.
Lusa / SOL
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