ionline
sexta-feira, 10 de julho de 2009
Cinco hábitos que a gripe vai mudar na sua vida pessoal
É cedo para prever reacções face a uma pandemia, mas a descontracção típica da cultura mediterrânica poderá ser uma boa vacina contra o pânico. Sociólogos e psicólogos ouvidos pelo i acreditam que resistiremos a comportamentos extremados melhor do que países com culturas higienistas, mas será inevitável, pelo menos no período de aceleração de contágios, uma redução de contactos sociais.Saídas nocturnas Bares e festas em espaços fechados serão os primeiros hábitos de lazer riscados da lista. Felismina Mendes, socióloga, sublinha que há eventos ao ar livre com ambientes igualmente "pesados em termos de risco de contaminação", como é o caso de festivais, mas não acredita que sejam afectados. Depois de "um ano terrível", infestado pelo vírus da crise, a socióloga especializada em questões de saúde espera que os portugueses não desperdicem o Verão, "período de convívio por excelência". Para a antropóloga Cristiana Bastos, haverá "previsivelmente uma redução de contactos sociais", mas é difícil prever se atingirá uma grande escala.Contacto físico Um simples aperto de mão poderá ser um gesto perigoso. Evitar toques e partilha de objectos é, lembra Cristiana Bastos, uma recomendação sanitária. "Há uma parte dos nossos comportamentos modelada pelas autoridades sanitárias. Outra será espontânea e comportamental", explica. E como os comportamentos "não dependem só do conhecimento", a circulação de informação ajuda mas não determina tudo.Quem tem filhos cairá na tentação de recusar a partilha de brinquedos, mas o psicólogo clínico Manuel Coutinho recorda que esse é um erro a evitar. "Primeiro, porque as crianças não obedecem. Depois, vão achar estranho e sentir-se preocupadas." Cabe às instituições com material em espaços partilhados, desde escolas a consultórios médicos, assegurar maiores cuidados de higienização. Convém pensar duas vezes antes de dar conselhos alarmistas. "Se formos impulsivos, vamos ter crianças que não dormem à noite, a pensar nos objectos com que brincaram e onde é que puseram as mãos", diz a psicóloga Helena Marujo.Viagens As agências de viagens sentem o impacto: cada vez que aumentam os casos de Gripe A num país, diminuem os turistas interessados em viajar para lá. Limitar as viagens será uma tendência até final do Verão e, acrescenta o sociólogo Manuel Villaverde Cabral, pode fazer sentido. "Os líderes em número de casos são países de grande mobilidade." Controlar a ansiedade é um conselho universal, mas não quer dizer que manter rotinas inalteradas seja o melhor remédio. "Cada pessoa tem de avaliar a decisão a tomar. Manter viagens previstas, mas ir em pânico não me parece boa alternativa", considera Helena Marujo.Actividades com crianças Rebolar mais na relva, abusar da praia, marcar piqueniques. Esquecer os centros comerciais e os restaurantes. Helena Marujo solta uma gargalhada ao falar dos conselhos dos pediatras para prevenir contágio entre crianças: "Pode haver um lado muito bom nisto, de conduzir a actividades mais saudáveis".Manuel Coutinho acredita que muitos pais evitarão festas de aniversário ou parques infantis, mas lembra ser essencial que os pais estejam "preparados para as adversidades". Ou seja, contar com dificuldades sem "transmitir às crianças o síndrome do mundo mau". Helena Marujo concorda e apela a que se evite a "pedagogia da desgraça".Cuidados de higiene Andar de máscara na rua não soa familiar num país com uma "cultura curativa e não preventiva". Esta será, acredita Felismina Mendes, uma oportunidade de mudança. Como "as medidas mais simples são as mais eficazes", os portugueses irão (finalmente) aprender que lavar com frequência as mãos pode fazer mais pela saúde do que um comprimido. A máscara é um pau de dois bicos. "Como não temos esse hábito, a sua generalização pode causar afastamento e pânico", alerta.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário