quinta-feira, 23 de julho de 2009
A Microsoft quer dar-nos música: grátis e legal
Hoje em dia, pedir a um miúdo que pague para ouvir música é como exigir a um canhoto que utilize a mão direita para escrever: um anacronismo absurdo, antinatura e sem sentido. Como se convence alguém que toda a vida sacou discos da net sem gastar um cêntimo a dar dinheiro por uma canção de quatro minutos? Assim como fracassaram as tentativas de transformar os canhotos em destros, têm falhado as medidas de combate à pirataria informática. Mas será assim para sempre?Há uma semana um estudo da Music Ally citado pelo "The Guardian", mostrou que os jovens estariam a trocar a partilha ilegal de ficheiros pelo streaming na internet. A notícia fez os responsáveis pelas grandes editoras discográficas desapertarem um botão da camisa e ensaiarem uma pequena dança da vitória. Mas enquanto uns mexiam as ancas, outros faziam contas. Cheira a dinheiro - adivinhem quem vem aí.A Microsoft, sempre acima do acontecido e disposta a ocupar todos os nichos de mercado - apesar de fracassos como o Zune, leitor de mp3 rival do iPod - anunciou a sua chegada ao mercado do streaming. "A música é uma área importante para a Microsoft", disse ao "The Telegraph" o produtor executivo do MSN, portal de entretenimento da Microsoft, Peter Bale. "Ainda estamos a analisar como será o modelo de negócio", completou.O serviço, ainda sem nome, deverá estar pronto até ao final deste mês e permitirá aos seus utilizadores ouvir música de forma legal e gratuita no computador. A nova plataforma inspira-se no Spotify, uma das novas formas de ouvir música na net que parece agradar a todos: editoras discográficas, músicos e fãs espalhados por todo o mundo. Online desde Outubro de 2008, o Spotify conta com seis milhões de utilizadores e uma biblioteca com mais de cinco milhões de canções. É actualmente muito bem visto pela indústria discográfica - que há anos tenta descobrir como estancar a ferida provocada pelo aparecimento da internet - graças ao seu modelo de negócio. O Spotify permite escutar música gratuitamente via streaming (logo, não fica nada no disco rígido do utilizador) tendo como única contrapartida um anúncio de 60 segundos por cada meia hora de canções. Quem não estiver para aturar os reclames pode sempre pagar uma taxa de adesão (9,99 euros por mês) e garantir assim uma emissão livre de interrupções e melhor qualidade de som. Com um modelo de venda de publicidade semelhante à rádio de ondas hertzianas, o Spotify utiliza os dinheiro recebido nas inscrições para pagar os direitos de autor - cobrado por cada vez que uma música é tocada. Todas as canções disponíveis foram cedidas por editoras (Sony, Universal e EMI chegaram a acordo com o site, por exemplo), das grandes multinacionais às pequenas independentes - mais de 20.000 foram bater à porta da empresa. Há quem defenda, no entanto, que para este modelo de negócio funcionar é preciso que as editoras baixem o valor dos direitos de autor.Os sistemas semelhantes ao Spotify, em que a Microsoft se inspira, não funcionam apenas como um site onde se vai ouvir música. Permitem a partilha de músicas, a construção de playlists e trocas de informações, numa lógica de rede social semelhante ao Facebook ou ao Last.fm. Muito popular no Reino Unido, o Spotify prepara-se para conquistar o mercado norte-americano. Não há, ainda, data de lançamento para Portugal.
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