Num nervoso delíquio d'oiro intenso,
Donde vem essa voz cheia de mágoas
Com que falas à terra, ó mar imenso?...
Tu falas de festins, e cavalgadas
De cavaleiros errantes ao luar?
Falas de caravelas encantadas
Que dormem em teu seio a soluçar?
Tens cantos d'epopeias?
Tens anseiosD'amarguras?
Tu tens também receios,
Ó mar cheio de esperança e majestade?!
Donde vem essa voz, ó mar amigo?......
Talvez a voz do Portugal antigo,
Chamando por Camões numa saudade!
Florbela Espanca
Florbela Espanca
Poesia CompletaLisboa, Publicações Dom Quixote, 2000
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