quarta-feira, 8 de julho de 2009

Epidemia: Seis maneiras de lidar com a gripe e proteger as crianças

O alarmismo em torno de uma eventual epidemia de Gripe A pode gerar muitas dúvidas e ansiedade nas crianças. E nos pais também. A melhor técnica para lidar com o assunto é responder às perguntas de forma simples, se possível exemplificando. " As crianças entendem perfeitamente, especialmente se os pais derem o exemplo", sustenta o pediatra Mário Cordeiro. Por isso, o melhor é deixá-las expressar-se sobre o assunto, levando--as a sentir que estão seguras. Além disso, há que transmitir as regras de higiene necessárias para evitar o contágio. Lavar muitas vezes as mãos e evitar levá-las aos olhos, à boca e ao nariz devem ser princípios incutidos na rotina. Dormir bem e reforçar os cuidados na alimentação também pode fazer a diferença. No caso de existir suspeita de gripe, "a criança deve sempre ficar em casa e ser observada por um pediatra", recomenda o especialista Paulo Oom. "Ir para a escola não é boa ideia para não haver o perigo de contagiar outras crianças e adultos", acrescenta. A febre deve ser atenuada com o uso de medicamentos contendo paracetamol ou ibuprofeno, porque "às crianças não devem ser dados medicamentos à base de ácido acetilsalicilico (aspirina)". A ingestão de líquidos "deve ser reforçada para evitar a desidratação e o apetite da criança deve ser respeitado".Outra das dúvidas dos pais diz respeito à vacinação. "As crianças que normalmente tomam a vacina contra a gripe sazonal também devem ser vacinadas contra a Gripe A em Dezembro", defende a pediatra Arlete Crisóstomo. "É importante perceber que uma vacina não substitui a outra, já que são estirpes de gripe diferentes", justifica. As crianças que tenham nascido prematuras ou que sejam portadoras de doenças crónicas apresentam maior risco e, por isso, devem merecer uma atenção especial.

Escolas: Isolamento aos primeiros sintomas
Todas as atenções estão viradas para Setembro, altura mais previsível para o vírus atingir em força o hemisfério norte. As previsões apontam para um contágio de 10% a 25% da população portuguesa, mas continua a haver grande incerteza quanto ao comportamento do vírus daqui a dois meses. Setembro é também o início do ano lectivo. As escolas e outros estabelecimentos de ensino assumem um papel importante na prevenção de uma pandemia. Devido à possibilidade de contágio e rápida propagação da doença entre alunos, tem de estar preparadas. Aos docentes cabe a tarefa de explicar às crianças as regras que devem ter em conta para evitar o contágio. A Direcção-Geral de Saúde emitiu uma série de recomendações específicas para estabelecimentos de ensino: sempre que um aluno apresente febre durante a permanência na escola, “deve promover-se o seu afastamento das restantes crianças e deve contactar-se os pais”, para que a criança seja observada por um profissional de saúde. Contudo, antes deve sempre ligar--se para a Linha Saúde 24.
Conselho Caso a criança manifeste sintomas da doença, não deve ir à escola ou ao infantário. É importante que fique em casa, em isolamento, para evitar a propagação do vírus.

Infantários e ATL: Ensinar comportamentos
A Associação de Jardins-Escolas João de Deus está a preparar um documento com as recomendações da Direcção-Geral de Saúde para enviar a todos os pais. É que, segundo o director, António Ponces de Carvalho, muitos sabem que os filhos “são portadores de doenças infecto-contagiosas e por não terem onde os deixar durante o dia mandam-nos para os infantários”. Atitude a evitar perante um surto de Gripe A. Ensinar as crianças mais pequenas “a esconder o espirro e a utilizar o mesmo lenço apenas uma vez” é, segundo a pediatra Arlete Crisóstomo, fundamental. Nos infantários devem ser desinfectadas todas as superfícies – desde as maçanetas das portas até aos brinquedos e outros materiais que as crianças partilhem. Por outro lado, as medidas habituais de higienização devem ser reforçadas e as crianças devem lavar as mãos mais vezes. “Mas neste tipo de estabelecimentos é sempre difícil evitar o contágio, porque as crianças estão demasiado próximas e não podemos colocá-las em redomas”, defende António Ponces de Carvalho.
Conselho Desinfectar todas as superfícies e brinquedos nos infantários e reforçar as medidas de higiene são maneiras simples de evitar o contágio.

Hospitais e Centros de Saúde: Só em último caso
A Direcção-Geral de Saúde tem alertado, desde o início do surto de Gripe A: quem apresente sintomas do vírus deve evitar ir aos hospitais. E o mesmo se aplica às crianças. Ao primeiro sinal de alarme, deve ligar-se para a Linha Saúde 24. Assim, caso tenha de ir ao hospital, já estará tudo pronto para garantir a sua segurança e a dos que o rodeiam. Nestes períodos mais sensíveis, deve evitar levar as crianças aos hospitais a menos que seja estritamente necessário. “São locais onde existe muita gente em ambiente fechado. É um meio propício à transmissão de vírus”, sublinha a pediatra Arlete Crisóstomo. E é importante que se tente “protegê-las de pessoas constipadas”, acrescenta. Os cuidados devem ser redobrados em crianças com doenças crónicas – cardiopatias, doenças pulmonares ou renais, cancros, desnutrição ou qualquer desequilíbrio metabólico –, cujo organismo é mais debilitado. Entretanto, estão a ser criados sistemas de contigência para limitar a ida de crianças às urgências e para garantir a sua segurança caso sejam necessários cuidados hospitalares.
Conselho Verifique se a ida ao hospital é estritamente necessária. Aconselhe-se, antes de decidir deslocar-se às urgências, através da Linha Saúde 24.

Praias e parques infantis: A melhor escolha
São os melhores sítios para levar as crianças. Todos os espaços ao ar livre são recomendáveis, porque reduzem as possibilidades de contágio. Os maiores problemas surgem em espaços fechados onde não haja circulação de ar. Mesmo em casa, sublinha a pediatra Arlete Crisóstomo, deve haver o cuidado de “arejar todas as divisões o mais possível”. Portanto, aposte em programas ao ar livre. Ainda assim, os parques infantis podem não ser a escolha ideal, já que existem muitas crianças juntas. O vírus da gripe, como sublinha o pediatra Mário Cordeiro, transmite-se através da via respiratória: “Perdigotos, espirros, tosse, e mãos contaminadas, bem como através de brinquedos se ficarem contaminados com ranho ou perdigotos e forem tocados logo por outro”, refere. O contacto natural dos miúdos, através das brincadeiras e miminhos, pode ser um factor transmissor importante. Por isso, esteja atento. Na praia, avisa Arlete Crisóstomo, é importante não esquecer os conselhos habituais: evitar as maiores horas de calor e acautelar as crianças do sol.
Conselho Evite os parques infantis onde existam muitas crianças. Aposte em passeios ao ar livre – é nos sítios fechados que há maior risco. Tente arejar a casa o mais que puder.

Centros comerciais: Completamente proibidos
É o último sítio para onde deve levar uma criança. Pelas razões óbvias: são locais fechados onde existe um grande número de pessoas. Espirrar num meio fechado – seja no cinema, no autocarro, no metro ou no centro comercial – “põe o vírus em circulação” e se houver ar condicionado (como nos aeroportos e nos aviões), “o vírus vai sendo sucessivamente bombeado e reciclado no sistema de ar, tornando o ar um verdadeiro aerossol de vírus, explica o pediatra Mário Cordeiro. Depois há a consciência cívica: estes espaços não devem ser frequentados por pessoas com sintomas de gripe – febre alta, tosse seca, espirros, dores de garganta, de cabeça ou de barriga, dores musculares ou cansaço – para não colocarem em risco a população. Assim sendo, o melhor mesmo é esquecer as compras, caso se sinta doente ou caso o seu filho apresente sintomas. Se precisar de ir ao hipermercado, arranje alguém para tomar conta das crianças ou aproveite as horas em que elas estão na escola ou no jardim de infância para o fazer.
Conselho Evite levar as crianças para espaços como centros comerciais. É preferível deixá-las em casa quando tiver de ir às compras ou aproveitar as horas em que estejam na escola.

Grávidas são grupo de risco: Alimentação deve ser cuidada
As grávidas são um dos grupos de maior risco. Desde logo, porque os sintomas de Gripe A podem ser facilmente confundidos com outras patologias. “É frequente, por exemplo, que as grávidas façam febres”, recorda a pediatra Arlete Crisóstomo. Por isso, há que manter a calma e seguir à risca as recomendações que são feitas às crianças e outros grupos de risco. Se estiver grávida, aceite os conselhos do pediatra Mário Cordeiro: “Devem estar bem nutridas e preservar-se dos ambientes de maior risco.” As grávidas têm maior probabilidade de desenvolver problemas respiratórios. A febre pode afectar a mãe e o feto e a tosse forte pode provocar contrações. Além disso, os medicamentos devem ser sempre administrados com autorização médica. “É importante que todos tenham presente que esta gripe é como as outras, mas com a capacidade de infectar toda a gente”, recorda o especialista. Ainda assim, alerta: “As pessoas que trabalham com idosos, doentes HIV ou doentes oncológicos devem ter um cuidado especial porque podem estar a veicular uma situação muito grave”.
Conselho: As grávidas devem ter atenção redobrada. É importante que estejam bem nutridas e que se afastem dos ambientes de maior risco.
ionline

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